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6.13.2009
Perguntas e Depoimentos sobre Transtorno de Personalidade Borderline e Abuso Sexual
Transtorno de Personalidade Borderline. Seqüelas de abuso na infância.
Borderline é um transtorno de personalidade que traz sérias conseqüências para a pessoa, seus familiares e seus amigos próximos. O termo "fronteiriço" não se refere ao limite entre um estado normal e um psicótico. Ele se refere a uma instabilidade constante de humor.
Não é muito freqüente. Nos USA se considera 2% da população, (mas cuidado, geralmente as estatísticas lá são exageradas). Muito mais freqüente em mulheres do que em homens (por isso a página é escrita no feminino).
1) Sintomas (claro que nem todas as Borderline tem todos estes sintomas):
Medo de abandono: uma necessidade constante, agoniante de nunca se sentirem sozinhas, rejeitadas e sem apoio.
Dificuldade de administrar emoções
Impulsividade.
Instabilidade de humor. As oscilações de humor do DAB ou TAB - Distúrbio ou Transtorno Afetivo Bipolar duram semanas ou meses, mas as Borderline têm oscilações de minutos, horas, dias. Essas oscilações de humor incluem depressões, ataques de ansiedade, irritabilidade, ciúme patológico, hetero- e auto-agressividade. Uma paciente marca a consulta informando que está super deprimida, querendo morrer. No dia seguinte chega à consulta bem humorada, bem vestida, maquiada, vaidosa.
Comportamento auto-destrutivo (se machucar, se cortar, se queimar). As portadoras de Borderline dizem que se machucam para satisfazer uma necessidade irresistível de sentir dor. Ou porque a dor no corpo "é melhor que a dor na alma".
Tentativas de suicídio, mais freqüentemente as de impulso do que as planejadas.
Mudanças de planos profissionais, de círculos de amizade.
Problemas de auto-estima. Borderlines se sentem desvalorizadas, incompreendidas, vazias. Não tem uma visão muito objetiva de si mesmos.
Muito impulsivas: idealizam pessoas recém conhecidas, se apaixonam e desapaixonam de maneira fulminante.
Desenvolvem admiração e desencanto por alguém muito rapidamente.
Alta sensibilidade a qualquer sensação de rejeição. Pequenas rejeições provocam grandes tempestades emocionais. Uma pequena viagem de negócios do namorado ou marido pode desencadear uma tempestade emocional completamente desproporcional (acusações de rejeição, de abandono, de não se preocupar com as necessidades dela, de egoísmo, etc.).
A mistura de idealização por alguém e a extrema sensibilidade às pequenas rejeições que fazem parte de qualquer relacionamento são a receita ideal para relacionamentos conturbados e instáveis, para rompimentos e estabelecimento imediato de novos relacionamentos com as mesmas idealizações.
Mais raramente, episódios psicóticos (se sentirem observadas, perseguidas, gozadas, comentadas).
2) Risco aumentado para:
Compras Compulsivas.
Sexo de risco.
Comer Compulsivo, Bulimia, Anorexia.
Depressão.
Distúrbios de Ansiedade.
Abuso de substâncias.
Transtorno Afetivo Bipolar.
Outros Transtornos de Personalidade.
Violência (não só sexual), abusos e abandono, por causa da impulsividade e da falta de crítica para escolher novos parceiros.
3) A causa provável é uma mistura de:
Vivências traumáticas (reais ou imaginadas) na infância, por exemplo abuso psicológico, sexual, negligência, terror psicológico ou físico, separaçãos dos pais, orfandade.
Vulnerabilidade individual.
Stress ambiental que desencadeia o aparecimento do comportamento Borderline.
Cuidado com conclusões precipitadas do tipo "você foi abusada" ou "você foi aterrorizada".
4) Evolução:
Geralmente começa a se manifestar no final da adolescência e início da vida adulta.
Com o passar dos anos existe uma diminuição do número de internações hospitalares e de tentativas de suicídio.
Parece piada de mau gosto, mas é uma realidade estatística: a cada tentativa de suicídio que a Borderline sobrevive, diminui a chance de uma nova tentativa.
5) Fatores de bom prognóstico:
Bons relacionamentos familiares, sociais, afetivos, profissionais.
Participação em atividades comunitárias: igrejas, clubes, associações culturais, artísticas, etc.
Baixa ou ausente freqüência de auto-agressão.
Baixa ou ausente freqüência de tentativas de suicídio.
Ser casada.
Ter filhos.
Não ser promíscua.
6) Tratamento.
A integração de tratamentos medicamentosos mais psicoterápicos trouxe grandes progressos no tratamento do Transtorno Borderline.
Medicação:
O tratamento medicamentoso inclui Estabilizadores de Humor (mesmo que não se trate de DAB) pois eles ajudam a conter a impulsividade e as oscilações de humor.
Antidepressivos e Tranqüilizantes não tem a mesma eficácia que teriam em casos de depressões ou ansiedades "puras" mas certamente tem sua utilidade em Borderline.
Embora a medicação seja muito importante, ela é ator coadjuvante. O ator principal no tratamento é a Psicoterapia.
Psicoterapia:
As mais úteis são as Analíticas (Junguiana e Freudiana). Não é uma terapia fácil. O que acontece "na vida real" acontece dentro do consultório: instabilidade, alternância de amor e ódio, idealização e desapontamento com o terapeuta, sedução, impulsividade, etc.
Dr Fabricio de Miranda
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Gostaria de saber, se no caso de abuso sexual na infância existe a possibilidade de esquecermos do que realmente aconteceu, as vezes tenho a sensação que sofri algum tipo de abuso do meu padrasto mas não me lembro exatamente das coisas que aconteciam, também penso que poderia ter medo dele e isso pode ter gerado essa sensação.
As pesquisas mais modernas indicam que não existem abusos esquecido nem memórias reprimidas e um belo dia relembrados.
De acordo com as pesquisas, ou a pessoa lembra de tudo desde a infância, ou são fantasias, medos, sonho, idéias impostas por terapeutas, etc.
Muito cuidado inclusive com falsas memórias impostas por terapeutas. Isso aconteceu demais no USA, pais foram presos injustamente, famílias foram arruinadas. Quando se descobriu que eram memórias criadas em terapia, foi a vez dos terapeutas serem processados.
P: Sofri abuso sexual aos 9 anos tenho fobia de altura desde então e medo de escuro, a sete anos ganhei nenem tive Depressão pos parto se agravando em depressão quando meu marido me largou pela minha melhor amiga com um mês que ganhei nenem fazia tratamento fitoterápico mas a 3 meses faço tratamento com Psicóloga e psiquiatra que detectou ainda Síndrome de Pânico ao entrar em ônibus. Tenho 42 anos de idade e sou muito insegura e carente. Será que ainda tenho cura?
R: Claro que tem jeito. Vc é muito nova. Com a medicação e a psicoterapia vc deve melhorar sim. Boa sorte.
fui violentada sexualmente pelo meu tio que considerava como um pai isso aconteceu quando tinha 8 anos, só fui revelar a minha mãe aos 14anos e a reação foi a pior possível ela contou exatamente a esposa dele que pediu a minha mãe que ñ contasse a ninguém pois com calma resolveríamos isso, fui dormir pensando q no dia seguinte estaria livre desse pesadelo que me seguia desde então, foi numa quinta-feira só sair de casa no domingo de tarde, estavam meus tios e outros parentes no lado de fora de casa lá na rua como sempre e eu fui dar "benção" e ninguém me respondeu e repeti só que nada e entrei novamente em casa chorando como se soubesse o que havia acontecido, e minha mãe me chamou ao quarto dela e me contou que a irmã dela a esposa o meu agressor, chamou cada parente que ali perto morava e contou a versão dela querem saber qual foi? Ela disse que eu seduzi o marido dela, agora eu me pergunto como é capaz uma criança de 8anos seduzir um homem com mais de trinta, é a vida nos traz surpresas, só que nem sempre elas são as que queremos, no entanto hoje já faz 3anos que isso tudo aconteceu ele continua morando ao lado da minha casa, vocês ñ podem imaginar como me sinto, tão suja que sinto nojo de mim mesma, pior é ver que ele ñ é o único que comete esses atos e saem impune mais o que me conforta é saber que se a justiça do homem ñ for feita a de Deus será.
bom tenho Transtorno de Personalidade Borderline EU COMECEI A ME CORTAR COM 11 ANOS DE idade mais eram cortes leves minha aos 13 anos comecei a beber e aos 14 fumar maconha com 16 anos minha doença se manifestou de vez mais o diagnóstico que me davam era de uma pessoa bipolar , freqüentei vários psicólogos mais naum levava a sério costumava fumar maconha antes de ir para as consultas, aos 17 para os 18 anos comecei a me cortar direto com 18 anos tomei uns 30 comprimidos de Anfetamina e misturei com muito álcool quebrei meu apartamento todinho dá gerou minha primeira internação fiquei internada durante 2 meses sai de alta passaram 2 meses voltei a beber sempre fui uma pessoa muito agressiva nervosa me irrito por pouca coisa , nunca consegui ser fiel em nenhum dos meus relacionamentos. sempre dei valor muito as minhas amizades mais do que a minha própria família perdi minha mãe aos 7 anos de idade e nunca me conformei com isso , sou muito ciumenta morro de ciúmes do meu pai e de todos os meus amigos com 18 anos descobri numa mesa de bar que era filha adotiva através de uma ex namorada minha essa é mais uma revolta que eu tenho , na minha quarta internação sai de lá muito bem consegui ficar 8 meses sem usar nada e sem me cortar , mas acabei conhecendo uma amiga que fumava maconha diariamente e voltei a fumar maconha e aos poucos fui voltando a beber e gerou em mim uma compulsividade muito grande sexual pela internet aí pedi para me internar fiquei 70 dias e pedi pra ir embora dizendo que ia fazer o tratamento com psicólogos e psiquiátrica ate comecei a fazer o tratamento mais larguei , por causa medicação estava engordando muito engordei 25 kilos estava pensando mais na minha vaidade do que na minha própria vida. voltei a beber fumar maconha e cheirar cocaína de vez em quando , já tentei o suicídio muitas vezes as vezes sinto ate vontade de matar alguém estou totalmente sem controle e muito viciado principalmente no álcool e em sexo com mulheres e homens , mas tudo que gostaria mesmo na minha vida era de amar alguém e ser amada formar uma família estou com 20 anos perto de fazer 21 e continuou nesse inferno de vida tenho os braços todos marcados e o pior que quando me corto tenho prazer em ver o sangue naum consigo entender isso , quero ajuda mais já naum sei mais o que fazer será que existe solução para o meu caso ? ou a única solução é a morte ? eu mesmo naum estou me agüentando mais meu pai adoeceu teve um surto psicótico por causa de stress no trabalho e principalmente pela barra que passa comigo esta afastado do trabalho dele a 8 meses eu sempre tudo do bom e do melhor tenho uma vida muito boa , mais nunca consegui ser feliz já entrei em 4 faculdades e naum consegui fazer 1 tenho insônia e quando durmo só penso ou em coisas eróticas ou tenho pesadelos com morte quero mudar minha história de vida antes que eu morra porque o estágio da minha doença esta muito grave sou capaz de cometer uma loucura a qualquer momento peço ajuda por favor me ajudem de coração mesmo essa é uma parte da história da minha vida pois se eu fosse contar a minha história toda daria um livro por favor entre em contato comigo.
OLÁ TENHO HOJE 26ANOS,E QUANDO EU TINHA 13E14ANOS SOFRI ABUSO SEXUAL DO MEU TIO MATERNO; DESTE DE ENTÃO VIM SENDO UMA PESSOA COM COMPORTAMENTOS ESTRANHOS (C/NÃO CONSEGUIA ME SENTIR A VONTADE C/OS NAMORADOS QUE TIVE, NÃO SENTIA PRAZER, NÃO TINHA VONTADE DE TRANSAR). MAS ACHAVA QUE ERA NORMAL AI FOI CRESCENDO E ME CASEI; E C/1ANO DE CASADA TIVE UM FILHO, E C/28 DIA DE VIDA DELE EU DEI UMA CRISE NÃO COMIA, NÃO FALAVA, NÃO ANDAVA SO FICAVA DEITADA; FOI ENTÃO QUE TUDO COMEÇOU DEI DEPRESSÃO POS PARTO EU TINHA 21ANOS ISSO JA FAZ 5ANOS QUE EU NÃO CONSIGO OLHAR MEU FILHO, TENHO CRISES DIRETO JA FUI INTERNADA EM VÁRIOS SANATÓRIOS; E NUNCA ACHAM O MOTIVO DA MINHA DEPRESSÃO; LENDO OS DEPOIMENTOS ME DEPAREI COM VÁRIOS SINTOMAS; EU TODA VEZ QUE TENDO SUICÍDIO (ISSO JA FORAM MAIS DE 30) EU ME MACHUCO (C/CHAVINHA DE CADEADO, OM COLHERES, C/A UNHA) QUALQUER COISA SERVE P/ MIM MATAR AQUELA VONTADE DE ME MACHUCAR! E OS MEDICOS NUNCA EXPLICAM O PORQUE DAS TENTATIVAS DO AUTO EXTERMÍNIO E DE SE MACHUCAR; ALGUNS MEDICOS JA FALARAM QUE EU TENHO A DUPLA PERSONALIDADE MAIS EU NEM SABIA O QUE ERA "ELA"; TENHO VÁRIAS BRIGAS C/ ESSE TIO QUE FEZ O ABUSO COMIGO E TENHO VONTADE DE MATAR ELE! HÁ 2MESES TENTEI OUTRO SUICÍDIO E ME MACHUQUEI TODA (CORTEI OS BRAÇOS, AS PERNAS). NÃO AGÜENTO MAIS ME AJUDEM !!!!! EU QUERIA A OPINIÃO DE VOCÊS? SERÁ QUE TEM A VER O ABUSO QUE SOFRI C/O QUE VEIO PASSANDO??? O QUE VOCÊS ACHAM??? E QUE TRATAMENTO ME INDICAM??? (FAÇO TRATAMENTO DIRETO C/PSIQUIATRA DE 15 EM 15dias, E C/ PSICÓLOGA 2 VEZES POR SEMANA) MAS NÃO TENHO VISTO MELHORAS!!! O QUE VOCÊS ME ACONSELHAM???? OBRIGADA DESTE JÁ! FICAREI AGUARDANDO RESPOSTAS ANSIOSA!! D.
