Fim da menstruação exige cuidados extras
A menopausa
não marca apenas a última menstruação espontânea da mulher e o início
ao período não reprodutivo, também chamado de climatério. Nessa fase, o
corpo feminino passa por modificações hormonais, como o encerramento
gradual da produção de estrogênio pelos ovários, até que estes órgãos
parem de funcionar. Algumas dessas mudanças podem facilitar o
aparecimento de doenças, como osteoporose, e por isso o acompanhamento médico é fundamental.
A chegada da menopausa ocorre em média aos 51 anos, mas pode variar
entre os 45 e 55. A transição entre o período reprodutivo (que vai da
primeira até a última menstruação) e o climatério caracteriza-se pelo
surgimento de alguns sintomas, como fluxo menstrual irregular,
eventualmente mais intenso, e intervalos longos entre os sangramentos.
Outros sinais são as famosas ondas de calor, suores noturnos,
ressecamento vaginal, que pode contribuir para a redução do desejo
sexual, irritabilidade, depressão e diminuição da atenção e memória.
Segundo a Dra. Carla Vanin, ginecologista com especialidade em
climatério, a menopausa é diagnosticada depois que a mulher permanece
por um período de 12 meses sem qualquer sangramento. Alguns fatores
podem interferir na sua chegada, como estresse, uso de medicamentos
contra depressão e tabagismo. O vício no cigarro, por exemplo, provoca
morte celular e acelera o desaparecimento dos folículos ovarianos, o que
resulta na antecipação da menopausa em até três anos.
Hormônios
A modificação na produção hormonal, principalmente de estrogênio,
contribui para o surgimento de algumas doenças. Entre elas está a
osteoporose, caracterizada pela perda de cálcio nos ossos, deixando a
pessoa mais vulnerável a fraturas. Outros efeitos na saúde são aumento
do colesterol e da possibilidade de ter problemas cardiovasculares.
Alguns tratamentos com hormônios ajudam a prevenir essas doenças e a
melhorar a qualidade de vida. De acordo com dra. Carla Vanin, a
Sociedade Norte-Americana de Menopausa (NAMS, na sigla em inglês) sugere
que a terapia hormonal (TH) seja ministrada o mais próximo possível do
início da menopausa, mas somente quando indicada para tratar sintomas
relacionados ao climatério. Assim, diminuiriam os riscos relacionados à
TH, como problemas cardiovasculares e tromboses.
Além disso, a terapia deve ser usada na menor dose e pelo menor
período possível. “Sabe-se que após cinco anos de uso da TH na
menopausa, existe um risco pequeno mas maior de a mulher desenvolver
câncer de mama”, explica a médica. “Apesar da TH tratar ou reduzir o
risco de incidência de algumas doenças, tais como osteoporose ou
fraturas, atualmente ela não é a primeira escolha para estes
tratamentos.”
Outra possibilidade de controle dos sintomas da menopausa é manter
hábitos saudáveis, como realização de exercícios físicos, adoção de uma
alimentação balanceada e variada, com baixo teor de gordura, ingestão
moderada de álcool e evitar fumar. “O exercício físico diminui a
intensidade dos sintomas vasomotores e previne os cânceres de mama e de
endométrio. Além disso, contribui para o controle do peso, reduzindo as
chances de surgirem doenças cardiovasculares e protegendo a massa
óssea”, diz a ginecologista.
Além das famosas e desagradáveis ondas de calor e do ressecamento vaginal, o fim das menstruações traz consequências para a pele da mulher. As mudanças mais comuns são ressecamento, afinamento e aparecimento de rugas.
Isso é influenciado por alterações hormonais características
desse período, chamado de climatério (a transição entre a fase
reprodutiva e a não reprodutiva da mulher). O corpo para gradualmente de
produzir estrogênio, hormônio relacionado a substâncias que dão firmeza
e elasticidade à pele.
