- Cor amarelada na pele e nos olhos, denominada cientificamente de icterícia;
- Urina amarela forte ou escura;
- Tontura;
- Dor de cabeça;
- Gosto amargo na boca;
- Enjoo/Vômito;
- Falta de apetite;
- Cansaço;
- Aumento de peso;
- Fezes amareladas, cinzentas, negras ou sem cor;
- Coceira generalizada.
Causas de problemas no fígado
Algumas possíveis causas de problemas no fígado são:- Excesso de gordura no fígado. Situação comum em indivíduos obesos e/ou sedentários, que deve ser tratada com uma dieta restritiva e atividade física;
- Intoxicação hepática pelo excesso de bebidas alcoólicas;
- Uso de medicamentos;
- "Cansaço" do órgão após um dia de exageros alimentares;
- Hepatite.
Tratamento para problemas no fígado
O tratamento para os problemas de fígado menos graves, são as alterações na dieta. Já nas situações de maior gravidade, deve-se recorrer a medicamentos receitados pelo médico.Para complementar o tratamento, pode-se recorrer a um remédio caseiro para o fígado, à base de ervas amargas como o boldo, alface ou alfazema, que vão facilitar o bom funcionamento do órgão. Outras dicas úteis são:
- Beber bastante água;
- Fazer uma alimentação leve, isenta de frituras e gorduras;
- Seguir uma dieta para o fígado;
- Não ingerir bebidas alcoólicas;
- Não tomar medicamentos desnecessários e
- Descansar.
O que comer em caso de problemas no fígado
Em caso de problemas no fígado, recomenda-se comer alimentos de fácil digestão, como, por exemplo:- Peixe grelhado, frango cozido sem pele;
- Arroz branco;
- Saladas;
- Biscoito maizena;
- Gelatina;
- Frutas;
- Verduras de cor verde escura, preferencialmente as amargas;
- Sucos de frutas naturais;
- Iogurte natural batido com fruta.
O que não comer em caso de problemas no fígado
Em caso de problemas no fígado, recomenda-se evitar o consumo de alimentos estimulantes e de difícil digestão, como:- Refrigerantes, sucos industrializados, café, bebidas alcoólicas, água muito gelada;
- Frituras; massa folhada;
- Massas com queijos amarelos; manteiga ou margarina;
- Biscoitos recheados;
- Carnes vermelhas;
- Ovo frito;
- Chocolates e outros doces;
- Enchidos, embutidos e enlatados, em geral.
O fígado
Luís Caetano da Silva é médico, professor de Hepatologia na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e autor do livro “O fígado sofre calado” (Atheneu Editora) destinado ao esclarecimento e orientação do público leigo. O fígado leva a culpa de todos os exageros que cometemos pela vida afora. A ressaca ou a dificuldade de digestão, comuns quando se come ou bebe demais, em geral, são atribuídas ao mau funcionamento do fígado e não aos excessos praticados.Talvez isso explique a existência, no mercado, de uma quantidade enorme de produtos farmacêuticos que explora certas crendices populares a respeito do fígado. Trata-se de drogas que nunca demonstraram os efeitos hepatoprotetores que seus fabricantes apregoam. Na verdade, não há um único medicamento capaz de “proteger” o fígado. Quando ele dá sinais de sofrimento, na maior parte das vezes, já foi seriamente agredido pela repetição de alguns maus hábitos de vida.
FUNÇÕES HEPÁTICAS
Drauzio – Para que serve o fígado além de levar a culpa quando se come ou bebe demais?
Luís Caetano da Silva – O fígado, que
se localiza do lado direito do abdômen, é a maior glândula do organismo.
Pesa em torno de um mil e trezentos a um mil e quinhentos gramas no
homem e um pouco menos (aproximadamente duzentos gramas menos) nas
mulheres.
Ele é constituído por milhões de células, como se fossem
milhões de tijolinhos agrupados. Cada célula representa uma
microindústria e desempenha uma função específica, essencial para o
equilíbrio do organismo.
Drauzio – Quais as principais funções do fígado?