D., esse seu comportamento pode estar ligado nesse evento traumático sim. Recomendo que vc procure um psicanalista para uma psicoterapia profunda e eventualmente um psiquiatra para uma medicação que contenha esse seu impulso de se machucar. Boa sorte.
Olá... Tenho 18 anos e sofro de FS. Minha família não sabe, mas após algumas visitas ao medico e algumas pesquisas, descobri que tenho essa fobia desde que me entendo por gente... Sofri muito, pois quando eu nasci meu pai tinha saído de casa, minha mãe sempre trabalhando, meu irmão mais velho que cuidava de mim. Nunca tive muita atenção, fui sempre uma criança muito carente, e por conviver com poucas pessoas, apenas meus irmãos minha mãe e minha avó, sempre tive dificuldade de fazer amizades. Sofri abuso sexual quando era bem nova, aos 4 anos +ou-, alguns meses depois disso, um outro velho também quiz abusar de mim, mas consegui fugir...
Na escola, eu sempre ficava mais com meu irmão do meio, por apenas termos 1 ano de diferença, mas assim eu também ficava na companhia dos amigos dele... Sempre fui motivo de chacota e deboche.
Minha mãe saiu de casa quando eu tinha 12 anos, foi morar com o esposo dela, e meu irmão do meio foi morar com meu pai. As dificuldades que eu tinha para viver em sociedade aumentaram. Meu irmão tentou me levar algumas vezes para sair, mas eu sempre ficava no canto, rezando para chegar a hora de ir embora, as vezes, quando eu estava em uma festa, eu ficava bem perto da caixa de som, porque as vezes eu gritava.
Me afastei dele, com medo dele continuar me levando nesses lugares. Eu e minha avó sempre não nos damos bem, ela foi uma mulher submissa, e acha que todas as mulheres devem ser iguais, não a culpo, foi o que a vida insinou a ela.
Perdi a conta das vezes que tentei cometer suicídio, tentar me enforcar, tomar remédios, mas não sei por que, eu nunca consegui...
Atualmente estou brigada com quase toda minha família e só tenho 1 amiga próxima, eu tenho a péssima mania de afastar das pessoas que querem me ajudar... Estou vivendo outra crise da qual me tranco em meu quarto e ninguém entra, ligo o som e boto fones, e tiro meus plugs do mundo.
Meu ex namorado é um drogado, e criei um grande vínculo com a mãe dele, da qual ela também sofre muito, e eu fiquei frustrada, pois não consegui ajudá-la. Também fiquei sem chão quando perdi ele...
A primeira coisa que falam quando digo que estou mal é que sou fraca, covarde, mas essas pessoas acabam me fazendo me afastar delas, acho que todos sabem que isso é um momento que você precisa de apoio, e essas palavras só pioram as coisas...
Tenho depressão desde os onze anos e aos doze tentei suicídio pela primeira vez. Fui abusada por um médico aos dezessete. Sou dependente química e estou em recuperação, mas ela vai mal. Já me diagnosticaram como maníaca depressiva, TOC, borderline, já me trataram com Neurolépticos, já tomei de tudo. Minha droga de preferência são os medicamentos. Me auto-mutilo há sete anos, embora há cinco meses eu não faça nem um talho no meu corpo, convivo com o medo constante e a insegurança permanente de fazer novamente.
FUI ABUSADA SEXUALMENTE PELO MEU AVÔ PATERNO, QUANDO ERA CRIANÇA. NÃO FOI NADA SÉRIO, MAS OCORREU MAIS DE UMA VEZ. E EU ENTENDIA O QUE ESTAVA OCORRENDO. QUANDO CRESCI MAIS UM POUCO, EU DEIXEI DE FREQÜENTAR AS A CASA DELE E NESSA ÉPOCA JÁ DEVIA TER UNS 13 ANOS DE IDADE. COMECEI A LER SOBRE ABUSO SEXUAL PARA ENTENDER SOBRE O OCORRIDO E LI MUITAS VEZES QUE UMA PESSOA QUE FOI ABUSADA UMA VEZ, PODE FAZER ISSO QUANDO ADULTO. HOJE TENHO 29 ANOS E NUNCA O FIZ. FIZ TERAPIA QUANDO ERA CRIANÇA, MAS SÓ QUANDO PASSEI PARA A MINHA SEGUNDA PSICÓLOGA É QUE EU CONTEI E DEMOROU ANOS. FOI DEPOIS QUE ESSE MEU AVÔ MORREU. MINHA MÃE SOUBE, PORQUE UM IRMÃO MEU COMENTOU QUE ESSE AVÔ TENTOU ALGO COM ELE E MINHA MÃE PENSOU QUE PODERIA TER ACONTECIDO COMIGO TAMBÉM. ESTAVA CORRETÍSSIMA. ELA FICOU SABENDO, FICOU TRISTE E FALAMOS SOBRE O ASSUNTO. HOJE ACHO QUE NÃO CARREGO MÁGOA MAIS. SÓ ACHO ESTRANHO QUE EU ERA MUITO JOVEM E LIA SOBRE O ASSUNTO, LIA TANTO QUE COMECEI A ACHAR QUE ERA UM POUCO LOUCA, PORQUE LIA SOBRE LOUCURAS TAMBÉM. ESSE ASSUNTO ME FASCINAVA. GOSTARIA DE SABER SE TEM ALGO HAVER COM O OCORRIDO NA INFÂNCIA.
Não tem história de abuso físico, psicológico ou sexual em minha vida. E, no entanto, não consigo entender pq sinto prazer em fazer um corte em minha pele. Sou professora da rede municipal, trabalho tb na secretaria de educação, pratico capoeira, não fumo (só quando estou muito nervosa), sou mãe, mas sou separada (os cortes começaram bem antes do casamento), meu pai é alcoolista, mas nada que desestruture a família, já passamos por situações piores. Não suporto ficar sozinha... Enfim, espero que isso ajude em dizer o que tenho e por que os cortes.
Procure um psicanalista que entenda de Border Line. Quero dizer uma psicoterapia profunda voltada aos fatos de sua vida quando jovem.
olá, tenho 21 anos, sofri abuso sexual dos 04 aos 13 anos de idade (pai). tinha medo de contar a alguém ate q minha mãe descobriu e afirmou q a culpa é minha por nunca ter dito nada, pois bem, convivo com essa culpa ate hj, e o pior tenho q conviver com ele tbm. a princípio a minha dificuldade era maior, eu era tímida e ficava muito isolada de todos antes de descobrirem, depois me tornei a pessoa mais extrovertida q vc possa conhecer, comecei a beber muito, mas depois de começar a namorar parei, ate q fiquei grávida e tive um aborto, tudo terminou e comecei a fumar (até hj), eu era muito explosiva, ficava agressiva com facilidade, naum tinha controle sobre minhas ações, nunca procurei um especialista, mas consegui por vontade própria controlar minha raiva, sou muito ansiosa e tenho dificuldades no relacionamento, naum consigo permitir gostar de alguém e qdo dizem gostar de mim, me torno mais fria, é como se fosse um prazer ver ele sofrer...ate eu mudar de idéia sem saber o q to sentindo, nunca sei o q sentir, tenho dificuldades para isso, bem tem muitas outras coisas q variam. eu estava pesquisando e descobri esse site e li a respeito do Personalidade Múltipla, me surpreendi pois muito dos sintomas q lá vc descreve eu tenho, a mudança de humor, personalidade, naum sei como o chama, como sou varia de pessoa para pessoa, as vezes naum consigo evitar e falar de coisas q naum sou ou fiz, para alguns sou de um jeito e para outros de outro jeito...ate q fazem algo q me faz me sentir mal aí eu naum consigo me controlar e me torno fria de uma maneira um pouco excessiva. tenho consciência disso mas naum tenho controle sobre isso. Naum sei o q devo fazer, vc acha q posso ter essa doença ou pode ser uma simples coincidência de sintomas? E o qual especialista devo procurar um psicólogo ou psiquiatra?
Eu começaria por uma boa psicóloga clínica que entenda de remédios de modo que caso vc precise ser medicada, ela perceba e te encaminhe para um psiquiatra.
Fonte: Dr. Rubens Pitliuk
Nossos olhos e os muitos “Defeitos de Fábrica”
Parece quase ingratidão desancar um órgão que normalmente presta tão excelentes serviços à nossa espécie, mas vamos direto ao ponto: o olho humano é, no máximo, um quebra-galho.
Se tivesse sido projetado para uma feira de ciências, levaria nota 6, e olhe lá. Se fosse um novo gadget, destinado a competir com o iPhone, encalharia nas prateleiras. Apesar do seu funcionamento aparentemente azeitado, nosso olho está longe de ser perfeito, e a culpa de seus inúmeros “defeitos de fábrica” é do processo evolutivo complicado e tortuoso que o trouxe até aqui.
É irônico chegar a esse tipo de veredicto sobre nosso aparato visual, principalmente quando se considera que a suposta perfeição dele foi e continua sendo usada como argumento CONTRA a ideia de evolução por meio da seleção natural. Um órgão tão complexo e de funcionamento tão avançado, argumentam os críticos da evolução desde Darwin, jamais poderia ter sido “montado” passo a passo, mas só poderia ter sido projetado de uma vez por todas pela interferência direta de uma inteligência divina.
Deixemos de lado o fato de que o mundo pulula de criaturas com olhos bem mais simples que os nossos, as quais sobrevivem um bocado bem mesmo assim (e cujo aparato visual, aliás, pode muito bem servir de análogo para o que deu origem ao nosso, mais sofisticado). Vamos analisar apenas o design do nosso olho, esse suposto prodígio de complexidade e infalibilidade. Por que será que todos os modelos dele já saem de fábrica com um ponto cego?
Gambiarra
Porque o design do sistema captador de luz do nosso olho é, digamos, meio porco. A coisa toda está de ponta-cabeça, para começar. A informação luminosa vinda do ambiente externo é captada pelas células fotorreceptoras (receptoras de luz), que estão situadas na camada MAIS FUNDA da nossa retina e depois passam esses dados para o cérebro através do nervo óptico. Não seria muito mais fácil e lógico se elas estivessem no topo da retina, de maneira a captar diretamente a luz? Seria, mas a luminosidade precisa atravessar várias camadas de células nervosas e vasos sanguíneos para finalmente ser “lida”.
Pior ainda: o fato de o corpo das células fotorreceptoras estar “de costas” para a luz faz com que as fibras nervosas oriundas delas se juntem mais em cima, formando o nervo óptico, o qual precisa passar por um BURACO na retina no seu caminho rumo ao cérebro. É justamente esse buraco que forma o ponto cego na visão de vertebrados como nós – um ponto cego que precisa ser corrigido “virtualmente” pelo cérebro quando este interpreta as informações visuais captadas pelo olho.
Essa gambiarra cerebral seria totalmente desnecessária se o design do olho fosse mais “racional”. E temos exemplos vivos disso. São os cefalópodes – moluscos como o polvo e a lula, cujo olho é muito parecido com o nosso, mas cuja retina está organizada segundo boas normas de engenharia e tem as células receptoras de luz no topo, e não no fundo. Isso dispensa a necessidade de o nervo óptico abrir um rombo na retina dos polvos e das lulas.
A explicação para diferença é uma só: trajetórias evolutivas distintas. O mais provável é que o ancestral dos vertebrados, que nos legou uma forma primitiva do que acabaria se tornando o nosso olho, fosse um bicho marinho pequeno e quase transparente, explica o médico Steven Novella, da Universidade Yale (EUA), em artigo para a revista científica de acesso livre “Evolution: Education and Outreach”.
Nas condições desse protovertebrado, a organização específica das camadas da retina pouco importava. Por isso, a ordem não muito razoável acabou se fixando nos descendentes dele, da mesma maneira que a ordem mais “lógica” se tornou o padrão entre os descendentes dos primeiros cefalópodes. O problema é que, nos dois casos, a disposição das camadas da retina virou um esquema fixo do desenvolvimento embrionário, que o organismo não mais conseguia reverter. Ora, não possível simplesmente possível “demolir” tudo e recomeçar do zero. A evolução do olho teve de prosseguir usando as matérias-primas à mão, aperfeiçoando onde dava e não mexendo onde não dava, mais ou menos como quem constrói um puxadinho quando acabou o espaço da casa.
Doenças da evolução
Para Novella, é justamente esse modelo evolutivo do puxadinho que explica uma série de problemas de saúde ligados ao design emporcalhado da visão. Exemplo número 1: perda de visão associada à diabetes crônica, a chamada retinopatia diabética. O que ocorre é que os vasos sanguíneos que alimentam a retina ficam em cima dela. Nos casos crônicos de diabetes, ocorre uma falta de oxigenação nesses vasos. Para compensar, a retina estimula o crescimento de mais deles – o que faz com que os vasos sanguíneos simplesmente fiquem na frente da retina, atrapalhando a visão. Seria muito mais lógico que a irrigação sanguínea viesse DE TRÁS da retina. Seria, mas não é o que acontece.