Estudos indicam, por exemplo, que nos primeiros cinco anos após a
menopausa (última menstruação) a pele da mulher perde cerca de 30% do
colágeno – proteína que assegura a firmeza da derme. Depois desse
período, a perda continua gradualmente. Além disso, níveis baixos de
estrogênio reduzem a produção de oleosidade pelas glândulas sebáceas.
Com menos colágeno e elastina (que, como o nome sugere, estimula a
elasticidade dérmica), a pele fica mais fina e frágil e tende a deixar
mais evidentes os sinais de envelhecimento, como as rugas. A redução da
espessura da pele também contribui para o surgimento de irritações e
mesmo de manchas.
Tratamento
"Cuidados
preventivos sempre são importantes para deixar a superfície cutânea o
mais livre possível de alterações", diz o dermatologista Renato Bakos,
doutor pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, membro da
Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Alemã de Pesquisa em
Dermatologia.
Entre as medidas preventivas estão o uso de
protetores solares, que evitam o envelhecimento cutâneo causado pelos
raios ultravioletas, e a aplicação de hidratantes corporais e faciais
para diminuir o ressecamento natural da pele durante o climatério.
"Uma
alimentação saudável faz bem a todos os sistemas do corpo humano,
certamente a pele também se beneficiará", acrescenta dr. Bakos. Antes da
chegada da menopausa, outra forma de prevenção é evitar o acúmulo de
exposição solar na superfície cutânea.
"A terapia do
rejuvenescimento da pele pode ser feita por meio da aplicação de cremes
contendo, por exemplo, ácidos com ação reparadora ou substâncias
antioxidantes. Além disso, há uma série de outros tratamentos, como
aplicações de peelings, laser, toxina botulínica e preenchimento",
explica dr. Bakos.
Em alguns casos, também pode ser recomendado o uso de estrogênio via oral ou tópico.
O objetivo é evitar a perda de colágeno e elastina e, inclusive,
estimular sua produção. Mesmo mulheres que já apresentam efeitos do
climatério na pele podem reduzi-los por meio da administração hormonal.
Uma pesquisa feita com mulheres e publicada na revista Canadian Family
Physician revelou que “não saber o que esperar” era o pior a respeito da
menopausa. Contudo, as mulheres que vieram a entender que a menopausa é
uma transição natural sentiam-se “menos ansiosas, deprimidas e
irritadiças e com mais esperança na vida”. A maioria das mulheres chega à
menopausa entre os 45 e os 50 anos.” Para algumas mulheres, o fim da
menstruação ocorre de repente; termina um período menstrual e outro
jamais ocorre. Quando e por que acontece? Hereditariedade, doenças,
estresse, medicações e cirurgias podem influir na ocorrência da
menopausa. Na América do Norte, a idade média em que isso acontece é por
volta dos 51 anos. O período de ocorrência em geral vai dos 40 até uns
55, raramente antes ou depois disso. As estatísticas indicam que as
fumantes tendem a ter a menopausa mais cedo e as de peso mais elevado,
mais tardia. No nascimento, os ovários da mulher já contêm todos os
óvulos que ela terá pelo resto da vida. Durante cada ciclo menstrual, de
20 a 1.000 óvulos amadurecem. Daí um, ou às vezes mais de um, é
liberado do ovário e fica disponível para fecundação,os demais se
desintegram. Também, na maturação de óvulos, os níveis dos hormônios
estrogênio e progesterona regularmente aumentam e diminuem. À medida que
a mulher chega aos 40, os níveis de estrogênio e de progesterona
começam a baixar, gradual ou irregularmente, e a liberação de óvulo
talvez não mais ocorra a cada ciclo. Os períodos menstruais ficam menos
regulares; o fluxo menstrual muda de padrão, tornando-se mais escasso ou
mais abundante. Por fim nenhum óvulo é liberado e os períodos
menstruais terminam. A última menstruação é o clímax de um processo de
mudanças nos níveis hormonais e na função ovariana que pode ter levado
uns dez anos. Contudo, quantidades menores de estrogênio continuam a ser
produzidas pelos ovários por 10 a 20 anos depois da menopausa. As
glândulas supra-renais e as células adiposas também produzem estrogênio.
