6.02.2012

TUCANOS TEM QUE EXPLICAR MUITOS MAUS FEITOS

Um tucano bom de bico

Quem é e como agia o engenheiro Paulo Vieira de Souza, acusado por líderes do PSDB de ter arrecadado dinheiro de empresários em nome do partido e não entregá-lo para o caixa da campanha

Sérgio Pardellas e Claudio Dantas Sequeira

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POSIÇÃO ESTRATÉGICA
Paulo Vieira de Souza na obra do Rodoanel, que custou R$ 5 bilhões
Nas últimas semanas, o engenheiro Paulo Vieira de Souza tem sido a principal dor de cabeça da cúpula tucana. Segundo oito dos principais líderes e parlamentares do PSDB ouvidos por ISTOÉ, Souza, também conhecido como Paulo Preto ou Negão, teria arrecadado pelo menos R$ 4 milhões para as campanhas eleitorais de 2010, mas os recursos não chegaram ao caixa do comitê do presidenciável José Serra. Como se trata de dinheiro sem origem declarada, o partido não tem sequer como mover um processo judicial. “Ele arrecadou por conta própria, sem autorização do partido. Não autorizamos ninguém a receber dinheiro de caixa 2. As únicas pessoas autorizadas a atuar em nome do partido na arrecadação são o José Gregori e o Sérgio Freitas”, afirma o ex-ministro Eduardo Jorge, vice-presidente nacional do PSDB. “Não podemos calcular exatamente quanto o Paulo Preto conseguiu arrecadar. Sabemos que foi no mínimo R$ 4 milhões, obtidos principalmente com grandes empreiteiras, e que esse dinheiro está fazendo falta nas campanhas regionais”, confirma um ex-secretário do governo paulista que ocupa lugar estratégico na campanha de José Serra à Presidência.
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Segundo dois dirigentes do primeiro escalão do partido, o engenheiro arrecadou “antes e depois de definidos os candidatos tucanos às sucessões nacional e estadual”. Os R$ 4 milhões seriam referentes apenas ao valor arrecadado antes do lançamento oficial das candidaturas, o que impede que a dinheirama seja declarada, tanto pelo partido como pelos doadores. “Essa arrecadação foi puramente pessoal. Mas só faz isso quem tem poder de interferir em alguma coisa. Poder, infelizmente, ele tinha. Às vezes, os governantes delegam poder para as pessoas erradas”, afirmou à ISTOÉ Evandro Losacco, membro da Executiva do PSDB e tesoureiro-adjunto do partido, na quarta-feira 11.
O suposto desvio de recursos que o engenheiro teria promovido nos cofres da campanha tucana foi descoberto na segunda-feira 2. Os responsáveis pelo comitê financeiro da campanha de Serra à Presidência reuniram-se em São Paulo a fim de fechar a primeira parcial de arrecadação, que seria declarada no dia seguinte à Justiça Eleitoral. Levaram um susto quando notaram que a planilha de doações informava um montante muito aquém das expectativas do PSDB e do esforço empenhado pelos tucanos junto aos doadores: apenas R$ 3,6 milhões, o equivalente a um terço do montante arrecadado pela candidata do PT, Dilma Rousseff. Ciosos de seu bom trânsito com o empresariado, expoentes do PSDB não imaginavam ter recolhido tão pouco. Sinal de alerta aceso, deflagrou-se, então, um processo de consulta informal às empresas que já haviam se comprometido a contribuir. O trabalho de checagem contou com a participação do tesoureiro José Gregori e até do candidato José Serra e logo veio a conclusão: Paulo Preto teria coletado mais de R$ 4 milhões, mas nenhum centavo foi destinado aos cofres do partido, oficialmente ou não. Iniciava ali o enredo de uma história nebulosa com potencial para atingir o seio do PSDB às vésperas das eleições presidenciais. “Além de representar uma quantia maior do que a arrecadada oficialmente até agora, o desfalque poderá atrapalhar ainda mais o fluxo de caixa da campanha”, explica um tucano de alta plumagem, que já disputou quatro eleições pelo partido. Segundo ele, muitas vezes as grandes empreiteiras não têm como negar contribuições financeiras, mas, nesse caso, ganharam um forte argumento: basta dizer que já contribuíram através do engenheiro, ainda que não o tenham feito.
Até abril, Paulo Preto ocupou posição estratégica na administração tucana do Estado de São Paulo. Ele atuou como diretor de engenharia da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A), estatal paulista responsável por algumas das principais obras viárias do País, entre elas o Rodoanel, empreendimento de mais de R$ 5 bilhões, e a ampliação da marginal Tietê, orçada em R$ 1,5 bilhão – ambas verdadeiros cartões-postais das campanhas do partido. No caso do Rodoanel, segundo um dirigente do PSDB de São Paulo, cabia a Paulo Preto fazer o pagamento às empreiteiras, bem como coordenar as medições das obras, o que, por força de contrato, determina quanto a ser pago às construtoras e quando. No Diretório Estadual do partido, nove entre dez tucanos apontam a construção do eixo sul do Rodoanel como a principal fonte de receita de Paulo Preto. Outro político ligado ao Diretório Nacional do PSDB explica que a função do engenheiro na Dersa aproximou Paulo Preto de empreiteiras como Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, OAS, Mendes Júnior, Carioca e Engevix.
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ELO POLÍTICO
Aloysio Nunes Ferreira é amigo de Paulo há mais de 20 anos e seu contato com o PSDB
Losacco, um dos coordenadores das campanhas de Serra e de Geraldo Alckmin em 2006, afirma que o elo principal de Paulo Preto com o PSDB é Aloysio Nunes Ferreira, ex-secretário da Casa Civil de Serra e atual candidato do partido ao Senado por São Paulo. O próprio engenheiro confirma uma amizade de mais de 20 anos com Aloysio (leia entrevista abaixo). De acordo com um importante quadro do PSDB paulista, desde 2008 Paulo Preto estava “passando o chapéu” visando ao financiamento da pré-candidatura de Aloysio ao governo do Estado. “Não fizemos nenhuma doação irregular, mas o engenheiro Paulo foi apresentado como o ‘interlocutor’ do Aloysio junto aos empresários”, disse à ISTOÉ o diretor de uma das empreiteiras responsáveis por obras de remoção de terras no eixo sul do Rodoanel. Geraldo Alckmin acabou se impondo e obtendo a legenda para disputar o governo estadual, mas até a convenção do partido, em junho, a candidatura de Aloysio era considerada uma forte alternativa tucana, pois contava com o apoio do então governador José Serra e da maioria dos secretários. O engenheiro, segundo um membro da Executiva Nacional do partido, agia às claras junto a empresários e a prefeitos do interior de São Paulo. Falastrão, contava vantagens aos companheiros e nos corredores do Palácio dos Bandeirantes. Prometia mundos e fundos num futuro governo Aloysio. E quando Aloysio deixou a Casa Civil de Serra, muitos passaram a torcer por sua exoneração, o que aconteceu sob a batuta do governador Alberto Goldman.
