Pesquisa mostra que hipopótamos pigmeus machos em cativeiro
são capazes de ajustar a proporção de cromossomos sexuais de seu esperma
para manipular o sexo da cria. A estratégia pode estar presente em
todos os mamíferos, inclusive humanos.
Por: Sofia Moutinho
Publicado em 02/04/2012
|
Atualizado em 02/04/2012
Hipopótamos pigmeus africanos de zoológico estariam
favorecendo o nascimento de fêmeas por meio de mudanças nos
espermatozoides. (foto: Saragusty)
Vai ser menino ou menina? A clássica pergunta é uma incógnita para
qualquer pai antes dos resultados do exame de ultrassom ou de sangue.
Afinal, as chances são as mesmas para cada um, certo? Não para os
hipopótamos pigmeus. Uma pesquisa de biólogos alemães e ingleses sugere
que os machos da espécie possuem um mecanismo capaz de modificar a
proporção de espermatozoides carregando cromossomos sexuais femininos
(X) e masculinos (Y), de modo a favorecer o nascimento de filhotes de um
dos sexos.
No caso dos hipopótamos estudados, todos de zoológicos, a preferência era pelas meninas. Por meio de uma pesquisa bibliográfica, os biólogos da Sociedade Zoológica de Londres e do Instituto Leibniz de Pesquisa de Zoológico e Vida Selvagem perceberam que nos últimos 100 anos a quantidade de fêmeas nascidas em cativeiro pelo mundo foi muito superior a de machos: 68% dos 1.057 filhotes registrados no período.
“Ainda não são bem compreendidos os mecanismos por trás de uma possível determinação sexual e as pesquisas geralmente se concentraram nas fêmeas, apesar de o macho ter um papel importante na determinação do sexo”, afirma.
Na contramão dessa tendência, os pesquisadores resolveram estudar os machos para ver se eles não tinham algum papel nesse processo. Eles analisaram o esperma de 10 hipopótamos pigmeus em cativeiro e descobriram que todos eles produziam mais espermatozoides com cromossomos femininos que masculinos.
Teoricamente, a proporção deveria ser a mesma, pois cada célula progenitora dá origem a quatro espermatozoides, dois com cromossomos femininos e dois com masculinos.
“Naturalmente, o macho não tem controle sobre o destino de sua ejaculação depois do acasalamento, mas ao ejacular mais espermatozoides de certo sexo, ele aumenta a probabilidade de que um deles fertilize o óvulo”, explica o biólogo Joseph Saragusty, do Instituto Leibniz de Pesquisa de Zoológico e Vida Selvagem e líder da pesquisa.
De acordo com o pesquisador, o mecanismo poderia, em teoria, ser usado tanto para favorecer um sexo quanto o outro. No caso dos hipopótamos do zoológico, ele acredita que a escolha pelas fêmeas seja uma estratégia dos machos para reduzir a competição sexual com outros machos que compartilham o cativeiro.
“Na natureza, os hipopótamos pigmeus são animais extremamente territoriais e a luta é severa se há um invasor“, conta. “Já os zoológicos abrigam mais de um animal juntos, criando a noção de alta densidade populacional. Sob essas condições, é mais interessante para os machos que não nasçam outros machos para competir por espaço e fêmeas.”
Apesar das incertezas sobre a questão, Saragusty acredita que o mecanismo pode estar presente em qualquer mamífero, inclusive nos humanos. “Na maioria dos países, nascem mais homens que mulheres”, pontua. “Como isso acontece, ninguém sabe e ninguém nunca checou se uma mudança na proporção de espermatozoides é a causa, pois para fazer esse teste em humanos existem muito mais complicações.”
“Para quem trabalha com conservação de animais silvestres, um dos maiores problemas é que as ninhadas não são suficientes para manter a população”, diz. “Para driblar esse obstáculo, seria ótimo se pudéssemos fazer os animais produzirem mais fêmeas que machos, tendo mais fêmeas para dar à luz novos animais.”
