Prática havia sido autorizada por conselho em 2002; para médico, técnica é ineficaz se aplicada superficialmente e pode
até causar lesões
Só se for lesão aos bolsos médicos.
Após mais de dez anos, psicólogos de todo o Brasil foram
desautorizados pela Justiça a praticar a acupuntura como instrumento
complementar no tratamento de seus pacientes. Mesmo sob críticas dos
médicos, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) havia autorizado a
prática em 2002.
Alex Silva/Estadão
A proibição da prática de acupuntura já afetou diretamente o trabalho da psicóloga Adriana Pereira
Agora, conforme decisão da 1.ª Primeira Turma do Superior Tribunal de
Justiça (STJ), profissionais de Psicologia não podem usar a acupuntura
como método ou técnica complementar, uma vez que a prática não está
prevista na lei que regulamenta a profissão. O entendimento é inédito e
dá aval a um acórdão do Tribunal Regional Federal da 1.ª Região, que já
havia proibido psicólogos de exercer a acupuntura.
"No Brasil, não existe legislação que proíba certos profissionais da
área de saúde a praticar a acupuntura. No entanto, não se pode deduzir, a
partir desse vácuo normativo, que se possa, por intermédio de ato
administrativo, como a resolução editada pelo Conselho Federal de
Psicologia, atribuir ao psicólogo a prática da acupuntura", afirmou em
seu voto o ministro Napoleão Nunes Maia Filho.
Na decisão, Maia Filho ressaltou que o exercício da acupuntura
dependeria de autorização legal expressa, por ser idêntico a
procedimento médico invasivo, "ainda que minimamente".
O médico Fernando Genschow, diretor do Colégio Médico Brasileiro de
Acupuntura, diz que a técnica é ineficaz, caso seja aplicada
superficialmente. "A acupuntura demanda manejo e controle clínico dos
pacientes. A execução inábil pode perfurar vasos sanguíneos importantes e
provocar lesões no sistema nervoso." Segundo ele, cerca de 12 mil
médicos do País têm especialização na área.
De acordo com resolução antiga do Conselho Federal de Medicina (CFM),
a acupuntura é considerada uma especialidade médica. Em 2002, para
fiscalizar a atuação de psicólogos acupunturistas, o CFP alegou ter a
ajuda da Associação Brasileira de Acupuntura. A resolução da entidade
ainda diferenciava a acupuntura de terapias alternativas não comprovadas
cientificamente. Os psicólogos eram proibidos pelo conselho de aliar
seu trabalho a florais de Bach, tarô, chás ou homeopatia.
Fechado. A proibição da prática de acupuntura por psicólogos já
afetou diretamente o trabalho da psicóloga e acupunturista Adriana
Pereira Guedes, de 41 anos, que teve de fechar seu consultório na
Avenida Paulista. Professora universitária, ela teve medo de continuar a
praticar a acupuntura e ter problemas com os outros títulos.
Graduada em Psicologia e mestre em Neurociências, Adriana fez
especialização em acupuntura com carga horária de 1.200 horas e
complementou seus conhecimentos na área com outra especialização em
ciências clássicas chinesas, com mais 360 horas de estudo. "O pior dessa
decisão da Justiça é que proíbe a prática até para quem estudou e tem
diploma em acupuntura. E todo o dinheiro que investi nesse
aperfeiçoamento?"
Ela também critica o argumento de que a acupuntura é uma prática
invasiva. "Ela é minimamente invasiva. Nunca vi acidentes envolvendo a
prática da acupuntura. Além disso, recebemos treinamento para a
aplicação das agulhas." O CFP analisa a questão e ainda não se
manifestou oficialmente.
No Instituto de Psiquiatria da USP, crises caíram pela
metade entre pacientes submetidos à terapia 3D, com simulação de
situações desconfortantes
Por mais de uma vez, a estudante Patrícia, de 19 anos,
deixou de entrar na sala de aula porque estava atrasada e não queria
atravessar o auditório e ser "julgada" pelos colegas. Pelo mesmo motivo,
ela deixou de frequentar festas e se isolou das pessoas. A estudante
tinha medo da exposição e de ser avaliada negativamente.
José Patricio/Estadão
Psicóloga Cristiane Gebara coordena pesquisa do Instituto de Psiquiatria da USP
Diagnosticada com fobia social - transtorno de ansiedade
caracterizado pelo sofrimento excessivo em situações de interação social
e de desempenho -, Patrícia conseguiu reduzir as crises de ansiedade
depois de se submeter a um tratamento por meio de realidade virtual 3D,
realizado no Instituto de Psiquiatria da USP (IPq-HC).
Além dela, outros 20 pacientes participaram da pesquisa e os
resultados mostram redução média de 55% nas crises de ansiedade. O
problema atinge cerca de 8% da população. "Quando estava em situações
assim, eu suava frio, ficava vermelha e superansiosa. Como a porta da
sala de aula é na frente, eu morria de medo e de vergonha de atravessar a
sala toda. Ficava pensando no que as pessoas iam dizer. Isso
prejudicava meu desempenho na aula", conta a estudante. Pesquisa. O tratamento de Patrícia foi realizado por
meio de uma pesquisa que começou no ano passado no IPq-HC e avaliou 21
pacientes (11 homens e 10 mulheres), todos diagnosticados com fobia
social. Eles foram submetidos a sessões de realidade virtual, em que um
programa de computador traz imagens em três dimensões das situações que
mais causam ansiedade e desconforto. A pesquisa previa realizar até 12
sessões de 50 minutos, mas os resultados já foram observados a partir da
quinta sessão.
Segundo a psicóloga Cristiane Maluhy Gebara, responsável pela
pesquisa, o trabalho teve como base a terapia cognitiva comportamental e
a técnica de exposição - que é a mais usada no tratamento convencional e
a mais eficaz.
A diferença é que, em vez de expor os pacientes às situações de
desconforto ao vivo, em situações reais ou na imaginação, quando o
paciente imagina determinada cena e tenta controlar suas reações a
pesquisa simulou as situações por meio da tela do computador.
As situações que causavam desconforto e ansiedade eram hierarquizadas
e o paciente era exposto a cada uma delas de forma gradual e repetida.
Segundo Cristiane, a vantagem da realidade virtual em relação ao
tratamento convencional é que a pessoa pode ser exposta à mesma cena
inúmeras vezes até se sentir confortável e, além disso, a adesão é maior
por acontecer em um ambiente controlado.
"Não temos como criar uma reunião de trabalho só para submeter o
paciente a essa exposição. É uma limitação que não acontece na exposição
virtual", diz Cristiane. Interação. As cenas são acompanhadas pelo terapeuta,
que orienta o paciente e controla, pelo computador, as respostas dos
personagens virtuais. O programa tem seis cenas que vão de uma simples
caminhada pela rua em que o paciente se submete aos olhares insistentes
dos outros pedestres, passando por um pedido de informação para um
desconhecido, até a chegada a uma festa cheia.
"Em uma exposição ao vivo, a pessoa demora cerca de 50 minutos para
conseguir diminuir e controlar a ansiedade. Nessa pesquisa, constatamos
que houve diminuição dos níveis de ansiedade após 20 minutos", diz a
psicóloga. "Quando o paciente reduzia a ansiedade para uma escala de
menos de 50% em determinada situação, a gente passava para outra cena."
Os pacientes estão sendo reavaliados para que a pesquisadora observe
se eles estão respondendo ao tratamento e se os resultados se
mantiveram. Fora do Brasil, a técnica da realidade virtual com fins
terapêuticos já é utilizada. Mas aqui, por enquanto, serão necessários
mais estudos antes de ela ser oferecida como tratamento de rotina no HC.
Interessados podem entrar em contato pelo e-mail
fobiasocialrv@gmail.com.
Liberdade (do queijo da Canastra) ainda que tardia Por José Orenstein
Otusseziano Freitas de Oliveira levanta todos os dias dia às 6h para
ordenhar suas vacas em São Roque de Minas, nascente do rio São
Francisco, na Serra da Canastra. A extração do leite, feita manualmente,
leva quatro horas. "Tratamos os animais como se fossem gente mesmo, com
carinho." O leite então descansa com coalho e o pingo - a cultura de
leveduras e bactérias que sobrou do queijo do dia anterior - e vai
secando. Primeiro sai o soro, e, no fim do dia, sai o pingo. Cada peça
de queijo consome nove litros de leite e o ciclo se renova para
Otusseziano, o Otinho, a cada dia. Ele é um dos produtores de queijo da
canastra, à maneira tradicional e centenária, com leite cru, e foi
convidado por Ana Massochi para mostrar seu trabalho no 7.o Paladar -
Cozinha do Brasil.