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CÚPULA TUCANA
Baixa arrecadação despertou suspeita de desvio de dinheiro na campanha
Losacco, que foi secretário-geral do PSDB paulista até 2007, afirma que desde 2008 alertava a cúpula do partido sobre os movimentos de Paulo Vieira na Dersa. “Esse tipo de pessoa existe na administração pública. Tem a facilidade de achacar e não tem o menor controle. Todo mundo já sabia há muito tempo disso”, conta o dirigente tucano. Diante desses alarmes, a cúpula do partido chegou a cogitar a saída dele da estatal rodoviária há mais de um ano. Mas recuou. “O motivo (do recuo) eu não sei. Deve ter um motivo. Mas no governo às vezes você não consegue fazer tudo o que você quer. Você tem contingências que o obrigam a engolir sapo. E eu acho que esse deve ter sido o caso. Agora, de alguma maneira essa coisa toda vai ter que ser apurada. Sabemos da seriedade que o governo tem, mas infelizmente fica sujeito a esse tipo de gente”, acrescentou Losacco. Segundo o tesoureiro-adjunto do PSDB, o empresário acaba cedendo, pois “entende que o cara tem a caneta e que pode atrapalhar os negócios”. Os motivos que teriam levado Paulo Preto a dar o calote no PSDB ainda estão envoltos em mistério. Mas, entre os tucanos, circula a versão de que o partido teria uma dívida com o engenheiro contraída em eleições passadas. Na entrevista concedida à ISTOÉ, Paulo Preto nega que tenha feito qualquer tipo de arrecadação e desafia os caciques tucanos a provar essas denúncias.
“Acho muito pouco provável que isso tenha acontecido sem que eu soubesse”, disse Aloysio à ISTOÉ. “Não posso falar sobre uma coisa que não existiu, que é uma infâmia”, completou. No PSDB, porém, todos pelo menos já ouviram comentários sobre o suposto desvio praticado por Paulo Preto nos cofres tucanos. “Fiquei sabendo da história desse cara ontem”, disse o deputado José Aníbal (SP), ex-líder do partido na Câmara, na terça-feira 10. “Parece mesmo que ele sumiu. Desapareceu. Me falaram que ele foi para a Europa. Vi esse cara na inauguração do Rodoanel.” De fato, depois de deixar a Dersa, o engenheiro esteve na Espanha e só voltou ao Brasil há poucos dias. Na cúpula do PSDB, porém, até a semana passada poucos sabiam que Paulo Preto havia retornado e o tratavam como “desaparecido”.
As relações de Aloysio e Paulo Preto são antigas e extrapolam a questão política. Em 2007, familiares do engenheiro fizeram um empréstimo de R$ 300 mil para Aloysio. No final do ano passado, o ex-chefe da Casa Civil afirmou que usou o dinheiro para pagar parte do apartamento adquirido no bairro de Higienópolis e que tudo já foi quitado. Apontado como um profissional competente e principal responsável pela antecipação da inauguração do rodoanel, Paulo Vieira de Souza chegou a ser premiado pelo Instituto de Engenharia de São Paulo em dezembro de 2009. O engenheiro não é filiado ao PSDB, mas tem uma história profissional ligada ao setor público e há 11 anos ocupa cargos de confiança nos governos tucanos. No segundo mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso, foi assessor especial da Presidência e trabalhou quatro anos no Palácio do Planalto, como coordenador do Programa Brasil Empreendedor. Em São Paulo, também atuou na linha 4 do Metrô e na avenida Jacu Pêssego, ambas obras de grande porte e também cartões-postais das campanhas tucanas, a exemplo do rodoanel e da marginal Tietê.
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CARTÕES-POSTAIS
Grandes obras como o Rodoanel, a Marginal e a Jacu Pêssego são vitrines da campanha tucana
Paulo Preto foi exonerado da Dersa oito dias depois de participar da festa de inauguração do Rodoanel, ao lado dos principais líderes do partido. A portaria, publicada no “Diário Oficial” em 21 de abril, não explica os motivos da demissão do engenheiro, mas deputados tucanos ouvidos por ISTOÉ asseguram que foi uma medida preventiva. O nome do engenheiro está registrado em uma série de documentos apreendidos pela Polícia Federal durante a chamada Operação Castelo de Areia, que investigou a construtora Camargo Corrêa entre 2008 e 2009. No inquérito estão planilhas que listam valores que teriam sido pagos pela construtora ao engenheiro. Seriam pelo menos quatro pagamentos de R$ 416,5 mil entre dezembro de 2007 e março do ano seguinte. Apesar de o relatório de inteligência da PF citar o nome do engenheiro inúmeras vezes, Paulo Preto não foi indiciado e, em janeiro, o inquérito da Operação Castelo de Areia foi suspenso por causa de uma liminar concedida pelo Superior Tribunal de Justiça. O temor dos tucanos é que durante a campanha eleitoral a liminar seja suspensa e a Operação Castelo de Areia volte ao noticiário.
Outro episódio envolvendo o ex-diretor da Dersa foi sua prisão em flagrante, em junho deste ano, na loja de artigos de luxo Gucci do Shopping Iguatemi, em São Paulo. Solto um dia depois, ele passou a responder em liberdade à acusação de receptar um bracelete de brilhantes avaliado em R$ 20 mil. Paulo Preto e o joalheiro Musab Fatayer foram à loja para avaliar o bracelete, que pretendiam negociar. Desconfiado da origem da joia, o gerente da loja, Igor Augusto Pereira, pediu para que o engenheiro e Fatayer aguardassem. Ao cruzar informações sobre o bracelete negociado, o gerente da Gucci descobriu que aquela joia havia sido furtada da loja em 7 de maio. Em seu depoimento, o gerente da Gucci disse para a polícia que foi Paulo Preto quem entregou o bracelete para que ele o avaliasse. O ex-diretor da Dersa alegou ter recebido a joia de Fatayer e que estava disposto a pagar R$ 20 mil por ela.
