Tristeza — eis uma palavra que só em ouvi-la já nos faz mal!
Dificilmente alguém desejaria sentir-se triste, ou até mesmo passar a imagem pessoal de tristonho ou deprimente.
As
pessoas consideradas felizes desejam mesmo é a imagem perfeita de
“boemia”, de praia e sol com os amigos, de família unida e próspera,
etc.
Não
obstante, não podemos fugir da realidade existencial. Por mais que não
desejemos isto, talvez nós passemos, em algum momento, por fases de
profunda tristeza. Talvez passemos até mesmo por momentos em que
deixemos de acreditar em quase tudo, ou em tudo — que nada mais vale a
pena… O que fazer?
Devemos nos lembrar que todo problema tem uma causa. Com a tristeza não seria diferente.
O
que causa a sua tristeza? Devemos ser objetivos a este respeito.
Notamos que, visto a tristeza ser um estado de espírito (um sentimento),
normalmente possui causas emocionais, provocadas pelas ideias da
mente.
No
entanto, visto o cérebro (a parte física da “alma”) estar totalmente
envolvido com o estado de espírito (todos os sentimentos provém do
cérebro), a tristeza também pode, em alguns casos, ser causada por alterações químicas no organismo.
Mas
a “tristeza química” é fácil de controlar, e passa mais rápido, basta
que se controlem os níveis normais de algumas substâncias necessárias ao
cérebro. Coisa mais difícil de se resolver, porém não impossível, é a
tristeza já comentada anteriormente, isto é, a provocada pelas ideias,
por um processo — um avolumante processo de perda da alegria de viver
resultante da falta de sentido na vida e das falhas ideológicas advindas
de uma sociedade hipócrita e individualista.
Como
podemos contribuir para a diminuição deste tipo de tristeza social?
Lembre-se do que afirmamos: precisamos entender bem o problema e o que
está causando o seu aparecimento, para poder resolvê-lo eficazmente…
Primeiramente, precisamos esclarecer alguns pontos importantes. Por exemplo, o que se entende por tristeza? Você realmente a encara como um estado de espírito ou como um modo de vida?
Esta distinção é importante pelo fato de muitas pessoas confundirem a tristeza com a infelicidade generalizada. Até mesmo a felicidade deve ser entendida como um estado de espírito e não como um modo de vida, ou algo estático.
Charles Chaplin, o conhecido ator, humorista e pensador disse algo que respalda esta nossa ideia: “Estou sempre alegre – essa é a maneira de resolver os problemas da vida.”
Esta
breve frase do artista nos demonstra a relação entre se sentir alegre e
ser feliz, apesar dos problemas. Devemos pensar deste ponto de vista
para não concluirmos que, ao nos encontrarmos em certos momentos de
tristeza, logo somos infelizes…
A
felicidade, na verdade, é formada por variados momentos de alegria.
Além desses momentos de alegria concretos temos também as questões
íntimas, subjetivas e abstratas. Pode ser que alguém que esteja vivendo
momentos de tristeza não tenha a sua “felicidade” pessoal abalada. Isso é
bem interessante, embora um pouco complexo.
Daí, temos o seguinte, que a felicidade depende de
— 1º. momentos alegres
— 2º. atitudes alegres
Mas
do que se trata isto? É o que veremos a partir daqui. Note-se que esta
abordagem sobre a felicidade torna-se extremamente útil para a superação
da tristeza, visto esta estar muitas vezes ligada a questões
ideológicas.
Filosofia de Vida.
No que você acredita? Aquilo no que acreditamos interfere diretamente em como encaramos a vida e as tristezas.
Você se interessa pelo encontro da verdade? ou apenas absorve
ideologias e opiniões alheias de forma resignada e alienante? Cuidado
com isto.
Quando
a pessoa possui autonomia na vida, na forma de pensar e de agir,
automaticamente torna sua vida bem mais prazeirosa e cheia de sentido.
Porém, muitos se perguntam: “No que devemos acreditar? não parece haver
nenhuma verdade no mundo…”
É
verdade, existe mesmo o relativismo. Mas devemos atentar para uma forma
mais ampla de se pensar: a natureza. Como assim? Bem, embora as pessoas
pensem de diversas formas, uma coisa é única: todos nós fazemos parte
da natureza. Desconsiderar este fato resulta sempre em tristeza e
infelicidade.
O ser humano deve ter em mente que todos os seres da natureza possuem características intrínsecas ou inerentes nas quais devem se basear ao rumarem suas vidas.
A formiga constroi formigueiros e vive bem assim; as abelhas, colmeias,
e vivem bem assim; os pássaros, ninhos, e vivem bem assim…
...