Ana é dona dos restaurantes Martín Fierro, La Frontera e Jacarandá,
em São Paulo, além de entusiasta do queijo canastra. "O queijo da
canastra é uma coisa simples e ao mesmo tempo única, especial. Eu quero
que os meus restaurantes sejam assim." Ela usa o queijo para rechear
empanadas, preparar risotos e sobremesas. E vende as peças de Otinho no
mercado que montou no Jacarandá. O problema é que o queijo da canastra,
de leite cru, não pode cruzar a fronteira de Minas Gerais, devido à
legislação sanitária. Mas é em São Paulo que ele encontra seu grande
mercado, comprovado a olhos vistos quando Otinho serviu lascas do queijo
que trouxe - um meia-cura (que secou por oito dias) e um curado (que
secou por 30 dias) - ao público que acompanhava sua palestra. "Estou
vendendo o queijo. Mas se eu for presa quero vocês todos na delegacia
para me tirar!", avisa Ana.
O imbróglio jurídico é antigo: data da lei que regula a inspeção dos
produtos de origem animal, o Riispoa, de 1952. É o que explicou Leoncio
Diamante, veterinário que também foi convidado de Ana para falar da
cultura tradicional do queijo da canastra - e exaltá-la. Primeiro o
elogio do leite cru, a matéria-prima. "Esse leite pasteurizado que vocês
tomam em caixinha é um leite morto. Um cádaver. Ele não está vivo,
não." O leite cru é que permite que o queijo evolua e alcance
complexidade de sabores, disse Leoncio. A cultura de levedos e bactérias
nele contida, a partir de oito dias, cura o queijo, isto é, elimina as
bactérias ruins e sobrevive na massa. Daí para frente, o sabor do queijo
só se intensifica. Outro fator crucial para a qualidade do queijo é o
seu terroir - o local em que ele foi feito. Na terra de Otinho, que fica
entre 1.015 m e 1.030 m acima do nível do mar, a água fresca da serra
da Canastra e a pastagem livre das vacas (além do carinho com que Otinho
trata seus animais, é claro) é que dá as notas de sabor características
de seu queijo.
Veio então um pão de queijo e um pudim de queijo - ambos da canastra,
de Otinho - em receitas usadas no Jacarandá, restaurante de Ana, que
comentou: "Os usos são infinitos. É só inventar". Falta agora tirar o
produto da clandestinidade, lembraram Ana, Leoncio e Otinho - e
remunerar de forma mais justa o produtor. A peça de queijo é vendida em
São Paulo a R$ 35, dos quais Otinho recebe apenas R$ 8 - o resto fica na
mão dos intermediários. Há algo de podre no mundo dos queijos - e,
definitivamente, não é o queijo da canastra.
Hoje é o último dia do 7º Paladar Cozinha do Brasil.
Ainda há ingressos à venda. Neste domingo, Helena Rizzo, chef do Maní
(eleito o 46º melhor restaurante do mundo pelo ranking da revista
inglesa Restaurant), recebe o agricultor José Ferreira, para a aula Na
Natureza Selvagem. A dupla mostra como conservar a natureza na cozinha.
Filipe Araujo/ Estadão
Alex Atala
Alex Atala, do D.O.M., que abriu a programação na sexta, encerra o
evento falando sobre o recém-criado Instituto Atá, de preservação e
valorização de ingredientes e fazeres gastronômicos brasileiros.
O segundo dia começou animado, com a estreia das aulas Mão na Massa,
em que um grupo foi para a cozinha aprender os segredos do brigadeiro
com Juliana Motter, que elevou o brigadeiro à categoria gourmet em sua
Maria Brigadeiro. A aula foi de brigadeiro branco com castanha-do-pará.
Como nos anos anteriores, a sala estava lotada para assistir ao trio
Mara Salles, Ana Soares e Neide Rigo. Elas brincaram com o fato de que
foram desafiadas a falar do sabor de que menos gostam, o doce, e
lembraram que, na edição de 2009, se debruçaram sobre um tema mais
querido, o sabor amargo.
"Açúcar virou problema quando passou a ser fácil", afirmou Neide, ao
servir ao público paiauaru, bebida indígena das tribos do Alto Rio Negro
(Amazonas), feita de abacaxi fermentado e cana-de-açúcar, num processo
que lembra a dupla fermentação do champanhe. Para instigar a plateia, o
trio propôs uma reflexão sobre doces que não são óbvios como leite
materno, a primeira lembrança sensorial humana.
Direto de São Roque de Minas, na Serra da Canastra, veio Otusseziano
Freitas de Oliveira. Ele é produtor de queijo da Canastra, feito com
leite cru, e trouxe algumas peças para o público provar. Ele veio a
convite de Ana Massochi, dona dos restaurantes Martín Fierro, La
Frontera e Jacarandá e entusiasta do queijo. Ao lado do veterinário
Leôncio Diamante, também de Minas Gerais, eles defenderam a legalização
do queijo da Canastra que, apesar de ser reconhecido como patrimônio
gastronômico brasileiro, não pode ultrapassar as divisas do Estado para
ser vendido, em razão de uma lei de 1952.
Há quem diga que é falta de educação, mas cientistas do
Canadá descobriram que cutucar o nariz e comer a “meleca” pode ser bom
para a saúde. De acordo com eles, é uma forma de estimular o sistema
imunológico. Além desse, o site Huffington Post listou alguns maus hábitos que podem melhorar a qualidade de vida. Confira a seguir.
Fofocar: passar 20 minutos conversando
sobre a vida alheia ajuda 96% das pessoas a se livrarem dos sentimentos
de estresse, tensão e ansiedade por quatro horas, segundo pesquisadores
da Universidade de Rhode Island Brown. Mulheres que espalham fofocas
positivas aliviam o estresse em até 72% nos três meses seguintes. Isso
porque o hábito estimula os instintos de ligação e acelera a produção de
hormônios antidepressivos no cérebro.
Cutucar o nariz: segundo Scott Napper,
professor de bioquímica da Universidade de Saskatchewan, comer o muco do
nariz pode estimular o sistema imunológico por meio de pequenas e
inofensivas quantidades de germes no corpo. Para ele, o excesso de
higiene tem levado ao aumento de alergias e doenças autoimunes.
Roer as unhas: o mesmo argumento serve
para os roedores de unhas, de acordo com a imunologista Hilary
Longhurst. “A menos que suas mãos estejam extremamente sujar, os germes
que vão para o organismo ao roer as unhas poderia impulsionar o sistema
imunológico”, explicou
O sistema imunológico funciona por meio de uma memória
que observa e combate cada novo germe que entra em contato com o corpo.
Quando o mesmo germe é encontrado pela segunda vez, o corpo sabe como
lidar com o problema.
Arrotar: este é um hábito natural e
segurá-lo pode causar problemas. Se o gás permanecer no estômago pode
prejudicar a digestão e fazer com que o ácido estomacal espirre para o
esôfago, provocando azia.
Estalar os dedos: um estudo feito por
cinco anos analisou pessoas que estalam os dedos e descobriu que suas
juntas são tão saudáveis quanto as que não o fazem. A articulação tende a
ficar mais confortável depois do estalo porque elas se estendem e
atingem um grau maior de movimento.
Goma de mascar: uma pesquisa recente
mostrou que mascar chiclete pode melhorar a memória a longo prazo (os
cientistas ainda estão tentando descobrir o motivo). Além disso, o
hábito também pode ajudar a emagrecer, segundo um estudo da Universidade
de Rhode Island. A ideia é que mascar estimula a saciedade do cérebro.
Estudo da revista ‘Obesity’ com 358 adultos constatou que
preconceito se manteve presente independente do peso corporal dos
voluntários
NOVA YORK - Um estudo internacional da revista “Obesity” mostra que
os pacientes olham com desdém para médicos acima do peso ou obesos, por
transmitirem menos credibilidade.
Uma amostra on-line de 358
adultos foi aleatoriamente designada para uma das três condições de
pesquisa em que completaram um questionário avaliando suas percepções de
médicos que foram descritos como peso normal, sobrepeso ou obesidade.
Os participantes também completaram uma Escala de Fobia Fat
originalmente criada em 1984 para determinar e medir atitudes fóbicas em
relação à gordura.