Exemplo número 2: descolamento da retina, que também pode causar cegueira. Você nunca vai achar um polvo com esse problema, porque as terminações nervosas (os chamados axônios) das células fotorreceptoras desse bicho ajudam a ancorar tais células firmemente nas camadas mais profundas da retina. Já a organização invertida da retina humana deixa tais terminações “no ar”, o que pode favorecer o descolamento.
Exemplo número 3: degeneração macular, a causa mais comum de cegueira no mundo. Trata-se de uma disfunção na mácula, a região da retina onde há a concentração mais densa de células fotorreceptoras. Acontece que a mácula só existe como uma forma de compensar a organização tosca da retina: é uma pequena área que está “limpa” de nervos e vasos sanguíneos, tornando-se central para a visão. Problemas nela levam a uma perda séria da precisão visual. De novo, polvos e lulas não precisam de mácula e, portanto, não sofrem de degeneração macular.
Músculos demais
Engana-se quem pensa que a retina invertida é a única grande falha de design no olho humano, diz Novella. Ainda mais sem-vergonha é a estrutura dos músculos que governam o movimento dos olhos. Primeiro, há mais músculos do que o necessário: são seis, enquanto três bastariam para todos os movimentos possíveis do globo ocular. Pior ainda, esses seis músculos NÃO são redundantes entre si: se houver falhas em qualquer um deles, o movimento fica tão prejudicado que o resultado é uma visão dupla ou outros problemas.
Bastaria que o número de músculos fosse reduzido para que o design se tornasse mais robusto, menos sujeito a falhas – afinal, há menos peças para “quebrar” ao longo do caminho. Mas tudo indica que o nosso olho é só uma versão modificada do olho de peixes primitivos, que tinham SETE músculos oculares (os cães ainda têm esse mesmo número, o qual também já foi registrado em alguns poucos indivíduos humanos). A nossa bagagem histórica, mais uma vez, acaba pesando e causando problemas.
Eis, portanto, o paradoxo da evolução de órgãos complexos, que pode ser estendido, em maior ou menor grau, para qualquer característica humana ou animal. O “design” é sempre de baixo para cima, e nunca de cima para baixo. A reciclagem e o pão-durismo imperam: estamos falando de puxadinhos, e não do Empire State. E, no entanto, essa fraqueza é um bocado forte; do simples e do não-guiado emerge a variedade, a beleza e a adaptação a todo tipo de ambiente. De certa maneira, é uma forma de “arte” espontânea e colaborativa que já dura 4 bilhões de anos.
Globo. com
O consumo excessivo de refrigerantes pode causar taquicardias, fraqueza nos ossos e paralisia muscular, entre outros problemas de saúde,
O consumo excessivo de refrigerantes pode causar taquicardias, fraqueza nos ossos e paralisia muscular, entre outros problemas de saúde, segundo afirma um estudo publicado nesta terça-feira no International Journal of Clinical Practice.
Os autores do estudo, dirigido por Moses Elisaf, da universidade grega de Ioannina, afirmam que o número de pessoas que adoecem por um consumo excessivo desse tipo de bebida tem aumentando, o que se deve em parte ao empenho das empresas em comercializar garrafas cada vez maiores. Na pesquisa, os especialistas encontraram casos de cáries, diabetes e enfraquecimento da estrutura óssea, além de hipocalemia, uma queda extrema dos níveis de potássio.
Segundo os pesquisadores, a queda do potássio aumenta o risco de problemas musculares graves e disfunções cardíacas, doenças que podem chegar a ser mortais. "Estamos consumindo mais refrigerantes que nunca e foram identificados vários problemas de saúde, incluindo dentais, enfraquecimentos dos ossos, diabetes e o desenvolvimento da síndrome metabólica", afirmou o diretor do estudo, Moses Elisaf.
Em relatório, Elisaf examinou casos de pessoas que bebiam dois ou mais litros de refrigerante ao dia. Um dos casos documentados é o de uma grávida de 21 anos que estava há seis consumindo três litros ao dia. A mulher teve diagnosticada hipocalemia severa após ser hospitalizada com cansaço, falta de apetite e vômitos.
A paciente só se recuperou quando parou de beber refrigerantes e recebeu suplementos de potássio. Outras pessoas que bebiam de dois a 9 l diários do refrigerante apresentaram diferentes problemas musculares, "desde um leve enfraquecimento a uma paralisia profunda". Os cientistas discutem várias teorias para explicar tal efeito: o conteúdo de açúcar do refrigerante poderia fazer com que os rins segregassem potássio demais, ou a cafeína poderia ser responsável por induzir uma redistribuição do potássio nas células do corpo.
Os ingredientes mais comuns nessas bebidas são frutose, glicose e cafeína e, segundo Elisaf, embora cada um deles tenha sua parcela de culpa na indução da hipocalemia, a cafeína parece ter um efeito dominante. No entanto, o especialista aponta que os refrigerantes sem cafeína também podem gerar uma queda do potássio devido à frutose, que pode provocar diarréia.
"Em uma era onde a indústria alimentícia tenta impor um aumento das porções desses produtos, esses achados podem ter implicações importantes para a saúde pública", explicam os autores do estudo.
EFE
Os autores do estudo, dirigido por Moses Elisaf, da universidade grega de Ioannina, afirmam que o número de pessoas que adoecem por um consumo excessivo desse tipo de bebida tem aumentando, o que se deve em parte ao empenho das empresas em comercializar garrafas cada vez maiores. Na pesquisa, os especialistas encontraram casos de cáries, diabetes e enfraquecimento da estrutura óssea, além de hipocalemia, uma queda extrema dos níveis de potássio.
Segundo os pesquisadores, a queda do potássio aumenta o risco de problemas musculares graves e disfunções cardíacas, doenças que podem chegar a ser mortais. "Estamos consumindo mais refrigerantes que nunca e foram identificados vários problemas de saúde, incluindo dentais, enfraquecimentos dos ossos, diabetes e o desenvolvimento da síndrome metabólica", afirmou o diretor do estudo, Moses Elisaf.
Em relatório, Elisaf examinou casos de pessoas que bebiam dois ou mais litros de refrigerante ao dia. Um dos casos documentados é o de uma grávida de 21 anos que estava há seis consumindo três litros ao dia. A mulher teve diagnosticada hipocalemia severa após ser hospitalizada com cansaço, falta de apetite e vômitos.
A paciente só se recuperou quando parou de beber refrigerantes e recebeu suplementos de potássio. Outras pessoas que bebiam de dois a 9 l diários do refrigerante apresentaram diferentes problemas musculares, "desde um leve enfraquecimento a uma paralisia profunda". Os cientistas discutem várias teorias para explicar tal efeito: o conteúdo de açúcar do refrigerante poderia fazer com que os rins segregassem potássio demais, ou a cafeína poderia ser responsável por induzir uma redistribuição do potássio nas células do corpo.
Os ingredientes mais comuns nessas bebidas são frutose, glicose e cafeína e, segundo Elisaf, embora cada um deles tenha sua parcela de culpa na indução da hipocalemia, a cafeína parece ter um efeito dominante. No entanto, o especialista aponta que os refrigerantes sem cafeína também podem gerar uma queda do potássio devido à frutose, que pode provocar diarréia.
"Em uma era onde a indústria alimentícia tenta impor um aumento das porções desses produtos, esses achados podem ter implicações importantes para a saúde pública", explicam os autores do estudo.
EFE
Refluxo gastroesofágico
O que é Doença do Refluxo ?
Nas pessoas normais, o conteúdo do estômago (comida ou ácido clorídrico) não volta ou reflui para o esôfago com frequência. Entretanto, nas pessoas com doença do refluxo, o ácido ou a comida do estômago pode voltar para o esôfago ou mesmo para a garganta e boca. Quando o ácido volta para o esôfago ou garganta ele pode causar vários sintomas ou problemas nestas estruturas, como:
sensação de bolo na garganta, queimadura no esôfago ou no peito
azia, pirose ou esofagite) e dificuldade para engolir alimentos.
refluxo de ácido ou comida para o peito ou garganta
queimadura na garganta; tosse; garganta irritada; coceira na garganta; rouquidão (laringite)
asma brônquica ou bronquite
sangramento e anemia
O que causa a Doença do Refluxo?
O enfraquecimento de uma válvula (cárdia) que fica entre o esôfago e o estômago permite que o ácido ou comida do estômago volte para o esôfago. A causa do enfraquecimento desta válvula ainda não foi completamente esclarecida.
Para chegar até o estômago, o esôfago passa através de uma abertura no diafragma (músculo que separa o tórax do abdómen). Quando esta abertura é grande, parte do estômago sobe para dentro do tórax, formando a hérnia de hiato. Esta hérnia enfraquece a válvula e aumenta o refluxo. O fumo, cafeína, álcool e obesidade podem piorar o refluxo.
Nas pessoas normais, uma válvula chamada cárdia impede que a comida ou o ácido clorídrico presente no estômago volte ou reflua para o esôfago.
Nos pacientes com doença do refluxo, o ácido ou a comida do estômago pode voltar (refluxo) para o esôfago ou mesmo para a garganta e boca porque esta válvula não funciona bem.
A hérnia de hiato ocorre quando a abertura do diafragma é exagerada e permite que o estômago suba para o tórax. A presença de hérnia facilita o aparecimento da doença do refluxo.
A Doença do Refluxo Melhora ou Piora com o Tempo?
A evolução desta doença depende de vários fatores. De modo geral, a doença do refluxo tende a piorar com o tempo, principalmente se o paciente ganhar peso e não seguir as orientações do tratamento fornecidas pelo seu médico. Pacientes com doença inicial e sintomas ocasionais poderão ficar assintomáticos por tempo prolongado se seguirem o tratamento adequadamente.
Os pacientes que não tratam a doença adequadamente podem apresentar complicações, como úlcera, sangramento e estenose (estreitamento) do esôfago, algumas das quais graves. Em poucos casos, a inflamação crónica pode facilitar o aparecimento do esôfago de Barrett (alteração na mucosa ou revestimento do esôfago), que predispõe ao câncer do esôfago.
Diagnóstico
O diagnóstico da doença do refluxo é baseado nos sintomas do paciente, mas sempre deve ser confirmado com a realização de exames como a endoscopia digestiva alta, a pHmetria e manometria do esôfago.
Tratamento
O tratamento adequado da doença do refluxo é importante para evitar prejuízos graves à sua saúde. Se você não fizer o tratamento corretamente, além de poder apresentar sintomas desagradáveis que pioram a sua qualidade de vida, você poderá ter complicações graves com o tempo.
Por: Marcio Leite
Refluxo gastroesofágico atinge quase 20% da população brasileira
.
Azia, queimação, dor no peito, roncar, ter a exacerbação das sinusites, rinites, bronquites e pneumonia são os sinais de alerta que o organismo transmite quando o pequeno músculo que separa o esôfago do estômago não está funcionando de maneira correta. Isso acontece porque a pressão que ele faz não está sendo suficiente para impedir que o conteúdo gástrico do estômago volte ao esôfago.
Essa doença se chama refluxo gastroesofágico.
Segundo os especialistas, o mal atinge entre 10% e 20% da população brasileira, desde crianças a idosos. "Acontece em todo mundo, é uma coisa normal, porém, se ele se torna muito intenso e freqüente, acaba se transformando em doença", diz o cirurgião Cláudio Bresciani, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo. "100% das crianças têm a doença, pois a válvula ainda não está bem desenvolvida", afirma o cirurgião Carlos Eduardo Domene, membro do corpo clínico do Hospital São Luiz (SP) e docente em cirurgia na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
O mau funcionamento do músculo pode ocorrer por diversos fatores: predisposição genética, obesidade, hábitos alimentares inadequados, comer muito e logo se deitar, consumo demasiado de bebidas alcoólicas, café, chocolate e cigarro. "O refluxo gastroesofágico pode causar ainda dor no peito, que pode ser confundida com os sintomas do enfarte do miocárdio, tanto que muitas pessoas com este problema procuram os prontos socorros achando que estão tendo um enfarte", afirma o cirurgião do aparelho digestivo, Alexandre Sakano.
Os especialistas alertam que a doença pode evoluir para casos mais graves, como a esofagite - inflamação da mucosa do esôfago -, e, em cenários mais alarmantes, ao câncer de esôfago. "Outra alteração é o esôfago de barret, situação que o organismo se defende. Neste caso, o revestimento do órgão sobre uma mutação e fica parecido com o do estômago. E essa mudança aumenta as chances de câncer", explica Domene. De acordo com Sakano, apenas 3% dos indivíduos acometidos pela doença têm chance de desenvolver o câncer de esôfago.
O tratamento é fundamentalmente clínico, com medicação e mudanças no comportamento. De acordo com os especialistas, são indicados dois tipos de remédios: o primeiro, é uma droga que diminui a produção de ácido no estômago e, o segundo, favorece o movimento do intestino. Já em relação aos hábitos, os médicos recomendam uma reeducação alimentar, com uma dieta que exclui alimentos ácidos, chocolate, café e bebidas alcoólicas.
Deitar logo após de comer também contribui para intensificar a doença. "A falta de gravidade ajuda a refluir. Medidas de postura, como comer e fazer uma leve caminha, são indicadas", diz Domene. A cirurgia é apenas apontada em casos gravíssimos, quando a pessoa já apresenta o quadro de esofagite severa, ou quando a terapia de remédios não foi respondida. "Menos de 10% dos pacientes têm as complicações que levam ao procedimento cirúrgico",
Fonte:Blog de Anderson Costa
Chá de Espinheira Santa ajuda na esofagite?