Luís Caetano da Silva – O fígado é um órgão de funções múltiplas e fundamentais para o funcionamento do organismo. Entre elas, destacam-se:
a) Secretar a bile
A bile é produzida pelo fígado em grande quantidade, de
600ml a 900ml por dia. Num primeiro momento, ela se concentra na
vesícula e depois é enviada para o intestino, onde funciona como
detergente e auxilia na dissolução e aproveitamento das gorduras. Por
isso, quando os canais da bile entopem, o metabolismo das gorduras fica
prejudicado;
b) Armazenar glicose
A glicose extraída do bolo alimentar é armazenada no
fígado sob a forma de glicogênio, que será posto à disposição do
organismo conforme seja necessário. Nesse caso, as células hepáticas
funcionam como um reservatório de combustível. Quando o cérebro, o
músculo do coração, os músculos esqueléticos ou qualquer outra parte do
corpo precisam de energia, a glicose é enviada para a circulação. Se não
houvesse esse sistema de estocagem, teríamos de comer o tempo todo para
garantir o suprimento de energia. Doenças hepáticas em fase avançada
provocam a perda dessa capacidade e prejudicam o fornecimento de
glicose;
c) Produzir proteínas nobres
Entre elas, destaca-se a albumina, uma substância muito
importante para o organismo, porque mantém a água dentro da circulação. É
a propriedade osmótica ou oncótica. Quando a produção de albumina
diminui, a água escapa das veias, extravasa para os tecidos que estão
debaixo da pele e produz inchaço, ou seja, edemas nas pernas, barriga
d’água (ascite), etc. Além dessa, a albumina tem outra função curiosa.
Serve de meio de transporte, na corrente sanguínea, para outras
substâncias, como hormônios, pigmentos e drogas.
A falta de albumina não é a única explicação para o
inchaço característico dos alcoólicos. Na cirrose, por exemplo, doença
comum nos usuários de álcool, os rins retêm água e sódio o que também
ajuda a produzir inchaço.
É importante, ainda, mencionar as proteínas ligadas ao
processo de coagulação do sangue. Se o fígado não está trabalhando bem, o
nível dessas substâncias baixa e aumenta a probabilidade de
sangramentos abundantes, que podem ser provocados por ferimentos ou
ocorrer espontaneamente pelo nariz (epistaxe), pelas gengivas, pela
urina ou em menstruações exageradas;
d) Desintoxicar o organismo
O fígado tem a capacidade de transformar hormônios ou drogas em substâncias não ativas para que o organismo possa excretá-los;
e) Sintetizar o colesterol
No fígado, o colesterol é metabolizado e excretado pela bile;
f) Filtrar micro-organismos
Há uma extensa rede de defesa imunológica no fígado.
Além das células hepáticas, existem inúmeros “tijolinhos” responsáveis
por segurar bactérias ou outros micro-organismos que transmitem
infecções. Algumas doenças hepáticas, a cirrose, por exemplo, interferem
nesse processo e tornam os indivíduos mais vulneráveis a infecções;
g) Transformar amônia em ureia –
O fígado é um órgão privilegiado. Tem uma artéria e uma
veia de entrada e uma veia de saída. A veia de entrada recebe o nome
curioso de “veia porta” e é responsável por 75% do sangue que chega ao
fígado, levando consigo substâncias importantes, como as vitaminas e as
proteínas. No entanto, por ela chega também a amônia produzida no
intestino e derivada especialmente de proteínas animais para ser
transformada em ureia. Se o órgão estiver lesado, a amônia passará
direto para a circulação e alcançará o cérebro, provocando, no início,
alterações neuropsíquicas (mudanças de comportamento, esquecimento,
insônia, sonolência) e, depois, pré-coma ou coma.
Drauzio – Por que o fígado sangra muito?
Luís Caetano da Silva – O fígado é um
órgão embebido em sangue. Por ele passam um litro e duzentos ou um litro
e meio de sangue por minuto. Esse sangue sai pelas veias
supra-hepáticas e vai para o coração. Se o coração, que é nossa bomba,
estiver com problemas, o sangue será retido no fígado que aumentará de
tamanho. Os sintomas que surgem, então, aparentemente ligados à
insuficiência hepática, referem-se aos problemas cardíacos instalados.
CAPACIDADE REGENERATIVA DO FÍGADO
Drauzio – O fígado é um órgão de intensa
capacidade de regeneração. Gostaria que você se detivesse um pouco nessa
maravilha que ele representa para o corpo humano.
Luís Caetano da Silva – Se retirarmos
metade do fígado, em poucos meses, ele voltará ao tamanho normal. Isso é
extremamente importante. porque justifica os transplantes intervivos
feitos atualmente. O pai ou a mãe podem doar parte de seu fígado para o
filho contando com o crescimento posterior desse órgão no doador e no
receptor.
