2.10.2018

Você é Feliz?




Um dia, quando estava perambulando pelas ruas onde moro, um senhor me parou do nada, mesmo sem conhecer-me, levantou a seguinte pergunta:

Você é feliz? e ainda complementou: não precisa me responder, na horacerta estarás com a reposta bem formulada, e me responderás.

Realmente, uma pergunta que parecesse um pouco simples e fácil, mas depois desse dia fiquei bem pensante, o motivo da felicidade daquele sujeito e na resposta.

Passou um bom tempo e numa noite de muita alegria encontrei o mesmo senhor, e ele me fez a mesma pergunta:

Você é feliz?

E com uma afirmação respondi que era feliz SIM, e no mesmo momento ele perguntou o por que, e sem titubear responde-lhe tenho saúde, vida, esta que muitas são tiradas antes mesmo da chegada ao mundo, no próprio ventredas mães.

Tenho um verdadeiro tesouro, que são meus amigos, pois são eles que edificam parte da felicidade humana.

Tenho personalidade, vontade e esperança, creio na mudança, não só por parte de outros, primeiramente creio em minha mudança e doarei ao mundo em seguida, pois o diferencial começa em nós mesmos.

Depois daquele dia percebi que temos o mau costume de não dar valor ao que temos, e fazemos guerras por algo que nunca nos pertenceu.

A felicidade não só se alcança como também se constrói. Montemos conceitos e princípios que sempre estarão sujeitos a mutação e viva, pois não adianta buscar flores no jardim que
não cultivamos!

Por fim faço a seguinte pergunta:

Você é feliz?

câncer de mama

Pacientes com diabetes tipo dois agora podem realizar cirurgia metabólica

 Pacientes com diabetes tipo dois agora podem realizar cirurgia metabólica

Procedimento é indicado para pessoas que não obtiveram sucesso no tratamento clínico convencional

O Conselho Federal de Medicina (CFM) reconheceu, através da Resolução nº 2.172/2017 a cirurgia metabólica como opção terapêutica para pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2 (DM2) que tenham índice de massa corpórea (IMC) entre 30 kg/m2 e 34,9 kg/m2, desde que a enfermidade não tenha sido controlada com tratamento clínico. O texto já foi enviado ao Diário Oficial da União e somente entra em vigor após sua publicação.



Durante muito tempo pacientes com diabetes tipo 2 não conseguiam ter acesso ao tratamento cirurgia por causa do peso. Isso porque os critérios estipulados para conceder o direito de o paciente ser operado era o de apresentar índice de massa corpórea maior que 35 kg/m2 com doenças associadas ou acima de 40 kg/m2.

"O IMC não é mais um segregador de inclusão e pacientes com maior complicações cardiovasculares podem ser indicados para a cirurgia", afirma o cirurgião Ricardo Cohen, coordenador do centro de obesidade e diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

De acordo com ele, a média de IMC de uma pessoa com diabetes é de 30 kg/m2. Com isso será possível incluir a maioria dos pacientes no procedimento cirúrgico.

Para poder realizar a cirurgia, o paciente também precisa ter tentado o tratamento clínico por no mínimo dois anos e preferencialmente ter sido diagnosticado com diabetes há menos de 10 anos. É indicado também que o paciente esteja dentro da faixa-etária de 30 a 70 anos. Além disso, o CFM estipula também que é necessário que a indicação de cirurgia se dará por dois especialistas em endocrinologia.

Cohen explica que os pacientes que realizarem o tratamento cirúrgico poderão diminuir a quantidade de remédios consumidos e alguns podem até não precisar mais de medicamentos. Da mesma forma, de acordo com o cirurgião, a cirurgia também pode diminuir os riscos de morte por derrames ou infartos.

Em relação à segurança, Cohen diz que a cirurgia metabólica é tão segura quanto tirar uma vesícula ou um útero. "O índice de mortalidade dessa cirurgia é de 0,13%", ressalta o especialista.

A incidência de diabetes tipo dois é uma das principais causas de acidente cardiovascular (AVC), síndrome coronariana, insuficiência renal e cegueira, tendo atingido neste século status de epidemia. No Brasil, o número de pessoas com diabetes em 2015, com idade entre 20 e 79 anos, atingiu a marca de 14,3 milhões, havendo a expectativa de que em 2040 chegue a 23,3 milhões de pessoas.