Os tecidos sensíveis à ação do estrogênio, ou que dele dependem, são
afetados à medida que seu nível abaixa. Acredita-se que as ondas de
calor resultem de efeitos hormonais na parte do cérebro que regula a
temperatura do corpo. Não se sabe exatamente como isso funciona, mas
parece que o termostato do corpo é ajustado para baixo, de modo que as
temperaturas antes consideradas confortáveis de repente se tornam
quentes demais, e o corpo passa a produzir calor e a transpirar para se
esfriar.Metade das mulheres que terão ondas de calor começarão a
senti-las enquanto ainda estiverem menstruando normalmente, já a partir
dos 40 anos. Estudos mostram que a maioria das mulheres sente ondas de
calor por dois anos. Um quarto delas por cinco anos. E 10% pelo resto da
vida.” Nesse período da vida da mulher, os tecidos vaginais ficam menos
espessos e menos úmidos, com a diminuição dos níveis de estrogênio.
Outros sintomas que as mulheres sentem, podem incluir “suores noturnos,
insônia, incontinência, súbito inchaço na região abdominal, palpitações,
choro sem razão evidente, explosões de temperamento, enxaquecas,
comichões, formigamentos [e] lapsos de memória”.
A diminuição do estrogênio causa depressão? É uma questão muito
debatida. A resposta parece ser positiva no caso de algumas mulheres,
como as que já experimentavam alterações de humor antes de seus períodos
menstruais e as que sofrem de privações de sono por causa de suores
noturnos. Mulheres neste grupo parecem ser muito sensíveis aos efeitos
emocionais das flutuações hormonais. Sintomas mais graves provavelmente
sentem as mulheres que entram na menopausa abruptamente, em resultado de
radioterapia, quimioterapia ou remoção cirúrgica de ambos os ovários.
Esses procedimentos podem causar uma queda súbita nos níveis de
estrogênio e, com isso, a manifestação de sintomas menopáusicos. Nestes
casos pode ser prescrita a medicação de reposição de estrogênio,
dependendo da saúde da mulher. A severidade e o tipo de sintomas variam
muito de mulher para mulher, mesmo entre as aparentadas entre si. Isto
se dá porque os níveis hormonais diferem de uma mulher para outra e
declinam a índices variados. A época da menopausa muitas vezes coincide
com outras circunstâncias estressantes na vida da mulher, tais como
cuidar de pais idosos, entrar no mercado de trabalho, ver os filhos
crescer e sair de casa e outros ajustes da meia-idade. Essas tensões
podem provocar sintomas físicos e emocionais, como perda de memória,
dificuldade de se concentrar, ansiedade, irritabilidade e depressão, que
podem erroneamente ser atribuídos à menopausa. A menopausa não é o fim
da vida produtiva da mulher — é apenas o fim de sua vida reprodutiva.
Depois de seu último período menstrual, seu estado de espírito em geral é
mais estável. Embora se esteja focalizado o fim da menstruação por ser
uma mudança óbvia, esta é apenas uma manifestação do processo de
transição em que a mulher deixa a fase reprodutiva de sua vida. A
puberdade, a gravidez e o parto também são fases de transição
acompanhadas de mudanças hormonais, físicas e emocionais. A menopausa,
portanto, é a última, mas não a única, fase de mudanças por indução
hormonal na vida de uma mulher. Assim, a menopausa é um estágio na vida.
Animadoramente o fim da fertilidade da mulher é tão natural e
inevitável como foi o seu começo preordenado. Chegar à menopausa é
realmente um indicativo de boa saúde — um sinal de que o relógio interno
do organismo está funcionando bem.