9.15.2018

O ridículo candidato Bonner, envergonha a classe dos jornalistas



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William Bonner parte para o ataque na entrevista-interrogatório com o candidato presidencial do PT. Mais de 60% do tempo ocupado com perguntas, ilações e opiniões. Só ele interrompeu Fernando Haddad 53 vezes.

Não sei qual é o Brasil que William Bonner quer ver, mas certamente não é um em que Fernando Haddad possa responder às suas perguntas. A última da série de entrevistas com presidenciáveis feitas pelo Jornal Nacional (Assista aqui) – abrindo o telejornal e antes que fosse mostrada a pesquisa Datafolha que confirmou o candidato do PT em forte ascensão, já empatado em segundo lugar com Ciro Gomes (mais que triplicando suas intenções de voto de 4% em 22/08 para 13% em 14/09) -, teve jeito de interrogatório. Pior. Dos 27 minutos de entrevista – assisti diversas vezes para cronometrar -, 16 minutos foram com perguntas e interrupções de William e Renata Vasconcellos, sua parceira de palco. 16 minutos! Ou seja, Haddad teve 11 minutos. Em outras palavras, as perguntas e interrupções tomaram 60% do tempo. William Bonner fez 53 interrupções. Renata outras 19. Em diversos momentos falaram ao mesmo tempo que o candidato, impedindo seu raciocínio.
Mas não eram só perguntas. Bonner e sua coadjuvante de bancada no JN fizeram ilações, deram opiniões, citaram números contestáveis, ocuparam o tempo que podiam. Sempre com ar de deboche e colocando-se como porta-voz da verdade, Bonner indignou-se quando, quase perdendo a paciência, Haddad tentou diferenciar denunciado de réu, citando as Organizações Globo e, por exemplo, seus problemas com a Receita Federal.
Mas a palavra, definitivamente, estava com Bonner, que usava frases como  “candidato, isso não se sustenta”, desqualificando suas respostas. Renata, por sua vez, interrompeu uma resposta de Haddad, que foi perguntado, de forma grave, sobre uma acusação intempestiva do Ministério Público sobre obras em sua gestão na Prefeitura de São Paulo, afirmando “Acho que o Bonner já está satisfeito com sua resposta”. No que Haddad respondeu: “Mas eu não estou. Quando é sua honra que está em jogo, você decide, quando é a minha, eu decido”. Bonner não se deu por satisfeito. “Essa situação não é criada pela Rede Globo, pela mídia, pela imprensa. Estou oferecendo uma oportunidade para se contrapor a essa evidência”, disse Bonner, sem explicar como “contrapor uma evidência”.

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Haddad faz cara feia e tenta responder às perguntas-acusações da bancada de apresentadores do JN. Ele deu boa noite a Lula, defendeu Dilma, lembrou as dívidas da Globo com o Fisco e disse a Bonner que quem defendia sua honra era ele. Só 11 dos 27 minutos foram dele.