Somente hospitais de grande porte que realizem cirurgias de alta complexidade, que contém com plantonista hospitalar 24h e Unidade de Terapia Intensiva (UTI), além de equipes multidisciplinares e multiprofissionais experientes no tratamento de diabetes e cirurgia gastrointestinal, poderão ser escolhidos para realização de cirurgia metabólica.

Como é feita a cirurgia metabólica


As operação metabólica utilizada será a gastrojejunal em Y de Roux ( bypass em Y de Roux). Ela consiste em uma redução do estômago, diminuindo assim a absorção dos alimentos. A operação é feita sob anestesia geral, por videolaparoscopia, com entre 4 a 5 pequenas incisões que variam de 0,5 a 1,2 cm. A média de duração da cirurgia é de 45 a 60 minutos. Obviamente na rara eventualidade de uma complicação intra operatória, esse procedimentos pode ter maior duração. O tempo médio de internação é de 48 horas.

Somente em casos de contraindicação ou desvantagem da DGJYR, a gastrectomia vertical (GV) será a opção disponível. Nenhuma outra técnica cirúrgica é reconhecida para o tratamento desses pacientes.

Pós-operatório


Mesmo que alguns pacientes não precisem mais tomar medicamentos contra o diabetes tipo dois, ainda assim é necessário o acompanhamento médico para o resto da vida para evitar o retorno da doença. Isso porque o diabetes é uma condição de saúde crônica e necessita de um acompanhamento multidisciplinar para manter a segurança e qualidade de vida do paciente,

Não deixe de consultar o seu médico. Encontre aqui médicos indicados por outras pessoas.


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Lula concede entrevista ao Grupo Folha

O país dos elegantes


Por Flávio de Castro*
Eu confesso que não sei a verdade: não sei se Lula é ou não dono de um triplex no Guarujá como não sei se FHC é ou não dono de um apartamento na Avenue Foch, em Paris.
Sei apenas que a presunção de ser dono de um triplex no Guarujá é inequivocamente associada à corrupção e a presunção de ser dono de um apartamento em Paris não tem nada a ver, obviamente, com corrupção.
Especialmente se o apê do Guarujá for um tanto novo-rico e o apê de Paris, um tanto elegante.
A questão é estética.
Lula carregando uma caixa de isopor e sendo dono de um barco de lata é uma cômica farofa. Se FHC carregasse uma caixa de isopor e fosse dono de um barco de lata seria uma concessão à humildade.
A questão é classista.
Um Odebrecht sentado à mesa com FHC é um empresário rico. O mesmo Odebrecht sentado à mesa com Lula é um pagador de propina.
Nada disso tem a ver com corrupção. Nada disso revela qualquer preocupação com o país.
A cada dia que passa, é mais evidente que o que está em discussão é quem são os verdadeiros donos do poder.
E os donos legítimos do poder são os elegantes. Aqueles com relação aos quais não interessa saber como amealharam riqueza porque, simplesmente, a riqueza lhes cai bem.
A casa grande tem um perfume que inebria toda a lavoura arcaica e sensibiliza até a senzala. É o que estamos assistindo.
Tudo o mais, tudo o que não é casa grande é Lula e os amigos de Lula!
A questão é preconceito.
Vejam como um fraque cai naturalmente bem em FHC. Um fraque assim em Lula, certamente, deveria ter sido roubado.
O Brasil é o país dos elegantes. De uma elegância classista, racista e preconceituosa deitada eternamente no berço esplêndido do aristocrático século 19.
*Flávio de Castro é professor de arquitetura da Unifemm

Agradecimento pela lembrança

 
“O dia do meu aniversário é muito especial para mim não por presentes que recebo, mas sim porque posso encontrar o carinho dos meus amigos queridos nas redes sociais. Estou muito feliz de poder contar com o seu carinho nesse dia para me lembrar que muito mais do que completar mais um ano de vida completei mais um ano de amigos incríveis. Obrigado.”