Os entrevistados relataram mais desconfiança
em relação aos médicos com sobrepeso ou obesos, e disseram que eram
menos inclinados a seguir os seus conselhos, e eram mais propensos a
mudar de profissional quando o médico era considerado sobrepeso ou
obeso. E este preconceito em relação ao peso se manteve presente
independente do próprio peso corporal dos participantes.
Este
estudo sugere que os provedores percebidos como sobrepeso ou obesidade
podem ser vulneráveis a atitudes preconceituosas de pacientes, e que
os em excesso de peso podem afetar negativamente a percepção dos
pacientes de sua credibilidade, o nível de confiança e disposição para
seguir os conselhos médicos.
A fatia de moradores de São Paulo que fuma caiu pela metade em 27 anos, segundo aponta pesquisa Datafolha com 1.120 pessoas.
Hoje, 21% da população em São Paulo fuma, contra 24% em 2008 e 40% em 1986.
Já os ex-fumantes agora são 24%, contra 21% em 2008, superando o número
de fumantes. Mas a cidade ainda tem uma proporção de tabagistas maior do
que a taxa nacional, que é de 14,8% de acordo com a pesquisa Vigitel
(inquérito telefônico anual do Ministério da Saúde).
Editoria de Arte/Folhapress
As causas para a queda são as medidas de controle nas últimas décadas,
segundo a cardiologista Jaqueline Issa, responsável pelo programa de
tratamento de tabagismo do InCor (Instituto do Coração da USP).
Ela cita a Lei Antifumo adotada no Estado de São Paulo em 2009, a
proibição da publicidade de cigarros, a contrapropaganda nos maços,
alertando para os malefícios do fumo, e a maior divulgação desses
efeitos nocivos.
"A população foi se educando. Os próprios fumantes sabem que faz mal e
muitos passam a pensar em largar o cigarro por pressão social."
Para Paula Johns, diretora-executiva da ONG ACT (Aliança de Controle do
Tabagismo), porém, é preciso continuar avançando, principalmente em
âmbito federal.
"Se não forem adotadas novas politicas, as antigas começam a ficar
estagnadas. A lei nacional que proíbe o fumo em locais fechados foi
aprovada em 2011, mas não foi regulamentada."
Um dos fatores que aumentam a chance de as pessoas fumarem é o nível socioeconômico mais baixo.
E, segundo Issa, a pesquisa confirma essa informação ao mostrar que a
população da zona leste, a menos desenvolvida de São Paulo, é a que mais
fuma. Na região, 25% fumam, contra 18% da zona oeste e 20% da zona sul.
Os paulistanos mais ricos (mais de 10 salários mínimos) são os que menos
fumam (15%, contra cerca de 22% nas outras camadas) e os que mais
pararam de fumar --30%, enquanto que, entre as demais faixas de renda,
os ex-fumantes são 22%.
A proporção de jovens de 16 a 24 anos que fumam caiu de 20% em 2008 para
14% em 2013. Ainda assim, de acordo com a cardiologista, é preocupante a
taxa de iniciação do tabagismo, principalmente entre as meninas.
Apesar de os homens fumarem mais que as mulheres (23% contra 19%), eles
tendem a abandonar mais o fumo. "Para as mulheres, o cigarro está ligado
à estética da magreza, há o medo de engordar ao parar", diz Issa.
Ela afirma que o grau de dependência e o uso do cigarro como válvula de
escape em circunstâncias adversas e estressantes também são maiores
entre as mulheres.
A maioria das pessoas para de fumar sozinha, mas tem aumentado a
quantidade das que procuram tratamento medicamentoso, que inibe os
sintomas da abstinência, de acordo com Issa.
"Mas nenhum deles funciona se a pessoa não deseja parar de fumar, independentemente do motivo."
Os fumantes também podem procurar apoio em terapia individual ou em grupo e nas palestras motivacionais.
Em dezembro, o jornal The New York Times publicou um anúncio de página inteira celebrando a liberação da venda de maconha
nos Estados americanos de Colorado e Washington. O responsável pelo
anúncio é Ethan Nadelmann, diretor e fundador da ONG Drug Policy
Alliance. Não que ele precise comprar espaço para chamar a atenção.
Autor de dois livros, ex-professor da Universidade Princeton e
colaborador do site Huffington Post e das revistas Science e Foreign Affairs, Nadelmann é um dos líderes do movimento pelo fim da guerra às drogas nos Estados Unidos. Nesta semana, ele virá ao Brasil defender a liberação da maconha e alternativas à internação compulsória de viciados. O Brasil acaba de implantar políticas de internação compulsória de
viciados em drogas. A prefeitura do Rio de Janeiro tomou essa iniciativa
em 2011, o Estado de São Paulo começou neste ano, e há um projeto
nacional em discussão no Senado. O que o senhor acha da internação
compulsória?
Ethan Nadelmann – Centros de internação compulsória são um
erro. A experiência nos Estados Unidos e em outros países mostra que a
internação forçada pode ajudar alguns, mas causa mais danos do que
benefícios. O Brasil, em vez de copiar o modelo americano de tratar
viciados, deveria seguir o modelo português. Em Portugal, há 12 anos não
é crime portar uma certa quantidade de droga para uso pessoal. Sem medo
de ser tratados como bandidos, os usuários sentem-se à vontade para
recorrer ao sistema público de saúde, em busca de acompanhamento médico e
formas menos arriscadas de usar drogas, como seringas esterilizadas. O
país reduziu os casos de overdose e a contaminação pelos vírus HIV
e da hepatite. Portugal tem um sério comprometimento em tratar o
consumo de drogas como um problema de saúde, não de segurança pública.
Em entrevista
João Goulão, responsável pela
política antidrogas de Portugal, afirmou que o maior problema em seu
país era o vício em heroína, uma droga substituível por outras que não
causam dependência. Embora seja crítico da internação compulsória,
Goulão afirma que o vício em crack e cocaína, principal problema no
Brasil e nos Estados Unidos, é mais difícil de combater.
Nadelmann – Há pouca evidência da eficácia da internação
compulsória no tratamento de viciados em cocaína. O tratamento de
viciados – seja em heroína, álcool ou cocaína – deve ser uma questão de
saúde. Encarcerar doentes incapazes de largar o vício é caro e ineficaz.
Mais importante é mantê-los longe de criminosos e tratá-los até
normalizar suas vidas. Partidários da internação compulsória afirmam que os
viciados em cocaína e crack perdem a capacidade de avaliar o que é
melhor para si.
Nadelmann – Podemos dizer o mesmo para viciados em álcool,
viciados em jogos, viciados em qualquer outra coisa. A maioria das
pessoas consegue ter prazer com essas atividades, sem graves
consequências. Uma minoria torna-se viciada. Como podemos tratar essa
minoria? Se alguém, em nome de seu vício, comete assaltos, devemos punir
como assaltante. Aí, sim, interná-lo compulsoriamente. Se alguém, sob
efeito de drogas, faz mal a si mesmo, deve ser tratado como doente. De
forma voluntária. O senhor considera a internação compulsória mais próxima do sistema penal que do sistema de saúde?
Nadelmann – Sim. Se a única infração é o vício, ninguém
deveria ser compulsoriamente levado a nada. Há demanda por cocaína no
meu país e no seu. Em vez de erradicá-la, como tentamos por décadas,
devemos pensar em administrá-la. Isso significa, de certa forma, causar o
menor transtorno aos indivíduos, à comunidade, à sociedade em geral.
Essa é a essência da redução de danos. O senhor afirma que a legalização das drogas compensa os riscos. Quais riscos?
Nadelmann - O principal risco na legalização é o possível
aumento no número de consumidores. Vimos isso acontecer com o álcool e o
tabaco, quando essas drogas se tornaram liberadas, mais disponíveis e
baratas. No caso da maconha, os riscos no aumento de consumo são baixos.
A vasta maioria de seus usuários não se torna dependente nem parte para
outras drogas. O vício em maconha, embora possível, não é tão severo
quanto o vício em outras drogas. Não há registro de mortes por overdose
de maconha.
"O Reino Unido paga para o viciado não usar cocaína. Dá mais certo que punir – e custa menos"
Segundo as Nações Unidas, pelo menos 100 mil pessoas
morreram por uso de drogas, só em 2010. Como liberar crack e cocaína
faria bem à sociedade?
Nadelmann – É impossível ter certeza. As experiências de venda
liberada de cocaína ou derivados de coca datam do século XIX. Sabemos
que a legalização de cocaína e heroína teria um efeito devastador sobre
os lucros das organizações criminosas. Diminuiríamos o número de casos
de violência e corrupção na América Central, na África e na Ásia.
