Qual tem sido o papel dos grupos religiosos na promoção da candidatura de Jair Bolsonaro no Brasil? Para Frei Betto, famoso teólogo brasileiro entrevistado pela Sputnik, tem sido muito grande; "toda a campanha de Bolsonaro foi montada por setores evangélicos dos EUA; há um grupo de extrema-direita de origem americana, o Instituto Millenium, representada pelo economista Paulo Guedes, que opera no Brasil para organizar e treinar uma geração de jovens de direita muito beligerante"
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10.20.2018
JORNALISTAS DENUNCIAM RECORD POR PRESSIONÁ-LOS A FAVORECER BOLSONARO
Quero ver peitar o Paulo Henrique Amorim
"Em defesa do direito à informação correta e equilibrada na cobertura das eleições, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo repudia as pressões feitas pela direção da Record e exige o respeito à autonomia de apuração e edição dos jornalistas da empresa", aponta nota publicada pelo sindicato; bispo Edir Macedo usa uma concessão pública em favor de seus interesses pessoais
20 DE OUTUBRO DE 2018 Do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo –O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) recebeu denúncias de vários jornalistas da Rede Record – televisão, rádio e portal de notícias R7 – de que estão sofrendo pressão permanente da direção da emissora para que o noticiário beneficie o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) e prejudique o candidato Fernando Haddad (PT). A entidade torna público, como exige seu dever de representação da categoria, o inconformismo desses profissionais com as pressões inaceitáveis e descabidas em uma empresa de comunicação.
A pressão interna para favorecimento do candidato do PSL tem origem no anúncio feito em 29 de setembro passado, pelo bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus, proprietário da emissora, de que passava a apoiar Bolsonaro à Presidência. A partir daí, o noticiário começou a dar uma guinada, ainda antes do primeiro turno eleitoral. Um momento importante foi a entrevista com Jair Bolsonaro levada ao ar em 4 de outubro, no mesmo momento em que sete outros candidatos à Presidência realizavam um debate na TV Globo, com a ausência do líder nas pesquisas.
Outras expressões dessa virada são decisões de não colocar em rede reportagens relevantes – exibidas em afiliadas – barradas na grade de noticiário nacional da emissora, por avaliações de que poderiam prejudicar Bolsonaro ou ajudar Haddad. O portal R7 também passou a ser dirigido a favor do candidato do PSL de forma explícita: por vários dias seguidos, os destaques da rubrica “Eleições 2018” na home se dividiam entre reportagens favoráveis a Bolsonaro e reportagens negativas a Haddad.
As pressões internas pela distorção do noticiário tomaram a forma de assédio a diversos jornalistas. A tensão na redação tornou-se insuportável para alguns profissionais. O fato já foi divulgado por sites jornalísticos.
Concessão pública
Nesta situação, deve-se lembrar em primeiro lugar que um canal aberto de televisão é uma concessão pública outorgada pelo governo federal, o que se subordina às disposições do artigo 5º da Constituição brasileira, inciso XIV, que assegura a toda a população o acesso à informação. No contexto de uma eleição, e no âmbito do jornalismo, isso significa o direito da sociedade a receber uma informação precisa, bem apurada, equilibrada, que contribua para qualificar a compreensão das propostas em jogo e dos compromissos e interesses envolvidos em cada candidatura. Em outras palavras, o cidadão deve ter acesso a uma cobertura eleitoral que valorize o bom jornalismo, reportando os fatos de forma correta, independentemente do candidato envolvido. Isso vale mesmo se o veículo tiver posicionamento político explícito, a favor de quaisquer dos candidatos, o que não deveria interferir em sua função jornalística.
Para balizar a atuação dos profissionais, existe o ferramental próprio da profissão, que inclui o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, no qual o jornalista é orientado a “divulgar os fatos e informações de interesse público” e a não se “submeter a diretrizes contrárias à precisa apuração dos acontecimentos e à correta divulgação da informação”.
É preciso considerar que a Rede Record é uma empresa privada, para a qual a legislação prevê o “poder diretivo” do empregador sobre os funcionários. Isso funciona para o conjunto das relações de trabalho, mas o jornalismo está entre as profissões que exigem relativa autonomia por sua própria natureza (como acontece, por exemplo, com os professores). O compromisso do profissional com o “acesso à informação”, cláusula pétrea da Constituição, deve ser preponderante quando existe um conflito.