2.09.2018

Defesa de Lula pede que STF aplique a Constituição

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247 - Depois da decisão do ministro Edson Fachin, que negou habeas corpus para impedir a prisão de Lula após a condenação em segunda instância e levou o caso ao plenário do Supremo, a defesa do ex-presidente Lula faz um apelo para que a Corte aplique a Constituição.
"A decisão proferida hoje pelo Ministro Edson Fachin dará ao Plenário do Supremo Tribunal Federal a oportunidade de aplicar a Constituição Federal, especialmente no que se refere à garantia da presunção de inocência até decisão final da qual não caiba mais recurso (CF, art. 5º, LVII)", diz em nota o advogado Cristiano Zanin Martins.
Leia a íntegra: 
DEFESA DE LULA PEDE QUE STF APLIQUE A CONSTITUIÇÃO
A decisão proferida hoje pelo Ministro Edson Fachin dará ao Plenário do Supremo Tribunal Federal a oportunidade de aplicar a Constituição Federal, especialmente no que se refere à garantia da presunção de inocência até decisão final da qual não caiba mais recurso (CF, art. 5º, LVII).
O ex-Presidente Lula foi condenado em um processo marcado por manifestas nulidades e sem ter praticado nenhum crime.
O Tribunal Regional Federal da 4ª Região determinou de ofício - sem pedido do Ministério Público -, a antecipação do cumprimento da pena fixada, sem que houvesse motivo para não se aguardar o julgamento dos recursos que serão analisados pelos Tribunais Superiores.
Esperamos que a ação seja pautada no Plenário do STF o mais breve possível, a exemplo da rapidez da decisão tomada pelo próprio Ministro Fachin, inerente à natureza do habeas corpus.
CRISTIANO ZANIN MARTINS

Fachin nega habeas corpus para evitar prisão de Lula

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247 - O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, negou nesta sexta-feira 9 o pedido feito pela defesa do ex-presidente Lula para evitar sua prisão.
O ministro também decidiu submeter a análise do caso ao plenário do Supremo. Caberá agora à presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, definir a data para julgar o caso.
O TRF4 que o condenou em segunda instância no caso do triplex do Guarujá, determinou a execução da pena de 12 anos e 1 mês após o esgotamento dos recursos no tribunal de Porto Alegre.
Nesta quinta, o advogado criminalista Sepúlveda Pertence, que passou a integrar recentemente a defesa de Lula, se reuniu com Fachin para pedir pressa na análise do habeas corpus.
Leia mais na Agência Brasil:
Fachin envia ao plenário recurso de Lula para evitar prisão após 2ª instância
André Richter - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin decidiu hoje (9) negar habeas corpus no qual da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenta impedir eventual prisão após o fim dos recursos na segunda instância da Justiça Federal. No entanto, Fachin enviou a questão sobre a prisão em segunda instância para julgamento no plenário da Corte.
Ao negar o habeas corpus, o ministro entendeu que o caso de Lula não pode ser analisado por ele antes de uma decisão definitiva do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A defesa de Lula pretende derrubar a decisão do vice-presidente do STJ, ministro Humberto Martins, que negou pedido para impedir a eventual execução provisória da condenação do ex-presidente, após o último recurso que será julgado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), sediado em Porto Alegre.
Martins entendeu que a decisão do TRF4 garantiu que Lula não será preso antes da apreciação do último recurso, e, dessa forma, não há urgência que justifique a concessão da medida cautelar.
Condenação
No dia 24 de janeiro, o TRF4 confirmou a condenação de Lula na ação penal envolvendo o tríplex no Guarujá (SP) e aumentou a pena do ex-presidente para 12 anos e um mês de prisão. Na decisão, seguindo entendimento do STF, os desembargadores entenderam que a execução da pena do ex-presidente deve ocorrer após o esgotamento dos recursos pela segunda instância da Justiça Federal. Com o placar unânime de três votos, cabem somente os chamados embargos de declaração, tipo de recurso que não tem o poder de reformar a decisão, e, dessa forma, se os embargos forem rejeitados, Lula poderia ser preso.
No habeas corpus, a defesa do ex-presidente discorda do entendimento do STF que autoriza a prisão após os recursos de segunda instância, por entender que a questão é inconstitucional.
"Rever esse posicionamento não apequena nossa Suprema Corte – ao contrário – a engrandece, pois, nos momentos de crise, é que devem ser fortalecidos os parâmetros, os princípios e os valores. A discussão prescinde de nomes, indivíduos, vez que importa à sociedade brasileira como um todo. Espera-se que este Supremo Tribunal Federal, a última trincheira dos cidadãos, reafirme seu papel contra majoritário, o respeito incondicional às garantias fundamentais e o compromisso com a questão da liberdade", argumentam os advogados.