Diminuiríamos os gastos da guerra contra as drogas. Os Estados Unidos
gastaram cerca de US$ 1 trilhão nessa guerra, nos últimos 40 anos. O
resto do mundo ninguém sabe, mas imagino que tenha gastado a mesma
quantia. Os impactos positivos da liberação do consumo de álcool, no
passado, seriam percebidos hoje com a liberação da cocaína e da heroína. Certas guerras podem valer a pena, apesar de custar caro. Por que a guerra contra as drogas não compensa?
Nadelmann – Entre os jovens, o combate à maconha falhou
inteiramente. Nos Estados Unidos, as pessoas dizem ser mais fácil
comprar maconha do que álcool. Segundo a ONU, o mercado ilegal de drogas
fatura US$ 300 bilhões por ano. Em termos de custos fiscais, é
substancial. Talvez o maior custo nem seja esse, mas o custo da
violência, da corrupção e da violação de liberdades civis. O custo que
essa guerra impõe à sociedade é alto demais, ao favorecer a disseminação
de doenças ligadas à ilegalidade das drogas. O senhor diz ser impossível ter certeza dos benefícios
de liberar cocaína e crack. Nenhum grande país fez isso nos últimos dois
séculos. Por que então deveríamos liberar?
Nadelmann – Há muitos passos entre o que existe hoje e a
legalização completa das drogas. É válido debater a liberação da cocaína
e da heroína, mesmo sem ter certeza da resposta. Mais importante é
avançar na legalização da maconha, na legalização da posse de pequenas
quantidades de drogas e na oferta de drogas por fontes oficiais. Isso
traria grandes benefícios e pequenos riscos. Liberar drogas em pequenas quantidades, ou distribuí-las na rede pública, não equivale a liberar?
Nadelmann – Proibir não é a única forma de regular o uso de
drogas. Podemos nos tornar mais criativos e experimentar dezenas,
centenas, milhares de formas de regulação. O modelo que usarmos
determinará os riscos e benefícios. Podemos legalizar cocaína em formas
diluídas, de baixo poder viciante, em vez da droga em pedras ou
injetável, vendida hoje nas ruas. Ainda não encontraram um modelo de
regulação eficaz para todas as pessoas ou todos os lugares, mas há
países tentando. Devemos nos concentrar nisso. – Que ideias inovadoras estão em teste?
Nadelmann – O Reino Unido experimenta um tratamento em que
viciados recebem uma recompensa em dinheiro quando não usam cocaína.
Está dando mais certo que punir o consumo. E sai mais barato. O
presidente do Uruguai, José Mujica, sugeriu vender maconha em farmácias
do governo. Sua proposta foi muito importante, provocou um valioso
debate no país. Em novembro, os Estados americanos de Colorado
e Washington liberaram a venda de maconha, para uso recreativo, para
maiores de 21 anos. Quinze outros Estados já liberaram a maconha com
receita médica. A Espanha tenta a distribuição de maconha por
cooperativas sem fins lucrativos. Existem experiências em países como
Alemanha, Suíça, Holanda, Dinamarca, Canadá e Israel. Quais são os exemplos estabelecidos e bem-sucedidos de regular o consumo de drogas?
Nadelmann – O exemplo mais antigo e bem-sucedido é a venda e o
consumo de maconha nas cafeterias da Holanda, implantado na década de
1970. Separou o comércio da maconha, uma droga leve, de drogas mais
pesadas. No ano passado, a Holanda restringiu a venda e o
consumo de maconha nas cafeterias a moradores cadastrados. A Califórnia,
Estado americano onde a maconha é vendida com receita médica desde
1996, derrubou num plebiscito a proposta de liberar completamente o
comércio.
Nadelmann – A Holanda elegeu um governo conservador, no ano
passado, que proibiu a venda para estrangeiros. Essa proibição ganhou
grande atenção, mas, se você for às ruas, perceberá que pouca coisa
mudou. Os prefeitos se recusam a seguir a orientação nacional. A opinião
pública é favorável à liberação irrestrita, mas o país sofreu pressão
da Europa. O que vimos recentemente na Holanda é apenas um pequeno passo
atrás. Revista Época
Cientistas americanos descobriram que, junto à
gordura e o colesterol, o metabolismo do intestino humano também faz
carne elevar o risco de doenças cardiovasculares
Além da gordura e do colesterol, cientistas descobriram mais uma razão
por que o consumo de carne vermelha aumenta o risco de doenças
cardiovasculares. Segundo pesquisa americana publicada no periódico Nature Medicine,
o metabolismo da substância L-carnitina por bactérias no intestino
humano produz uma substância que favorece o acúmulo de gordura nas
paredes arteriais, podendo desencadear um processo de aterosclerose.
A L-carnitina, também presente em bebidas energéticas e consumida como suplemento alimentar, é
um nutriente natural da carne vermelha, cuja promessa é ajudar a
queimar gordura e emagrecer mais rápido. Os resultados da pesquisa,
porém, mostraram que um consumo excessivo da substância pode ser
prejudicial à saúde. Não por conta da L-carnitina diretamente, mas de
uma substância derivada dela, chamada TMAO.
Em uma série de experimentos comparativos, os cientistas demonstram que
há uma relação direta entre a produção de TMAO e risco elevado de
doenças cardiovasculares. Um risco que ainda não está totalmente
quantificado, mas que "parece ser bastante significativo", segundo o
autor principal do estudo, Stanley Hazen, do Departamento de Medicina
Celular e Molecular da Cleveland Clinic, em Ohio, Estados Unidos.
"Há tempos já se sabe que há um fator de risco para doenças
cardiovasculares associado ao consumo de carne vermelha; mas as gorduras
saturadas e o colesterol não são suficientes para explicar isso. O que
estamos mostrando nesse estudo é um novo mecanismo que ajuda a explicar
por que esse risco existe", disse Hazen. "Agora temos mais um fator para
prestar atenção, e mais um mecanismo no qual podemos intervir na busca
de tratamentos."
As análises foram realizadas com camundongos e seres humanos, incluindo
comparações entre veganos, vegetarianos e onívoros. Os resultados
indicam fortemente que, quanto maior o nível de TMAO no organismo, maior
o risco de desenvolver aterosclerose – doença crônica que estreita os
vasos sanguíneos – e outras doenças cardiovasculares.
Isso porque o TMAO altera a maneira como o colesterol e os esteroides
são metabolizados e inibe um processo chamado "transporte reverso de
colesterol", que resulta num aumento do acúmulo de gordura nas paredes
internas das artérias - mesmo que os níveis de colesterol circulante no
sangue continuem normais, afirma Hazen. "Talvez isso explique porque
algumas pessoas desenvolvem aterosclerose mesmo sem ter colesterol
alto." EK
Na última terça-feira um menino de 5 anos matou a irmã, de 2, com uma arma para crianças
Empresa vende 60 mil unidades por ano
‘Meu primeiro rifle’; diz slogan; armas são fabricadas em azul e rosa
David Usborne
Do Independent
HOUSTON - Enquanto desciam em Houston para a sua convenção anual de
três dias, os fiéis membros da Associação Nacional de Rifles (NRA, na
sigla em inglês) não previam que fossem surpreendidos pelas notícias
envolvendo um menino do estado americano de Kentucky que matou a irmã de
2 anos com uma arma feita especialmente para crianças.
-
Eu não vejo problema nisso - disse Angela Armstrong de Ohio, quando
questionada sobre a Keystone Sporting Arms, empresa da Pensilvânia que
se especializou em fabricar armas para crianças.
Foi um de seus produtos, o Crickett calibre 22, que disparou a bala que matou a menina, na terça-feira passada.
-
Eles não são brinquedos. A responsabilidade é toda do adulto. É preciso
ser um proprietário responsável – completou a senhora Amstrong,
integrante do NRA, um poderoso grupo lobista americano.
Com os
slogans "Meu primeiro rifle" e "Armas de fogo de qualidade para jovens
dos EUA", a Keystone fabrica rifles especificamente para crianças. Eles
são leves e vêm em cores diferentes, incluindo desenhos de redemoinhos e
rosa para as meninas. Mas são armas em pleno funcionamento. Foi um
desses que Kristian Sparks ganhou de presente de aniversário pelos 5
anos de idade. Segundo sua mãe, o rifle estava carregado, em um canto da
sala, antes de o menino pegá-lo e apontá-lo para sua irmã. Sparks puxou
o gatilho.
