Em oito anos, o número de prescrições de antibióticos a pacientes pediátricos caiu 14%. Receitas de drogas para TDAH, porém, cresceram 46%
Crescimento: prescrição de remédios para asma e TDAH aumentou nos últimos 8 anos, nos EUA
(Thinkstock)
Segundo um levantamento feito pelo Food and Drug Administration (FDA),
órgão americano que regula alimentos e medicamentos, o número de
prescrições de antibióticos destinadas a crianças e adolescentes é menor
do que há oito anos, nos Estados Unidos. Por outro lado, são cada vez
mais prescritas drogas para transtorno de déficit de atenção e
hiperatividade (TDAH) e asma. O trabalho foi publicado nesta
segunda-feira no Pediatrics, periódico oficial da Associação Americana de Pediatria.CONHEÇA A PESQUISAEsses dados foram baseados nas prescrições médicas preenchidas no país entre os anos de 2002 e 2010 para jovens com até 17 anos de idade. De acordo com o estudo, em 2010 foram registradas 263,6 milhões de prescrições de medicamentos em geral a pessoas dessa faixa etária — 7% a menos do que em 2002. As prescrições para pacientes adultos, porém, aumentaram em 22% nesse mesmo período.
Título original: Trends in Outpatient Prescription Drug Utilization in U.S. Children, 2002 to 2010
Onde foi divulgada: periódico Pediatrics
Instituição: Food and Drug Administration (FDA)
Dados de amostragem: Prescrições de medicamentos destinadas a jovens até 17 anos de idade e feitas entre 2002 e 2010
Resultado: Entre 2002 e 2010, o número de prescrições médicas a jovens até 17 anos reduziu em 7%. Diminuíram as prescrições de antibióticos (14%), remédios para resfriados (42%), alergia (61%) e dores em geral (14%). Aumentaram as prescrições de drogas para TDAH (46%), asma (14%) e contraceptivos (93%)
O levantamento indicou que, nesses oito anos, as prescrições de antibióticos a bebês, crianças e adolescentes caiu 14%, embora esse tipo de remédio ainda seja o mais frequentemente fornecido para pacientes pediátricos no país. Além dos antibióticos, também foram menos prescritos medicamentos para alergia (-61%), tosse e resfriados (-42%), dor (-14%) e depressão (-5%). Por outro lado, aumentou o número de prescrições para anticoncepcionais (+93%) e remédios para tratar TDAH (+46%) e asma (+14%).
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TDAH — Para Alessandra Cavalcante, pediatra do Hospital São Luiz, em São Paulo, a razão do aumento da prescrição de medicamentos para TDAH não está relacionada a um excesso de diagnósticos, mas sim a um maior nível de informação de pais e médicos. "Isto é uma coisa boa, já que o transtorno, quanto mais cedo for tratado, menos problemas causará no futuro", diz a médica.
De fato, ao menos nos Estados Unidos, onde o levantamento foi feito, mais jovens estão sendo diagnosticados com TDAH e cada vez mais cedo. Um trabalho feito na Universidade de Northwestern e publicado em março deste ano também na revista Pediatrics mostrou que, em dez anos, o número de pessoas menores do que 18 anos diagnosticadas com o transtorno aumentou 66% no país. Além disso, em outubro de 2011, a Academia Americana de Pediatria reduziu a idade mínima para diagnóstico e tratamento de TDAH de seis para quatro anos.
Brasil — Embora um levantamento como esse não tenha sido feito no Brasil, Alessandra Cavalcante também percebeu na prática clínica o aumento dos tratamentos destinados a crianças com TDAH. Da mesma forma, ela acredita que os jovens brasileiros estão tomando mais remédios para asma e mais anticoncepcionais. "O aumento da incidência de asma é visível, especialmente em São Paulo, onde a poluição é forte. Além disso, como os jovens entram na vida sexual cada vez mais cedo, os contraceptivos estão se tornando mais comuns."
No entanto, a médica acredita que não tenha acontecido uma redução significativa nas prescrições de antibióticos a pacientes infantis. "Ainda temos um grande número de prescrições de antibióticos sem necessidade. Precisamos acabar com o culto ao pronto-socorro. As famílias devem, sempre que possível, procurar o pediatra que acompanha a criança e conheça o seu histórico", afirmou.
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