Requião, imperdível. na abertura dos trabalhos no Legislativo, em 5 de fevereiro de 2018.


"Há tempo que a ciência e os fatos da vida comprovam que nada é por acaso.
No entanto, embora a ideia medieval da abiogênese, a “geração espontânea”, seja a representação paradigmática daqueles tempos trevosos, ainda hoje a proposição do espontaneísmo resiste e é amplamente aceita, quando se trata da política ou mesmo da economia.
Diariamente, a mídia empresarial espalha a intrujice de que do acúmulo de lixo nascem insetos e ratos, que é possível originar vida de matéria não viva.
Se Humberto Eco foi assertivo ao dizer que a internet liberou infindáveis legiões de néscios, ele esqueceu de acrescentar à turma os comentaristas e ditos analistas de política e economia que infestam as televisões, rádios e jornais da mídia comercial e monopolista.
É notável a incapacidade de raciocinar, de somar dois com dois.
Gramsci dizia que não existe o canalha absoluto, que o canalha absoluto é uma criação ficcional.
Essa generosidade do filósofo que sofreu no corpo debilitado os horrores do fascismo sempre me impressionou.
Então, se concedemos que nem todos sejam canalhas plenos, integrais, resta outra suposição: a burrice córnea.
A ceratina penetrou de tal forma na cabeça dessa gente que as tornou duras, resistentes, impermeáveis à verdade dos fatos.
Se, ato contínuo à ampliação de nosso mar territorial de 12 para 200 milhas marítimas, em 1970, sob Garrastazu Médici, os norte-americanos movimentam sua IV Frota — por mais que o governo militar fosse um aliado incondicional– não o fazem para competir com os franceses na pesca da lagosta.
Se, sob Ernesto Geisel, em 1975, de repente, os Estados Unidos tornam-se guardiões dos direitos humanos e pressionam a ditadura brasileira, não é porque a tortura, os assassinatos, o desaparecimento de opositores os preocupassem, e sim os acordos nucleares do Brasil com a Alemanha.
Mais recentemente, quando os norte-americanos grampeiam a presidente Dilma, monitoram suas conversas, perscrutam suas decisões e controlam sua comunicação com ministros, auxiliares e políticos, não estão à procura da receita de sua dieta para emagrecer.
Quando os serviços de espionagem dos Estados Unidos invadem, vasculham, devassam todas as informações da Petrobrás, não são os Cerveró, os Duque, os Paulo Roberto Costa, os Youssef, os Barusco ou os Sérgio Machado que os mobilizam.
A corrupção é um segredo de polichinelo, o pré-sal o prêmio.
Se, antigamente, a Escola das Américas era o centro formador dos torturadores, dos assassinos estatais, dos sabotadores dos governos populares e nacionalistas, hoje, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, em cooperação com o FBI, a CIA, a NSA, encarrega-se de seduzir, domesticar e abduzir juízes, procuradores e policias. E políticos é claro.
A produção de cabos Anselmo não foi interrompida, sofisticaram-se os meios e os métodos. Ao invés dos sicários a soldo, temos os heróis de almanaques.
Os super-juízes, os super-procuradores, e, como contrafação, já que nenhuma exageração escapa do ridículo, temos o japonês da federal. E o coreano do MBL.
Quando o presidente Lula sanciona, em 2010, a Lei da Ficha Limpa e a presidente Dilma, em 2013, assina a Lei das Organizações Criminosas, disciplinando a delação premiada; quando se desequilibra a harmonia entre os poderes, e produz-se a hipertrofia do Judiciário, do Ministério Público e da Polícia Federal; quando o presidencialismo de coalizão cede a um Parlamento que se transformou em mandalete dos financiadores de campanha; quando o presidente Lula coloca no Banco Central e no Ministério da Fazenda homens de confiança do mercado financeiro; quando a presidente Dilma, na crise de 2013-2014, adota políticas neoliberais, aprofundando a crise; quando tanto um como outro presidentes constrangem-se diante das pressões da mídia monopolista e comercial e fogem de adotar aqui as mesmas legislações que os norte-americanos e alguns países europeus adotaram para democratizar os meios de comunicação; quando tudo isso somado produz um salto qualitativo, temos o golpe e seu corolário de horrores: a alienação da soberania nacional, a entrega do petróleo, dos minérios, das terras, da água, a destruição da República Social, a sabotagem da Petrobrás, as privatizações. E o aceleramento da marcha da desindustrialização e da precarização da ciência e da tecnologia.