A avó da vítima, Linda Riddle, está conformada:
-
Foi a vontade de Deus. Era a sua hora de ir, eu acho. Eu só sei que ela
está no céu agora, e eu sei que está em boas mãos com o Senhor - disse. Mortes por armas podem ultrapassar as causadas pelo trânsito
Bill
e Steve McNeal são os proprietários da Keystone. Pai e filho são
leiloeiros qualificados e encontraram pela primeira vez um rifle de
criança quando foram abordados em uma venda pública por um homem
carregando uma Chipmunk 22. Bill e Steve ficaram impressionados com a
aparência e o jeito do fuzil. Os McNeals compraram algumas armas e
depois resolveram fazer as suas. Depois, adquiriram a empresa que
fabricava a Chipmunk 22. Hoje a Keystone vende 60 mil rifles para
crianças por ano e se orgulha de seus esforços para atender à crescente
demanda.
“O objetivo da KSA é introduzir a segurança da pistola
nas mentes dos atiradores jovens e incentivá-los a ganhar o conhecimento
e respeito que as atividades de caça e tiro exigem”, diz o site da
empresa.
Para Ocupem a NRA, movimento que realizou um comício
nesta sexta-feira na rua onde acontecerá o evento da Associação Nacional
do Rifle, o controle de armas deve ser rigoroso justamente por conta
das mortes de crianças. O grupo começou o protesto lendo os nomes de
todos os mortos em Newtown, bem como os nomes das outras 4 mil vítimas
da violência armada. De acordo com uma pesquisa da Bloomberg, mortes por
arma de fogo poderão ultrapassar as causadas por acidentes no trânsito
nos EUA pela primeira vez em 2015. Em um período de dois anos, mais
americanos vão morrer com armas no mercado interno do que soldados
americanos lutando no Vietnã.
- Eu não acho que seja uma batalha perdida - disse Heather Ross, um dos organizadores do Ocupem a NRA.
Mas Angela Armstrong tem outra definição sobre o controle das armas.
- É quando você usa ambas as mãos - afirmou.
De acordo fontes israelenses, armas seriam levadas para o grupo xiita Hezbollah
Ataque foi aprovado por reunião secreta de Benjamin Netanyahu com seu gabinete
Tópicos da matéria:
JERUSALÉM - Caças das forças de segurança de Israel atacaram um
depósito de mísseis no Aeroporto Internacional de Damasco. Segundo
fontes, as armas pertenciam ao Irã e seriam levadas da Síria para o
Líbano. O bombardeio aconteceu na noite de sexta-feira (3), após o
primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e seu gabinete terem aprovado a
investida em um encontro secreto na quinta-feira.
De
acordo com fontes israelenses, os mísseis de longo alcance seriam
entregues para o Hezbollah, mas autoridades não deram mais detalhes
sobre o ataque. Apesar das circunstâncias do bombardeio serem vagas,
Netanyahu já havia alertado nas últimas semanas que Israel iria atacar
se armas químicas ou outras armas sofisticadas fossem enviadas da Síria
para o grupo islâmico libanês.
Fontes, que não quiseram ser
identificadas, disseram à emissora americana CNN que os caças
israelenses não chegaram a invadir o espaço aéreo sírio para realizar o
ataque. Segundo a agência Reuters, a aeronáutica de Israel dispõe de
mísseis que podem atingir alvos a quilômetros de distância, o que
permite que caças possam bombardear a Síria ou o Líbano sem sair de seu
território.
A escalada da violência na guerra civil síria tem
aumentado tensões na região e temores de que o conflito envolva radicais
islâmicos, como extremistas da al-Qaeda, ou que o governo de Bashar
al-Assad esteja recebendo apoio do grupo libanês xiita Hezbollah,
considerado por Israel como inimigo.
O presidente dos Estados
Unidos, Barack Obama, reiterou na sexta-feira que não pretende mandar
tropas para interferirem no conflito na Síra . No entanto, fontes
afirmaram ao jornal “New York Times” que autoridades dos EUA estariam
considerando a possibilidade do envio de militares, incluindo o uso de
aeronaves para bombardeios.
Amostras dos cosméticos continham chumbo, cromo, alumínio e outros cinco metais.
Substâncias estão ligadas ao maior risco de câncer, intoxicação do sistema nervoso e mal de Alzheimer
Pesquisadores da Universidade da Califórnia, na Escola de Saúde
Pública de Berkeley, testaram 32 tipos diferentes de batons e gloss dos
mais encontrados em farmácias e lojas de departamento dos Estados
Unidos. O resultado foi que detectaram chumbo, cromo, alumínio e outros
cinco metais, alguns com níveis que podem aumentar o risco à saúde.
Algumas
das marcas, que não foram identificadas no estudo, mostraram exposição
excessiva ao cromo, um cancerígeno ligado a tumores de estômago e de
pulmão. Ingestão de alumínio está associada ao mal de Alzheimer. Cádmio e
manganês também foram encontrados nos cosméticos. Com o passar do
tempo, a exposição a concentrações exageradas de manganês está ligada a
intoxicação do sistema nervoso.
Dos produtos analisados, que
custam entre US$ 5 e US$ 20, havia chumbo em 24, mas em uma concentração
menor que o aceitável. Mas não para crianças, público que costuma
brincar com maquiagem, ressaltam os cientistas. autoridades sanitárias
da União Europeia consideram inaceitáveis quaisquer níveis de cádmio,
cromo ou chumbo em cosméticos.
Estudos anteriores já haviam
encontrado metais em cosméticos, mas os pesquisadores de Berkeley
estimaram o risco à saúde a partir do uso cotidiano do produto, e então
compararam esta quantidade com os níveis tolerados descritos em
protocolos de saúde pública.
— Encontrar o metal tão somente não é
a questão, mas sim o nível destes elementos — disse a líder da
pesquisa, Katharine Hammond. — alguns dos metais tóxicos são encontrados
em níveis que podem ter um possível efeito no longo prazo.
Os
autores do estudo ponderam que não é o caso de jogar fora os batons, mas
sim de manifestar um alerta a autoridades sobre uma norma mais
detalhada para os níveis de metais encontrados neste tipo de produto.
Batons
e gloss são peculiares, pois são ingeridos e absorvidos pouco a pouco.
Como referência, os cientistas americanos consideraram que a ingestão
média de batons é de 24 miligramas por dia. As moças que costumam
retocar a cor do batom o dia todo podem comer até 87 miligramas do
produto.
O “sucesso” do romance erótico “Cinquenta Tons de Cinza”, da
britânica Erika Leonard James, é tanto que comecei a pensar nos motivos
pelos quais o livro causou tanto frisson nas mulheres. Depois de folhear
as páginas do primeiro livro e de ler várias críticas e opiniões sobre
ele (e as sequências da trilogia – Cinquenta tons mais escuros e
Cinquenta tons de liberdade), como as de Ivan Martins, Contardo
Calligaris, Nathalia Ziemkiwicz, Ruth de Aquino, ratifiquei uma antiga
constatação: a de que vivemos numa sociedade provinciana e culturalmente
repressora dos desejos femininos. Aquela velha história: “Meninos
podem; meninas não!”. Talvez por isso as feministas tenham odiado; por E.L. James
supostamente manter o domínio masculino sobre a “fragilidade” feminina.
Pura bobagem… Não precisam gostar de sadomasoquismo ou coisas do gênero,
mas as mulheres ocupam altos cargos, dirigem empresas, cuidam de casa,
de filhos, etc, qual o problema em admitir que depois de um dia repleto
de obrigações tudo que querem é ser dominadas sexualmente e terem muito
prazer através dessa entrega? Não creio que isso as tornem menos
feministas. Penso inclusive que saber e se deixar “entregar” é uma arte.
Mas isso é assunto para desenvolver numa outra oportunidade… Voltando ao livro, particularmente não vi nada demais, nada que me
fizesse como Anastasia tantas vezes dizer “Uau!” diante das novidades
apresentadas pelo poderoso Christian Grey. Muito pelo contrário. Afinal,
cresci, fui educado e convivo até hoje com mulheres livres de
repressões sexuais. Então sou livre e trato, falo e faço sexo com a
mesma naturalidade com que respiro. Mas adorei a possibilidade de muitas
mulheres poderem abrir seus horizontes e admitirem sem medo de serem
censuradas que gostam de sexo tanto quanto nós homens gostamos. E que
inclusive não são necessariamente complicadas a ponto de só gostarem de
sexo se ele for sutil, indireto e repleto de subentendidos e
preliminares, como a Anastasia de James. Quem disse que elas não podem
gostar de sexo simples e direto, que também se excitam com o corpo e o
pênis do homem? Por que limitar e engessar a mente? Sexo não deve ser
algo padronizado; ele é natural e singular. O segredo é encontrar o que
nos é semelhante e permitir o encaixe. Como sugeriu uma leitora, e eu concordo plenamente, o que diferencia o
desejo do homem e da mulher não é essencialmente biológico. É cultural.