Essa capacidade regenerativa pode ser comprometida por
certas doenças. Na cirrose, por exemplo, algumas células morrem,
enquanto outras, que se mantêm vivas, regeneram-se e tentam compensar as
perdas sofridas. Infelizmente, essa regeneração é bloqueada pelas
cicatrizes fibrosas que se formaram no fígado, tornando-o menor e mais
rígido. Nessa tentativa frustrada de recuperação, as células formam
nódulos que devem ser observados constantemente.
Drauzio – Quais são as consequências dessa transformação patológica?
Luís Caetano da Silva – O fígado fica
rígido como uma malha grossa o que dificulta a penetração e a circulação
do sangue. Como consequência, ocorre a hipertensão portal, isto é,
aumenta a pressão na veia porta. Esse aumento de pressão se reflete nas
veias do estômago e do esôfago, produzindo varizes internas que podem
sangrar no futuro. O baço, localizado à esquerda do abdome, também se
altera. Uma de suas funções é destruir glóbulos vermelhos, brancos e
plaquetas. Se a hipertensão portal provocar o crescimento do baço, seu
funcionamento se intensificará e serão destruídas mais células do que
seria desejável. Por isso, não é raro encontrarmos pacientes cujo exame
de sangue revela um número baixo de plaquetas, indicativo de cirrose
hepática absolutamente assintomática.
ÓRGÃO SILENCIOSO E RESISTENTE
Drauzio – Fale um pouco sobre a enervação do fígado. O fígado pode doer?
Luís Caetano da Silva – Dentro do
fígado não há nervos. Portanto, ele não dói. Entretanto, a cápsula que o
envolve é bastante enervada. Por isso, quando nele se introduz uma
agulha para retirar material para biópsia, é preciso anestesiar não só a
pele e o músculo entre as costelas, mas também a cápsula. Quando o
órgão aumentou muito de volume ou está comprometido por abscesso ou
tumoração que comprimem essa cápsula, é ela a responsável pela dor que a
pessoa sente .
Drauzio – O fígado é um dos órgãos mais
importantes do organismo e, ao contrário da maioria, trabalha sem
estardalhaço. O coração bate o tempo inteiro. Se você corre ou fica
nervoso, parece que ele quer saltar pela boca. O pulmão, você sente
funcionar sempre. As vísceras responsáveis pela digestão dão sinal
quando sobrecarregadas por excessos na alimentação ou na bebida. O
fígado sofre calado. Que males esse silêncio pode esconder?
Luís Caetano da Silva – O grande
problema do fígado é que as patologias hepáticas são silenciosas. Muitos
pacientes que nos procuram estão com cirrose sem terem notado sintoma
algum da doença. No entanto, ele produz sinais sugestivos. A icterícia,
por exemplo. Esse amarelo que tinge os olhos é um sinal importante, que
não deve ser confundido com o amarelo isolado da pele, quando se come
muita cenoura e mamão, alimentos ricos em caroteno. Importante também é o
aparecimento sob a pele de sinais semelhantes a pequenas aranhas
formadas pelo cruzamento dos vasos sanguíneos, que recebem o nome
sugestivo de spider, e que permitem fechar, com grande margem de segurança, o diagnóstico de cirrose hepática.Drauzio
– Parece que a evolução da espécie humana, durante milhões e milhões de
anos, veio selecionando essa glândula para ser extremamente resistente
aos efeitos deletérios das substâncias nocivas ao organismo. Quando os
sinais dos maus tratos aparecem o problema pode ser antigo. Em geral, o
indivíduo descobre que tem cirrose depois de ter bebido muito, ou de ter
sido infectado pelo vírus B ou C, há bastante tempo.
Luís Caetano da Silva – É verdade. O
fígado é muito resistente. Inclusive resistente a alimentos. É comum os
pacientes com cirrose ou hepatite crônica estranharem que o médico não
lhes prescreva uma dieta alimentar, mas ela é absolutamente
desnecessária. Na verdade, não é o fígado, mas o estômago, o esôfago, o
duodeno ou o intestino que reagem mal à ingestão de alimentos gordurosos
ou muito apimentados. O fígado, porém, não tolera álcool nem certas
drogas.
Drauzio - Os remédios usados para proteger o fígado são eficazes?
Luís Caetano da Silva - A intenção é
boa, mas os remédios não são eficazes. O fígado é como uma indústria que
precisa trabalhar. Estaremos ajudando muito, se não prejudicarmos sua
atividade com drogas, bebidas alcoólicas e evitando adquirir alguns
vírus que possam minar sua resistência.
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