Na divisão internacional do trabalho é o papel que nos reservam: celeiro do mundo, exportador de grãos e de matérias primas minerais, fornecedor de petróleo. E de água! Afinal, vimos em Davos a Nestle e a Coca- Cola renovarem a cobiça pelo aquífero Guarani, uma das maiores reservas de água doce do planeta.
Senhoras e senhores senadores.
Esses são os fatos da realidade. Essa é a verdade que os fatos revelam, por mais que o cinismo e a estultícia da grande mídia tentem perverter e adulterar a natureza das coisas.
Como antídoto para o massacre diário do discurso antinacional, antidemocrático e antipopular que se estabeleceu no país, quero oferecer um texto do professor de Filosofia da Universidade Federal do Espírito Santo, Maurício Abdala, publicado no “Le Monde Diplomatique”.
Os 13 pontos do professor Abdala são uma leitura necessária para quem ama o Brasil e acredita que ainda é possível vencer esses tempos tão sinistros da nossa história.
Vamos ao contraveneno às sandices daqueles que acreditam que do lixo que produzem é possível brotar alguma vida.
Vamos lá.
1 – O foco do poder não está na política, mas na economia. Quem comanda a sociedade é o complexo financeiro-empresarial com dimensões globais e conformações específicas locais.
2 – Os donos do poder não são os políticos. Estes são apenas instrumentos dos verdadeiros donos do poder.
3 – O verdadeiro exercício do poder é invisível. O que vemos, na verdade, é a construção planejada de uma narrativa fantasiosa com aparência de realidade para criar a sensação de participação consciente e cidadã dos que se informam pelos meios de comunicação tradicionais.
4 – Os grandes meios de comunicação não se constituem mais em órgãos de “imprensa”, ou seja, instituições autônomas, cujo objeto é a notícia, e que podem ser independentes ou, eventualmente, compradas ou cooptadas por interesses. Eles são, atualmente, grandes conglomerados econômicos que também compõem o complexo financeiro-empresarial que comanda o poder invisível.
Portanto, participam do exercício invisível do poder utilizando seus recursos de formação de consciência e opinião.
5 – Os donos do poder não apoiam partidos ou políticos específicos. Sua tática é apoiar quem lhes convém e destruir quem lhes estorva. Isso muda de acordo com a conjuntura. O exercício real do poder não tem partido e sua única ideologia é a supremacia do mercado e do lucro.
6 – O complexo financeiro-empresarial global pode apostar ora em Lula, ora em um político do PSDB, ora em Temer, ora em um aventureiro qualquer da política. E pode destruir qualquer um desses de acordo com sua conveniência.
7 – Por isso, o exercício do poder no campo subjetivo, responsabilidade da mídia corporativa, em um momento demoniza Lula, em outro Dilma, e logo depois Cunha, Temer, Aécio, etc. Tudo faz parte de um grande jogo estratégico com cuidadosas análises das condições objetivas e subjetivas da conjuntura.
8 – O complexo financeiro-empresarial não tem opção partidária, não veste nenhuma camisa na política, nem defende pessoas. Sua intenção é tornar as leis e a administração do país totalmente favoráveis para suas metas de maximização dos lucros.
9 – Assim, os donos do poder não querem um governo ou outro à toa: eles querem, na conjuntura atual, a reforma na previdência, o fim das leis trabalhistas, a manutenção do congelamento do orçamento primário, os cortes de gastos sociais para o serviço da dívida, as privatizações e o alívio dos tributos para os mais ricos.
10 – Se a conjuntura indicar que Temer não é o melhor para isso, não hesitarão em rifá-lo. A única coisa que não querem é que o povo brasileiro decida sobre o destino de seu país.
11 – Portanto, cada notícia é um lance no jogo. Cada escândalo é um movimento tático. Analisar a conjuntura não é ler notícia. É especular sobre a estratégia que justifica cada movimento tático do complexo financeiro-empresarial (do qual a mídia faz parte), para poder reagir também de maneira estratégica.