Pensem nisso. Lembro de como fui repreendido há muitos anos atrás,
ainda quando adolescente, quando sugeri publicamente a campanha
“Mulheres, masturbem-se!”. Mais de quinze anos depois e de muitas
experiências vividas continuo incentivando: “Mulheres, masturbem-se!”. E
vou além: Falem de sexo! Façam sexo! Permitam-se! Vocês são livres para
gostar de sexo e vivê-lo em toda sua intensidade.
Uma
vez, num pequeno e distante vilarejo, apareceu um
homem anunciando que compraria burros por R$10,00 cada. Como
havia muitos burros na região,os aldeões iniciaram a
caçada.
O homem comprou centenas de burros a R$10,00, e como
os aldeões diminuíram o esforço na caça, o homem anunciou que
pagaria R$20,00 por cada burro.
Os aldeões foram novamente
à caça, mas logo os burros foram escasseando e os aldeões
desistiram da busca.
A oferta aumentou então para R$25,00 e a
quantidade de burros ficou tão pequena que já não havia mais
interesse em caçá-los.
O homem então anunciou que compraria
cada burro por R$50,00!
Como
iria à cidade grande, deixaria seu assistente
cuidando
da
compra dos burros.
Na ausência do homem, seu assistente
propôs aos aldeões: - 'Sabem os burros que o homem comprou de
vocês?
Eu
posso vendê-los a vocês a R$35,00 cada. Quando o homem voltar da
cidade, vocês vendem a ele pelos
R$50,00
que ele oferece, e ganham uma boa bolada'.
Os aldeões pegaram
suas economias e compraram todos os burros do assistente. Os dias
se passaram, e eles nunca mais viram nem o homem, nem o
seu assistente, somente burros por todos os
lados.
"O PT precisa provar que é possível fazer política com P maiúsculo"
Em entrevista a livro sobre a era
petista no poder, Lula reconhece os erros do partido e diz que a tarefa
do PT é voltar a acreditar em valores banalizados pela disputa eleitoral
Sérgio Pardellas
O ex-presidente Lula atravessou as turbulências políticas dos últimos
oito meses esquivando-se das polêmicas. Antes, durante e depois do
julgamento de cabeças coroadas do PT no STF, período em que tanto ele
quanto o seu governo foram questionados ética, moralmente e por práticas
de corrupção, Lula limitou-se às articulações políticas e a proferir
discursos para plateias específicas ao lado da presidenta Dilma
Rousseff. Na única vez em que falou com a imprensa, ele preferiu não
discorrer sobre temas espinhosos envolvendo o PT e sua gestão. O
silêncio foi quebrado em entrevista de 20 páginas para o livro “Lula e
Dilma, 10 anos de governos pós-neoliberais no Brasil”, da Editora
Boitempo. Ao fazer um balanço sobre a era petista no poder, Lula
referiu-se ao momento seguinte à denúncia do mensalão como o mais
delicado do governo e voltou a reconhecer os erros cometidos pelo PT,
reeditando postura adotada durante a eclosão do escândalo em 2005. “O PT
cometeu os mesmos desvios que criticava. O PT precisa voltar a
acreditar em valores banalizados por conta da disputa eleitoral. É
provar que é possível fazer política com seriedade. Pode fazer o jogo
político, mas não precisa estabelecer uma relação promíscua para fazer
política”, disse Lula. Na avaliação do ex-presidente, o PT deveria
“reagir” e empunhar a bandeira da reforma política para aprovar o
financiamento público de campanha, caso contrário “a política vai virar
mais pervertida do que já foi em qualquer outro momento”. “Às vezes eu
tenho a impressão de que partido político é um negócio”, emendou.
O PAÍS SOB LULA E DILMA
Livro com 384 páginas e tiragem de três mil exemplares traz 21 artigos
de especialistas com reflexão sobre o período pós- neoliberal a partir da ótica progressista
A entrevista foi concedida no dia 14 de fevereiro ao sociólogo Emir
Sader, organizador da publicação, e ao professor e pesquisador argentino
especialista em educação, Pablo Gentili, no Instituto Lula, em São
Paulo. Ao passar em revista os anos do PT no poder, Lula também falou
sobre a ansiedade e as dúvidas do início do mandato e das pressões que
sofreu até de amigos próximos para não lançar Dilma candidata à sua
sucessão. Demonstrou ainda seu ressentimento com a mídia, a quem acusou
de se transformar num partido político de oposição, e lançou uma aposta:
“o Brasil será a quinta economia do mundo em 2016”. O livro de 384
páginas e tiragem de três mil exemplares será lançado no dia 13 de maio.
A publicação reúne reflexões de especialistas em 21 áreas, entre eles
Luiz Pinguelli Rosa, Luiz Gonzaga Belluzzo e José Luis Fiori, com o
objetivo de aprofundar as discussões sobre os governos Lula e Dilma a
partir da ótica progressista. Em artigos, os especialistas analisam as
tensões em meio às quais se desenvolveu a política econômica do governo e
discorrem sobre como foram implementadas as políticas sociais, seus
sucessos e obstáculos até hoje não superados. Seguem trechos da
entrevista de Lula:
Qual o balanço que o sr. faz dos anos de governo do PT e aliados?
Lula – Esses anos, se não foram os melhores, fazem parte do melhor
período que este país viveu em muitos e muitos anos. Se formos analisar
as carências que ainda existem, as necessidades vitais de um povo na
maioria das vezes esquecido pelos governantes, vamos perceber que ainda
falta muito a fazer para garantir a esse povo a total conquista da
cidadania. Mas, se analisarmos o que foi feito, vamos perceber que
outros países não conseguiram, em 30 anos, fazer o que nós conseguimos
fazer em dez anos.
Qual foi o grande legado dos dez anos de seu governo?Lula – (...)
As pessoas sabem que este país tem governo, que este país tem política,
que este país passou a ser tratado até às vezes como referência para
muitas coisas que foram decididas no mundo. Esse é um legado que vai
marcar esses dez anos. E eu tenho convicção de que, com a continuidade
da companheira Dilma no governo, isso vai ser definitivamente
consagrado. Parto do pressuposto de que chegaremos a 2016 como a quinta
economia do mundo.
Quando
começou o governo, o sr. devia ter uma ideia do que ele seria. O que
mudou daquela ideia inicial, o que se realizou e o que não se realizou, e
por quê?Lula –
Tínhamos um programa e parecia que ele não estava andando. (...) Eu
lembro que o ministro Luiz Furlan, cada vez que tinha audiência, dizia:
“Já estamos no governo há tantos dias, faltam só tantos dias para acabar
e nós precisamos definir o que nós queremos que tenha acontecido no
final do mandato. Qual é a fotografia que nós queremos.” E eu falava:
“Furlan, a fotografia está sendo tirada” (...). Tem que ter paciência.
Eu acho que fui o presidente que mais pronunciou a palavra “paciência”.
Senão você fica louco.
Quando o sr. perdeu a paciência?Lula – (...)
No começo tinha muita ansiedade. “Será que nós vamos dar conta de fazer
isso? Será que vai ser possível?”, eu me perguntava. Tivemos tropeços, é
lógico. O ano de 2005 foi muito complicado. Quando saiu a denúncia (do
mensalão) foi uma situação muito delicada. Se não tivéssemos cuidado,
não iríamos discutir mais nada do futuro, só aquilo que a imprensa
queria que a gente discutisse. Um dia, eu cheguei em casa e disse:
“Marisa, a partir de hoje, se a gente quiser governar este país, a gente
não vai ver televisão, a gente não vai ver revista, a gente não vai ler
jornal.” Eu tinha uma equipe e criamos uma sala de situação, da qual
participavam Dilma, Ciro (Gomes), Gilberto (Carvalho) e Márcio (Thomaz
Bastos). E era muito engraçado: eu chegava ao Palácio e eles estavam
todos nervosos. E eu estava tranquilo e falava: “Vocês estão vendo?
Vocês leem jornal... Vocês estão nervosos por quê?”