Haddad ainda tentou argumentar. Golpe parlamentar. Pauta bomba. Citou, mais de uma vez, para um Bonner impaciente, a entrevista do ex-presidente do PSDB, Tasso Jereissati, ao Estado de S.Paulo (Leia aqui), reconhecendo que os tucanos cometeram um “conjunto de erros memoráveis” após a eleição de Dilma Rousseff, com reflexos para o próprio PSDB nas eleições deste ano. Entre eles, questionar o resultado eleitoral, votar contra “princípios básicos” na economia, servindo aos interesses do PMDB, e entrar no governo Temer. “Foi a gota d’água, junto com os problemas do Aécio (Neves). Fomos engolidos pela tentação do poder”, disse Tasso.
Bonner, que abanava a cabeça e franzia o semblante a cada resposta, fez as duas perguntas mais longas, que tomaram mais de 3 minutos. Uma para listar o número de ministros do STF, STJ, juizes e desembargadores nomeados por “governos petistas” – como forma de provar sua tese de que a Justiça é isenta. Mais tarde listou as “promessas não cumpridas” de Haddad, uma a uma, número a número. Em determinado momento, Bonner inverteu, literalmente, os papéis, quando falavam de recessão. “Candidato, o sr me fez uma pergunta eu vou responder”, disse o entrevistador, para, mais uma vez, listar dados que, segundo ele, provariam que a recessão começou e se agravou com Dilma – e não nos últimos dois anos de governo Temer-PSDB. “A presidente Dilma deixou o Brasil na crise onde estamos todos hoje mergulhados”, afirmou Renata. “É fato”, afirmou a dupla, quase em coro.
Mas a obsessão era ouvir de Haddad, em nome do PT, o que chamaram de “autocrítica”, “pedido de desculpas ao povo brasileiro pelos bilhões desviados pela corrupção” e “mea culpa”. Bonner, sem power point para ajudar, defendeu a posição dos procuradores de “corrupção sistêmica” engendrada nos “governos petistas”, o que chamou de “evidências”. “Vamos colocar as coisas nos seus devidos lugares”, repetiu. A insistência dos entrevistadores em que Haddad “pedisse perdão” pelos pecados do PT em duas administrações mostrou bem a importância que parecia ter para a Globo qualquer tipo de admissão de culpa genérica às vésperas da eleição. Devem ignorar, por exemplo, que isso poderia ser reproduzido no horário eleitoral dos adversários de campanha.
A justificativa – que ouvi aqui e ali de gente respeitável – de que os apresentadores do Jornal Nacional usaram estilo semelhante com os demais presidenciáveis, usando e abusando da ênfase e das interrupções, não é justificativa, é defesa de um erro. Sem falar na parcialidade. Como jornalista há três décadas, acho um desrespeito perguntar e não deixar o entrevistado responder, como se só valesse o que você quer ouvir, interrompê-lo a todo instante, e fazer, ao vivo, caras e bocas para as respostas. Não foi feita uma única pergunta sobre planos de governo e soluções para a crise. Preferiram insinuar que Haddad era mais um poste de Lula. Podem se surpreender.

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Quem acabou fazendo o mea culpa foi Bonner, depois de apresentar a pesquisa Datafolha, mostrando Haddad em disparada. “Deixa eu fazer uma correção. Agora há pouco ao divulgar a pesquisa Datafolha nós dissemos que o candidato Fernando Haddad, do PT, OSCILOU de 9% para 13%. Segundo o Datafolha, como o crescimento se deu fora da margem de erro, a frase correta é: o candidato Fernando Haddad CRESCEU de 9% para 13%”.

Em tempo. Ao apresentar a pesquisa Datafolha, William Bonner cometeu um ato falho. Que corrigiu, constrangidamente, no bloco seguinte: “Deixa eu fazer uma correção. Agora há pouco ao divulgar a pesquisa Datafolha nós dissemos que o candidato Fernando Haddad, do PT, OSCILOU de 9% para 13%. Segundo o Datafolha, como o crescimento se deu fora da margem de erro, a frase correta é: o candidato Fernando Haddad CRESCEU de 9% para 13%. Pelo erro nós pedimos desculpas”. Podia ter aproveitado e pedido desculpas pela entrevista nada jornalística e muito pouco democrática que protagonizou, tão ensaiada que, dessa vez, dispensou até ponto eletrônico.

Haddad desmonta as armadilhas de Bonner e Renata no Jornal Nacional


 
Em entrevista ao Jornal Nacional na noite desta sexta (14), Fernando Haddad conseguiu desarmar uma série de armadilhas e pegadinhas de Willian Bonner e Renata Vasconcellos.
O candidato à presidência pelo PT começou calmo e firme, apesar das interrupções de Renata e Bonner.
Ele lembrou que milhões de Brasileiros gostariam de ver o presidente Lula em seu lugar na campanha e no Jornal Nacional.
Em mais de 18 minutos da entrevista, o assunto foi somente corrupção, com insinuações e juízos de valor contra o PT e o próprio Haddad.
O restante do tempo foi gasto pelos jornalistas na tentativa de desgastar Haddad pelos feitos no seu mandato como prefeito de São Paulo. Mas Haddad, com paciência e firmeza, conseguiu desmontar as armadilhas e responder as questões muito bem, mesmo quando os entrevistadores tentavam interromper.
Bonner tentou incluir Dilma Rousseff no redemoinho da corrupção. O candidato do PT lembrou que ela não foi condenada e não é ré em nenhum processo. Bonner insistiu que ela “é investigada”.
Haddad devolveu afirmando que a Rede Globo também é investigada por problemas fiscais, e completou dizendo que a emissora “condena por antecipação”
Descontente em não obter as respostas que queria, Bonner ainda tentou ocupar o lugar de entrevistado e tentou responder as próprias questões do seu jeito.
Enfim, Haddad sai fortalecido da entrevista, para o desespero da velha mídia.