12 – A queda de Temer pode ser uma coisa boa. Mas é um movimento tático em uma estratégia mais ampla de quem comanda o poder. O que realmente importa é o que virá depois.
13 – Lembremo-nos: eles são mais espertos. Por isso estão no poder.
Senhoras e senhores senadores. Brasileiros.
Os pressupostos estão aí. Mas essa compreensão incisiva da realidade obriga-nos um passo seguinte: a ação.
Depois que Hitler invadiu a França, despojando-a de sua soberania, anulando-a como nação, Charles de Gaulle chamou seus compatriotas à resistência, acima dos interesses de cada um. O que estava em jogo era a existência do país, seus valores, suas tradições, suas crenças, sua identidade.
Até mesmo os contrabandistas que tão bem conheciam as fronteiras da França, até eles foram convocados à grande tarefa de libertação do país.
Não estou insinuando que, no caso da grande tarefa de libertação do Brasil, até corruptos devam ser convocados, mesmo porque boa parte deles estão de papo para o ar, refestelados nos milhões com que foram premiados pela delação.
Convoco os homens e as mulheres que amam este país, que abominam a corrupção e o entreguismo.
Que rejeitam ser escravos do dinheiro; que não aceitam a prevalência do capital financeiro sobre o capital produtivo.
Que não querem ver esse país tão rico transformado em uma plantation colonial, a ofertar ao mundo desenvolvido grãos, minérios, petróleo, terras e água.
Que não querem ver os nossos trabalhadores transformados em mão de obra semiescravizada, para o desfrute global.
Com Shakespeare e Henrique V, antes da batalha de Agincourt, encerro dizendo: aqui estão os brasileiros que deviam estar. E os que não estiverem vão se arrepender até o fim de suas vidas não terem estado conosco.
Nada temos a perder, pois o que tínhamos está sendo surrupiado, desbaratado e vendido a preço de banana pelos entreguistas do Brasil, com a prestimosa colaboração de alguns tolos que se arvoram em heróis da Pátria"Requião, imperdível.
Vale muito a leitura deste texto proferido pelo senador Roberto Requião na abertura dos trabalhos no Legislativo, em 5 de fevereiro de 2018.
"Há tempo que a ciência e os fatos da vida comprovam que nada é por acaso.
No entanto, embora a ideia medieval da abiogênese, a “geração espontânea”, seja a representação paradigmática daqueles tempos trevosos, ainda hoje a proposição do espontaneísmo resiste e é amplamente aceita, quando se trata da política ou mesmo da economia.
Diariamente, a mídia empresarial espalha a intrujice de que do acúmulo de lixo nascem insetos e ratos, que é possível originar vida de matéria não viva.
Se Humberto Eco foi assertivo ao dizer que a internet liberou infindáveis legiões de néscios, ele esqueceu de acrescentar à turma os comentaristas e ditos analistas de política e economia que infestam as televisões, rádios e jornais da mídia comercial e monopolista.
É notável a incapacidade de raciocinar, de somar dois com dois.
Gramsci dizia que não existe o canalha absoluto, que o canalha absoluto é uma criação ficcional.
Essa generosidade do filósofo que sofreu no corpo debilitado os horrores do fascismo sempre me impressionou.
Então, se concedemos que nem todos sejam canalhas plenos, integrais, resta outra suposição: a burrice córnea.
A ceratina penetrou de tal forma na cabeça dessa gente que as tornou duras, resistentes, impermeáveis à verdade dos fatos.
Se, ato contínuo à ampliação de nosso mar territorial de 12 para 200 milhas marítimas, em 1970, sob Garrastazu Médici, os norte-americanos movimentam sua IV Frota — por mais que o governo militar fosse um aliado incondicional– não o fazem para competir com os franceses na pesca da lagosta.
Se, sob Ernesto Geisel, em 1975, de repente, os Estados Unidos tornam-se guardiões dos direitos humanos e pressionam a ditadura brasileira, não é porque a tortura, os assassinatos, o desaparecimento de opositores os preocupassem, e sim os acordos nucleares do Brasil com a Alemanha.
