O uso de remédios para emagrecer é sempre um tema bastante polêmico. E as discussões em torno do tema esquentaram ainda mais nos últimos dias, após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), decidir proibir o uso desse tipo de droga. Mesmo que a agência tenha voltado atrás em sua decisão e adiado a proibição dos remédios (sibutramina, anfepramona, femproporex e mazindol) para emagrecer, seus representantes alegam que os remédios trazem mais malefícios do que benefícios à saúde dos pacientes, que passam a usá-los para perder peso.
Mas, segundo um recente relatório divulgado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes, os remédios para emagrecer devem ser usados em tratamentos médicos. O relatório elaborado pela Jife (Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes) incentiva o Brasil a continuar adotando "todas as medidas necessárias para que os anorexígenos sejam utilizados unicamente para fins médicos, bem como para impedir que sejam utilizados de forma indevida e receitados indiscriminadamente".
Segundo a Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), o uso de medicamentos para emagrecer só deve ser feito quando um médico considera que o excesso de peso atingiu o patamar de doença, a obesidade. Diagnostica-se a obesidade por uma medida de parâmetro populacional chamada Índice de Massa Corporal (IMC), adotada pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Tabela de IMC segundo a Organização Mundial da Saúde
Abaixo do peso - abaixo de 18,5
Normal - de 18,6 a 24,9
Sobrepeso (pré-obesidade) - de 25 a 29,9
Obesidade leve- 30 a 34,9
Obesidade moderada - 35 a 39,9
Obesidade grave ou mórbida - acima de 40
A obesidade pode levar a uma
série de outras doenças, como hipertensão, diabetes, depressão e problemas cardiovasculares, entre outros. "Obesos tendem a viver menos. A expectativa de vida de um obeso mórbido, por exemplo, é de 50 ou 60 anos, enquanto a de uma pessoa normal é de 70. Nesses casos, trata-se de salvar vidas e não apenas de perder peso", afirma o endocrinologista João Cesar Castro Soares, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Para quem não está nessa situação, mas quer perder alguns quilos, é recomendado apenas reeducação alimentar e atividade física, explica o médico.
Efeitos colaterais
Entre os principais medicamentos disponíveis no mercado estão os catecolaminérgicos como o femproporex e o mazindol (atuam no hipotálamo diminuindo sensação de fome), os serotoninérgicos, como a sibtramina e a anfepramona (aumentam a sensação de saciedade e reduzem a ansiedade) e os termogênicos (aumentam o gasto de calorias). A principal razão pela qual a Anvisa pretende proibir o uso de remédios para emagrecer são os efeitos colaterais. Alguns deles são taquicardia, insônia, sensação de boca seca, constipação intestinal, irritabilidade e aumento de pressão.
Todas essas drogas possuem um grau de dependência química considerado baixo. "Na escala de 1 a 4, eles estão catalogados no último patamar, enquanto a cocaína está no primeiro", diz Soares. Mas a responsável pela equipe nutricional do Minha Vida, Roberta Stella, ressalta: "Há ainda a dependência psicológica. Tem gente que já aprendeu a comer direito, mas fica em pânico se está sem remédios, mesmo sofrendo com os efeitos colaterais deles".
Além disso, existe a ilusão de que os remédios vão levar sozinhos os quilos extras embora para sempre. "A perda efetiva de peso só acontece com a junção de dois fatores: atividade física e cardápio equilibrado. Drenagem linfática e tratamentos estéticos também funcionam, mas eles têm papel coadjuvante na luta contra a balança", esclarece a nutricionista Daniela Cyrulin, do instituto Saúde Plena.
Perigos da automedicação
A automedicação é outra questão frequentemente associada a pílulas para emagrecer. O médico nutrólogo Edson Credidio diz que ainda hoje existem histórias de
pessoas que utilizam medicamentos indicados por médicos às amigas. "Cada caso é um caso e a medicação é pessoal e deve ser receitada individualmente e apenas em casos de obesidade mórbida", lembra.
Segundo Credidio, uma técnica comum é tomar remédios para a tireoide sem ter nem uma doença relacionada à glândula. "Isso leva à perda de peso, mas por simular um hipertireoidismo. Ou seja, a
pessoa emagrece porque adoece". O médico afirma também que há casos de indicações por pseudo-especialistas de laxantes e diuréticos que podem levar até ao óbito.
O endocrinologista da Unifesp conta que já recebeu pacientes no pronto-socorro com problemas causados por remédios para perder peso. "Uma vez uma moça de 18 anos, que era gordinha, mas não obesa, chegou com uma crise nervosa. Isso porque estava tomando 400 ml por dia de um medicamento que tem como dosagem diária recomendada 120 ml".
Como tratar a obesidade?
Não existe uma pílula mágica, mas há tratamentos eficazes que ajudam a melhorar essa condição. O tratamento adequado é aquele feito a longo prazo com a combinação de: dieta equilibrada, maior atividade física e mudanças no estilo de vida. Em alguns casos é aconselhável o acompanhamento médico para avaliar o melhor tipo de tratamento, que pode incluir os tais medicamentos.
Mas, a chave para o controle de peso é equilibrar o consumo de energia (ingestão de alimentos) e a quantidade de calorias que o nosso corpo consome (atividade física).
Gastar mais calorias do que consumir
O exercício físico é uma maneira fundamental para fazer isso. Quando você se exercita regularmente, fortalece os músculos, as células musculares passam a gastar mais energia e ao longo do tempo, seu corpo trabalhará com mais eficiência, tornando-se um bom "gastador de calorias" (ou científicamente ocorre o aumento da taxa metabólica basal) o que resulta no emagrecimento.
Para este passo rumo a uma saúde de ouro acontecer da melhor forma possível, inicialmente é fundamental saber o grau de obesidade (ou sobrepeso) e cuidados para a prescrição adequada de atividade física. Nesse caso, um profissional de Educação Física fará sua avaliação física específica (incluindo o percentual de gordura e análise nutricional) para poder determinar e prescrever os melhores exercícios respeitando a individualidade de cada pessoa.
(Fonte: Minha Vida, Saúde Alimentação e Bem-estar)
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