O eventual prejuízo provocado por Paulo Preto pode não se resumir ao caixa da campanha. Um dos desafios imediatos da cúpula tucana é evitar que haja também uma debandada de aliados políticos, que pressionam o comando da campanha em busca de recursos para candidaturas regionais e proporcionais. Além disso, é preciso reconquistar a confiança de eventuais doadores, que se tornarão mais reticentes diante dos arrecadadores do partido.
“Gente como eu tem prazo de validade”
Por Delmo Moreira
Aos 62 anos, Paulo Vieira de Souza está em plena forma. Ele é triatleta, já disputou 40 maratonas, nove ironman (modalidade que junta ciclismo, natação e corrida), 35 meia-ironman e duas ultramaratonas (prova com percurso superior a 42 quilômetros). Desde que foi exonerado da Dersa, em abril, acelerou seus treinos físicos para disputar, em Florianópolis, as provas seletivas para o Ironman mundial, que será realizado no Havaí. “Só fora do governo para fazer um treinamento desses”, diz ele. Mas está confiante: “Pela minha personalidade, não tenho medo de dizer: vou ganhar essa porra.” Este estilo direto de falar, segundo Souza, é responsável pelos problemas que vem colecionando: “Pareço arrogante e por isso incomodo muita gente.” Souza é suspeito de levar propina de empreiteiras, foi envolvido no estranho caso da compra de uma joia possivelmente roubada e acabou acusado de desviar recursos da campanha tucana à Presidência da República. Ele refutou todas essas acusações numa conversa de quase uma hora com ISTOÉ. A seguir, os principais trechos da entrevista:
ISTOÉ – O sr. é apontado como responsável pelo desvio de recursos arrecadados para a campanha do PSDB. O que o sr. tem a dizer sobre isto?
Paulo Vieira de Souza
– Tem gente dizendo que sou responsável, mas desafio qualquer um a mostrar que tive qualquer atitude, em qualquer campanha em andamento, que coloquei o pé em alguma empresa, que pedi a alguém alguma coisa. Eles estão em campanha. Querem me eleger como bode expiatório porque estou fora. Mas eu não serei. Nunca trabalhei para a campanha deles.
ISTOÉ – Por que seu nome aparece no caso, então?
Souza – Empresário só ajuda quem ele quer. Acho que tem alguém querendo R$ 4 milhões de ajuda e não está conseguindo. Acho que alguém não foi atendido. Isto é uma briga interna do partido. Nunca fiz parte do PSDB e nunca farei.
ISTOÉ – O sr. nunca foi arrecadador do partido?
Souza – Nunca arrecadei. Não sei nem onde fica o comitê de campanha. Querem dizer que sou maluco? Que apareçam para dizer.
ISTOÉ – Mas o sr. já participou de campanhas políticas do PSDB.
Souza – Da campanha do Aloysio (Aloysio Nunes Ferreira Filho) eu participei. Mas não na gestão. Eu participava da logística, da compra de material, de impressos, da distribuição de material. Eu sempre fiz parte da logística das campanhas dele.
ISTOÉ – Qual é o seu relacionamento com Aloysio?
Souza – Sou amigo pessoal do Aloysio há 21 anos. Amigo de família mesmo. Ele conhece minhas filhas desde pequenas. E eu sempre ajudei como podia o Aloysio nas campanhas.
ISTOÉ – O sr. ainda é amigo do Aloysio?
Souza – Sempre.
ISTOÉ – Vocês ainda se falam?
Souza – Sempre.
ISTOÉ – Qual foi a última vez que o sr. o encontrou?
Souza – Foi hoje (quarta-feira 11) pela manhã. Ele ia fazer a gravação do programa dele à tarde ou à noite. Meu relacionamento no governo do Estado sempre foi com o Aloysio e com o Luna, o secretário do Planejamento, que era o coordenador dos convênios entre Estado e prefeitura. Sou amigo pessoal do Aloysio e isso não vou negar nunca. Não sei o que ele vai falar. Mas sou amigo pessoal dele. Só não estou na campanha agora porque pedi para não participar. Não queria dar nenhum problema, em função daquele caso recente que aconteceu comigo.
ISTOÉ – O sr. está sendo processado como receptador de joias roubadas?
Souza – Jamais eu compraria alguma coisa roubada. Só ainda não dei a minha versão porque não tranquei o processo, que está entrando agora em juízo, com minha defesa. Depois vou falar. A tese é de receptação, mas eu não comprei. Por isso é que fui na Gucci. Alguém que quer vender joia roubada vai lá? Eu levei uma joia para verificar a autenticidade e o valor. Agora, você vai comprar um carro, o carro tem problema e você acaba preso? É uma aberração. Eu não fui preso no Iguatemi. O “Estadão” também diz que eu estava vendendo a joia. É mentira.
ISTOÉ – O seu nome também aparece na investigação da operação Castelo de Areia, da PF, sob acusação de receber propina da construtora Camargo Corrêa. Foi outro engano? Não é muito azar?
Souza – Eu não sei como colocaram meu nome lá, com que propósito ou baseado em quê. Vi que tem uma lista de ajuda política, para deputado estadual, federal. Tem até o Carvalho Pinto! Vi que colocaram meu nome na lista: Paulo de Souza, coordenador do Rodoanel. Acho que adotaram um critério dentro da Camargo Corrêa de colocar o nome dos coordenadores relacionados a cada obra.
ISTOÉ – Ao lado de seu nome aparecem valores: quatro parcelas de R$ 416 ,5 mil em quatro datas seguidas. O que são esses valores?
Souza – Não sei. A mim nunca ninguém entregou absolutamente nada. O lote da Camargo Corrêa na obra era de R$ 700 milhões e a obra foi entregue no prazo, só com 6,52% de acréscimo. É o menor aditivo que já houve em obra pública no Brasil. Se isso desagradou a alguém, não sei.
ISTOÉ – Por que o sr. saiu da Dersa?
Souza – Eu fui exonerado pelo atual governador no dia 9 de abril. Até hoje não me informaram o motivo. Minha exoneração foi uma decisão de governo. Eu não pedi as contas.
ISTOÉ – O sr. nem imagina as razões de sua exoneração?
Souza – Acho que tem a ver com a forma como sempre agi nesses cinco anos em que trabalhei no governo. Tem a ver com meu estilo. Sou de tomar atitudes, de decisão, de falar o que penso. Fui premiado por meu trabalho como gestor público. Eu criei muito ciúme no governo.
ISTOÉ – Quem tinha ciúme do sr.?
Souza – Acho que pessoas como eu têm prazo de validade. O Rodoanel foi a primeira obra pública que tinha dia e hora para terminar. É meu estilo de gestão e nem todo governante gosta desta forma de agir. Na engenharia da Dersa quem mandou fui eu. Não sou mais uma jovem promessa. Sou uma ameaça para os incompetentes.