Sofia MoutinhoCiência Hoje On-line
No caso dos hipopótamos estudados, todos de zoológicos, a preferência era pelas meninas. Por meio de uma pesquisa bibliográfica, os biólogos da Sociedade Zoológica de Londres e do Instituto Leibniz de Pesquisa de Zoológico e Vida Selvagem perceberam que nos últimos 100 anos a quantidade de fêmeas nascidas em cativeiro pelo mundo foi muito superior a de machos: 68% dos 1.057 filhotes registrados no período.
Nos últimos 100 anos a quantidade de fêmeas nascidas em cativeiro pelo
mundo foi muito superior a de machos: 68% dos 1.057 filhotes registrados
no período
A discrepância foi o que os motivou a entender o processo por trás da
determinação do sexo das ninhadas. De acordo com o biólogo especialista
em reprodução animal Felipe Zandonadi, da Universidade Federal
Fluminense (UFF), esse campo de estudo é pouco explorado.“Ainda não são bem compreendidos os mecanismos por trás de uma possível determinação sexual e as pesquisas geralmente se concentraram nas fêmeas, apesar de o macho ter um papel importante na determinação do sexo”, afirma.
Na contramão dessa tendência, os pesquisadores resolveram estudar os machos para ver se eles não tinham algum papel nesse processo. Eles analisaram o esperma de 10 hipopótamos pigmeus em cativeiro e descobriram que todos eles produziam mais espermatozoides com cromossomos femininos que masculinos.
Teoricamente, a proporção deveria ser a mesma, pois cada célula progenitora dá origem a quatro espermatozoides, dois com cromossomos femininos e dois com masculinos.
“Naturalmente, o macho não tem controle sobre o destino de sua ejaculação depois do acasalamento, mas ao ejacular mais espermatozoides de certo sexo, ele aumenta a probabilidade de que um deles fertilize o óvulo”, explica o biólogo Joseph Saragusty, do Instituto Leibniz de Pesquisa de Zoológico e Vida Selvagem e líder da pesquisa.
De acordo com o pesquisador, o mecanismo poderia, em teoria, ser usado tanto para favorecer um sexo quanto o outro. No caso dos hipopótamos do zoológico, ele acredita que a escolha pelas fêmeas seja uma estratégia dos machos para reduzir a competição sexual com outros machos que compartilham o cativeiro.
“Na natureza, os hipopótamos pigmeus são animais extremamente territoriais e a luta é severa se há um invasor“, conta. “Já os zoológicos abrigam mais de um animal juntos, criando a noção de alta densidade populacional. Sob essas condições, é mais interessante para os machos que não nasçam outros machos para competir por espaço e fêmeas.”
Forma de conservação
Os pesquisadores ainda não sabem explicar que processo leva à diferença de quantidade de espermazoides femininos e masculinos. Mas apostam que o mecanismo por trás disso seja ativado ainda quando os gametas estão sendo produzidos no tecido do testículo.Apesar das incertezas sobre a questão, Saragusty acredita que o mecanismo pode estar presente em qualquer mamífero, inclusive nos humanos. “Na maioria dos países, nascem mais homens que mulheres”, pontua. “Como isso acontece, ninguém sabe e ninguém nunca checou se uma mudança na proporção de espermatozoides é a causa, pois para fazer esse teste em humanos existem muito mais complicações.”
A descoberta do mecanismo completo pode ser útil para a conservação de espécies ameaçadas
O cientista, que publicou a pesquisa na Nature,
pretende conduzir mais testes com outros animais para ver se o processo
de determinação sexual está presente. Segundo ele, a descoberta do
mecanismo completo pode ser útil para a conservação de espécies
ameaçadas, como o próprio hipopótamo pigmeu.“Para quem trabalha com conservação de animais silvestres, um dos maiores problemas é que as ninhadas não são suficientes para manter a população”, diz. “Para driblar esse obstáculo, seria ótimo se pudéssemos fazer os animais produzirem mais fêmeas que machos, tendo mais fêmeas para dar à luz novos animais.”
Sofia MoutinhoCiência Hoje On-line
Nenhum comentário:
Postar um comentário