8.03.2020

Como funciona a máquina fascista

(Do The Intercept Brasil)
Talvez a maioria de vocês nunca tenha ouvido falar em Qanon (pronuncia-se “kiu anon”). Explico brevemente: Qanon é uma teoria da conspiração que apareceu em 2017 em um fórum de internet. Ela foi postada por um usuário chamado apenas “Q”. A referência à letra seria porque esse usuário anônimo (e daí vem o “anon” do nome) teria acesso privilegiado a informações de segurança nacional por meio do Q Clearance Patriot, um grau de hierarquia que permite acessar os mais altos segredos do Departamento de Energia dos Estados Unidos da América – que cuida, entre outras coisas, de parte do programa nuclear americano.
No fórum, Qanon declarou basicamente que Donald Trump descobriu um plano secreto de dominação mundial que envolveria gente como Obama, os Clintons e George Soros, artistas de Hollywood, jornalistas, banqueiros e políticos do mundo todo que estariam interessados em suplantar os governos nacionais e controlar a humanidade.
Essa gente toda, também, faria parte de uma seita mundial que praticaria o satanismo e a pedofilia. Eu sei que vocês estão achando isso uma loucura (e é) mas também podem estar cometendo o erro fundamental que espertalhões esperam que vocês cometam: parar de ler este texto e ignorar isso tudo como sendo ‘coisa de doido’. É aqui que a gente morre. Essa teoria não é só coisa de doido.
Ela tem efeitos práticos nefastos na vida pública e – é sobre isso que eu quero falar – chegou com força no Brasil. Quer ver? No domingo passado eu falei sobre Qanon nas minhas redes, em como a pedofilia estava sendo usada como arma de destruição de reputações e mostrando que os perfis na internet que espalhavam isso faziam também – e aqui vocês fazem cara de espanto como se não soubessem o que vou escrever em seguida – propaganda para Jair Bolsonaro.
Nos dias seguintes, Xuxa, Luciano Huck e Felipe Neto foram chamados de pedófilos pelas hordas criminosas da extrema-direita brasileira. Não por acaso, todos, cada um a seu modo, haviam se posicionado contra Bolsonaro. Na sequência, foram imediatamente acusados sem provas.
Eu recebi pelo zap, por exemplo, um trecho do vídeo erótico da Xuxa, aquele filme dos anos 80 (um filme de ficção, pra deixar bem claro). Perguntei para o meu contato o que era aquilo. Ele me disse apenas que era um vídeo "atual" (mentira) e logo desandou a falar sobre pedofilia e esquerda.
Na mesma semana, um perfil com milhares de seguidores no Twitter e que administra um grupo de Telegram com quase 40 mil pessoas (não darei o link) afirmou o seguinte: “🌪🌪🌪🇧🇷 STORM BRASIL...!!!! A HORA DE VCS ESTÁ CHEGANDO!!! O Min.@AmendoncaMJSP entra em ação contra PEDOFILIA! A SEOPI (sec. operações integradas) já tem os nomes de mais de 500 investigados, inclusive ex direitos humanos e atuais membros da ONU aqui no Brasil. A Min. @DamaresAlves está dando todo o suporte nas investigações e atuando em Brasília.” O link da tal investigação contra pedófilos levava a uma notícia que nada tinha a ver com o tema: tratava de um aparato de espionagem com andar, falar e feder de clandestino, montado por ninguém menos que o Ministério da Justiça. Para além do escândalo dessa montagem de dossiês contra militantes antifascistas (o Ministério da Justiça admitiu que monitorou servidores contrários ao governo e o MPF pediu explicações sobre essa aberração), não há uma linha sequer sobre pedofilia na notícia. Em apenas um tuíte, essa conta acusou mais de 500 pessoas de fazerem parte de um grupo de pedófilos sem nenhuma prova. Até agora, os ministros André Mendonça e Damares Alves deixaram que isso prosperasse sem desmentir o tuiteiro e as milhares de pessoas que espalharam isso pela internet. É preciso que o MP investigue o espelhamento do Qanon no Brasil, inclusive dentro desses ministérios. Com a ajuda dos nossos seguidores, eu consegui derrubar o financiamento coletivo que rendia R$ 6,5 mil por mês ao dono da conta no Twitter responsável por espalhar a mentira. A maquininha de fazer dinheiro estava hospedada na plataforma Apoia-se. Sabem o tuiteiro fez? Migrou pro nosso já conhecido – pelos piores motivos – Vakinha! Eu alertei publicamente o Vakinha na quinta-feira, dia 30, quando a arrecadação de dinheiro estava no começo.
Leandro Demori

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8.02.2020

Bolsonaro é “Confuso e incompetente” (Caetano Veloso)

O cantor Caetano veloso criou uma grande polemica ao criticar fortemente o presidente Jair Bolsonaro em entrevista ao jornal Britânico The Guardian. O cantor disse que o presidente é confuso e incompetente, e que seu governo tem sido um pesadelo. O cantor também comparou o atual governo com a ditadura militar. Falou sobre o que pensa sobre a pandemia, ataques ao setor cultural e diversos outros temas que estão ligados a atual situação do pais que nas palavras dele esta sendo um verdadeiro “pesadelo”. Publicidade Segundo o jornal, Caetano Veloso afirmou em entrevista que teme que algo possa acontecer, pois ele pensa que o grupo de apoiadores do Bolsonaro, que ele descreveu sendo um “grupo ultra reacionário” não deixarão o governo facilmente. O cantor também afirmou que, esses últimos messes aqui no Brasil tem sido um “pesadelo absoluto, uma loucura”, e que a grupos de extrema direita que querem estabelecer uma nova ditadura no país. O jornal Britânico destacou que mesmo com a diferença de 50 anos entre ditadura e o governo atual, ainda existem ecos perturbadores. E em resposta a isso Caetano Veloso disse: “Não podemos afirmar que o Bolsonaro não é o Brasil. Ele é parecido sim com os Brasileiros que conheço. Na verdade é parecido muito com o Brasileiro médio. A capacidade dele e do bando dele de permanecer no poder depende muito de enfatizar essa identificação com o brasileiro normal”. O cantor também afirmou que após o dia 1° de janeiro quando o governo Bolsonaro entrou em cena, nada tem sido apresentado além de “insanidade”. Disse também que o executivo não fez absolutamente nada desde que o governo tomou posse. A respeito da pandemia do coronavírus e de como o presidente Bolsonaro tem se comportado diante do vírus ele disse: “É totalmente bestial. Ele mantem a mesma posição mesmo sendo infectado. Ele nem se comportou como Boris Johnson, que decidiu mudar de opinião depois que foi infectado”. LEIA TAMBÉM: Allana, suposta amante de Thiaguinho fala na cara e envolve a Fernanda "Nunca" O cantor comentou no final da entrevista que, mesmo com todos esse momentos péssimos que o pais esta vivendo ele continua “otimista” em relação ao Brasil. Fonte: Correio Brasiliense