ILUSÃO FAZ PARTE DA VIDA



ENTENDENDO DEFINITIVAMENTE OS HOMENS


Foi lendo um monte de besteiras que as mulheres escrevem em livros sobre o 'universo masculino', que resolvi escrever esse e-mail. Não tenho objetivo de 'revelar' os segredos dos homens, mas amigos me desculpem. Não se trata de quebrar nosso código de ética. Isso vai ajudar as mulheres a entenderem os homens e, enfim, pararem de tentar nos mudar com métodos ineficazes. .

1º NÃO EXISTE HOMEM FIEL.
Você já pode ter ouvido isso algumas vezes, mas afirmo com propriedade. Não é desabafo. É palavra de homem que conhece muitos homens e que conhecem, por sua vez, muitos homens. Nenhum homem é fiel, mas pode estar fiel, ou porque está apaixonado (algo que não dura muito tempo - no máximo alguns meses - nem se iluda) ou porque está cercado por todos os lados (veremos adiante que não adianta cercá-lo: isso vai se voltar contra você). A única exceção é o crente extremamente convicto, mas agüente as outras conseqüências.

2º NÃO DESANIME.
O homem é capaz de te trair e de te amar ao mesmo tempo. A traição do homem é hormonal, efêmera, para satisfazer a lascívia. Não é como a da mulher. Mulher tem que admirar para trair; ter algum envolvimento.
O homem só precisa de uma bunda. A mulher precisa de um motivo para trair, o homem precisa de uma mulher.


3º NÃO FIQUE DESENCANTADA COM A VIDA POR ISSO


A traição tem seu lado positivo. Até digo, é um mal necessário. O cara que fica cercado, sem trair é infeliz no casamento, seu desempenho sexual diminui (isso mesmo, o desempenho com a esposa diminui), ele fica mal da cabeça. Entenda de uma vez por todas: homens e mulheres são diferentes. Se quiser alguém que pense como você, vire lésbica (várias já fizeram isso e deu certo), ou case com um viado enrustido que precisa de uma mulher para se enquadrar no modelo social. Todo ser humano busca a felicidade, a realização. E a realização nada mais é do que a sensação de prazer (isso é química, tudo no cérebro). A mulher se realiza satisfazendo o desejo maternal, com segurança de ter uma família estruturada e saudável, com um bom homem ao lado que a proteja e lhe dê carinho.
O homem é mais voltado para a profissão e para a realização pessoal e a realização pessoal dele vem de diversas formas: pode vir com o sentimento de paternidade, com uma família estruturada, etc., mas nunca vai vir se não puder ter acesso a outras fêmeas e se não puder ter relativo sucesso na profissão. Se você cercar seu homem (tipo, mulher que é sócia do marido na empresa; o cara não dá um passo no dia-a-dia sem ela) você vai sufocá-lo de tal forma que ele pode até não ter espaço para lhe trair, mas ou seu casamento vai durar pouco, ou ele vai ser gordo (vai buscar a fuga na comida) e vai ser pobre (por que não vai ter a cabeça tranqüila para se desenvolver profissionalmente. (Vai ser um cara sem ambição e sem futuro).
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4º NÃO TENTE MUDAR PARA SEU HOMEM SER FIEL
Não adianta. Silicone, curso de dança sensual, se vestir de enfermeira, etc... Nada disso vai adiantar.
É lógico que quanto mais largada você for, menor a vontade do homem de ficar com você e maior as chances do divórcio.
Se ser perfeita adiantasse Julia Roberts não tinha casado três vezes. Até Gisele Bunchen foi largada por Di Caprio, não é você que vai ser diferente (mas é bom não desanimar e sempre dar aquela malhadinha). O segredo é dar espaço para o homem viajar nos seus desejos: na maioria das vezes, quando ele não está sufocado pela mulher ele nem chega a trair, fica só nas paqueras, troca de olhares. Finja que não sabe que ele dá umas pegadas por fora. Isso é o segredo para um bom casamento. Deixe ele se distrair, todos precisam de lazer.

5º SE VOCÊ BUSCA HOMEM PERFEITO, PODE CONTINUAR VENDO NOVELA DAS SEIS
Eles não existem nesse conceito que você imagina. Os homens perfeitos de hoje são aqueles bem desenvolvidos profissionalmente, que traem esporadicamente (uma vez a cada dois meses, por exemplo), mas que respeitam a mulher, ou seja, não gastam o dinheiro da família com amantes, não constituem outra família, não traem muitas vezes, não mantêm relações várias vezes com a mesma mulher (para não criar vínculos) e, sobretudo, são muuuuuito discretos: não deixam a esposa saber (e nem ninguém da sua relação, como amigas, familiares, etc.).
Só, e somente só, um ou outro amigo DELE deve saber, faz parte do prazer do homem contar vantagem sexual. Pegar e não falar para os amigos é pior do que não pegar. As traições do homem perfeito geralmente são numa escapulida numa boate, ou com uma garota de programa (usando camisinha e sem fazer sexo oral nela), ou mesmo com uma mulher casada de passagem por sua cidade. O homem perfeito nunca trai com mulheres solteiras. Elas são causadoras de problemas. Isso remete ao próximo tópico.