O Sindicato dos Jornalistas atua para garantir as prerrogativas profissionais nas relações de trabalho, e busca inserir nas Convenções Coletivas uma “cláusula de consciência”, que diz, resumidamente, que, em “respeito à ética jornalística, à consciência do profissional e à liberdade de expressão e de imprensa”, o jornalista tem o direito de “recusar a realização de reportagens que firam o Código de Ética, violem sua consciência e contrariem a sua apuração dos fatos”. Pela cláusula, o profissional poderia ainda se opor ao uso de material produzido por ele em reportagem coletiva (inclusive para preservar sua relação com fontes) e recusar a associação de seu nome ou imagem a trabalho jornalístico com o qual não queira se associar. As empresas de rádio e televisão recusam-se a aceitar esta cláusula essencialmente democrática, deixando o terreno livre para exercer sobre os jornalistas pressões abusivas, decorrentes de interesses privados que contrariam o direito público à informação.
Repúdio
Em defesa do direito à informação correta e equilibrada na cobertura das eleições, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo repudia as pressões feitas pela direção da Record e exige o respeito à autonomia de apuração e edição dos jornalistas da empresa. Em função da situação, adota ainda as seguintes providências:
a) respeitando a autonomia da Comissão de Ética do SJSP, reforça o pedido para que a direção da Record endosse o “Protocolo Ético para o Segundo Turno das Eleições 2018”, enviado pela Comissão de Ética para a chefia do jornalismo de todas as empresas de comunicação do Estado;
b) solicita uma reunião imediata com a empresa para expressar diretamente sua posição e reivindicar garantias de que as pressões sobre os jornalistas serão interrompidas o quanto antes;
c) insiste desde já com as empresas de rádio e televisão do Estado para que, nas negociações da campanha salarial deste ano (data-base em 1º de dezembro), seja incluída a cláusula de consciência, integrante da pauta de reivindicações;
d) decide inserir as denúncias relativas à Rede Record no dossiê que prepara para entregar ao Ministério Público dos Direitos Humanos sobre a violação de garantias profissionais dos jornalistas no atual período eleitoral; e
e) coloca-se à disposição de todos os jornalistas da emissora para fazer debates, reuniões e adotar todas as medidas necessárias para garantir o respeito à autonomia profissional a que todos os jornalistas, e cada um, têm direito.
São Paulo, 19 de outubro de 2018
Direção - Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo
TEREZA CRUVINEL: ELEIÇÃO TEM QUE SER ANULADA
"Acho que o PDT tem razão. Só a anulação do primeiro turno sanearia este pleito enxovalhado. Mas esperar isso de um Judiciário que nos últimos anos, com sua omissão, fertilizou a terra em que brotou Bolsonaro, seria mais que ingenuidade", diz a colunista, que afirma não esperar muito de Rosa Weber, que hoje comanda o TSE
20 DE OUTUBRO DE 2018
Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil – "Te manca, segura esta banca, que escrupulosa", diz a letra do samba de João Nogueira e Paulo César Pinheiro imortalizado na voz de Elis Regina.
Vem-me a música porque todo mundo neste momento está com o sentido em uma Rosa, a ministra Rosa Weber, presidente do TSE, esperando respostas rápidas e contundentes para o que foi demonstrado pela reportagem da Folha de São Paulo: o primeiro turno foi viciado pela avalanche de fake news, contratada por empresários para favorecer Bolsonaro.
E se nada for feito, o crime contra a democracia vai se repetir no dia 28.
A ministra inicialmente marcou para amanhã uma entrevista coletiva em que anunciaria as providências. A presidente do PT, Gleisi Hoffman e o ex-candidato Guilherme Boulos, do PSOL, fizeram pesadas críticas à falta de pressa da ministra.
As reações da sociedade foram intensas, com um bombardeio de mensagens através dos e-mails e das redes sociais do tribunal, cobrando providências.
Um elenco de atrizes, Sônia Braga na dianteira, havia gravado e divulgado vídeos cobrando uma resposta mais rápida de Rosa. A pressão ficou insuportável.
Para atenuá-la, ontem à noite o corregedor do TSE, ministro Jorge Mussi, anunciou a abertura de investigação sobre o caso, atendendo parcialmente ao PT. Bolsonaro será notificado e terá cinco dias para se explicar.
A Polícia Federal também abrirá investigações a pedido do Ministério Público.