Por
que seu governo provocou tanta reação da elite e da mídia? A reação das
oposições aos governos do PT não é desproporcional, tendo em vista os
resultados que foram apresentados?
Lula – (...) Eles achavam que nós não passaríamos de uma
coisa pequenininha, bonita e radical. E nós não nascemos para sermos
bonitos, nem radicais. Nós nascemos para ganhar o poder.
Mas vocês nasceram radicais...
Lula – O PT era muito rígido, e foi essa rigidez que lhe
permitiu chegar aonde chegou. (...) Eu era um indesejado que chegou lá.
Sabe aquele cara que é convidado para uma festa, e o anfitrião nem
tinha convidado direito? (...) E depois, tentaram usar o episódio do
mensalão para acabar com o PT e, obviamente, acabar com o meu governo.
Na época, tinha gente que dizia: “O PT morreu, o PT acabou.” Passaram-se
seis anos e quem acabou foram eles. O DEM nem sei se existe mais. O
PSDB está tentando ressuscitar o jovem Fernando Henrique Cardoso porque
não criou lideranças.
A negociação é a pré-condição para a solidez do governo?
Lula – (...) Nós aprendemos a construir as alianças
necessárias. Se não for assim, a gente não governa (...). O meu medo é
que se passe a menosprezar o exercício da democracia e se comece a
aplicar a ditadura de um partido sobre os demais. Não gosto muito da
palavra hegemonia, sabe. O exercício da hegemonia na política é muito
ruim. Mesmo quando você tem numericamente a maioria, é importante que,
humildemente, você exerça a democracia. É isso que consolida as
instituições de um país e foi isso que eu exercitei durante o meu
mandato, e que a Dilma está exercitando agora com muita competência.
Os tabus foram quebrados à direita e à esquerda? Como se sentia com isso?
Lula – (...) Foram oito anos que permitiram que a gente,
ao concluir, pudesse dar de presente ao Brasil a eleição da primeira
mulher presidenta. Essa foi outra coisa muito difícil de fazer. Eu sei o
que aguentei de amigos meus, amigos mesmo, não eram adversários,
dizendo: “Lula, mas não dá. Ela não tem experiência, ela não é do ramo.
Lula, pelo amor de Deus.” E eu: “Companheiros, é preciso surpreender a
nação com uma novidade.”
O Brasil mudou nesses dez anos.
E o sr., também mudou?
Lula – (...) Mudei porque eu aprendi muito, a vida me
ensinou demais, mas continuo com os mesmos ideais. Só tem sentido
governar se você conseguir fazer com que as pessoas mais necessitadas
consigam evoluir de vida.
E o PT mudou?
Lula – (...) Hoje, ou nós fazemos uma reforma política e
mudamos a lógica da política, ou a política vai virar mais pervertida
do que já foi em qualquer outro momento. É preciso que as pessoas
compreendam que não só a gente deveria ter financiamento público de
campanha, como deveria ser crime inafiançável ter dinheiro privado nas
campanhas; que você precisa fazer o voto por lista, para que a briga se
dê internamente no partido. Você pode fazer um modelo misto – um voto
pode ser para a lista, o outro para o candidato. O que não dá é para
continuar do jeito que está.
Por quê?
Lula – Às vezes tenho a impressão de que partido
político é um negócio, quando, na verdade, deveria ser um item
extremamente importante para a sociedade.
O PT não mudou necessariamente para melhor?
Lula – O PT mudou porque aprendeu a convivência
democrática da diversidade; mas, em muitos momentos, o PT cometeu os
mesmos desvios que criticava como coisas totalmente equivocadas nos
outros partidos políticos. (...) Você começa a ser questionado quando
vira alternativa de poder. Então, o PT precisa saber disso. O PT, quanto
mais forte ele for, mais sério ele tem que ser. Eu não quero ter nenhum
preconceito contra ninguém, mas acho que o PT precisa voltar a
acreditar em valores que a gente acreditava e que foram banalizados por
conta da disputa eleitoral. É o tipo de legado que a gente tem que
deixar para nossos filhos, nossos netos. É provar que é possível fazer
política com seriedade. Você pode fazer o jogo político, pode fazer
aliança política, pode fazer coalizão política, mas não precisa
estabelecer uma relação promíscua para fazer política. O PT precisa
voltar urgentemente a ter isso como uma tarefa dele.
Lola Benvenutti mantém blog em que relata experiências com seus clientes.
Formada pela UFSCar em São Carlos, jovem tenta quebrar tabu sobre sexo.
Felipe TurioniDo G1 São Carlos e Araraquara
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Gabriela
Natália da Silva, ou Lola Benvenutti, se formou no curso de letras na
UFSCar, em São Carlos, SP, mas optou por fazer carreira como garota de
programa (Foto: Felipe Turioni/G1)
Ela tem 21 anos, é recém-formada em letras pela Universidade Federal de
São Carlos (UFSCar), exibe em tatuagens pelo corpo frases de Guimarães
Rosa e Manuel Bandeira, adotou como pseudônimo um nome que faz
referência a um personagem do escritor russo Vladimir Nabokov e assume,
sem problemas, ser garota de programa. Gabriela Natália da Silva, ou
Lola Benvenutti, mantém um blog
em que escreve contos baseados nas experiências com seus clientes e
chama a atenção ao tentar quebrar o tabu do sexo. “Sempre gostei de
sexo, então tinha um desejo secreto de trabalhar com isso e não há nada
mais justo, faço porque gosto”, afirmou em entrevista ao G1.
Lola Benvenutti mantém blog com histórias dos
clientes em São Carlos (Foto: Felipe Turioni/G1)
A realidade de Gabriela sempre foi diferente da vida de uma parcela das
garotas de programa que são universitárias e optam por se prostituir
para manter as despesas com os estudos. "Tem uma categoria nos sites de
acompanhantes que são de universitárias e fazem isso porque fazem
faculdade particular e precisam pagar, mas eu nunca precisei disso, sou
inteligente, fiz faculdade, optei por isso, qual o problema?",
questionou.
Natural de Pirassununga (SP), se mudou para São Carlos
para fazer faculdade, mas por temer algum tipo de retaliação resolveu
manter sua identidade como prostituta com discrição até concluir o
curso. “Fiquei com um pouco de medo de isso reverberar de alguma forma
na faculdade, então achei melhor terminar a graduação para colocar o
blog no ar”, disse.
O site recebe cerca de duas mil visitas por dia e é nele que Lola posta
sua rotina como prostituta. Entretanto, vê diferença entre sua história
e o fenômeno Bruna Surfistinha, pseudônimo de Raquel Pacheco,
ex-prostituta que fez fama na internet e teve sua história publicada em
livro e roteirizada em um filme. “Ela teve uma vida diferente da minha,
com outras oportunidades”, comentou.
Além de manter seus contos e servir como contato entre seus clientes,
que chegam a cinco por dia, o blog serve também para levantar discussão
sobre o prazer no sexo. “As pessoas são hipócritas, vivem de sexo, veem
vídeo pornográfico, mas não falam porque têm vergonha. Um monte de
mulher entra no blog e fala que adoraria fazer o que eu faço, mas não
tem coragem; e dos homens escuto as confissões mais loucas e cada vez
mais esse tabu do sexo é uma coisa besta”, avaliou.
Barreiras
Apesar da escolha em ser uma profissional do sexo, Gabriela não
desistiu de seguir carreira acadêmica ou dar aulas após a conclusão do
curso de letras. “Também quero dar aula, mas por hobby, e além disso
também tem a questão financeira, porque dando aula hoje você quase não
se sustenta”, analisou. “Acho que as duas coisas são difíceis de casar, é
muito difícil que uma escola que sabe o que eu faço me permita
trabalhar com eles, vou ter que derrubar barreiras”.
Ainda este ano, ela pretende se mudar para São Paulo, onde vai
continuar trabalhando como garota de programa e acumulando um mestrado
na Universidade de São Paulo (USP). “Cansei um pouco de São Carlos e
agora quero outras coisas, tanto que o mestrado para o qual estou
estudando é na USP, converso com alguns professores e quero pesquisar na
área de prostituição ou fetiche”, considerou.
Esse tipo de assunto, segundo ela, já é seu objeto de estudo desde a
adolescência. “Desde os 14 anos estudo o sadomasoquismo, que hoje está
ficando mais popularizado com ajuda do livro ‘Cinquenta Tons de Cinza’,
que é marginalizado para quem curte, mas abriu um leque para as pessoas
que não conheciam”, explicou.