6º ESSE TÓPICO NÃO É PARA AS ESPOSAS - É PARA AS SOLTEIRAS OU AMANTES:

Esqueçam de uma vez por todas esse negócio de que homem não gosta de mulher fácil. Homem adora mulher fácil. Se 'der' de prima então, é o máximo. Todo homem sabe que não existe mulher santa. Se ela está se fazendo de difícil ele parte para outra. A demanda é muito maior do que a procura. O mercado tá cheio de mulher gostosa. O que homem não gosta é de mulher que liga no dia seguinte. Isso não é ser fácil, é ser problemática (mulher problema). Ou, como se diz na gíria, é pepino puro. O fato de você não ligar para o homem e ele gostar de você não quer dizer que foi por você se fazer de difícil, mas sim por você não representar ameaça para ele. Ele vai ficar com tanta simpatia por você que você pode até conseguir fisgá-lo e roubá-lo da mulher. Ele vai começar a se envolver sem perceber. Vai começar ELE a te procurar. Se ele não te procurar era porque ele só queria aquilo mesmo. Parta para outro e deixe esse de stand by. Não vá se vingar, você só piora a situação e não lucra nada com isso. Não se sinta usada, você também fez uso do corpo dele - faz parte do jogo; guarde como um momento bom de sua vida.

7º - 90% DOS HOMENS NÃO QUEREM NADA SÉRIO
Os 10% restantes estão momentaneamente cansados da vida de balada ou estão ficando com má fama por não estarem casados ou enamorados; por isso procuram casamento. Portanto, são máximas as chances do homem mentir em quase tudo que te fala no primeiro encontro (ele só quer te comer, sempre). Não seja idiota, aproveite o momento, finja que acredita que ele está apaixonado e dê logo para ele (e corra o risco de fisgá-lo) ou então nem saia com ele. Fazer doce só agrava a situação, estamos em 2008 e não em 1958. Esqueça os conselhos da sua avó, os tempos são outros.

8º PARA SER UMA BOA ESPOSA
E para ter um casamento pelo resto da vida faça o seguinte: Tente achar o homem perfeito do 5º item, dê espaço para ele. Não o sufoque. Ele precisa de um tempo para sua satisfação. Seja uma boa esposa, mantenha-se bonita, malhe, tenha uma profissão (não seja dona de casa), seja independente e mantenha o clima legal em casa. Nada de sufocos, de 'conversar sobre a relação', de ficar mexendo no celular dele, de ficar apertando o cerco, etc. Você pode até criar 'muros' para ele, mas crie muros invisíveis e não muito altos. Se ele perceber ou ficar sem saída, vai se sentir ameaçado e o casamento vai começar a ruir.

A última dica:

9º SE VOCÊ ESTÁ REVOLTADA POR ESTE E-MAIL, AQUI VAI UM CONSELHO:
vá tomar uma água e volte para ler com o espírito desarmado. Se revoltar quanto ao que está escrito não vai resolver nada em sua vida. Acreditar que o que está aqui é mentira ou exagero pode ser uma boa técnica (iludir-se faz parte da vida, se você é dessas, boa sorte!).
Mas tudo é a pura verdade. Seu marido/noivo/namorado te ama, tenha certeza, senão não estaria com você, mas trair é como um remédio; um lubrificante para o motor do carro. Isso é científico.
O homem que você deve buscar para ser feliz é o homem perfeito do item 5º. Diferente disso ou é crente, ou viado ou tem algum trauma (e na maioria dos casos vão ser pobres). O que você procura pode ser impossível de achar, então, procure algo que você pode achar e seja feliz ao invés de passar a vida inteira procurando algo indefectível que você nunca vai encontrar.

Espero ter ajudado em alguma coisa.

OBS: Não tenho certeza  quem esvreveu esta paradinha

A vida melhor, mesmo com Parkinson

Medicações modernas, uso de terapias complementares e pesquisa de novos recursos possibilitam maior controle dos sintomas provocados pela doença

Monique Oliveira

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VIGOR
Josias mantém a disposição para caminhar diariamente
A cabeleireira aposentada Claudete Santiago, 70 anos, de São Paulo, ainda faz cortes de cabelo, tintura e, uma vez por semana, dança tango. O ex-bancário Josias Cassiano, 60 anos, mantém a disposição para caminhar diariamente. Os dois são portadores de Parkinson, doença neurodegenerativa caracterizada por tremores, que afeta cerca de 400 mil brasileiros. “Mas estou muito bem”, diz Claudete. “Consegui superar as dificuldades”, afirma Josias.

Os dois fazem parte de uma geração de pacientes que está conseguindo viver melhor, apesar da doença. Trata-se de uma realidade possível graças aos avanços obtidos nos últimos anos em relação ao conhecimento sobre a doença e sua consequente repercussão para o aprimoramento do tratamento. Hoje, os remédios conseguem controlar com mais sucesso os sintomas da condição – rigidez muscular e problemas de digestão e depressão, entre eles.

Além disso, o uso de terapias complementares promoveu melhora importante para a qualidade de vida dos pacientes. A fisioterapia, por exemplo, é indispensável para atenuar a rigidez muscular. Técnicas como o tai chi chuan ajudam no equilíbrio postural. Um estudo do Instituto de Pesquisa de Oregon (EUA) com 195 pacientes deixou isso evidente ao mostrar que a atividade melhorou os tremores e o equilíbrio. “Em casos mais graves, aumenta-se a dose do remédio ou opta-se pela cirurgia”, diz o neurologista Egberto Barbosa, do Hospital das Clínicas de São Paulo. As alternativas cirúrgicas destinam-se a reequilibrar a atividade dos neurônios das regiões cerebrais associadas à doença (chamados dopaminérgicos). O desequilíbrio prejudica a produção e o funcionamento da dopamina, uma das substâncias que fazem a comunicação entre os neurônios, relacionada ao controle motor.

