Ex-presidente Lula disse nesta terça-feira 24, em evento com
sindicalistas em São Bernardo (SP), que a economia só voltará a crescer
com a recuperação da democracia, o que inclui eleições diretas, e com
presença forte do Estado, o que exige credibilidade; "Credibilidade você
só conquista com um governo eleito pelo povo", disse; "Ou a gente
recupera a democracia, ou a gente volta a eleger um presidente da
República, ou não vamos ver a economia voltar a crescer", declarou;
sobre a economia, Lula disse que "temos de agir com certa anormalidade.
Temos autoridade moral e política de apresentar uma proposta
alternativa", uma proposta "contundente", mas que também não seja o
"tudo ou nada"
Por Vitor Nuzzi, da Rede Brasil Atual
A economia só voltará a crescer com a recuperação da democracia, o
que inclui eleições diretas, e com presença forte do Estado, o que exige
credibilidade, afirmou nesta terça-feira (24) o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva. "Credibilidade você só conquista com um governo
eleito pelo povo", disse Lula a uma plateia de sindicalistas,
principalmente do setor metalúrgico, para acrescentar que o atual
governo "deu o golpe exatamente para fazer o que vocês não querem". "Ou a
gente recupera a democracia, ou a gente volta a eleger um presidente da
República, ou não vamos ver a economia voltar a crescer."
Ao contar que se reuniu ontem com um grupo de economistas, o
ex-presidente disse que é preciso apresentar uma proposta alternativa,
considerando o momento instável do país. "Temos de agir com certa
anormalidade. Temos autoridade moral e política de apresentar uma
proposta alternativa." Uma proposta "contundente", disse Lula, mas que
também não seja o "tudo ou nada".
Seja qual for a proposta, o Estado tem de ser central, ressaltou
Lula. "O governo tem de ser o motor de arranque. Se não for o Estado, é
ninguém. O Itaú não empresa dinheiro a longo prazo, o Bradesco não
empresta dinheiro a longo prazo. Quem empresta dinheiro a longo prazo é o
Estado, o banco de desenvolvimento. O Estado tem a obrigação de acionar
a máquina."
Ele afirmou ver uma discussão "um pouco invertida" nos jornais sobre
seu governo, que teria cometido um equívoco ao sustentar um modelo
econômico baseado no consumo. "Quero que alguém me diga qual é o
empresário que vai fazer investimento se não tiver consumo? Quem vai
plantar batatinha se não tiver consumo de batatinha?", questionou o
ex-presidente, reafirmando que o país precisa "conquistar o direito de
ter um presidente legitimamente eleito pelo voto".
Pito no Meirelles
Para Lula, mesmo com algum aumento da dívida pública, o Estado tem de
ajudar a impulsionar a economia por meio do investimento em
infraestrutura e do aumento do crédito, em vez de aplicar uma política
de cortes, como o atual governo – mas observou que isso exige
credibilidade, que vem do respaldo eleitoral. Ele voltou a citar a
diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine
Lagarde, que recentemente, diante do ministro da Fazenda brasileiro,
Henrique Meirelles, disse que a prioridade das políticas econômicas deve
ser o combate à desigualdade social. "Nossa companheira francesa deu um
pito no Meirelles", ironizou. Na sexta-feita (20), Lula havia dito em
evento do PT que o FMI, comparado a Temer, é "esquerda porreta".
O ex-presidente também observou que houve erros no governo Dilma,
como a política de desonerações, muito mais ampla do que em sua gestão.
Assim, uma política destinada a manter o nível de emprego e as políticas
sociais acabou causando problemas. "A caixa foi ficando vazia. A gente
não olhou corretamente", comentou Lula, que participou de debate
promovido pela Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM-CUT).
Ele criticou ainda a Operação Lava Jato, não pelo combate à
corrupção. "Não estamos levando a sério o que a chamada Operação Lava
Jato está fazendo com a economia brasileira. Segundo várias informações,
o efeito chega a 2,5% do PIB." Vendo interesses estrangeiros em jogo,
Lula afirmou que a elite brasileira ainda padece do complexo de
vira-lata. "Não estou preocupado com aqueles que devem 300 reais, estou
preocupando com aqueles que devem bilhões e não pagam, com o prejuízo à
economia com aquela operação (Lava Jato)."
E reafirmou que seu governo conseguiu derrubar alguns tabus. "Era
possível aumentar as exportações e o mercado interno. Provamos que era
possível trabalhar as duas políticas. Era possível aumentar o salário
mínimo e ter aumento real de salário sem aumentar a inflação. Nos meus
oito anos de mandato, a inflação ficou dentro da meta estabelecida."
"É hora de gritar", disse o ex-presidente, pedindo aos sindicalistas
que se preparem. "Não sei se vocês estão fazendo ginástica. Eu corri 10
quilômetros hoje."