6.17.2012

Memória da imprensa golpista

Rosa dos VentosGuerrilheiro Virtual

Vale a pena pagar 37 reais por uma aula de história contada com mestria pelo jornalista Flávio Tavares, no recém-lançado: 1961 – O golpe derrotado (L&PM).
Tavares viveu aqueles momentos numa dupla função. Era o jornalista destacado para acompanhar os movimentos da resistência, organizado pelo governador Leonel Brizola no Palácio Piratini, em Porto Alegre (RS), em defesa da posse do vice-presidente Jango, mas, além da tarefa profissional, ele aderiu à vitoriosa Rede da Legalidade empunhando um revólver calibre 38. Como em Itararé, não houve disparos. Os militares, diante da corajosa reação civil, recuaram.
O ano de 1961 sucede a 1954 e antecede 1964. São datas que não formam apenas uma banal cronologia do tempo. Marcam etapas de crises políticas em páginas infelizes da República. Na ordem cronológica correta, compõem uma década iniciada com o suicídio de Getúlio Vargas (1954) e, após isso, com a renúncia de Jânio (1961), seguida pela derrubada de Jango (1964).

Lutadores. Brizola garantiu a posse de Jango, derrubado pelo golpe menos de três anos depois. Getúlio evitou a queda com suicídio. Fotos:
Um dos fios condutores desses três momentos é o posicionamento uniforme dos “barões da mídia”. Eles ficaram contra Vargas, contra a posse de Jango, sucessor legal de Jânio (que renunciou), e a favor do golpe de Estado.

Não se trata de mera coincidência. A imprensa retrata a poderosa reação conservadora e, nesses casos, reacionária e golpista como seria em etapas futuras. Também não se trata de acaso o fato de as vítimas, como nos exemplos de Getúlio Vargas e João Goulart, ou adversários como Leonel Brizola e Luiz Inácio Lula da Silva, integrarem, embora com variações, uma só linha política nos últimos 60 anos na história da República.
 

Mauricio Dias

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