Conhecida pelos índios há muitos anos, a espinheira-santa (Maytenus ilicifolia) ganhou esse nome justamente pela aparência de suas folhas, que apresentam espinhos nas margens e por ser um "santo remédio" para tratar vários problemas. Na medicina popular, a espinheira-santa é famosa no combate à úlcera e outros problemas estomacais. Ao que parece, a fama é merecida: na Universidade Estadual de Campinas (SP), farmacologistas analisaram a planta em ratos com úlcera e, segundo os pesquisadores, "nos que tomaram o seu extrato, o tamanho da lesão diminuiu muito rapidamente e, em comparação com os remédios convencionais, espinheira-santa provoca menos efeitos nocivos". A pesquisa prossegue, para determinar qual é o componente exato do vegetal responsável pelo efeito medicinal.
A espinheira-santa, além de indicada contra vários males do aparelho digestivo, era muito usada no passado pelos índios brasileiros com outra finalidade: eles usavam suas folhas no combate a tumores (esse uso pode ter gerado um dos seus nomes populares - erva-cancerosa)
A planta, pertencente à Família das Celastráceas, é originária do Brasil e pode ser encontrada na região que vai de Minas Gerais ao Rio Grande do Sul, sendo mais abundante nas matas do sul do Paraná. Também conhecida popularmente como espinho-de-deus, salva-vidas, sombra-de-touro, erva-cancerosa e espinheira-divina, a espinheira-santa é uma planta perene, de porte arbóreo-arbustivo, que atinge cerca de 2 a 3 metros de altura. Suas folhas são inteiriças e apresentam espinhos nas bordas, enquanto que as flores, axilares, apresentam coloração amarelo-esverdeada. A planta produz frutos pequenos e vermelhos.
A propagação da planta se dá por meio de sementes e o cultivo dá bons resultados em regiões de clima ameno.
Usos: As folhas, frescas ou secas, são utilizadas no preparo de infusões para uso interno e externo. O efeito cicatrizante também pode ser observado no tratamento de problemas da pele.
O chá de espinheira-santa é contra-indicado para gestantes e lactantes, pois reduz a produção de leite.
O uso medicinal mais comum da Espinheira Santa é para o tratamento de gastrites e úlceras gástricas e duodenais. A indicação popular do chá feito das folhas da Espinheira Santa foi comprovada cientificamente por vários pesquisadores (Carlini & Bráz, 1988; Faleiros et al., 1992; Ferreira et al., 1996; e Carvalho et al., 1997).
Cultivo
Altitude ideal: até aproximadamente 1200m.
Clima: Subtropical e temperado.
Solo: Prefere solos argilosos, porém bem drenados e com alto teor de matéria orgânica
Propagação: Por meio de sementes ou estacas de galho
Segundo o site www.biopirataria.org, muito antes do primeiro relato científico realizado em 1922, pelo professor Aluízio França, da Faculdade de Medicina do Paraná; a planta já era muito usada tradicionalmente pelas comunidades locais, como antiasmática, anticonceptiva e, sobretudo, em tumores estomacais, tratamento de úlceras, indigestão e gastrite crônica. Pesquisas têm demonstrado que o chá com extrato de Espinheira-Santa pode apresentar resultados tão eficientes quanto os dois principais líderes do mercado de drogas antiúlcera, Ranitidine (Zantac®) e Cimetidine (Tagamet®).
Fonte: texto na íntegra do Jardim das Flores.
Beija-flor 'voa mais rápido do que um avião caça',
Pesquisador dos EUA disse que ave cobre quase 400 vezes o comprimento de seu corpo em um segundo, enquanto caça cobre 150 vezes.
Um estudo da Universidade Berkeley, no Estado americano da Califórnia, revelou que o beija-flor macho atinge uma velocidade proporcionalmente "maior do que a de aviões caça" quando mergulha durante um voo para impressionar as fêmeas.
O pesquisador americano Christopher Clark usou fêmeas de beija-flor empalhadas para induzir os pássaros a fazerem uma exibição impressionante, que ele registrou com câmeras especiais para capturar objetos em alta velocidade. As câmeras capturavam imagens de 500 quadros por segundo.
As aves da espécie conhecida como Anna, que vivem no sudoeste dos Estados Unidos, atingiram velocidades que cobrem um trajeto 383 vezes o comprimento de seu corpo a cada segundo.
De acordo com Clark, o espaço percorrido medido, levando-se em conta o comprimento do corpo da ave e a velocidade máxima atingida pelo animal, foi "maior do que a de um avião caça com sua câmara de combustão auxiliar ligada (o que ajuda a aumentar a velocidade) ou do ônibus espacial durante a reentrada na atmosfera".
O caça pode chegar a cobrir 150 vezes a medida do seu comprimento em um segundo, e o ônibus espacial, 207 vezes.
Mas os caças têm capacidade de acelerar mais e ultrapassar os beija-flores.
Nos últimos estágios de seu mergulho, quando as aves abrem as asas para um voo ascendente, "a aceleração instantânea dos beija-flores é maior do que a de qualquer organismo de que se registrou previamente manobras aéreas", disse Clark.
E ele atinge essa velocidade sem a ajuda de um poderoso motor de jato, acrescenta.
O especialista diz que o estudo é um exemplo de como tais exibições, realizadas com a intenção de atrair uma parceira para o acasalamento, podem ser observadas para verificar os limites das habilidades dos animais.
O mergulho do beija-flor da espécie Anna é mais veloz do que a do falcão peregrino, cuja velocidade máxima chega a cobrir 200 vezes o comprimento de seu corpo a cada segundo.
Globo.com
Frio faz gripe suína se espalhar por países vizinhos ao Brasil
Chile registra mais de mil casos da doença;
na Argentina, 127 foram confirmados nesta sexta-feira.
As baixas temperaturas desta época do ano, principalmente no Chile, Argentina e Uruguai, têm sido decisivas para que a gripe suína se alastre entre os países vizinhos do Brasil, de acordo com infectologistas ouvidos pela BBC Brasil.
Segundo dados oficiais, o Chile, país de 15 milhões de habitantes, tem 1.694 casos registrados da doença, o maior número da América do Sul.
Na Argentina, que tem cerca de 40 milhões de habitantes, há 470 casos registrados da doença, dos quais 127 foram confirmados apenas nesta sexta-feira, segundo as autoridades da área de saúde do país.
O Uruguai, com pouco mais de 3 milhões de habitantes, conta com 24 pessoas doentes. Até agora, na América do Sul, foram registradas três mortes relacionadas à doença, duas no Chile e uma na Colômbia.
Frio
O médico infectologista chileno Miguel O'Ryan, professor da Universidade do Chile, afirma que o vírus H1N1 chegou ao país há cerca de um mês e, desde então, a doença se espalhou rapidamente.
"O vírus está circulando amplamente no país. Os primeiros casos ocorreram no sul (onde as temperaturas são ainda mais baixas) e logo depois foram se espalhando. Todos os países com o mesmo clima frio, como a Argentina, também deverão ter um incremento no número de casos desta gripe", afirmou O'Ryan, por telefone, de Santiago.
Segundo o médico, os pesquisadores ainda não têm conhecimentos precisos a respeito do vírus da influenza A (H1N1).
"Ninguém tem toda a verdade sobre o vírus, mas sabemos que, no inverno, as pessoas tendem a ficar em lugares mais fechados, facilitando o contágio. Este vírus sobrevive mais tempo em lugares mais frios", afirmou.
O'Ryan integra uma equipe especial montada pelo Ministério da Saúde do Chile para ajudar no combate à doença.
Segundo ele, situações semelhantes à do Chile podem ocorrer em outros países da região, devido ao clima favorável à transmissão do vírus.
O'Ryan também afirma que o vírus da gripe suína tem a capacidade de se espalhar mais rapidamente do que os de outras doenças respiratórias.
De acordo com o Ministério da Saúde do Chile, a maioria dos casos registrados no país é leve.
Argentina
O médico infectologista Hugo Paganini, do hospital Garrahan, de Buenos Aires, também afirma que o frio tem sido "decisivo" para que o vírus da gripe suína ganhe terreno na Argentina. "A população aqui está preocupadíssima com esta gripe. No entanto, outras doenças respiratórias provocam mais mortes. O problema desta época do ano é que surge um coquetel de vírus de doenças respiratórias, mas, agora, somou-se a ele o vírus da gripe suína", disse.
Segundo dados do governo da Argentina, 32 escolas da grande Buenos Aires ficaram fechadas nesta sexta-feira após serem confirmados casos de alunos doentes.
Paganini afirma que cerca de 70% dos casos de gripe suína no país foram registrados entre crianças com mais de 5 anos de idade, com uma incidência muito menor entre adultos.
A situação está provocando ausência recorde na rede escolar argentina. O governo também recomendou que trabalhadores que apresentem febre acima de 38 graus fiquem em casa, para evitar o contágio.
Já o governo chileno optou por manter as escolas abertas, por entender que a medida não evitaria a propagação da doença.
Fonte: BBC
na Argentina, 127 foram confirmados nesta sexta-feira.
As baixas temperaturas desta época do ano, principalmente no Chile, Argentina e Uruguai, têm sido decisivas para que a gripe suína se alastre entre os países vizinhos do Brasil, de acordo com infectologistas ouvidos pela BBC Brasil.
Segundo dados oficiais, o Chile, país de 15 milhões de habitantes, tem 1.694 casos registrados da doença, o maior número da América do Sul.
Na Argentina, que tem cerca de 40 milhões de habitantes, há 470 casos registrados da doença, dos quais 127 foram confirmados apenas nesta sexta-feira, segundo as autoridades da área de saúde do país.
O Uruguai, com pouco mais de 3 milhões de habitantes, conta com 24 pessoas doentes. Até agora, na América do Sul, foram registradas três mortes relacionadas à doença, duas no Chile e uma na Colômbia.
Frio
O médico infectologista chileno Miguel O'Ryan, professor da Universidade do Chile, afirma que o vírus H1N1 chegou ao país há cerca de um mês e, desde então, a doença se espalhou rapidamente.
"O vírus está circulando amplamente no país. Os primeiros casos ocorreram no sul (onde as temperaturas são ainda mais baixas) e logo depois foram se espalhando. Todos os países com o mesmo clima frio, como a Argentina, também deverão ter um incremento no número de casos desta gripe", afirmou O'Ryan, por telefone, de Santiago.
Segundo o médico, os pesquisadores ainda não têm conhecimentos precisos a respeito do vírus da influenza A (H1N1).
"Ninguém tem toda a verdade sobre o vírus, mas sabemos que, no inverno, as pessoas tendem a ficar em lugares mais fechados, facilitando o contágio. Este vírus sobrevive mais tempo em lugares mais frios", afirmou.
O'Ryan integra uma equipe especial montada pelo Ministério da Saúde do Chile para ajudar no combate à doença.
Segundo ele, situações semelhantes à do Chile podem ocorrer em outros países da região, devido ao clima favorável à transmissão do vírus.
O'Ryan também afirma que o vírus da gripe suína tem a capacidade de se espalhar mais rapidamente do que os de outras doenças respiratórias.
De acordo com o Ministério da Saúde do Chile, a maioria dos casos registrados no país é leve.
Argentina
O médico infectologista Hugo Paganini, do hospital Garrahan, de Buenos Aires, também afirma que o frio tem sido "decisivo" para que o vírus da gripe suína ganhe terreno na Argentina. "A população aqui está preocupadíssima com esta gripe. No entanto, outras doenças respiratórias provocam mais mortes. O problema desta época do ano é que surge um coquetel de vírus de doenças respiratórias, mas, agora, somou-se a ele o vírus da gripe suína", disse.
Segundo dados do governo da Argentina, 32 escolas da grande Buenos Aires ficaram fechadas nesta sexta-feira após serem confirmados casos de alunos doentes.
Paganini afirma que cerca de 70% dos casos de gripe suína no país foram registrados entre crianças com mais de 5 anos de idade, com uma incidência muito menor entre adultos.
A situação está provocando ausência recorde na rede escolar argentina. O governo também recomendou que trabalhadores que apresentem febre acima de 38 graus fiquem em casa, para evitar o contágio.
Já o governo chileno optou por manter as escolas abertas, por entender que a medida não evitaria a propagação da doença.
Fonte: BBC
VACINA DO FUTURO PODERÁ COMBATER A AIDS
A vacina contra o HIV, o vírus da aids, será uma realidade em cinco ou no máximo dez anos. A aposta é do cientista brasileiro radicado nos Estados Unidos Michel Nussenzweig.
A razão para tanta confiança são os resultados de dois estudos conduzidos pela equipe que o brasileiro lidera no laboratório de imunologia molecular da Universidade Rockfeller, em Nova York, e que foram considerados fundamentais para o desenvolvimento de vacinas mais eficientes de terceira geração.
O primeiro trabalho desvendou o mistério da origem das células dendríticas, responsáveis por iniciar o processo de imunidade no organismo humano.
O estudo confirmou que as dendríticas nascem no interior da medula óssea, assim como as demais células do sistema de defesa, e descobriu que elas evoluem a partir de células distintas, diferente do que se imaginava.
O nome da célula deriva do grego dédron, devido a seus prolongamentos, que se assemelham a uma árvore. É por meio deles que a célula envolve os invasores e os destrói.
Com os pedaços do invasor em sua superfície, ela os apresenta aos linfócitos T, que acionam os linfócitos B, produtores de anticorpos. A segunda pesquisa estudou o método de defesa contra o vírus desenvolvido por pessoas resistentes, chamadas controladores de elite. Nesses casos, o HIV é simultaneamente bombardeado por anticorpos de vários tipos.
Segundo Nussenzweig, os modelos atuais focam no estímulo à produção de apenas um ou dois anticorpos que impedem o vírus HIV de invadir a célula do sistema de defesa. Os estudos da Rockfeller sugerem a produção de vacinas que estimulem a produção de vários tipos de anticorpos que reproduzam esse mesmo comportamento ao se conectarem a pontos diferentes do vírus, impedindo sua entrada nas células.