Mais recentemente, quando os norte-americanos grampeiam a presidente Dilma, monitoram suas conversas, perscrutam suas decisões e controlam sua comunicação com ministros, auxiliares e políticos, não estão à procura da receita de sua dieta para emagrecer.
Quando os serviços de espionagem dos Estados Unidos invadem, vasculham, devassam todas as informações da Petrobrás, não são os Cerveró, os Duque, os Paulo Roberto Costa, os Youssef, os Barusco ou os Sérgio Machado que os mobilizam.
A corrupção é um segredo de polichinelo, o pré-sal o prêmio.
Se, antigamente, a Escola das Américas era o centro formador dos torturadores, dos assassinos estatais, dos sabotadores dos governos populares e nacionalistas, hoje, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, em cooperação com o FBI, a CIA, a NSA, encarrega-se de seduzir, domesticar e abduzir juízes, procuradores e policias. E políticos é claro.
A produção de cabos Anselmo não foi interrompida, sofisticaram-se os meios e os métodos. Ao invés dos sicários a soldo, temos os heróis de almanaques.
Os super-juízes, os super-procuradores, e, como contrafação, já que nenhuma exageração escapa do ridículo, temos o japonês da federal. E o coreano do MBL.
Quando o presidente Lula sanciona, em 2010, a Lei da Ficha Limpa e a presidente Dilma, em 2013, assina a Lei das Organizações Criminosas, disciplinando a delação premiada; quando se desequilibra a harmonia entre os poderes, e produz-se a hipertrofia do Judiciário, do Ministério Público e da Polícia Federal; quando o presidencialismo de coalizão cede a um Parlamento que se transformou em mandalete dos financiadores de campanha; quando o presidente Lula coloca no Banco Central e no Ministério da Fazenda homens de confiança do mercado financeiro; quando a presidente Dilma, na crise de 2013-2014, adota políticas neoliberais, aprofundando a crise; quando tanto um como outro presidentes constrangem-se diante das pressões da mídia monopolista e comercial e fogem de adotar aqui as mesmas legislações que os norte-americanos e alguns países europeus adotaram para democratizar os meios de comunicação; quando tudo isso somado produz um salto qualitativo, temos o golpe e seu corolário de horrores: a alienação da soberania nacional, a entrega do petróleo, dos minérios, das terras, da água, a destruição da República Social, a sabotagem da Petrobrás, as privatizações. E o aceleramento da marcha da desindustrialização e da precarização da ciência e da tecnologia.
Na divisão internacional do trabalho é o papel que nos reservam: celeiro do mundo, exportador de grãos e de matérias primas minerais, fornecedor de petróleo. E de água! Afinal, vimos em Davos a Nestle e a Coca- Cola renovarem a cobiça pelo aquífero Guarani, uma das maiores reservas de água doce do planeta.
Senhoras e senhores senadores.
Esses são os fatos da realidade. Essa é a verdade que os fatos revelam, por mais que o cinismo e a estultícia da grande mídia tentem perverter e adulterar a natureza das coisas.
Como antídoto para o massacre diário do discurso antinacional, antidemocrático e antipopular que se estabeleceu no país, quero oferecer um texto do professor de Filosofia da Universidade Federal do Espírito Santo, Maurício Abdala, publicado no “Le Monde Diplomatique”.
Os 13 pontos do professor Abdala são uma leitura necessária para quem ama o Brasil e acredita que ainda é possível vencer esses tempos tão sinistros da nossa história.
Vamos ao contraveneno às sandices daqueles que acreditam que do lixo que produzem é possível brotar alguma vida.
Vamos lá.
1 – O foco do poder não está na política, mas na economia. Quem comanda a sociedade é o complexo financeiro-empresarial com dimensões globais e conformações específicas locais.
2 – Os donos do poder não são os políticos. Estes são apenas instrumentos dos verdadeiros donos do poder.
3 – O verdadeiro exercício do poder é invisível. O que vemos, na verdade, é a construção planejada de uma narrativa fantasiosa com aparência de realidade para criar a sensação de participação consciente e cidadã dos que se informam pelos meios de comunicação tradicionais.