DATAFOLHA: 32% VOTARÃO COM CERTEZA NO CANDIDATO DE LULA, QUE É HADDAD

9.14.2018

IDH ESTAGNADO COM GOLPE DEPOIS DE FORTE CRESCIMENTO COM DILMA

Haddad e o fator Lula






Ricardo Stuckert

A pesquisa do instituto Vox Populi publicada em primeira mão pela revista Carta Capital confirma que o ex-presidente Lula exerce uma influência transcendente na política brasileira e que, em razão disso, será o fator determinante na eleição de Fernando Haddad para a Presidência do Brasil.
Parcela significativa dos mais de 60 milhões de votos que Lula receberia se não fosse criminosamente banido da eleição pela ditadura Globo-Lava Jato já começaram migrar em direção a Haddad.
O Vox Populi cobriu um período em campo [7 a 11 de setembro] mais abrangente que o Ibope [8 a 10 de setembro] e o Datafolha [10/9]. E, por isso, conseguiu captar com maior fidedignidade o efeito eleitoral dos 2 acontecimentos mais relevantes do período: [1] o ataque a faca a Bolsonaro e [2] o anúncio da substituição do Lula pelo Haddad.
Deve-se anotar, porém, que a aferição do poder de transferência de votos do Lula a Haddad ainda é incipiente, uma vez que a pesquisa colheu a reação do eleitorado numa mínima fração de tempo do primeiro dia do anúncio transmitido pelo Lula na tarde do 11 de setembro.
O real potencial de votos em Haddad, portanto, somente será realisticamente medido nos próximos dias, quando a mensagem de Lula alcançar todas as regiões do país e a maioria do eleitorado lulo-petista e à medida que Haddad se tornar mais conhecido como candidato.
De acordo com o Vox Populi, apenas 53% reconhece Haddad como candidato do Lula; e Haddad é o candidato menos conhecido de todos demais – 37% só conhecem o nome dele.
Em comparação a seus próprios levantamentos anteriores, nesta pesquisa o Vox Populi encontrou os seguintes resultados:
1. o crescimento exponencial do Haddad [12% para 22%], o congelamento do Bolsonaro [16% para 18%] e do Ciro [9% para 10%], o definhamento da Marina [de 11% para 5%] e do Alckmin [de 7% para 4%] e a insignificância estatística das demais candidaturas anti-petistas;
2. o decréscimo de 39% para apenas 16% do percentual de pessoas que não sabem que Lula foi impedido de concorrer;
3. o crescimento de Haddad de 15% para 24% entre os eleitores com ensino fundamental e de 15% para 25% entre os eleitores com ganhos de até 2 salários mínimos. No nordeste, Haddad alcançou 31%. No sul, apenas 11%;
4. a segunda menor taxa de rejeição do Haddad [38%] – empatado com Ciro [34%] e bem para trás Bolsonaro, que é o mais rejeitado, com 57%.
A realidade desvelada pelo Vox Populi demonstra o impasse do regime de exceção e confirma a análise de que a ditadura está num beco sem saída.
A Globo, a Lava Jato, o mp e o judiciário romperam as fronteiras mais caras à democracia, inclusive algumas impensáveis, para impedir a qualquer custo a interrupção do golpe e, sobretudo, o retorno do Lula e das políticas de igualdade e justiça social à presidência do Brasil.
Promovem farsas jurídicas, fraude eleitoral, estupram o Estado de Direito e promovem sucessivos golpes dentro do golpe mas, apesar de toda vilania, não conseguem o almejado executar o assassinato político e simbólico do Lula no imaginário popular.
Para a oligarquia golpista, a eleição só faz sentido e só pode ser aceita se não resultar na vitória do Lula e do lulo-petismo.
É preciso estar atento, portanto, a novas violências que serão perpetradas pelo establishment contra o povo e contra a democracia com o objetivo de preservar o golpe e sua ditadura. A eleição limpa e democrática, nesta perspectiva, não está de todo garantida.