Recursos interessantes também estão em pesquisa. Um dos mais promissores é uma vacina pesquisada com financiamento da fundação do ator Michael Jay Fox, 50 anos, diagnosticado com Parkinson aos 30. Na primeira fase do estudo em humanos, o imunizante estimulou o organismo a fabricar anticorpos contra a proteína alfa-sinucleica. “Sua concentração é maior em pessoas com Parkinson”, explica o neurologista Henrique Ferraz, da Universidade Federal de São Paulo. Os cientistas acreditam que o combate à substância poderia curar ou diminuir muito os sintomas. “Em animais, observamos melhoras visíveis”, disse à ISTOÉ Walter Schmidt, diretor do laboratório responsável pelo estudo da vacina.
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ROTINA
Ligia recebeu o diagnóstico há sete anos. Mas trabalha,
cuida das filhas e ainda brinca com o sobrinho
Na Universidade da Pensilvânia (EUA), aposta-se na transformação de células nervosas em neurônios dopaminérgicos. O objetivo é tentar repor aqueles que foram perdidos por causa da degeneração. Em animais, o método cessou os sintomas da doença. Já em fase mais adiantada, uma terapia criada em sete centros de estudo americanos e testada em 45 pacientes reduziu bastante os tremores. Os cientistas usaram terapia genética para induzir, no cérebro, a fabricação de uma substância que diminui a atividade cerebral em uma área excessivamente ativada em portadores da enfermidade.

Outra frente importante é a genética. Até agora, já foram descritas mais de 18 variações vinculadas à doença. Uma delas pode explicar o surgimento da doença na fotógrafa Ligia Melo, 30 anos, diagnosticada aos 23 anos. Apesar do choque do diagnóstico tão cedo, Ligia também se beneficia dos progressos contra a doença. “Não conseguia sequer pentear o cabelo”, relata. “Hoje, trabalho, consigo segurar a câmera e cuidar das minhas filhas”, diz ela, mãe de Natália, 11 anos, Carla, 7 anos, e com disposição de sobra para brincar com o sobrinho, Murilo.
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É namoro ou amizade?

Existe amizade entre homens e mulheres?

Sim, eles e elas podem ser genuinamente amigos. Porém, pesquisas apontam que a atração física está presente na maioria dessas relações e ainda afirmam que o sexo (para surpresa de muitos) pode fortalecer esses laços

Paula Rocha

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DILEMA
Admiração, ciúme, carinho, cumplicidade:
sentimentos que podem confundir o casal de amigos
"Entre um homem e uma mulher não é possível haver amizade. É possível haver paixão, hostilidade, veneração, amor, mas amizade, não." A frase, proferida pelo escritor irlandês Oscar Wilde (1854 – 1900), parece datada, mas não podia estar mais em sintonia com as atuais discussões sobre as relações entre os sexos. Assistido por mais de seis milhões de pessoas, um vídeo amador se tornou viral nos Estados Unidos e no Canadá justamente por explicitar a diferença de opiniões entre homens e mulheres no que tange às amizades intersexuais. Nele, um estudante universitário pergunta a suas colegas de faculdade se elas acreditam ser possível existir amizade entre um homem e uma mulher. A resposta? “Sim, claro”, dizem todas. Já quando ele dirige a mesma questão a seus colegas homens, ouve de todos que “hummm... não!” O tema, abordado de forma lúdica no vídeo, ganhou roupagem científica em três recentes pesquisas que buscam entender melhor as implicações das amizades entre pessoas de sexos opostos. Numa delas, os estudiosos definiram os quatro tipos mais comuns de relações entre eles e elas. Em outro estudo, pesquisadores concluíram que existe ao menos um pequeno nível de atração na maioria das amizades intersexuais, o que não é necessariamente ruim, já que a terceira pesquisa aponta que o sexo, para surpresa (e alegria) de muitos, pode fortalecer os laços entre os amigos.