4 – Os grandes meios de comunicação não se constituem mais em órgãos de “imprensa”, ou seja, instituições autônomas, cujo objeto é a notícia, e que podem ser independentes ou, eventualmente, compradas ou cooptadas por interesses. Eles são, atualmente, grandes conglomerados econômicos que também compõem o complexo financeiro-empresarial que comanda o poder invisível.
Portanto, participam do exercício invisível do poder utilizando seus recursos de formação de consciência e opinião.
5 – Os donos do poder não apoiam partidos ou políticos específicos. Sua tática é apoiar quem lhes convém e destruir quem lhes estorva. Isso muda de acordo com a conjuntura. O exercício real do poder não tem partido e sua única ideologia é a supremacia do mercado e do lucro.
6 – O complexo financeiro-empresarial global pode apostar ora em Lula, ora em um político do PSDB, ora em Temer, ora em um aventureiro qualquer da política. E pode destruir qualquer um desses de acordo com sua conveniência.
7 – Por isso, o exercício do poder no campo subjetivo, responsabilidade da mídia corporativa, em um momento demoniza Lula, em outro Dilma, e logo depois Cunha, Temer, Aécio, etc. Tudo faz parte de um grande jogo estratégico com cuidadosas análises das condições objetivas e subjetivas da conjuntura.
8 – O complexo financeiro-empresarial não tem opção partidária, não veste nenhuma camisa na política, nem defende pessoas. Sua intenção é tornar as leis e a administração do país totalmente favoráveis para suas metas de maximização dos lucros.
9 – Assim, os donos do poder não querem um governo ou outro à toa: eles querem, na conjuntura atual, a reforma na previdência, o fim das leis trabalhistas, a manutenção do congelamento do orçamento primário, os cortes de gastos sociais para o serviço da dívida, as privatizações e o alívio dos tributos para os mais ricos.
10 – Se a conjuntura indicar que Temer não é o melhor para isso, não hesitarão em rifá-lo. A única coisa que não querem é que o povo brasileiro decida sobre o destino de seu país.
11 – Portanto, cada notícia é um lance no jogo. Cada escândalo é um movimento tático. Analisar a conjuntura não é ler notícia. É especular sobre a estratégia que justifica cada movimento tático do complexo financeiro-empresarial (do qual a mídia faz parte), para poder reagir também de maneira estratégica.
12 – A queda de Temer pode ser uma coisa boa. Mas é um movimento tático em uma estratégia mais ampla de quem comanda o poder. O que realmente importa é o que virá depois.
13 – Lembremo-nos: eles são mais espertos. Por isso estão no poder.
Senhoras e senhores senadores. Brasileiros.
Os pressupostos estão aí. Mas essa compreensão incisiva da realidade obriga-nos um passo seguinte: a ação.
Depois que Hitler invadiu a França, despojando-a de sua soberania, anulando-a como nação, Charles de Gaulle chamou seus compatriotas à resistência, acima dos interesses de cada um. O que estava em jogo era a existência do país, seus valores, suas tradições, suas crenças, sua identidade.
Até mesmo os contrabandistas que tão bem conheciam as fronteiras da França, até eles foram convocados à grande tarefa de libertação do país.
Não estou insinuando que, no caso da grande tarefa de libertação do Brasil, até corruptos devam ser convocados, mesmo porque boa parte deles estão de papo para o ar, refestelados nos milhões com que foram premiados pela delação.
Convoco os homens e as mulheres que amam este país, que abominam a corrupção e o entreguismo.
Que rejeitam ser escravos do dinheiro; que não aceitam a prevalência do capital financeiro sobre o capital produtivo.
Que não querem ver esse país tão rico transformado em uma plantation colonial, a ofertar ao mundo desenvolvido grãos, minérios, petróleo, terras e água.
Que não querem ver os nossos trabalhadores transformados em mão de obra semiescravizada, para o desfrute global.
Com Shakespeare e Henrique V, antes da batalha de Agincourt, encerro dizendo: aqui estão os brasileiros que deviam estar. E os que não estiverem vão se arrepender até o fim de suas vidas não terem estado conosco.
Nada temos a perder, pois o que tínhamos está sendo surrupiado, desbaratado e vendido a preço de banana pelos entreguistas do Brasil, com a prestimosa colaboração de alguns tolos que se arvoram em heróis da Pátria"