Mas de que servirá um depoimento de Bolsonaro na sexta-feira, antevéspera do segundo turno?
Já sabemos o que dirá: desconhece o fato e não pode controlar empresas apoiadoras.
O que poderia garantir que a máquina de mentiras será detida seria a aplicação das medidas cautelares pedidas pelo PT, mas elas não foram acolhidas pelo corregedor.
Entre elas, a realização de busca e apreensão nas agências disparadoras de pacotes de calúnias, a quebra de seus sigilos bancário, fiscal e telemático e a determinação do bloqueio dos disparos.
Muito mais fez o próprio Whatsapp: ainda que tenha sido conivente, como deve ter sido, a plataforma buscou reduzir os danos de imagem, notificando as agências que venderam o serviço de disparar mentiras contra o PT e seu candidato: Quickmobile, Yacows, Croc services e SMS Market.
Proibiu a prática e baniu contas a elas vinculadas.
Mas o Brasil precisa saber também quanto ganharam, quais foram as empresas que pagaram, qual foi a orientação para selecionar os destinatários.
Foi entre os mais pobres, entre as mulheres e até ligeiramente entre nordestinos que Bolsonaro cresceu nas horas finais que antecederam o primeiro turno, saindo das urnas com vantagem sobre o adversário que as últimas pesquisas não haviam registrado.
O Brasil democrático precisa ter pelo menos a garantia de que esta operação poderosa, com ramificações internacionais, destinada a manipular a vontade popular, foi paralisada. E para isso, é necessária uma determinação do TSE.
Na entrevista coletiva de amanhã, a ministra precisa apresentar providências mais efetivas.
Acho que o PDT tem razão. Só a anulação do primeiro turno sanearia este pleito enxovalhado. Mas esperar isso de um Judiciário que nos últimos anos, com sua omissão, fertilizou a terra em que brotou Bolsonaro, seria mais que ingenuidade.
COM MEDO DA PF, EMPRESAS AGORA ESCONDEM APOIO A BOLSONARO
Depois da descoberta de que vários empresários financiaram ilegalmente a campanha de Jair Bolsonaro, apoiando uma rede de propagação de mentiras pelo whatsapp, o tom passou a ser mais cauteloso no meio corporativo; a ordem agora é de cautela, evitando exposição, para tentar não ser alvo de um inquérito da Polícia Federal, como solicitado pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge; além disso, os empresários que deram apoio declarado a Bolsonaro no primeiro turno também temem que, diante da falta de propostas do candidato, venham a ser associados como corresponsáveis por uma crise ainda maior que a atual em um eventual governo do PSL
20 DE OUTUBRO DE 2018
247 - O empresariado que vinha declarando abertamente seu apoio à candidatura de extrema direita de Jair Bolsonaro (PSL) mudou de atitude em razão da repercussão da denúncia de que empresas de vários setores estariam bancado uma campanha milionária para atacar o adversário do campo democrático, Fernnod Haddad, e o PT. A ordem agora é de cautela, evitando exposição, para tentar não ser alvo de um inquérito da Polícia Federal, como solicitado pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge.
Dentre os empresários que passaram a adotar um tom mais moderado no apoio a Bolsonaro estão nomes como o acionista da construtora Tecnisa Meyer Nigri, Flávio Rocha, da rede varejista Riachuelo, o dono da rede Centauro, Sebastião Bomfim, e o da locadora Localiza, Salim Mattar. Para estes, segundo a Folha de S. Paulo, continua prevalecendo o temor de que a reforma trabalhista, feita por Michel Temer e que suprimiu direitos dos trabalhadores, seja derrubada caso o candidato do campo democrático, Fernando Haddad (PT), vença o segundo turno da eleição presidencial.
Além disso, os empresários que deram apoio declarado a Bolsonaro também temem que, diante da falta de propostas do candidato do PSL, venham a ser associados como corresponsáveis por uma crise ainda maior que atual, em um eventual governo. Nesta linha, a exceção continua sendo o empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas de departamento Havan. Ele, que já foi multado em R$ 10 mil pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), diz ser um dos poucos que "não têm medo de dizer o que pensa".
A Havan foi citada na reportagem que apontou que empresas estão comprando pacotes milionários de disparos pelo aplicativo Whatsapp contra Haddad, o que é vedado pela Justiça Eleitoral, além de configurar crime de caixa 2.