"Nós sabemos que há mecanismos naturais que produzem esse coquetel de anticorpos e a ideia é entender essa resposta para reproduzi-la.
" Enquanto isso não acontece, outras pesquisas vão reforçando as esperanças nessa busca, como a vacina de DNA sintético produzida por cientistas do Hospital da Criança de Filadélfia, nos EUA. O experimento conseguiu reproduzir em macacos anticorpos sintéticos capazes de imunizá-los contra uma versão animal do HIV, chamada de SIV.
Fonte: Revista Veja Online - Alerta Google
A razão para tanta confiança são os resultados de dois estudos conduzidos pela equipe que o brasileiro lidera no laboratório de imunologia molecular da Universidade Rockfeller, em Nova York, e que foram considerados fundamentais para o desenvolvimento de vacinas mais eficientes de terceira geração.
O primeiro trabalho desvendou o mistério da origem das células dendríticas, responsáveis por iniciar o processo de imunidade no organismo humano.
O estudo confirmou que as dendríticas nascem no interior da medula óssea, assim como as demais células do sistema de defesa, e descobriu que elas evoluem a partir de células distintas, diferente do que se imaginava.
O nome da célula deriva do grego dédron, devido a seus prolongamentos, que se assemelham a uma árvore. É por meio deles que a célula envolve os invasores e os destrói.
Com os pedaços do invasor em sua superfície, ela os apresenta aos linfócitos T, que acionam os linfócitos B, produtores de anticorpos. A segunda pesquisa estudou o método de defesa contra o vírus desenvolvido por pessoas resistentes, chamadas controladores de elite. Nesses casos, o HIV é simultaneamente bombardeado por anticorpos de vários tipos.
Segundo Nussenzweig, os modelos atuais focam no estímulo à produção de apenas um ou dois anticorpos que impedem o vírus HIV de invadir a célula do sistema de defesa. Os estudos da Rockfeller sugerem a produção de vacinas que estimulem a produção de vários tipos de anticorpos que reproduzam esse mesmo comportamento ao se conectarem a pontos diferentes do vírus, impedindo sua entrada nas células.
"Nós sabemos que há mecanismos naturais que produzem esse coquetel de anticorpos e a ideia é entender essa resposta para reproduzi-la.
" Enquanto isso não acontece, outras pesquisas vão reforçando as esperanças nessa busca, como a vacina de DNA sintético produzida por cientistas do Hospital da Criança de Filadélfia, nos EUA. O experimento conseguiu reproduzir em macacos anticorpos sintéticos capazes de imunizá-los contra uma versão animal do HIV, chamada de SIV.
Fonte: Revista Veja Online - Alerta Google
6.12.2009
Antiinflamatórios com retenção de receita
Anvisa aumenta controle sobre a venda de antiinflamatórios
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aumentou o controle sobre a venda dos antiinflamatórios não esteroidais inibidores da ciclooxigenase (Cox-2).
A Agência publicou, nesta quarta-feira (5), a inclusão desses princípios ativos na lista de substâncias sob controle especial (Lista C1 da Portaria 344/98).
A partir de agora, esses antiinflamatórios só poderão ser vendidos com retenção da receita médica pelo estabelecimento farmacêutico.
“A medida visa reduzir o uso indevido desses medicamentos, já que o abuso no consumo aumenta os riscos de ocorrência de problemas ocasionados por eles”, afirma o gerente de produtos novos da Anvisa, Jorge Samaha.
A reclassificação faz parte de um processo de trabalho iniciado em julho, na Anvisa, para reavaliar a segurança dessa classe de antiinflamatórios. Como resultado, a Agência cancelou o registro das apresentações de 100mg e 400mg do Prexige (Lumiracoxibe), do laboratório Novartis, e da apresentação de 120 mg do medicamento Arcoxia (Etoricoxibe), da Merck Sharp e Dohme, além de exigir mudanças nas bulas dos medicamentos dessa categoria.
Fonte: Anvisa
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aumentou o controle sobre a venda dos antiinflamatórios não esteroidais inibidores da ciclooxigenase (Cox-2).
A Agência publicou, nesta quarta-feira (5), a inclusão desses princípios ativos na lista de substâncias sob controle especial (Lista C1 da Portaria 344/98).
A partir de agora, esses antiinflamatórios só poderão ser vendidos com retenção da receita médica pelo estabelecimento farmacêutico.
“A medida visa reduzir o uso indevido desses medicamentos, já que o abuso no consumo aumenta os riscos de ocorrência de problemas ocasionados por eles”, afirma o gerente de produtos novos da Anvisa, Jorge Samaha.
A reclassificação faz parte de um processo de trabalho iniciado em julho, na Anvisa, para reavaliar a segurança dessa classe de antiinflamatórios. Como resultado, a Agência cancelou o registro das apresentações de 100mg e 400mg do Prexige (Lumiracoxibe), do laboratório Novartis, e da apresentação de 120 mg do medicamento Arcoxia (Etoricoxibe), da Merck Sharp e Dohme, além de exigir mudanças nas bulas dos medicamentos dessa categoria.
Fonte: Anvisa
Farmacopéia: começa revisão de plantas medicinais
Boldo, carqueja, malva e noz- de- cola são alguns exemplos de plantas medicinais que terão regras de controle de qualidade atualizadas pela Farmacopéia Brasileira. Nesta sexta-feira (15), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou consulta pública com os requisitos para o controle da qualidade de 22 plantas medicinais e respectivos derivados usados na fabricação de medicamentos no Brasil.
Além das plantas medicinais, a Anvisa também publicou a revisão dos padrões de qualidade de 38 matérias primas e 48 especialidades farmacêuticas totalizando mais 86 monografias atualizadas. “Estamos garantindo a segurança de uso de substâncias amplamente utilizadas em medicamentos comercializados no país, como, por exemplo, o paracetamol e a amoxicilina ”, afirma Luiz Armando Erthal, diretor ajunto da Anvisa.
Durante os 30 dias em que essas consultas públicas ficarem abertas, as monografias serão disponibilizadas para avaliação e comentários das empresas, laboratórios, comunidade científica e a sociedade em geral. Estas Consultas Públicas fazem parte do trabalho de revisão de monografias da Farmacopéia Brasileira, o Código Oficial Farmacêutico do país. “Este documento estabelece os requisitos mínimos para a fabricação e o controle da qualidade de insumos e especialidades farmacêuticas utilizados no país”, explica Erthal.
A Farmacopéia é de uso obrigatório para os que fabricam, manipulam, fracionam e controlam produtos farmacêuticos. O compêndio também serve como parâmetro para as ações da vigilância sanitária, como: registro, fiscalização e análise fiscal.
Histórico
Desde o início de 2008, a Anvisa trabalha, em parceria com 14 universidades, na revisão da Farmacopéia Brasileira. As monografias atualizadas serão disponibilizadas no site da Farmacopéia, assim que revistas.
Ao término do processo de revisão, será publicado um Código Farmacêutico Oficial atualizado em um compêndio único. Atualmente, ainda estão em vigor textos das quatro farmacopéias já publicadas no Brasil.
A primeira edição da Farmacopéia foi publicada em 1929, a segunda e a terceira edições são de 1959 e 1976, respectivamente. A última teve início em 1988 e foi publicada em seis fascículos, nos anos de 1996, 2000, 2001, 2002, 2003 2005.
Como participar
Contribuições às três consultas públicas podem ser encaminhadas à Anvisa, indicando a monografia, sugestão e respectiva justificativa, por meio do fax: (61) 3462 – 6791 ou dos e-mails: cp22.farmacopeia@anvisa.gov.br (matérias-primas), cp23.farmacopeia@anvisa.gov.br (especialidades farmacêuticas) e cp24.farmacopeia@anvisa.gov.br (plantas medicinais e derivados) . Quem optar pelo correio deve enviar sugestão para o seguinte endereço: Agência Nacional de Vigilância Sanitária / DIMCB/Farmacopéia Brasileira, SIA Trecho 5, Área Especial 57, Bloco D, 5º andar, Brasília-DF, CEP 72.205-050
Informações: Ascom/Assessoria de Imprensa da Anvisa
Papo com os animais
Durante um curto período da minha infância, lembro que confessava segredos de colégio ao meu único amigo canino, Rex. Antes de continuar, devo declarar que a originalidade do nome deve ser creditada ao meu irmão mais velho, primeiro responsável quando o assunto era o cão da família.
Rex sabia da menina de quem eu gostava e quem era o verdadeiro culpado por urinar na porta da sala dos professores, infernizando as freiras do colégio. O fato de saber que Rex jamais revelaria meus segredos era, certamente, confortável. Infelizmente, o cão não permaneceu conosco por muito tempo, insistia em cavoucar os vasos da Dona Vitória…
Muitas pessoas cultivam esse desejo de se comunicar com animais. Imagine então se realmente pudéssemos ouvi-los responder. No último volume da famosa revista científica “Cell”, um grupo de cientistas alemães acredita que deu um pequeno passo nessa direção, ao criar um camundongo carregando um gene relacionado com a linguagem humana (Enard, W. e colegas, “Cell”, 137: 961-971, 2009).
O gene em questão, o FOXP2, foi descoberto em 1998 porque, numa família inglesa, ele continha mutações que causavam um bloqueio na articulação da linguagem. A descoberta empolgou evolucionistas e estudiosos da linguagem, pois outros animais também possuem o gene FOXP2. No entanto, a versão humana difere da dos camundongos e chimpanzés na seqüência do DNA, como se espera de um gene que tenha sido selecionado evolutivamente para ter um papel importante na linguagem. O que os cientistas fizeram foi substituir o gene do camundongo pelo gene humano usando técnicas tradicionais de engenharia genética.
Acredita-se que diversos genes contribuam para a linguagem humana, pois não só tivemos que modificar a anatomia de nossa garganta e cordas vocais como também usamos várias conexões cerebrais para formar e compreender sentenças e vocabulário durante uma conversa. Existem diversas evidências apontando para o fato de que a linguagem não é produto de um único gene. Dessa forma, seria surpreendente se o camundongo com a cópia genética humana alterasse a forma como se comunica com outros camundongos ou mesmo modificasse algumas estruturas cerebrais envolvidas com a comunicação verbal. Pois foi exatamente isso que o grupo alemão diz ter conseguido.
Para começo de conversa, a substituição do gene FOXP2 pela versão humana no camundongo não trouxe grandes alterações físicas ou fisiológicas no camundongo. Foram analisadas cerca de 300 características nos roedores, e elas simplesmente não são diferentes daqueles animais com a versão não-humana. No entanto, no cérebro, o grupo detectou uma pequena diferença na região conhecia como gânglio basal. Essa região está envolvida com o processamento da linguagem em humanos. Segundo os autores do trabalho, nos camundongos humanizados, essa região do cérebro parece conter neurônios com estruturas mais complexas. Neurônios são células ultraespecializadas e bem diversificadas do cérebro. Alguns neurônios são simples e outros possuem uma arborização bem ramificada. Acredita-se que, quanto mais complexo ou ramificado o neurônio, maior o número de conexões em que ele estaria envolvido.
E para saber se essas alterações possuíam alguma implicação funcional, o grupo usou um conhecido teste comportamental em roedores. Ao isolar os bebês-camundongo de suas mães, esses passam a emitir uma vocalização característica de alerta, apenas detectada por ultra-som. O som emitido é usado pela mãe como um auxilio para achar e identificar sua prole dispersa. O grupo alemão detectou que nos camundongos “humanizados”, o grunhido emitido era ligeiramente diferente do produzido pelo grupo controle normal.
Parece fenomenal, não? Com mais de 20 milhões de diferenças entre o genoma de humanos e chimpanzés, a alteração de um único gene humano ser capaz de modificar a “fala” de camundongos é realmente intrigante. Tão intrigante que eu resolvi ler o trabalho para maiores detalhes e acabei me decepcionando. Talvez a principal razão do meu descontentamento seja que os principais resultados foram extrapolados de um número reduzido de amostras de neurônios em cultura. Ora, quando retirados os neurônios do seu ambiente natural no cérebro, esses estão sujeitos a diversos artefatos. Isso pode ser controlado, e o grupo certamente usou controles adequados, mas as diferenças observadas são tão pequenas que me questiono se continuariam sendo significativas caso fossem aumentados os números amostrais.
Além disso, ao observar os resultados das outras figuras, noto estatísticas semelhantes, sugerindo que o grupo formou conclusões baseando-se em uma série de diferenças sutis, nenhuma individualmente forte o suficiente, o que diminuiu drasticamente meu entusiasmo pelo trabalho. O grupo fora liderado pelo respeitado pesquisador alemão Svante Pääbo, cuja reputação é mundialmente conhecida por trabalhos cientificamente bem fundamentados, como a publicação de partes do genoma do homem de Neandertal. Estaria esse trabalho apoiado nessa reputação ou será que os quase 300 resultados negativos sensibilizaram os editores? Será esse mais um caso de um trabalho da “Cell” impossível de se reproduzir?
Talvez alguns leitores achem que eu estou sendo muito duro com o trabalho, mas acredito que as implicações propostas pelo grupo alemão são de grande impacto e, portanto, devem passar por rigorosas críticas científicas. Enquanto a publicação aguarda a validação do tempo e o surgimento de novos modelos animais para estudar evolução humana, continuo a imaginar o que seria de mim se o Rex conseguisse algumas cópias humanas do gene FOXP2…
Espiral
Globo.com
Portal G1
Fuga de cérebros
O assunto é polêmico no meio acadêmico. Faz anos que ouço comentários sobre a fuga de cérebros dos países em desenvolvimento para países tidos como de Primeiro Mundo, principalmente para os EUA. O fenômeno já forneceu diversos Prêmios Nobel para os Estados Unidos, que continuam sendo responsáveis por mais de 50% da produção científica mundial e abrigam a nata da comunidade cientifica nos grandes centros de pesquisa.
