Parlamentar do PT do Rio Grande do Sul diz esperar do novo presidente da
Câmara que ele "atue com isenção, tenha independência e acolha o
recurso do advogado-geral da União contra o impeachment"
por Eduardo Maretti, da RBA
|
Deputado do PP do
Maranhão votou contra o impeachment na sessão do dia 17 de abril na
Câmara. FOTO: GUSTAVO LIMA/CÂMARA DOS DEPUTADOS |
São Paulo – A queda de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da presidência da Câmara e
sua substituição pelo deputado Waldir Maranhão (PP-MA) não agradou a
oposição, que tinha tudo sob controle no encaminhamento do processo de
impeachment de Dilma Rousseff. “A oposição não está satisfeita. Eles
estão assustados”, diz o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS).
Para a situação, e principalmente para a oposição ao governo na Câmara
dos Deputados, os próximos passos de Maranhão são uma incógnita, e é
isso o que incomoda os grupos que trabalham pelo impedimento de Dilma.
O substituto de Cunha votou contra o impeachment na decisão da Câmara no
dia 17 de abril. Ele tem ainda bom diálogo com o governador Flávio Dino
(PC do B-MA), com o qual teria um acordo para a eleição de 2018, na
qual Dino tentaria a reeleição e Maranhão uma vaga ao Senado junto com o
governador.
Pimenta diz esperar de Maranhão uma atuação republicana no cargo que
herdou com a derrubada de Cunha pelo STF. “Espero que ele atue com
isenção, tenha independência, ao contrário do que Eduardo Cunha vinha
fazendo. Que possa tomar medidas a partir do espírito republicano, entre
elas acolher o recurso do advogado-geral da União (José Eduardo
Cardozo) pela nulidade da sessão de 17 de abril para restabelecer o
ambiente de normalidade democrática do país.”
Apesar de reconhecer que a situação é muito difícil para Dilma, Pimenta
diz que ainda é possível reverter o processo. “A lógica, a tendência,
tudo encaminha para isso (a abertura do impeachment no Senado), mas não
podemos desistir de ter uma alternativa. Vamos tentar a nulidade dos
atos em função do afastamento de Cunha, chefe de uma organização
criminosa, que caracteriza o impeachment como uma ação do crime
organizado dentro da Câmara”, afirma o deputado.
Se, num ato inesperado dentro do script já estabelecido, Maranhão decide
acatar o pedido da AGU e anular a sessão do dia 17, todos os demais
atos subsequentes passam a ser nulos, lembra Pimenta.
Em sua página no Facebook, Maranhão postou na tarde de hoje (6) um
pequeno texto que deixou a oposição muito desconfiada: “Na democracia, o
governo é do povo, pelo povo e para o povo. Sou feliz por morar em um
país democrático. E reafirmo minha busca para que cada escolha do povo
brasileiro seja sempre respeitada”, escreveu