E o ser humano? O que diz a natureza a nosso respeito? A natureza nos
diz que fomos capazes de desenvolver a racionalidade e a cultura, dando
sentido às coisas — esta é a nossa “natureza”: sermos racionais e
aprender coisas novas. Daí resulta o fato de a felicidade depender de se
seguir esta natureza humana: aprendizados contínuos e incompletude vitalícia.
Meio ou Modo de Vida. Quem lhe cerca?
Qual é seu meio? São pessoas que lhe fazem bem emocionalmente? Ou são pessoas que lhe oprimem e humilham? A tristeza e a infelicidade muitas vezes estão relacionadas ao meio em que a pessoa vive.
Será que seu modo de pensar harmoniza-se com o meio em que você vive?
Será que as pessoas com quem você vive ou mantém contato gostam
realmente de você como pessoa ou é da imagem que formulam de você, visto
que você procura adaptar-se ao mundo e modo de vida delas?
A
experiência tem mostrado que as pessoas que se sentem um “peixe fora
d’água” em seu próprio mundo jamais se sentem felizes, visto que aqueles
com quem elas têm seus contatos primários fazem parecer estes contatos
como secundários.
O que fazer? Reorganizar seu mundo.
Acha isto difícil? Sim, realmente é mesmo. Mas saiba o seguinte: que
não importa aonda você vá, sempre encontrará pessoas que pensam de forma
bastante semelhante ao seu modo de pensar. São elas que formarão seu
novo círculo de amizades e lhe darão um novo “chão” para o seu mundo.
Procure contatar pessoas que lhe façam bem, não importa quem sejam, e isto reduzirá consideravelmente sua tristeza e infelicidade momentâneas.
Descubra-se a Si Mesmo.
Ao descobrir ou desenvolver uma filosofia de vida e se achegar às pessoas certas para você, logo perceberá que necessita também descobrir quem é você mesmo.
É claro que as ideias que defendemos e aqueles com quem escolhemos andar dizem muito sobre nós: mas pode ser que estejamos fingindo sobre isto.
Nem sempre os nossos amigos são aqueles que desejamos estar entre eles e
nem toda ideia que defendemos é realmente a que acreditamos. Devemos
desenvolver aquilo que realmente somos. Só a partir daí é que as
verdadeiras ideias e amigos surgirão.
Nós devemos ser o que somos, e jamais fingir algo para o agrado dos demais.
Você é homossexual mas tem medo das consequências? Você deseja seguir o
Candomblé mas tem vergonha de seus amigos ou receio do preconceito?
Você é pobre e tem vergonha de sua casa? — todos estes exemplos de
situações da vida são mais comuns do que você talvez imagine! Mas saiba
que jamais alguém terá aquela felicidade íntima, da qual falávamos no
início, se não se encontrar consigo mesmo.
A felicidade vem de dentro para fora, mais ou menos como disse Sócrates, o filósofo grego considerado o pai da Filosofia: “Conhece-te a ti mesmo!”
Mudanças da Vida.
Um
outro ponto importantíssimo para a análise da tristeza das pessoas está
relacionado ao fato delas não saberem ou não reconhecerem que a nossa vida é cheia de mudanças. A instabilidade e as incertezas são coisas que afetam a todos no mundo. Aceite as mudanças da vida!
O
ciclo natural da vida que aprendemos desde os primeiros anos de escola
não trata-se de um mito: todos os seres vivos nascem, crescem, se
reproduzem, envelhecem e morrem. Por que conosco seria diferente? A
única diferença nossa é que nós concebemos estas informações, ao
contrário dos demais seres vivos conhecidos.
Portanto, ao se encontrar em determinada situação, seja ela boa ou ruim, desenvolva a mentalidade de que o que importa é o agora, pois passará.
Se for uma situação boa, aproveite-a; se for uma situação ruim, de
tristeza, saiba que logo passará e que você saberá encontrar novos
rumos, de uma forma ou de outra.
Contato Com a Natureza.
Por
fim, desejamos apenas enfatizar o que já informamos anteriormente: que o
ser humano faz parte da natureza e que deve aceitar as mudanças
provenientes deste fato. Toda a nossa vida é realmente uma aventura
fantástica rumo ao próprio retorno à natureza. A morte parece ser nada
mais do que uma absorção natural do homem pelo Universo.
Leve, portanto, uma vida em consciência com estas informações.
Procure
viver as coisas simples. Planeje sua vida. Como você quer viver sua
vida? Achegue-se cada vez mais às pessoas que importam.
Todos nós fazemos parte de uma coisa maior…