Pesquisadores que migram, em geral, alegam falta de incentivo para pesquisa, melhores condições de trabalho e falta de reconhecimento profissional no país de origem. Até aí, nada de novo – ou existe alguma dúvida de que isso é mesmo verdade?
Após intermináveis discussões com cérebros que fugiram, cérebros que fugiram e voltaram e cérebros que nunca foram, percebo que existe uma série de preconceitos, muitas vezes levando a decisões políticas erradas e causando um estado de crise ou marasmo na ciência. Acho que o Brasil passa por uma crise assim.
A razão desse meu “achismo” é que venho notando uma escassez no número de bolsas científicas destinadas a alunos de pós-graduação, principalmente para postdocs (assim são chamados aqueles que terminaram o doutorado e buscam um aperfeiçoamento antes de iniciar uma carreira como pesquisador independente). Atualmente, para alunos brasileiros saírem para uma experiência de postdoc, as opções são poucas.
Existe a competitiva bolsa Pew, que financia dois anos de salário para estudantes da América Latina, além de um pacote de incentivo ao retorno do estudante ao país. O retorno é incentivado, mas não compulsório. Os problemas com essa opção são: o reduzido número de vagas, a participação exclusiva de laboratórios nos EUA e a falta de transparência no processo de seleção (quem não é selecionado raramente sabe o porquê).
O programa da Human Frontier também oferece bolsas para pós-doutoramento e tem um perfil semelhante à da Pew. Infelizmente, não é restrito à América Latina, e a competição acaba sendo acirrada. Pode-se também tentar bolsas da União Européia, mas você tem de possuir algum tipo de dupla cidadania.
Outra opção são bolsas das instituições financiadoras nacionais, como a Fapesp (em São Paulo) e o CNPq. Em ambos os casos, o período não passa de um ano e o projeto precisa estar vinculado ao de um grupo nacional, restringindo justamente a criatividade e independência esperada de um postdoc. Além disso, existe um contrato para que o postdoc volte e permaneça o mesmo período de tempo em território nacional.
E quais as chances de um aluno de doutorado sem bolsa encontrar uma posição de pós-doutoramento no exterior? Logicamente, depende do laboratório escolhido. Mas estou falando de laboratórios líderes mundiais. Ao final do doutorado, a vasta maioria dos alunos brasileiros não tem um nível de publicação comparável aos estudantes japoneses, americanos, europeus ou até mesmo indianos e chineses. Então, por currículo, ele já sai perdendo. A língua é um entrave grande, mas até acho que o brasileiro se vira bem. Bom, pelo menos melhor que alguns orientais…
Soma-se a isso tudo a atual crise do sistema de pesquisa americano. Com laboratórios tendo de cortar custos, o postdoc que vem com a própria bolsa é muito bem recebido e demonstra independência.
Concluindo, fica difícil para o postdoc brasileiro se posicionar no exterior sem incentivo do país. Uma pena, pois tenho certeza de que a formação profissional do doutor brasileiro (pelo menos dos que se formam em boas universidades) não deixa nada a desejar. A falta de publicação é um reflexo direto do ambiente de pesquisa, não da falta de capacidade mental. E, como não temos um mercado biotecnológico, essa mão de obra especializada acaba optando por um postdoc no país ou é recrutada por universidades menores, em geral com pouco estímulo para pesquisa. Triste, pois o país investiu muito no sujeito para deixá-lo sem outras opções.
Pois bem, alguns podem argumentar que, ao financiar postdocs para o exterior corre-se o risco de eles ficarem e não voltarem mais. Concordo: se o sujeito for muito bom, o mercado americano, principalmente, tem tudo para atraí-lo. Só não concordo que isso seja ruim para o país.
Mas, antes de justificar minha opinião, permita-me apresentar alguns dados. Na minha experiência morando no exterior e tendo convivido com dezenas de postdocs em um dos maiores pólos de pesquisa dos EUA, percebo que a grande maioria acaba voltando para o Brasil. As razões acabam reduzindo-se, de uma forma bem simplista, a três:
1) a pessoa não se adapta ao estilo de vida (justo, é bem diferente e requer um certo esforço);
2) a pessoa não consegue uma posição (justo, conforme se sobe na pirâmide profissional acadêmica, a concorrência mundial aumenta);
3) a justificativa do patriotismo (balela, em geral usa-se essa última para não assumir 1 ou 2).
O pior é que a desculpa do patriotismo tem nos custado muito caro. Eu explico. O patriotismo não está na localidade do pesquisador, mas sim nas suas ações. Existem dois tipos de situação. Na primeira, o sujeito se desapega completamente de barreiras nacionais e passa a ser um cidadão do mundo. Nesse caso, o país perde. Por outro lado, temos situações onde o sujeito acaba auxiliando o país, mesmo que de uma forma indireta, trazendo outros pesquisadores, estabelecendo contatos, fornecendo material de pesquisa etc. Nesse caso, o patriotismo continua existindo, e o país ganha diversas novas oportunidades. Uma dessas oportunidades poderia ser, por exemplo, o estabelecimento de uma nova empresa de biotecnologia, gerando empregos, know-how e capital.
Infelizmente, devido a essa mentalidade e ao reduzido número de bolsas, temos pouquíssimos brasileiros em posições de destaque no exterior. Isso atrapalha o desenvolvimento do Brasil, pois perdemos a chance de ter mais “olheiros” internacionais que possam aconselhar cientistas e autoridades nacionais. Certos países pagam cientistas por essas valiosas opiniões!
Alguns países em desenvolvimento já superaram essa baixa auto-estima e passam agora a favorecer a fuga de cérebros. A idéia é formar pesquisadores e financiá-los nos grandes centros internacionais. São esses que transferem a tecnologia de volta ao país de origem.
Alguns acabam até retornando fisicamente após alguns anos. Além da experiência acumulada, carregam na bagagem contatos e reputação internacional, auxiliando novos pesquisadores a se estabelecer, contatos com revistas científicas e muitos colaboradores. Tenho colegas da China, de Cingapura e da Coréia nessa posição, todos muito agradecidos com o apoio dos respectivos governos.
A meu ver, a solução para o atraso científico no país seria fazer exatamente o oposto do que o Brasil tem feito nos últimos anos: financiar maciçamente a saída de postdocs para grandes centros internacionais. Depois do treinamento, alguns vão voltar e outros vão ficar. Dos que ficam, bastaria alguns patriotas para retornar e amplificar todo o investimento feito. É uma solução drástica e em médio prazo, que deve acabar acontecendo cedo ou tarde, ou vamos continuar dependendo de ações individuais.
Espiral
Globo.com - G1
Pesquisadores que migram, em geral, alegam falta de incentivo para pesquisa, melhores condições de trabalho e falta de reconhecimento profissional no país de origem. Até aí, nada de novo – ou existe alguma dúvida de que isso é mesmo verdade?
Após intermináveis discussões com cérebros que fugiram, cérebros que fugiram e voltaram e cérebros que nunca foram, percebo que existe uma série de preconceitos, muitas vezes levando a decisões políticas erradas e causando um estado de crise ou marasmo na ciência. Acho que o Brasil passa por uma crise assim.
A razão desse meu “achismo” é que venho notando uma escassez no número de bolsas científicas destinadas a alunos de pós-graduação, principalmente para postdocs (assim são chamados aqueles que terminaram o doutorado e buscam um aperfeiçoamento antes de iniciar uma carreira como pesquisador independente). Atualmente, para alunos brasileiros saírem para uma experiência de postdoc, as opções são poucas.
Existe a competitiva bolsa Pew, que financia dois anos de salário para estudantes da América Latina, além de um pacote de incentivo ao retorno do estudante ao país. O retorno é incentivado, mas não compulsório. Os problemas com essa opção são: o reduzido número de vagas, a participação exclusiva de laboratórios nos EUA e a falta de transparência no processo de seleção (quem não é selecionado raramente sabe o porquê).
O programa da Human Frontier também oferece bolsas para pós-doutoramento e tem um perfil semelhante à da Pew. Infelizmente, não é restrito à América Latina, e a competição acaba sendo acirrada. Pode-se também tentar bolsas da União Européia, mas você tem de possuir algum tipo de dupla cidadania.
Outra opção são bolsas das instituições financiadoras nacionais, como a Fapesp (em São Paulo) e o CNPq. Em ambos os casos, o período não passa de um ano e o projeto precisa estar vinculado ao de um grupo nacional, restringindo justamente a criatividade e independência esperada de um postdoc. Além disso, existe um contrato para que o postdoc volte e permaneça o mesmo período de tempo em território nacional.
E quais as chances de um aluno de doutorado sem bolsa encontrar uma posição de pós-doutoramento no exterior? Logicamente, depende do laboratório escolhido. Mas estou falando de laboratórios líderes mundiais. Ao final do doutorado, a vasta maioria dos alunos brasileiros não tem um nível de publicação comparável aos estudantes japoneses, americanos, europeus ou até mesmo indianos e chineses. Então, por currículo, ele já sai perdendo. A língua é um entrave grande, mas até acho que o brasileiro se vira bem. Bom, pelo menos melhor que alguns orientais…
Soma-se a isso tudo a atual crise do sistema de pesquisa americano. Com laboratórios tendo de cortar custos, o postdoc que vem com a própria bolsa é muito bem recebido e demonstra independência.
Concluindo, fica difícil para o postdoc brasileiro se posicionar no exterior sem incentivo do país. Uma pena, pois tenho certeza de que a formação profissional do doutor brasileiro (pelo menos dos que se formam em boas universidades) não deixa nada a desejar. A falta de publicação é um reflexo direto do ambiente de pesquisa, não da falta de capacidade mental. E, como não temos um mercado biotecnológico, essa mão de obra especializada acaba optando por um postdoc no país ou é recrutada por universidades menores, em geral com pouco estímulo para pesquisa. Triste, pois o país investiu muito no sujeito para deixá-lo sem outras opções.
Pois bem, alguns podem argumentar que, ao financiar postdocs para o exterior corre-se o risco de eles ficarem e não voltarem mais. Concordo: se o sujeito for muito bom, o mercado americano, principalmente, tem tudo para atraí-lo. Só não concordo que isso seja ruim para o país.
Mas, antes de justificar minha opinião, permita-me apresentar alguns dados. Na minha experiência morando no exterior e tendo convivido com dezenas de postdocs em um dos maiores pólos de pesquisa dos EUA, percebo que a grande maioria acaba voltando para o Brasil. As razões acabam reduzindo-se, de uma forma bem simplista, a três:
1) a pessoa não se adapta ao estilo de vida (justo, é bem diferente e requer um certo esforço);
2) a pessoa não consegue uma posição (justo, conforme se sobe na pirâmide profissional acadêmica, a concorrência mundial aumenta);
3) a justificativa do patriotismo (balela, em geral usa-se essa última para não assumir 1 ou 2).
O pior é que a desculpa do patriotismo tem nos custado muito caro. Eu explico. O patriotismo não está na localidade do pesquisador, mas sim nas suas ações. Existem dois tipos de situação. Na primeira, o sujeito se desapega completamente de barreiras nacionais e passa a ser um cidadão do mundo. Nesse caso, o país perde. Por outro lado, temos situações onde o sujeito acaba auxiliando o país, mesmo que de uma forma indireta, trazendo outros pesquisadores, estabelecendo contatos, fornecendo material de pesquisa etc. Nesse caso, o patriotismo continua existindo, e o país ganha diversas novas oportunidades. Uma dessas oportunidades poderia ser, por exemplo, o estabelecimento de uma nova empresa de biotecnologia, gerando empregos, know-how e capital.
Infelizmente, devido a essa mentalidade e ao reduzido número de bolsas, temos pouquíssimos brasileiros em posições de destaque no exterior. Isso atrapalha o desenvolvimento do Brasil, pois perdemos a chance de ter mais “olheiros” internacionais que possam aconselhar cientistas e autoridades nacionais. Certos países pagam cientistas por essas valiosas opiniões!
Alguns países em desenvolvimento já superaram essa baixa auto-estima e passam agora a favorecer a fuga de cérebros. A idéia é formar pesquisadores e financiá-los nos grandes centros internacionais. São esses que transferem a tecnologia de volta ao país de origem.
Alguns acabam até retornando fisicamente após alguns anos. Além da experiência acumulada, carregam na bagagem contatos e reputação internacional, auxiliando novos pesquisadores a se estabelecer, contatos com revistas científicas e muitos colaboradores. Tenho colegas da China, de Cingapura e da Coréia nessa posição, todos muito agradecidos com o apoio dos respectivos governos.
A meu ver, a solução para o atraso científico no país seria fazer exatamente o oposto do que o Brasil tem feito nos últimos anos: financiar maciçamente a saída de postdocs para grandes centros internacionais. Depois do treinamento, alguns vão voltar e outros vão ficar. Dos que ficam, bastaria alguns patriotas para retornar e amplificar todo o investimento feito. É uma solução drástica e em médio prazo, que deve acabar acontecendo cedo ou tarde, ou vamos continuar dependendo de ações individuais.
Espiral
Globo.com - G1
O fim da evolução humana
Para quem não se lembra das aulas do colegial: a seleção natural e a teoria evolutiva propostas pelo naturalista Charles Darwin preveem a sobrevivência do mais adaptado às pressões ambientais. Segundo a teoria de Darwin, organismos mais adaptados às circunstâncias ambientais teriam maior chance de sobreviver e se reproduzir, gerando descendentes que propagariam suas características adaptativas. Dessa forma, a seleção natural promove uma biota dinâmica, que evolui a partir de variação genética, adaptação a diferentes ambientes e competição por recursos limitados.