10.19.2018
ARTISTAS E INTELECTUAIS CONVOCAM PARA A VIRADA DEMOCRÁTICA
Dezenas de artistas e intelectuais se unem contra a amaça que ronda o futuro do País e assinam um manifesto contra a candidatura de alguém que "defende a quartelada, renega os horrores da ditadura, aplaude a tortura"; "Não há espaço nem tempo para a omissão. Ser omisso diante do perigo que nos ameaça significa, em termos concretos, concordar com essa ameaça", afirmam; entre os signatários estão Emir Sader, Leonardo Boff, Chico Buarque, Maria Thereza Goulart e Marieta Severo; confira a íntegra
19 DE OUTUBRO DE 2018
247 - Assim como intelectuais estrangeiros e juristas, um grupo de dezenas de intelectuais e artistas brasileiros se uniram para assinar um manifesto contra a amaça que ronda o futuro do País no próximo dia 28 de outubro, data da votação do segundo turno. Os autores se colocam contra a candidatura de alguém que "defende a quartelada, renega os horrores da ditadura, aplaude a tortura" e afirmam que "não há espaço nem tempo para a omissão. Ser omisso diante do perigo que nos ameaça significa, em termos concretos, concordar com essa ameaça".
Leia a íntegra e confira as assinaturas:
"A hora é agora, a hora é já. Não se trata de uma ameaça no horizonte: a ameaça está ao alcance da mão.
É urgente unirmos nossas forças e intensificar nossos esforços. Mais do que nunca, é preciso união. Afinal, os riscos que este país corre são infinitamente maiores do que as distâncias e divergências que nos separam.
Não se trata apenas de defender uma candidatura: trata-se de defender o nosso país, o nosso futuro, o futuro dos nossos filhos e netos. Defender a democracia, defender cada um de nós.
Ou nos unimos com urgência absoluta, ou naufragaremos todos no breu de um mar sem fundo.
Diante da intolerância, da incitação ao autoritarismo e à violência, do racismo, da misoginia, da homofobia, da mentira, mais do que opção, a união de todas as forças verdadeiramente democráticas é um dever.
Não há espaço nem tempo para a omissão. Ser omisso diante do perigo que nos ameaça significa, em termos concretos, concordar com essa ameaça. Significa resignar-se por antecipado a tempos de breu que serão trazidos pelas mãos de quem defende a quartelada, renega os horrores da ditadura, aplaude a tortura.
Ainda há tempo de recuperarmos o que perdemos e tornar a avançar rumo ao futuro. Depende de nós, de nossa capacidade de compreender e transmitir as dimensões tremendas do perigo que nos ameaça."
Leonardo Boff
Chico Buarque
Fernando Morais
Eric Nepomuceno
Emir Sader
Marieta Severo
Aderbal Freire Filho
Silvia Buarque
Chico Diaz
Silviano Santiago
Ricardo Lodi
Maria Thereza Goulart
Denise Goulart
Silvio Tendler
Jose Luiz Fiori
Walter Carvalho
Murilo Salles
Sergio Augusto
Maria Lucia Rangel
Lucia Murat
Jose Joffilly
Dayse Xavier
Regina Zappa
Martha Alencar
Luiz Fernando Balbi
Luis Fernando Lobo
Tuca Lobo
George Sauma
João Pedro Zappa
Lia Gandelman
Luis Carlos Lacerda
Rapahel Padula
André Lazaro
Gaudencio Frigotto
Zacarias Gama
Helena Bocayuva
Margarida Cavalcanti
Lulu Correa
Clea Bessa
Tereza Trautman
Emilia Silveira
Chico Buarque
Fernando Morais
Eric Nepomuceno
Emir Sader
Marieta Severo
Aderbal Freire Filho
Silvia Buarque
Chico Diaz
Silviano Santiago
Ricardo Lodi
Maria Thereza Goulart
Denise Goulart
Silvio Tendler
Jose Luiz Fiori
Walter Carvalho
Murilo Salles
Sergio Augusto
Maria Lucia Rangel
Lucia Murat
Jose Joffilly
Dayse Xavier
Regina Zappa
Martha Alencar
Luiz Fernando Balbi
Luis Fernando Lobo
Tuca Lobo
George Sauma
João Pedro Zappa
Lia Gandelman
Luis Carlos Lacerda
Rapahel Padula
André Lazaro
Gaudencio Frigotto
Zacarias Gama
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