Lola Benvenutti considerava sua virgindade um
fardo (Foto: Reprodução/Lola Benvenutti)
Interesse pelo sexo
O interesse precoce por sexo começou com uma vontade íntima de deixar
de ser virgem, o que considerava ser um ‘fardo’. “Desde os 11 anos
queria me livrar desse fardo, mas perdi a virgindade com 13 anos e a
primeira vez foi péssima, com um homem de 30 anos que conheci pela
internet”, relembrou.
No início, Gabriela ficou em dúvida sobre o prazer causado pelo
sexo.“Não fiquei confortável, fiquei um tempo sem fazer pensando em como
era possível as pessoas falarem tanto disso, mas aí depois de um tempo
eu fui gostando e a percepção mudou”, revelou.
Segundo Gabriela, nunca houve um episódio em sua vida que despertasse
um interesse incomum para sexo. “Todo mundo fica me perguntando qual foi
o fato que desencadeou isso, eu respondo que nada, meus pais foram
ótimos, tive uma ótima educação, entrei na faculdade direto, fiz uma boa
universidade e só”, garantiu.
Relação com a família
Como a personagem Tieta, da obra de Jorge Amado, Lola causa alvoroço
quando retorna para sua cidade natal, mas a relação com a a família
atualmente é estável. “Eu não vou muito pra lá, sinto que toda vez que
vou, levanto uma poeira de discórdia e os vizinhos ficam comentando.
Minha mãe já desconfiava porque nunca pedia dinheiro para ela e a
relação foi muito mais difícil porque ela se importa muito com o que os
outros dizem, mas a gente se fala”, disse.
Com o pai, militar da reserva, há uma relação de respeito e separação
entre Gabriela e Lola. “Meu pai ficou seis meses sem falar comigo, eu
achei que fosse pra vida toda, mas aí teve a minha formatura e ele veio.
Na ocasião, disse que a filha dele era a Gabriela, não a outra,
deixando bem claro que não compactua com isso. Mas ele ficou do meu lado
e acho ele um herói porque não me abandonou”, confessou.
Gabriela Natália da Silva, ou Lola Benvenutti, se formou no curso de letras na UFScar (Foto: Felipe Turioni/G1)
Fogo ameaça 4 mil casas ao noroeste de Los Angeles desde quinta (2). Chamas devem continuar pelo menos até o dia 13, segundo os Bombeiros.
Reuters
Bombeiro
é visto próximo às chamas na tentativa de controlar o fogo ao noroeste
de Los Angeles e proteger as casas ameaçadas na região de Newbury Park,
na sexta-feira (3) (Foto: Patrick T. Fallon/Reuters)
Um intenso incêndio que ameaça 4 mil casas e uma base militar ao
noroeste de Los Angeles, no estado americano da Califórnia, estava cerca
de 30% controlado neste sábado (4), informou o porta-voz dos Bombeiros
local.
Segundo Tom Kruschke, uma maior umidade, temperaturas mais amenas e
ventos mais lentos e frios do Oceano Pacífico estão ajudando os
trabalhos de contenção do fogo feito por quase mil profissionais.
"Temos um clima muito mais favorável aqui. Não temos os fortes ventos e a altas temperaturas", afirmou Kruschke.
O incêndio no Condado de Ventura atingiu cerca de 11.300 hectares de
mata desde quando começou, na quinta-feira (2). Não há previsão de
quando o fogo será controlado, e as chamas devem continuar pelo menos
até o dia 13 de maio, de acordo com Kruschke.
A previsão de chuva leve para este domingo (5) e uma maior precipitação
entre segunda (6) e terça-feira (7) também podem colaborar para
combater o que as autoridades chamam de "incêndio da primavera".
Bombeiro
usa mangueira para combater fogo que avança sobre a vegetação perto de
Los Angeles neste sábado (4) (Foto: Patrick T. Fallon/Reuters)
Incêndio
ameaça 4 mil casas e uma base militar; os residentes foram evacuados e
um campus universitário foi fechado. Imagem acima foi feita neste sábado
(4) (Foto: Patrick T. Fallon/Reuters)
Quase mil bombeiros fazem força-tarefa para controlar o fogo na Califórnia (Foto: Patrick T. Fallon/Reuters)
Nayane Vaillan emagreceu apenas com dieta e exercícios.
Jovem de 23 anos diz que pessoas não a reconhecem mais.
Tadeu MeniconiDo G1, em São Paulo
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Nayane antes e depois de emagrecer; segundo ela, cordão no pescoço era 'tipo gargantilha' (Foto: Arquivo pessoal/Nayane Vaillan)
Nem remédios, nem cirurgia bariátrica: tudo que a carioca Nayane
Vaillan precisou para perder quase 50 kg em menos de um ano foi um
“esculacho” de um médico. Passado o trauma, hoje ela diz que vive uma
vida de “rainha”, e está muito mais saudável.
O problema começou ainda na infância e se tornou um tabu para a jovem,
que está com 23 anos. “Desde pequena, sempre fui gordinha”, contou. “Eu
detestava que falassem do meu corpo. Até perdia a amizade”, admitiu.
Nayane não gostava de se pesar, e nem sabe com quantos quilos estava
quando começou a dieta. Quando conseguiu encarar a balança, já tinha
emagrecido um pouquinho – a medir pelas roupas, segundo ela – e, mesmo
assim, estava com 119 kg. Hoje, ela está com 72 kg, bem mais compatíveis
com seu 1,70 m. ‘Meu braço parecia uma coxa’
“Eu achava que não tinha como perder tudo. Meu braço parecia uma coxa”,
reconheceu Nayane. “Todo mundo achava que eu estava grávida, até fiz os
exames, porque minha barriga estava pontuda”, lembrou.
Nayane antes e depois de emagrecer
(Foto: Arquivo pessoal/Nayane Vaillan)
A gota d’água veio depois que ela resolveu operar de varizes que tinha
na perna. Para fazer a cirurgia, Nayane precisou passar por uma bateria
de exames, que indicaram que as taxas de colesterol e açúcar no sangue
estavam acima do ideal, assim como a pressão arterial. A cirurgia foi
feita, mas ela precisou ir se consultar com um cardiologista.
Foi esta consulta que mudou a vida de Nayane. “Ele disse: ‘você está
assim porque está uma baleia. Assim você vai morrer’. Saí arrasada”,
admitiu.
Na época, ela não sabia que as palavras grosseiras eram tudo que seus
pais queriam que acontecesse, pelo bem da saúde de Nayane. “Eles torciam
para eu encontrar um médico que me esculachasse”, contou. Cheirando paçoca
A primeira reação de Nayane foi pesquisar na internet sobre a cirurgia
bariátrica, mas os custos ficariam acima do que ela tinha disponível
para gastar. O jeito foi encarar o modo tradicional, com dieta e
exercícios. “Eu já sabia o caminho de tudo o que tinha que fazer, só não
fazia porque era muito difícil”, disse.
Eu já sabia o caminho de tudo o que tinha que fazer, só não fazia porque era muito difícil"
Nayane Vaillan
A dieta começou em junho, mês de festas que trazem tentações doces à
mesa. Nayane se lembra de um episódio em que pegou um pote de paçoca nas
mãos, cheirou o doce, mas resistiu e jogou fora. “O cheiro valeu tanto a
pena que eu ficava me perguntando ‘será que eu comi?’”, contou.
A dieta foi dando resultados. No primeiro mês, perdeu 10 kg. No quarto
mês, já estava 30 kg mais magra. E o registro da melhora não veio só na
balança, mas também no guarda-roupa. As calças passaram do 52 para o 40,
a aliança teve que ser apertada e até os sapatos diminuíram – do 40
para o 38.
Mais importante ainda, ela resolveu os problemas de saúde ligados à
obesidade. Tanto o colesterol quanto o açúcar no sangue e a pressão
arterial voltaram para dentro dos limites recomendados pelos médicos. ‘Virei rainha’
O emagrecimento também melhorou a autoestima da carioca. Agora, ela
está mais vaidosa, anda mais bem vestida e maquiada, e diz que algumas
pessoas a param na rua para perguntar se é ela mesmo. “Parece até que eu
virei rainha”, brincou.
O caso mais emblemático aconteceu com uma vizinha que não a reconheceu.
Depois de vê-la com o marido – com quem Nayane já era casada antes da
dieta –, a vizinha comentou que “ele era casado com uma gordinha e
trocou ela por você”.
Nayane antes e depois de emagrecer (Foto: Arquivo pessoal/Nayane Vaillan)