Essa teoria basicamente explica como a complexidade e a diversidade da vida ocorreu no planeta, a partir de organismos mais simples. Cruzando áreas do conhecimento, o conceito de seleção natural infiltrou-se nas ciências sociais (onde é usado para explicar política e hábitos de consumo) e nos algoritmos computacionais (chamados algoritmos genéticos, pois podem se adaptar às influências do sistema), só pra dar alguns exemplos. Darwin publicou seus achados há exatos 150 anos atrás no livro “A origem das espécies”. Aliás, 2009 também é marcado pelo bicentenário do nascimento de Darwin.
Bem, já deu pro leitor entender que a teoria da seleção natural envolve pressão ativa do ambiente pra selecionar caracteres adaptativos. Então, seria correto dizer que atualmente, com a nossa medicina avançada e cultura humanista, a seleção natural estaria extinta e o homem não estaria mais evoluindo?
Por décadas, a visão predominante entre o púbico leigo e também entre paleontólogos famosos como Stephen J. Gould (Universidade de Harvard) era de que a evolução humana tinha acabado. Segundo Gould, desde que o homem moderno (Homo sapiens) apareceu 50 mil anos atrás, a seleção natural é praticamente irrelevante. Isso porque não houve mais nenhuma mudança biológica relevante, e tudo o que chamamos de cultura e civilização foi construído com o mesmo corpo e o mesmo cérebro humano de 50 mil anos atrás! Até mesmo os fundadores da psicologia evolutiva, Leda Cosmides e John Tooby (Universidade da Califórnia, Santa Bárbara), publicaram uma nota dizendo que “nossos crânios modernos contém uma mente (cérebro) da época da Idade da Pedra”.
Recentemente, um grupo de pesquisadores (Marchani e colaboradores, “BMC Genetics”, 2008, e Hawks e colaboradores, PNAS, 2007) obteve resultados que desafiam o paradigma de que estamos “presos” evolutivamente através de uma cautelosa análise em sequências variáveis de DNA em diversas populações humanas. Os pesquisadores encontraram grande frequência de mutações adaptativas recentes codificadas no genoma humano. Ainda mais impressionante: essas mutações parecem estar se acumulando cada vez mais rapidamente. Os dados indicam que, nas seqüências de DNA estudadas, nos últimos 10 mil anos a taxa de evolução ocorreu 100 vezes mais rapidamente do que em qualquer outro período da nossa história evolutiva.
As novas adaptações não se resumem somente a conhecidas diferenças entre grupos étnicos, como cor da pele e cor dos olhos. As mutações adaptativas estão por toda parte, como em genes do sistema nervoso central (cérebro), sistema digestivo, tempo de vida, genes relacionados a imunidade a patógenos (microrganismos causadores de doenças), produção de espermatozóides etc. Além disso, muitas dessas variações adaptativas estão relacionadas com o continente de origem, com implicações provocativas. Aparentemente os grupos humanos estão evoluindo de forma a se distanciar cada vez mais um dos outros, a espécie humana estaria ficando cada vez mais diversa ao invés de convergir para um único pool genético. Isso porque as atitudes e os costumes que diferenciam o homem atual do homem de 50 mil anos atrás não são apenas culturais, mas têm uma profunda influência genética, gerada pela seleção natural (ainda que driblada pelos avanços da medicina e civilização).
Os ossos não mentem
O pesquisador John Hawks, da Universidade de Wisconsin, estava em busca de evidências mais visíveis da evolução humana recente e decidiu estudar crânios humanos mais jovens (com meros 10 mil anos de idade). Ele notou que algumas adaptações eram específicas de grupos étnicos. Por exemplo: em europeus, os ossos da bochecha são mais afundados, os soquetes dos olhos se parecem com óculos de aviadores e o formato do nariz é característico. Asiáticos, por sua vez, tem os ossos da bochecha apontando pra frente, as orbitais dos olhos bem arredondadas e o nariz retraído. Aborígenes australianos têm o maior crânio e os maiores dentes que qualquer outra população. Essas variantes podem ter sido geradas na época da Idade da Pedra, mas estão contribuindo com a divergência populacional observada hoje em dia. Acredita-se que os diferentes caracteres físicos auxiliam as populações a melhor combater infecções, sobreviver em temperaturas extremas ou simplesmente se adaptar a condições ambientais locais (como o ar poluído, por exemplo).
Tanto a análise genômica quanto o estudo dos ossos levam a evidências que sugerem que a evolução humana não acabou. Pelo contrário, está em plena atividade. O que não está claro é quais são os atuais fatores de pressão seletiva. É bem possível que estejamos moldando a espécie humana baseados em novos fatores culturais, como a capacidade de trabalhar no computador, por exemplo. Basta ver o crescente mercado de namoro virtual. Entender o valor desses novos fatores é importante. Com esse conhecimento, podemos ser capazes de, pela primeira vez na história, guiar a evolução de nossa própria espécie.
Espiral
Globo.com - G1
hibridização de humanos e chimpanzés: Humanze
A possibilidade de cruzamento entre humanos e outros primatas tem sido discutida tanto na ficção quanto na literatura científica há séculos. A possibilidade de cruzar a fronteira que separa os humanos das outras espécies é um campo fértil para diferentes pontos de vista e viola diversos tabus culturais e éticos.
O interesse nesse assunto sempre acompanha certo medo e aversão. De certa forma, essa reação faz sentido. Afinal, estamos aprendendo que a relação próxima de humanos com outros animais pode favorecer a transmissão de microrganismos fatais à espécie humana, como no caso do vírus causador da Aids, o HIV. Porém, sabemos dessa conseqüência hoje em dia apenas. No passado, experimentos para estudar um possível híbrido entre humanos e chimpanzés foram propostos. O que pouca gente sabe é que, de fato, ocorreram, e com consentimento da sociedade.
Estamos em fevereiro de 1926, quando o governo da então União Soviética, com o apoio de sua Academia de Ciências, enviou uma curiosa expedição para a África. O objetivo era inseminar artificialmente chimpanzés fêmeas com esperma humano e obter, caso viável, um híbrido das duas espécies. O líder dessa expedição era o respeitado professor russo Ilya Ivanov.
Ivanov era um nome de peso na área de reprodução no começo do século (1907). Com seus experimentos de inseminação artificial (um sacrilégio na época), conseguiu exterminar a idéia de que o ato sexual era necessário para a reprodução. Ivanov desenvolveu instrumentos que permitiam uma operação simples e rápida no campo, conseguindo colocar a Rússia em posição de destaque na pecuária. Logo, sua tecnologia estava sendo aplicada em cavalos e outros animais de interesse. Esse sucesso foi conseguido por causa do constante apoio financeiro que recebia dos ministérios russos e da aristocracia da época. Mais tarde, Ivanov ganharia seu próprio laboratório, recebendo cartas de recomendação de Pavlov, o primeiro prêmio Nobel da Rússia.
O trabalho experimental de Ivanov sofreu influências da genética, ciência que começava a surgir em solo russo, fazendo com que se interessasse por questões fundamentais sobre a fertilização de diferentes espécies animais. A fertilização artificial permitia o cruzamento de animais diferentes, construindo novas formas de vida que não existiam na natureza. Diversos experimentos foram feitos, resultando em híbridos exóticos. Em 1910, Ivanov comenta publicamente que o uso da inseminação artificial poderia gerar um híbrido entre humano e outros primatas. No entanto, não existem evidências de que estaria planejando algo assim, talvez pela falta de acesso direto às espécies para experimentos. A situação mudaria drasticamente após a Revolução Russa de 1917.
O radicalismo do comunismo bolchevique chegou destruindo o sistema de terras privadas e toda a hierarquia da sociedade russa. No entanto, a revolução respeitava o significado da ciência e seus especialistas. A revolução eliminou a rede de apoio financeiro que Ivanov tinha, principalmente da aristocracia e realeza. Para seguir seus estudos, Ivanov acabou indo para a Alemanha e depois para a França, onde lançou a ideia dos experimentos de hibridização de humanos e chimpanzés aos diretores do Instituto Pasteur. Curiosamente, os diretores permitiram que Ivanov utilizasse as instalações da estação de primatas em Kindia, na Guiana Francesa.
Com o apoio francês, Ivanov pediu permissão para sua missão aos bolcheviques. A aceitação dos experimentos e da proposta foi feita com base no fato de que, caso ele gerasse um híbrido, esse seria usado como propagando do partido contra os ensinamentos religiosos e para a libertação dos trabalhadores do poder da Igreja Ortodoxa. Literalmente, o que o partido queria era esfregar na cara dos religiosos um híbrido primata, meio humano, meio chimpanzé, como evidência crucial da teoria evolutiva de Darwin.
A definição de humanos como superiores aos outros animais influenciou diversos pensamentos racistas, classistas e machistas. O estado “degenerado”, também considerado como primitivo ou animal, era visto como um ataque moral à espécie humana. O programa revolucionário socialista tentava aniquilar esses conceitos, destruindo tabus sociais e culturais. Era mais fácil falar em experimentos cruzando espécies dentro desse contexto bolchevique.
O medo de que a Rússia não se industrializasse tão rapidamente quanto o Ocidente tinha como principal razão a falta de cultura e analfabetismo da população, parcialmente causada pelo forte contexto religioso. Assim, a elitização da ciência e principalmente o experimento de hibridização proposto por Ivanov seriam fortes aliados para “iluminar” a população. A ressonância pública de tal híbrido seria uma forma de o comunismo derrotar visões religiosas. Darwin, em particular, tinha um valor político direto como ferramenta de propaganda antirreligiosa. Curiosamente, não existem evidências sobre qualquer discussão a respeito do aspecto ético de tal experimento. Aparentemente, o fato de que os experimentos seriam executados longe da “sociedade civilizada” era suficiente para que as questões éticas e morais fossem deixadas de lado.
No primeiro semestre de 1927, Ivanov, auxiliado por seu filho, já havia inseminado três chimpanzés fêmeas, mas nunca obteve um híbrido. As descrições das inseminações nos animais extraídas do diário de Ivanov mostram claramente o trato brutal com os animais, muitas vezes causado pela pressa em realizar os experimentos, longe do olhar crítico do pessoal que trabalhava na estação e que não tinha a capacidade mental para entender tais experimentos. A natureza do esperma também não é clara. Se por um lado Ivanov havia escrito que esperma de um “negro” poderia funcionar melhor, é possível que tenha usado esperma do próprio filho. A falta de sensibilidade de Ivanov durante os experimentos talvez reflita a necessidade de se distanciar psicologicamente de um bebê híbrido em potencial.
Aparentemente, a razão do fracasso em Kindia foi atribuída ao fato de que os animais usados eram pré-adolescentes, fato desconhecido na época. O financiamento inicial de Ivanov estava chegando ao final, mas ele esperava que, se conseguisse obter ao menos um híbrido, garantiria fundos futuros. Quando seu período terminou, Ivanov levou alguns primatas para Sukhum, uma estação de primatas com clima subtropical no território soviético.
Nessa etapa, Ivanov tentou continuar seus experimentos, mas desta vez usando mulheres voluntárias que seriam inseminadas com o esperma de um orangotango macho, conhecido como Tarzan. Num primeiro momento, Ivanov estaria disposto a fazer os experimentos sem o consentimento das mulheres, mas foi vetado pela Academia de Ciências Russa. A única opção viável seria executar os experimentos com voluntárias.
Interessante notar que, ao mesmo tempo em que a Revolução Russa buscava uma sociedade sem classes, também buscava a igualdade entre os sexos. Mulheres deveriam ter participação política e liberdade para divórcio ou aborto. Milhares de jovens mulheres participavam das campanhas de emancipação promovidas pelo Partido Comunista. E foi nesse contexto que foi anunciada a necessidade de voluntárias para o experimento de Ivanov, o qual buscava mulheres “iluminadas pelo comunismo e livres de tabus supersticiosos”. Ivanov e os cientistas da época ignoravam completamente que uma voluntária poderia se afeiçoar sentimentalmente ao bebê. Por incrível que pareça, Ivanov conseguiu uma voluntária.
Em carta destinada a Ivanov, a voluntária se mostrava desesperada com problemas particulares e só via razão em existir ao servir a ciência. A análise microscópica do esperma de Tarzan mostrou espermatozoides ativos. Infelizmente, Tarzan morreu de forma inesperada de uma hemorragia cerebral. O experimento teve de ser adiado e novos animais foram requisitados.
Ivanov estava numa posição delicada. Se por um lado a revolução cultural russa tornou seus experimentos ideologicamente aceitáveis, por outro o colocava em risco pessoal. Ivanov era considerado um dos “tradicionais especialistas” e corria o risco de sofrer críticas políticas e repressão. De fato, Ivanov acabou sendo acusado e exposto por seus antigos assistentes, um padrão comum usado pelo partido para afastar antigos cientistas que haviam servido à aristocracia.
Os experimentos de Ivanov terminaram quando foi aprisionado pelo serviço secreto russo em 1930, acusado de atividades antirrevolucionárias. Foi liberado no ano seguinte, mas morreu com 61 anos sem ter publicado nada sobre suas tentativas de gerar um híbrido. Documentos referentes a isso ficaram esquecidos em antigos arquivos durante anos.
Até que algum roteirista de Hollywood se interesse pela história, a grande maioria das pessoas não saberá nada sobre os experimentos de Ivanov.
