5.21.2012

Ricardo Boechat: Jornalista mais premiado do pais


Ricardo Boechat
Ricardo Boechat
Há pelo menos três anos, todas as manhãs, sigo o caminho do trabalho ouvindo, no meu celular, as notícias do Brasil e do mundo com Ricardo Boechat, toda a equipe de jornalistas e colunistas da BandNews FM. Além de ficar antenado nas principais notícias sobre os mais variados assuntos, o ouvinte conta com uma atuação de gala do seu apresentador. Seu carisma, senso de justiça, sua simplicidade, clareza e objetividade com que trata os assuntos diários afirma ainda mais o seu compromisso em estar o mais próximo do seu público e dos interesses da sociedade.
Sua participação na rádio começa bem cedo. Das sete as nove horas da manhã Boechat, que conta com a companhia de Luiz Megalle, comanda a programação para toda a rede nacional. Com uma atuação mais vibrante, motivada por comentários, entrevistas e uma participação intensa do público carioca, o jornalista “toca o barco”, ao lado de Rodolfo Schneider, o Jornal BandNews Rio – 1ª edição na BandNews Fluminense FM. Vale a pena ficar ligado.
- Quem não conta com a frequência da rádio na sua cidade, pode acompanhar os programas pela internet no site da BandNews FM -
Jornal da Band
Jornal da Band
Repórter consagrado e reconhecido como um dos jornalistas mais bem informados do país, Ricardo Boechat apresenta o Jornal da Band no auge de uma carreira que tem passagens pelos principais veículos do país. Além de uma coluna semanal na revista IstoÉ, Boechat tem forte participação nos principais meios de comunicação do país (Jornal, TV e rádio).
O início se deu em 1970 como “foca” no extinto Diário de Notícias. De 71 a 87 Boechat dedicou-se ao colunismo, integrando primeiramente a equipe de Ibrahim Sued e depois, em 83, assumindo a coluna Swann, em O Globo. Em 87, aceitando convite do então governador Moreira Franco, deixou a coluna para assumir a Secretaria de Estado de Comunicação Social do Rio de Janeiro. Mas a experiência na vida pública durou apenas seis meses. Boechat pediu demissão e voltou para as redações, desta vez como coordenador de redação do Jornal do Brasil. Em 89, foi diretor da sucursal do Estado de S.Paulo no Rio de Janeiro e, após um ano, voltou à coluna do Swann. Em 2001, no Jornal do Brasil, foi responsável pela coluna Informe JB e chefe de redação, passando a assinar também, até dezembro de 2005, a coluna Boechat. Antes de apresentar o Jornal da Band (fevereiro de 2006) Ricardo Boechat era diretor da redação da Band Rio e da Bandnews FM no Rio de Janeiro.
Ganhardor de três Prêmios Esso e do prêmio White Martins de Imprensa, Ricardo Boechat também é autor do livro “Um Hotel e sua História” sobre a trajetória do Copacabana Palace. Ricardo Boechat tem 53 anos, é casado e pai de seis filhos.
O Quintal Virtual tem a honra de receber um dos melhores jornalistas do país. Em um bate papo descontraído, o jornalista respondeu questões que envolvem a participação das diferentes mídias, o avanço tecnológico e os desafios na atuação do profissional de comunicação nos dias de hoje. A nossa admiração a esse profissional fica ainda mais evidente e acreditamos que as suas respostas possam inspirar estudantes e amantes do jornalismo.
Rádio
Na rádio
P – Tendo como foco a tecnologia e seu impacto direto na sociedade, na vida profissional você se demonstrou atuante nas principais mídias – jornal, rádio e TV. Como você vê o papel de cada uma delas na sociedade hoje em dia?
R – Me parece um papel só, cada mídia com sua peculiaridade. Que função têm esses meios? Reportar, informar, estimular a crítica, o debate, entreter… E não vejo um papel específico para ‘hoje em dia’. O que mudou, em função da tecnologia, foi a escala, o alcance. Na essência, o papel da mídia (falamos de jornalismo, pois não?), sempre foi o mesmo.
P – Acredita que há uma certa concorrência ou ameaçada de uma sobre a outra?
R – Há dias o Juca de Oliveira disse, numa entrevista à BandNews FM, citando outro autor teatral, que ‘o teatro é o moribundo mais antigo do mundo’. Há séculos dizem que o teatro está morrendo. E lá continua ele, tocando as pessoas. Concorrência entre as mídias sempre houve e sempre haverá. Natural, até, que algumas percam espaço. Mas os números indicam que até os jornais impressos, que estão aí há dois séculos, continuam resistindo bravamente, não raro com aumento de tiragem. O rádio (continuamos a falar de jornalismo, pois não?), que entre nós virou patinho feio, que seria morto pela TV e, depois, pela internet, ressurge com impressionante vigor nas grandes cidades, favorecido não só pelos engarrafamentos colossais, pelo público cativo que esse caos propicia, mas, também, pela instantaneidade, pelo tom mais pessoal, pela interatividade que outros meios, como os celulares com internet, estão permitindo. E – para deixarmos o jornalismo um pouco de lado – quantas vezes, a propósito, já anunciaram a TV, o vídeo-cassete, o DVD, matariam o cinema? Perguntem a Angelina Jolie como estão as coisas…
P – Levando em consideração a sua preferência de atuação, em qual das mídias que trabalhou se identificou mais e por quê?