As amizades entre homens e mulheres podem até ser comuns nos dias de hoje, porém o mesmo não acontecia há apenas algumas décadas. Considerando o ponto de vista histórico, a interação amistosa entre eles e elas é um fenômeno recente, que surgiu depois da invenção da tevê em cores, em 1954. Até o século XIX, a amizade intersexual era considerada um “mal degenerador”, como conta Rosana Schwartz, pesquisadora de gênero pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e também pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. “Usando argumentos religiosos ou até científicos, os homens acreditavam que as mulheres eram frágeis e propensas a comportamentos desviantes, por isso a convivência com um homem que não fosse da família poderia degenerá-las”, diz Rosana. Ou seja, na época se acreditava que a presença de um homem poderia levar as pobres mulheres indefesas a cometerem um ato absolutamente condenável: o sexo fora do casamento. Numa sociedade em que a maioria das mulheres só convivia com figuras masculinas como o pai, os irmãos ou os padres, a amizade entre os sexos era muito difícil, senão impossível. Esse cenário só começou a mudar quando elas chegaram em massa ao mercado de trabalho, no período pós-Segunda Guerra Mundial. “Mesmo assim, a amizade intersexual como a conhecemos hoje só se solidificou nos anos 1970, pois até uma década antes os únicos amigos homens que as mulheres tinham eram os amigos do seu marido”, afirma Rosana.
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Mais de 40 anos depois, a maior interação entre homens e mulheres possibilitou que a amizade entre os sexos florescesse, mas não eliminou as complicações naturais presentes nesse tipo de relação. Afinal, o conhecimento popular prega que a linha que separa a amizade do amor é tão tênue que, numa relação em que homem e mulher gostam da companhia um do outro, esses sentimentos certamente irão se misturar. Na ficção não faltam exemplos de histórias de amigos que se descobrem apaixonados e fatalmente acabam em romance (leia quadro na pág. 92). Mas será que uma relação de amizade entre homem e mulher sempre contém uma pitada de atração amorosa ou sexual? Dispostos a descobrir isso, uma equipe de professores da Universidade de Wisconsin-Eau Claire, nos Estados Unidos, realizou uma pesquisa com 400 adultos, com idades entre 18 e 52 anos, que mantinham amizade com pessoas do sexo oposto. A maioria declarou sentir ao menos um nível de atração por seu amigo ou amiga, mas os homens em geral demonstraram estar mais atraídos pelas amigas do que elas por eles. Eles também se mostraram mais dispostos a ter um encontro amoroso com as amigas do que elas com os amigos.
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Em outro estudo realizado pelo mesmo time de pesquisadores, os 400 entrevistados foram convidados a nomear os benefícios e malefícios das amizades intersexuais. Em geral, a maioria declarou enxergar mais delícias do que dores nesse tipo de relação. Porém, a atração sexual foi considerada mais um malefício do que um benefício. Esse sentimento seria responsável pela infelicidade dos entrevistados em seus respectivos relacionamentos amorosos – quanto mais atraídos pelos amigos eles se sentiam, pior eles avaliaram sua satisfação em seus namoros ou casamentos. Aceitar que seu parceiro amoroso tem um amigo do sexo oposto também não é uma tarefa fácil para a maioria das pessoas, garante a americana Lillian Rubin, autora do livro “Just Friends” (Apenas Amigos, sem publicação no Brasil). Na obra, a psicóloga discorre sobre as alegrias e os dramas inerentes às amizades intersexuais. “Amigos, independentemente do gênero, existem para suprir as lacunas que não são preenchidas no casamento e dessa forma tornam o casamento possível”, disse Lillian à ISTOÉ. “E é porque sabemos isso que os amigos, especialmente aqueles do sexo oposto, são vistos como uma ameaça.” Mesmo com os possíveis prejuízos às relações amorosas, as amizades entre eles e elas ainda são desejadas pelas maioria. “A atração sexual foi considerada, com frequência, um malefício, mas, mesmo assim, as pessoas se mostraram dispostas a cultivar amizades com indivíduos do sexo oposto porque se sentem realizadas nesse tipo de relação”, diz April Bleske-Rechek, professora de psicologia e uma das autoras do estudo da universidade americana.
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Outra pesquisadora americana, Heidi Reeder, professora de comunicação da Boise State University, publicou recentemente um artigo em que classifica os quatro tipos mais comuns de amizade entre homens e mulheres (leia quadro à esq.). Após realizar centenas de entrevistas com alunos e alunas de diversas idades sobre esse tema, Heidi chegou à conclusão de que o tipo mais comum de amizade entre eles e elas, já experimentado por 96% dos entrevistados, não inclui interesse romântico ou sexual. Em segundo lugar ficou a atração objetiva física ou sexual, em que os amigos reconhecem que o outro pode ser atraente, mas não nutrem atração física entre si. É o caso dos amigos Nicolly Mira, 25 anos, e Aluísio Nahime, 28. Os dois se conheceram há sete anos, quando cursavam faculdade. De tanto se encontrar nos corredores e nas festas, aos poucos foram se tornando mais próximos e hoje se consideram melhores amigos. “Para mim o Aluísio é como um irmão mesmo. Dormimos na mesma cama várias vezes, eu até já vi ele pelado, mas nunca rolou nada entre a gente”, conta Nicolly, que admite achar o amigo lindo, mas diz que ele não faz seu tipo. Nahime, por sua vez, também diz ver Nicolly como uma irmã. “Sempre posso contar com o apoio dela, seja nas horas boas, seja nas horas ruins”, diz. “E, para mim, palavra de mulher vale mais do que a de homem.”
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Na opinião do psicoterapeuta Ailton Amélio, da Universidade de São Paulo (USP), um especialista em relações entre homens e mulheres, o tipo de amizade desfrutado por Nicolly e Nahime é muito benéfico, sim, “mas desde que não haja interesse romântico ou sexual de uma das partes, pois isso poderia desestabilizar a relação”, diz. Já a pesquisadora Rosana Schwartz defende que a atração física não impede que a amizade entre os sexos ocorra. “Muitas vezes essa primeira aproximação se dá por conta de um interesse físico de pelo menos uma das partes”, afirma Rosana. “Mas, se essa atração não é correspondida, a amizade acontece.” Apesar de garantir que não nutre nenhuma atração por Nicolly hoje, Nahime admite que se aproximou dela porque a achou atraente. “No começo eu tinha vontade de ficar com ela, sim. Tentei uma vez, ela não quis, eu respeitei essa decisão e daí a amizade cresceu”, diz. Cláudya Toledo, diretora da agência de relacionamentos A2 Encontros, no entanto, enxerga com mais ceticismo a suposta amizade despretensiosa entre eles e elas. “Pela minha experiência como cupido profissional, acredito que só os homens mais velhos conseguem ter uma relação desinteressada com as mulheres”, afirma Cláudya. “Os mais novos estão muito preocupados com a conquista amorosa ou sexual.”
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Polêmicas à parte, a atração física entre amigos de sexos opostos pode não ser tão ruim assim, como indica outro estudo conduzido pela pesquisadora americana Heidi Reeder. Ao ouvir cerca de 300 pessoas de ambos os sexos sobre suas amizades intersexuais, ela chegou à conclusão de que 20% dos entrevistados já haviam transado com um amigo ou uma amiga pelo menos uma vez na vida. Destes, 76%, surpreendentemente, disseram que a amizade melhorou depois do sexo. Dentre os 76%, metade começou um relacionamento amoroso com o amigo, mesmo que essa não fosse sua intenção original. A outra metade permaneceu apenas na amizade, muitas vezes, colorida. O termo, que define as relações em que os amigos são apenas amigos, mas têm intimidade física, é bem conhecido desde os tempos do amor livre, lá pelos anos 1970. Ainda hoje, contudo, muita gente reprova esse tipo de interação entre os sexos. “A sociedade ainda condena esse comportamento, especialmente nas mulheres”, diz Ailton Amélio. “É difícil encontrar uma que admita desfrutar de uma amizade colorida porque elas têm medo de ficar malfaladas, já que uma relação desse tipo implica que tanto o homem quanto a mulher possuem outros parceiros sexuais.”