Nas décadas seguintes, diversos pesquisadores propuseram que esses experimentos fossem realizados, mas eles estavam cada vez mais impossíveis do ponto de vista ético: o que aconteceria se o experimento fosse um sucesso? O híbrido seria considerado humano ou animal? Poderíamos usar a definição de “humano” para os híbridos?
Uma vez que os humanos diferem de outros primatas no número de cromossomos, é possível que eventuais híbridos sejam estéreis. Hoje se sabe que, muito provavelmente, a inseminação de esperma humano em outros primatas não resulta em fecundação, pois o esperma humano é imunogênico, sendo atacado prontamente pelo sistema imune de primatas não-humanos. No entanto, o inverso pode não ser verdade. Aliás, hoje em dia a fertilização in vitro poderia, em tese, gerar embriões híbridos em laboratório e implantados diretamente no útero.
Acredita-se que o embrião não conseguiria se desenvolver por muito tempo por causa da incompatibilidade genética. Apesar de termos cerca de 99% de nosso DNA semelhante ao dos chimpanzés, as duas espécies seguiram caminhos evolutivos muito distintos.
Muito provavelmente esses experimentos nunca foram realizados. O sentimento de aversão que surge na maioria das pessoas quando expostas a essa idéia não tem uma explicação clara. Parte disso parece estar ligada a um resíduo na crença de que o material humano é sagrado. Mesmo um dos maiores racistas de todos os tempos, Adolph Hitler, expressou indignação sobre possíveis experimentos de hibridização humana, acreditando que qualquer mistura levaria à degeneração da espécie.
Do ponto de vista cientifico, vejo pouco fundamento em tais experimentos. Mas o fato de que eles foram plenamente justificados por uma sociedade humana é um alerta que faz pensar. Valores morais não são estáticos.
———————-
PS: Aos que desejarem saber mais sobre vida e o legado de Ivanov, recomendo o artigo “Beyond Species: Il’ya Ivanov and his experiments on cross-breeding human with anthropoid apes” – Kirill Rossiianov, Science in Context 15(2), 277-16 (2002).
Espiral
Globo.com-G1
Animação suspensa - Hibernação
Você já passou pela sensação de querer se desligar um pouco? Talvez sua vida estivesse tão complicada que você gostaria de entrar num estado de hibernação, para depois retornar quando tudo estivesse melhor. Ou então optar for ficar congelado enquanto a cura para sua doença não chega?
No filme “Vanilla Sky” (uma refilmagem americana do original espanhol), o protagonista opta pelos serviços de suspensão animada com “sonhos lúcidos” oferecidos por uma firma de biotecnologia, após sofrer um acidente que deforma sua face. Assim, permanecerá em suspensão animada até um futuro quando a tecnologia de reconstrução facial esteja mais avançada. Mas algo dá errado com seus sonhos, e ele tem de chamar a assistência técnica…
Diversos animais são capazes de, literalmente, desligar seu organismo por um tempo utilizando uma flexibilidade metabólica. Assim, conseguem reduzir o metabolismo e os batimentos cardíacos dependendo do ambiente em que se encontram. Essa flexibilidade tem, obviamente, um custo evolutivo, pois essas espécies acabam por ficar vulneráveis durante essa suspensão. Mas e no caso de humanos? Seria possível quebrar esse dogma médico? Relatos de casos isolados de indivíduos que treinaram mente e corpo durante anos para chegar nesse estágio podem ser encontrados na internet. Seria isso fato ou ficção?
Abre tus ojos
No começo de 2001, Erika Nordby, um bebê de apenas 1 ano de idade, saiu engatinhando de sua casa no Canadá durante uma noite gelada de 0 grau Celsius. Quando sua mãe a encontrou congelada, duas horas depois, o coração de Erika tinha parado de bater, sua respiração cessado e sua temperatura corpórea tinha abaixado para 16oC (a temperatura fisiológica do corpo humano é 37oC). Erika foi levada as pressas ao hospital, onde foi ressuscitada e hoje não tem nenhuma sequela do incidente.
Em outubro de 2006, Mitsutaka Uchikoshi, 35 anos, adormeceu enquanto escalava a montanha gelada Rokko, nos arredores de Kobe, Japão. Ele foi considerado morto ao ser resgatado, 24 dias depois do ocorrido, com a temperatura corpórea de 21oC, sem pulsação, sem comida ou água. Entretanto, ao chegar ao Hospital Geral da Cidade de Kobe, algo fantástico ocorreu: Mitsutaka acordou. Mais impressionante ainda, ele não havia sofrido nenhum dano cerebral.
Em maio de 1999, a esquiadora norueguesa Anna Bagenholm ficou submersa em águas geladas por mais de 1 hora, sendo considerada clinicamente morta. Sem batimentos cardíacos, sem respiração e temperatura corpórea de 13oC, ela foi ressuscitada poucas horas mais tarde no hospital (Gilbert, M e colegas. “The Lancet”, 2000).
Tanto o bebê quanto o japonês e a norueguesa foram capazes de driblar a morte entrando em um estado conhecido como animação suspensa, no qual a maquinaria vital reduz sua atividade ao mínimo necessário, mas sem parar completamente. Esse estado é comparável à hibernação em alguns mamíferos e, em geral, é acompanhado de redução da temperatura corpórea ou hipotermia. O estudo desses casos isolados fez especialistas concluir que, em condições especiais, o homem também poderia hibernar.
Ainda que a hipotermia não esteja sendo explorada por completo na medicina, já são conhecidos os benefícios de diminuir a temperatura abaixo de 37 graus Celsius em casos de parada cardíaca na recuperação das funções vitais, evitando danos no sistema nervoso centr
Ovo podre
Essa capacidade de flexibilidade metabólica entre a vida e a morte através da hipotermia chamou a atenção de Mark Roth, pesquisador do Centro de Estudos do Câncer Fred Hutchinson, em Seatle, EUA. Ele queria encontrar uma forma química (consequentemente mais rápida e prática) de induzir o estado de animação suspensa.
Roth refletiu que outra maneira de reduzir a atividade metabólica em mamíferos seria restringindo o consumo de oxigênio (hipoxia). Foi então que ele teve uma ideia, enquanto assistia a um documentário sobre escavações em cavernas no México. Trabalhadores das minas mexicanas tinham de utilizar máscaras constantemente, para se proteger do gás sulfídrico ou sulfeto de hidrogênio (símbolo químico: H2S). Em altas concentrações, esse gás pode matar em minutos, pois bloqueia os receptores de oxigênio das células, que não conseguem mais absorver o oxigênio.
Daí veio a sacada de Roth: o H2S é um produto do metabolismo celular que está naturalmente presente no sangue e só apresenta riscos vitais em altas doses. Se administrado em concentrações mínimas, o H2S teria, em princípio, o potencial de reduzir profundamente a demanda de oxigênio, a ponto de diminuir o metabolismo celular e proporcionar um estado de animação suspensa. Para quem acha que nunca respirou gás sulfídrico, ledo engano… A grande maioria de nós já teve a chance (infelizmente) de sentir o cheirinho desagradável de ovos podres.
Voltando ao Roth, ele imediatamente resolveu expor seus camundongos a baixas concentrações de H2S e foi capaz de induzir até 6 horas de hibernação reversiva. Seus resultados foram publicados na prestigiosa revista “Science” (Blackstone e colegas, 2005) e uma fila de investidores veio bater na porta do seu laboratório. Em pouco tempo, havia acumulado 10 milhões de dólares para financiar seus próximos experimentos.
Pílulas de hibernação
Muito mais do que uma curiosidade biológica, a manutenção do estado de animação suspensa em humanos tem o potencial de ser uma poderosa ferramenta clínica. Desde a publicação original em 2005, a empresa farmacêutica americana Ikaria (nome inspirado na ilha grega cujas fontes sulfurosas foram associadas à medicina regenerativa) reformulou o H2S em líquido injetável que está sendo utilizado nos primeiros testes clínicos.
As aplicações de dessa tecnologia extraordinária podem ser imensas. Imagine se pudéssemos induzir o estado de hibernação em um acidentado enquanto esperamos o socorro que não chega? E soldados em batalha, será que teriam mais chances se ganhassem mais tempo durante o transporte? Ou então para manter pacientes na fila dos transplantes enquanto esperam? Carregaríamos no bolso pílulas de hibernação assim como carregamos aspirinas. Parece ficção científica nos dias atuais, mas talvez não em 50 anos. Lembre-se disso da próxima vez que cheirar ovo podre!
Espiral
Globo.com - G1
Marketing científico
Marketing científico
A divulgação de dados científicos é uma das formas mais comuns de que a sociedade dispõe para se educar a respeito do que se passa nos laboratórios de pesquisa, amplamente financiados com dinheiro público, fortalecendo a confiança da sociedade em seus cientistas.
Quando um resultado científico é divulgado através da mídia, a sociedade acaba por aceitar a informação como correta. Isso porque ela não possui conhecimento suficiente para questionar experimentos sofisticados ou ultraespecializados. Acaba confiando demasiadamente no jornalista e/ou meio de comunicação, assumindo que está lidando com dados científicos, comprovados, revisados e publicados. Infelizmente, hoje em dia essa é uma atitude passiva e não combina com o rápido crescimento do conhecimento gerado através das novas tecnologias.
Um dos problemas é a divulgação de resultados preliminares ou ainda não publicados em revistas científicas de impacto internacional. Em geral, esses dados preliminares estão sempre reportando grandes avanços ou descobertas fenomenais. Infelizmente, a maioria dessas pesquisas acaba por não passar pelo crivo da revisão por pares (forma que os cientistas encontraram de julgar a qualidade de um trabalho científico) e nem chega a ser publicada. Outras acabam por alterar as conclusões originais, invalidando o que foi previamente divulgado.
Quando isso acontece, as conseqüências são sérias.
Cada vez que a mídia divulga algo errado, acaba por abalar a credibilidade de ambos: cientistas e jornalistas. Além disso, pode-se causar pânico ou esperança desnecessária, uma vez que as pessoas começam a imaginar as conseqüências da nova descoberta, como a descoberta de um vírus mortal ou a cura para uma doença. Por último, diria que as agências de fomento ou doadores filantrópicos em potencial podem evitar o investimento em determinada área científica, atrasando o conhecimento. Todo mundo perde.
Em alguns casos, o estrago é difícil de consertar. Vou exemplificar com um caso conhecido e que, apesar de ter sido solucionado cientificamente, ainda não está claro para a sociedade em quem acreditar.
Em 1998, a famosa revista médica inglesa “The Lancet” publicou um artigo de autoria de Andrew Wakefield sobre uma possível ligação entre autismo e a vacina contra sarampo. Essa ligação nunca foi confirmada, e diversos trabalhos científicos foram publicados posteriormente negando qualquer correlação entre vacinação e incidência de autismo. Infelizmente, o mal já estava feito, e os dados preliminares originais foram amplamente divulgados pela mídia inglesa e mundial. Pais assustados com a nova informação deixaram de vacinar seus filhos, aumentando drasticamente o número de casos de sarampo na Inglaterra.
A história tem um apelo quase novelístico, mantendo-se na mídia quase diariamente. Os pais de crianças autistas têm, finalmente, uma explicação conveniente para justificar o desenvolvimento da doença. Alguns até hoje acreditam que essa é realmente a causa, rejeitando qualquer outro dado científico que mostre o contrário. Preferem acreditar que exista uma conspiração mundial para esconder a verdade. A história rende.
Mas não quero passar a impressão que sempre a culpa é do jornalista, que não entende o que, nós, nobres cientistas, querem dizer. Muitas vezes, o cientista também se apóia na mídia.
Esse apoio, em geral, tende a ser saudável, auxiliando a compreensão e digestão das novas descobertas pela sociedade, que passa então a julgar se a pesquisa é relevante ou não. Agências de fomento estimulam, corretamente, os cientistas a divulgar seus dados na mídia. O problema é quando a divulgação acontece antes da publicação ou confirmação dos dados. Essa é uma área cinza e, a meu ver, só existe uma solução: jamais divulgar dados não publicados.
Lembro de um orientador que costumava dizer que dados não publicados simplesmente não existem. É verdade, na ciência é assim. Nos EUA, onde a competição e a massa crítica científica são maiores, isso é levado muito a sério, e a divulgação antes da hora é vista quase como charlatanismo. Além de perder potenciais diretos de patente, o cientista perde o respeito de colegas e da instituição de vínculo que, dependendo do estrago, pode até repreender o pesquisador com a expulsão.
Jornalistas também poderiam adotar medida semelhante, colocando o sarrafo na mesma altura. Aliás, a sociedade poderia elevar o nível e se proteger ao exigir que as matérias de divulgação científica mencionem sempre onde o trabalho foi, ou está, sendo publicado. Reparem que toda grande matéria, ou respeitável jornalista, menciona a publicação dos dados como referência para maiores detalhes, caso o leitor deseje saber mais. Ao perambular pelos dois mundos, eu mesmo tenho me deparado com leitores exigindo as referências corretas das pesquisas que cito nos textos. Os leitores dessa coluna estão corretos e passei a me preocupar ainda mais com isso quando escrevo um texto de divulgação científica.
A excitação com os resultados preliminares é perfeitamente natural, mas não justifica os potenciais danos sociais. Além disso, que lição estaríamos dando aos novos pesquisadores? Que é suficiente ou melhor publicar no jornal ou na TV do que numa revista científica? E aos novos jornalistas? Que pouco importa se o trabalho foi publicado ou não? Que o furo é melhor do que o conteúdo? Infelizmente, tanto jornalistas quanto cientistas são seres humanos, vaidosos, que dividem um medo em comum: o medo da insignificância, de passar desapercebido. A fórmula contra esse medo é achar valor no próprio trabalho. Para os cientistas esse valor pode estar na publicação nas melhores revistas. Para os jornalistas, na matéria imortal.
Globo.com
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