R – A única com a qual, confesso, jamais senti absoluta intimidade foi com a TV. Fiz coluna por 35 anos e, a certa altura, respirava aquele tipo de notícia, tudo ouvia com ouvidos de quem estava apurando, garimpando. Integração total. No rádio, no qual estreei já velho, há cinco anos, descobri um mundo que, hoje, me dá mais alegria do que jamais tive trabalhando. Sempre trabalhei com certo desconforto. Não gosto de trabalhar. Não acho que o homem tenha nascido para trabalhar… Mas isso é outra história. O fato é que trabalhava muito mais pela adrenalina, pela ligação, pela corrida atrás de alguma coisa, do que por fazer algo que, realmente, me preenchesse a alma. Alma não, não tenho isso. Mas que fizesse minha cabeça realmente. Na TV, então, jamais saboreei nada diferente do que um pacote de cereal na prateleira do supermercado. As pessoas te reconhecem, te pegam, te provam, gostam de você. Mas tenho a impressão de que não se lembram exatamente o que as fez admirá-lo. Já a rádio é, desculpem o lugar-comum, visceral. É pau, pau, pedra, pedra. Você fala, os caras reagem. Você erra, os caras cobram. Você se emociona, choram com você. Muito mais humano, muito mais real. Eu tenho sido abordado nas ruas por muito mais gente comentando o que falei na rádio do que por qualquer outra razão. E é gente que repete fielmente o que eu disse, quer para me dar um abraço ou para me esculhambar. Aliás, também me esculhambam muito.
Na redação
Na redação
P – Na sua visão profissional, você acredita que os meios de comunicação fazem uso de sua influência em pró de uma sociedade melhor?
R – Claro. E essa não é minha ‘visão profissional’. Acredito nisso como cidadão.
P – Você acredita que a sociedade, como um todo, sabe utilizar o conteúdo oferecido pelas mídias no seu desenvolvimento pessoal e profissional?
R – Acho que sim… O oposto seria imaginar que a sociedade usa o que sai na mídia para quebrar a cara, para ficar menos inteligente. Soa caricato, não?
P – Hoje em dia, com a evolução da internet, cada vez mais pessoas comuns estão atuando como “verdadeiros” comunicadores. Como o profissional de comunicação está percendo essas tendências?
R – Como qualquer outra pessoa. A internet abriu as porteiras da comunicação para que cada ser interessado em difundir algum conteúdo possa fazê-lo, na esperança de ser lido, ouvido, visto. Claro que esse fenômeno planetário também produz uma baita confusão. Mas é uma confusão saudável, com mais gente botando prá fora o que quer botar.
Ricardo Boechat e a esposa Veruska Seibel
Ricardo Boechat e a esposa Veruska Seibel
P – Diante de um avanço tecnológico cada vez mais dinâmico, como é para um jornalista se manter atualizado quanto ao uso dessas novas ferramentas? Acredita que exista alguma resistência por parte dos profissionais mais experientes as novidades tecnológicas?
R – Olha, numa boa, a rigor não é preciso ficar tão antenado nessas tecnologias. Primeiro, porque elas mudam a cada minuto e é um saco ficar correndo atrás (minha mulher, também jornalista, 20 anos mais jovem e 20 séculos à minha frente, troca de celular com incrível velocidade. O mais recente deles, que nossa filha de apenas três anos (!!!) já manuseia, faz mais coisas do que uma pessoa normal é capaz de assimilar. Fico olhando aquilo e cada vez mais me sinto desobrigado de aprender tais mecanismos), depois porque as fontes disponíveis em meios, digamos, tradicionais, são mais do que suficientes para manter atualizado quem quer que se interesse em estudar um determinado assunto. Claro que abrir um terminal em sua mesa, digitar a palavra xis e receber toneladas de informações é muito cômodo (e, às vezes, perigoso). Outros caminhos estão disponíveis. Meu avô paterno, Alceu, tinha uma garagem com milhares de ferramentas. Era um lugar mágico para mim, quando criança. Mas suspeito que usou apenas uma pequena parte delas, pela simples razão de que eram suficientes para quase 100% de suas necessidades reais. Viva o martelo!!! Viva o serrote!!!!!
P – Você utiliza ou tem algum interesse em utilizar alguma das novas mídias pela internet como o Twitter ou possuir um Blog pessoal?
R – Não. Não uso e não sei se chegarei a usar algum dia. O fator tempo me desespera. Não tenho tempo para abrir novas frentes e tampouco tenho interesse. Acho que já me comunico demais, já falo demais, já escrevo demais. Tenho medo de morrer tagarelando. E aquela praia deserta, porca miséria, jamais entrará em minha vida?
P – Durante os programas de rádio que apresenta, você costuma estimular a participação dos ouvintes a entrarem em contato por diferentes meios, seja e-mail, telefone, mensagem ou até carta. Como você enxerga a participação popular cada vez mais acessível e constante em programas dos meios de comunicação?
R – Como disse acima, o rádio tem sido o melhor, o mais humanizado desses meios. O importante não é como as pessoas vão entrar em contato, mas que entrem. Pegue um orelhão, ligue a cobrar e diga o que quer dizer. Mande um sinal de fumaça. Bata à porta do veículo no qual confia (e julgue como é atendido). O importante é que você se faça ouvir. E não foi a internet ou as novas tecnologias que criaram essa oportunidade – elas apenas as ampliaram exponencialmente. Pessoas que quiseram se fazer ouvir conseguiram atingir esse objetivo, de uma forma ou de outra, em vários momentos da História. Depender de uma tomada para gritar pode ser a armadilha mais engenhosa para mantê-lo calado.

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