Noêmia Lopes
Da Agência Fapesp
Da Agência Fapesp
-
Renato Christensen HerlaniPesquisadores da Unesp conseguem viabilizar a utilização da espécie Lactobacillus acidophilus contra microrganismos cariogênicos
Experimentos in vitro apontaram a espécie Lactobacillus acidophilus como a mais apropriada para o desenvolvimento desse novo chiclete. Em consequência da tecnologia aplicada, o probiótico é capaz de sobreviver às condições de processamento, permanecer vivo dentro da goma (sem refrigeração), resistir ao maior período possível de estocagem, atender a certas exigências de percepção sensorial (gosto, textura, cor e odor) e, enfim, ser liberado pela mastigação na cavidade oral, produzindo compostos que combatem o Streptococcus mutans, um dos principais patógenos causadores da cárie.
Estudos in vivo realizados com 65 voluntários mostraram que mascar a goma feita com microrganismos probióticos aumenta em até mil vezes a presença do Lactobacillus acidophilus na saliva. "Isso indica que a sua utilização pode beneficiar o tratamento da cárie", afirmou Elizeu Antonio Rossi, professor da FCFAR à Agência Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo).
Rossi orientou a farmacêutica Nadiége Dourado Pauly-Silveira na tese de doutorado que deu origem à nova goma e coordenou um Auxílio Regular vinculado ao estudo.
De acordo com o pesquisador, a equipe da FCFAR/Unesp já estudou e desenvolveu produtos com microrganismos probióticos em busca de benefícios específicos para doenças coronarianas, câncer de cólon e de mama, osteoporose e diabetes.
"Um diferencial interessante dessa nova pesquisa na cavidade oral é que a ação probiótica é local. Ou seja, provavelmente não se trata de uma ação sistêmica, que necessariamente envolva efeitos a partir da adesão do microrganismo probiótico no intestino", contou.
Pesquisas científicas anteriores já haviam apontado que o uso de probióticos de fato se mostrava viável para a alteração da microbiota oral: probióticos e patógenos como o Streptococcus mutans podem competir por receptores de adesão e nutrientes – sem contar que os primeiros produzem compostos capazes de inibir o desenvolvimento dos segundos, aspecto sobre o qual Rossi e Pauly-Silveira se debruçaram.
Etapas e desafios
Uma vez que os experimentos in vitro comprovaram a eficácia do Lactobacillus acidophilus na inibição do Streptococcus mutans, os pesquisadores testaram metodologias conhecidas e variadas de microencapsulação dos probióticos. O estudo envolveu adaptações e associações de técnicas que resultaram em um pedido de patente, atualmente em fase de análise.
"Revestir os probióticos adequadamente permitiu superar uma série de obstáculos, como manter esses microrganismos vivos dentro da goma – tanto no que se refere ao calor empregado no processamento do produto quanto na temperatura ambiente em que seria armazenado – pelo maior tempo possível de estocagem e sem prejudicar gosto, textura, cor e odor", explicou Rossi.
Os desafios seguintes foram assegurar que o microencapsulamento não estivesse hermético demais a ponto de impedir a liberação dos probióticos durante a mastigação, bem como analisar a aceitação do produto. Para tanto, 65 voluntários experimentaram a nova goma.
A quantificação dos probióticos disponibilizados pela goma exigiu coletas de saliva e contagens em meio de cultivo, antes e depois de dez minutos de mastigação.
"Constatamos que a quantidade de Lactobacillus acidophilus presente na saliva aumentou em até mil vezes. Já em relação à aceitação, a nova goma recebeu média em torno de sete em uma escala até nove – resultado semelhante ao alcançado pelo produto padrão, o que nos leva a crer que a introdução dos probióticos não afeta negativamente a percepção sensorial ", afirmou Rossi.
O Lactobacillus acidophilus permaneceu viável dentro da goma por 154 dias, sem refrigeração. De acordo com o pesquisador, "foi a melhor marca entre os demais probióticos testados, que chegavam a períodos em torno de 56 dias".
Já a escolha da goma de mascar como meio para a introdução dos probióticos se deu por conta da boa aceitação que se pode obter entre crianças e adultos. Soluções para bochecho e comprimidos mastigáveis também foram cogitados, mas fugiam do escopo de trabalho do grupo, que atua na área de alimentos.
O próximo passo será o início de testes clínicos, para os quais a equipe de Rossi já contatou odontologistas que possam acompanhar dois grupos de crianças por pelo menos um ano: um grupo sob orientação para consumo diário da goma com probióticos e outro grupo de controle, que receberá uma goma com efeito placebo.
"Tudo indica que teremos resultados benéficos. Além disso, a goma que desenvolvemos é isenta de açúcar, ou seja, assim como algumas que estão no mercado, ela também não propicia o desenvolvimento de cáries – a diferença é que, além de não propiciar, o produto também atacará o problema."
Ampliar
Há
uma forma ideal de escovar os dentes. VERDADE: a chamada "técnica de
Bass", por exemplo, recomenda que a escova seja apoiada suavemente sobre
a superfície dos dentes em um ângulo de 45 graus, com a metade das
cerdas recobrindo a superfície dental e a outra metade envolvendo a
gengiva. Sem pressionar a cabeça da escova de forma exagerada, deve-se
realizar movimentos vibratórios circulares durante aproximadamente cinco
segundos em cada uma das superfícies dos dentes. É fundamental seguir
uma sequência contínua, dente a dente, para não esquecer nenhuma parte
ou possível nicho de retenção de placa bacteriana. As cerdas devem
penetrar suavemente no sulco gengival e limpar com perfeição o contorno
ou a margem dental Leia mais Shutterstock
Imagem 10/29:
Vale a pena trocar obturações antigas pelas feitas de
porcelana. MITO: no aspecto funcional, as obturações metálicas bem
realizadas são excelentes, pois restauram a estrutura dental perdida com
perfeição, são duráveis e tem um custo baixo. "A troca por razões
simplesmente estéticas deve ser muito bem avaliada. Logicamente, se
houver a necessidade de substituição devido à recidiva de cárie,
fraturas ou qualquer outro problema, o dentista pode optar por
restaurações estéticas de porcelana, cerâmicas ou de compósitos com a
vantagem da estética. Porém, se não existirem tais fatores e as
restaurações metálicas estiverem satisfatórias, poderão ser mantidas com
segurança", defende o cirurgião-dentista Hugo Roberto Lewgoy
Mais Thinkstock
Imagem 12/29:
Antibióticos podem provocar manchas. VERDADE: mas a
ocorrência de tal problema dependerá do remédio, da dose e da época em
que o antibiótico foi ingerido. As tetraciclinas, por exemplo, pertencem
a uma família de medicamentos que provocam o escurecimento dental se
forem administrados na fase de formação dos dentes. "Isso ocorre devido a
um processo, provocado pela tetraciclina, denominado quelação do cálcio
presente na dentina. A intensidade da mancha vai depender justamente da
época e da dose em que a droga foi administrada", explica o
especialista Hugo Roberto Lewgoy
Mais Shutterstock
16 / 29
Dente
do siso não serve para nada e pode ser extraído sem problemas. MITO: o
dente do siso ou terceiro molar é um dente como qualquer outro. "Só deve
ser extraído quando aparecerem sinais que sugiram sua retirada, como
falta de espaço para sua erupção com comprometimento de outros dentes,
episódios frequentes de pericoronarite (inflamação da gengiva ao redor
do dente) ou cáries extensas provocadas pelo difícil acesso para a
escovação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário