9.16.2013

Jovens são agredidas após se beijarem em culto de Feliciano


Pastor e deputado federal acionou a polícia para expulsar jovens de evento.
'Elas deveriam ter um pouquinho mais de juízo e me esquecer', diz Feliciano.

Do G1 Vale do Paraíba e Região
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Marco Feliciano - Glorifica Litoral - São Sebastião, SP (Foto: Reprodução/ TV Vanguarda) 
Marco Feliciano durante evento Glorifica Litoral em São Sebastião, SP
O deputado federal e pastor Marco Feliciano (PSC-SP) mandou prender duas jovens que participavam do Glorifica Litoral, evento gospel que terminou neste domingo (15) em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo.
As jovens de 18 e 20 anos de idade que dizem ser namoradas foram expulsas do evento depois de se beijarem durante a pregação do deputado como forma de protesto. Após acionar a segurança, Feliciano afirmou que elas 'não têm respeito ao pai, à mãe e à mulher'.
A estudante Joana Palhares, de 18 anos, sendo retirada do evento de Feliciano (Foto: (Foto: Reprodução/Facebook)) 
A estudante Joana Palhares, de 18 anos, sendo
retirada do evento (Foto: Reprodução/Facebook)
"A Polícia Militar que aqui está, dê um jeitinho naquelas duas garotas que estão se beijando. Aquelas duas meninas têm que sair daqui algemadas. Não adianta fugir, a guarda civil está indo até aí. Isso aqui não é a casa da mãe joana, é a casa de Deus", disse Feliciano para o fiéis presentes. Após terem sido removidas à força e algemadas por pelo menos seis guardas-civis municipais, por volta das 23h, as jovens foram encaminhadas para a delegacia. No caminho, elas afirmam que foram agredidas pelos guardas.
“Eles tiraram a gente do meio do povo e colocaram para dentro da grade. A partir do momento em que levaram a gente para debaixo do palco, me jogaram de canto na grade, deram três tapas na minha cara e começaram a torcer meu braço”, afirma a estudante Joana Palhares, de 18 anos.
A estudante Yunka Mihura, de 20 anos, sendo levada pelos guardas civis (Foto: (Foto: Reprodução/Facebook)) 
A estudante Yunka Mihura, de 20 anos, sendo
levada pelos guardas (Foto: Reprodução/Facebook)
De acordo com a estudante Yunka Mihura, de 20 anos, também havia casais heterossexuais se beijando no local sem problema algum. “Foi completamente injusto e horrível. Nunca senti tanta impotência ao ver os policiais batendo nela, me segurando forte e eu não podendo fazer nada. Não tiraram a gente da grade, fomos jogadas”, diz.
O advogado das jovens, Daniel Galani, disse que vai abrir uma ação para apurar os responsáveis pela agressão. “A gente vê que foi uma situação que fugiu completamente ao controle. A gente sabe que existiam dois direitos em conflito: um é a liberdade de expressão e o outro a liberdade do ato religioso. Os dois direitos são constitucionais e estão previstos para que as pessoas possam fazê-los”, disse. Galani disse ainda que vai entrar com uma representação contra o deputado nesta segunda-feira (16).
Outro lado
Marco Feliciano disse que a atitude das jovens é um desrespeito ao culto religioso, ministrado por ele.  “Aquilo é desrespeito. Com isso eles me fortalecem e se enfraquecem, porque qualquer pessoa de bem sabe que em um ambiente religioso não é lugar de fazer o que aquelas pessoas fizeram. Eu lido de maneira natural e eles deveriam ter um pouquinho mais de juízo e me esquecer”, disse Feliciano após o término do culto. Como o deputado Feliciano tem foro privilegiado, ações desse tipo acabam sendo encaminhadas para o Supremo Tribunal Federal, para só depois chegarem ao político.

Já a Prefeitura de São Sebastião informou que abriu uma investigação para apurar se houve excessos por parte dos guardas que estavam no local de plantão. Segundo a prefeitura, a Guarda Civil Municipal agiu inicialmente conversando com as manifestantes na tentativa de retirá-las do local com segurança.

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