Assumir a escolha por uma amizade colorida não é um problema para a publicitária Grace Kelly Toledo Dorta, 33 anos. Há mais de dez anos ela mantém um relacionamento na base do “amigos com benefícios” com o gerente de vendas Alex Savi Monteiro, também de 33 anos. Numa relação ora próxima, ora distante, eles namoraram outras pessoas durante esse período, mas sempre acabaram retomando o contato. “Quando ela estava namorando, eu sentia ciúme sim, mas ficava na minha”, diz Monteiro. “E, quando estamos solteiros, procuramos um ao outro, mas nem sempre ele ou eu estamos disponíveis para atender”, afirma Kelly. Entre encontros e desencontros, a amizade se fortaleceu. “Nossa relação é muito forte, é amor. Sei que posso contar com ela para tudo”, diz Monteiro. “Nós curtimos muito a companhia um do outro, e, se essa relação nunca evoluir para um romance, pelo menos será uma boa história para contar para os meus netos no futuro”, afirma Kelly.
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Nem sempre, porém, misturar sexo com amizade faz bem para as relações. O gerente de marketing C.S.R., 28 anos, que pediu para não ser identificado, perdeu uma amiga depois de se envolver romanticamente com ela. Os dois se conheceram há seis anos, quando trabalhavam juntos em um shopping na capital paulista. Almoço vai, almoço vem, construíram uma relação de amizade. Porém, C., que estava solteiro na época, acabou se envolvendo com a prima da amiga. “Um dia, no entanto, percebi que gostava mesmo da minha amiga. Então terminei o caso com a prima dela e começamos a ficar”, diz C. O problema foi que, por receio de magoar a prima, a amiga de C. não quis assumir o romance, o que gerou muitas brigas. “Claro que isso causou um desgaste grande entre nós e fez com que eu me afastasse dela. No ponto em que estávamos, não havia mais meio-termo, não dava para simplesmente continuarmos amigos”, diz. Depois que eles romperam a amizade, a amiga de C. namorou e se casou com outro homem, mas até hoje ele lamenta o que aconteceu. “Perdemos uma amizade e uma relação fantástica, que nunca tive com outra pessoa desde então.” Para Ailton Amélio, o envolvimento amoroso ou sexual entre amigos pode ser um fator de risco para as amizades, sim, principalmente quando o interesse romântico ou sexual é unilateral. “Nesse caso, o sexo provavelmente aumentará o envolvimento romântico daquele que sentia esse tipo de atração e essa pessoa pode querer transformar o relacionamento em namoro, o que constrangerá a outra”, diz.
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Para felicidade (ou infelicidade) dos amigos de sexos opostos, o que a sabedoria popular perpetua, e os especialistas reforçam, é que se apaixonar por um amigo é mesmo muito fácil. “É mais cômodo se apaixonar por alguém que está ao seu lado, alguém com quem você já tem intimidade e pode se entregar”, diz Cláudya Toledo. Foi o que aconteceu com os empresários Camila Balthazar, 27 anos, e Marcos Trinca, 35. Os dois se conheceram há três anos. A princípio, o que os uniu foi uma empatia mútua. Ambos estavam solteiros e se tornaram amigos próximos, do tipo que dorme na mesma cama e troca revelações sobre suas respectivas experiências sexuais e amorosas. “Não rolava atração de nenhuma das partes”, afirma Camila. Até que o assunto “ficar” entrou em pauta. “Conversamos sobre como seria se a gente se beijasse”, conta Trinca. “Havia essa vontade, mas, ao mesmo tempo, também tínhamos medo de que isso prejudicasse nossa amizade.” Numa noite, o beijo aconteceu. Um mês depois, os dois já cultivavam uma relação amorosa. Hoje vivem juntos, mas não se declaram casados. “Estar em um relacionamento amoroso com seu melhor amigo é ótimo. Não há segredos entre a gente”, diz Camila.

Por mais que a amizade intersexual ainda seja vista com descrença por muitas pessoas, especialmente pelos homens, a interação amistosa pode acontecer até nos cenários mais improváveis, como comprova a história da assessora Erika Digon, 35 anos, e do gerente comercial Tuco Oliveira, 36. Erika e Oliveira foram casados por sete anos. Alegando desgaste da relação, ela decidiu pedir a separação. “Na época, o Tuco ficou bem chateado e permanecemos alguns meses sem nos falar”, diz. Conforme o baque do divórcio foi passando, os dois retomaram o contato. “Quando eu via algo que me lembrava o Tuco, ligava na hora para ele para contar”, lembra Erika. De ex-marido e ex-mulher, os dois passaram a melhores amigos, tanto que Oliveira fez questão de ir à festa do segundo casamento de Erika. “Acho que o que ficou para nós foi uma ligação muito mais forte do que o normal, de poder trocar confidências sobre relacionamentos, profissionais e até sobre nosso direcionamento de vida. O querer o bem um do outro é o que move a nossa relação”, diz Oliveira. E o ciúme, os dois garantem, ficou para trás. “A atração e o tesão acabaram, mas o amor entre nós permaneceu”, afirma Erika. Prova de que até Oscar Wilde, apesar de ser um ótimo criador de frases de efeito, não podia estar sempre certo.
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Produção: Braga Júnior - Imagemakers;
Agradecimentos: Colcci, Triton, Forum, Calvin Klein

Colesterol tem influência na evolução do Alzheimer, diz pesquisa


Cientistas encontram ligação entre proteína da doença e o colesterol.
Evidência abre caminho para novos tratamentos contra o Alzheimer.

Do G1, em São Paulo
Estrutura microscópica da proteína (em verde e azul) aparece ligada ao colesterol (branco, preto e vermelho). (Foto: Charles Sanders and colleagues/Vanderbilt University)Estrutura tridimensional da proteína (em verde e azul)
aparece ligada ao colesterol (branco, preto e vermelho).
(Foto: Vanderbilt University)
Uma equipe de pesquisadores americanos descobriu que o colesterol tem papel importante na produção de uma proteína que destrói neurônios e é considerada a principal causa da doença de Alzheimer. A descoberta foi publicada nessa semana na revista “Science”.
O Alzheimer é uma das formas mais comuns de demência, que leva a alterações progressivas da memória, de julgamento e raciocínio intelectual, e costuma acometer pessoas idosas.
A equipe de pesquisadores, comandada por Charles Sanders, do Centro de Biologia Estrutural, revelou a estrutura tridimensional de uma proteína que dá origem a outra chamada beta-amiloide, encontrada em exames feitos no cérebro de vítimas da doença.
Ao mapearem sua estrutura, por meio de uma ressonância magnética com dimensão microscópica, eles perceberam que o colesterol se ligava a uma parte dela.
“Há muito tempo que se pensa que, de alguma forma, o colesterol promove a doença de Alzheimer, mas os mecanismos não eram claros”, disse Sanders.
Pesquisas anteriores já haviam sugerido que o colesterol alto aumenta o risco de Alzheimer e tal evidência foi levada em conta pelos cientistas.
Segundo Sanders, a análise microscópica da molécula, que mostrou ambas coladas uma na outra, pode responder a questão e ter um papel decisivo na evolução do tratamento da doença.

CAIXA 2 DO PSDB NA CAMPANHA DE JOSÉ SERRA

Dos Genéricos ao Rodoanel  é uma festa só

As confissões de Pagot

Em entrevista à ISTOÉ, o ex-diretor do DNIT, hoje consultor, denuncia caixa 2 na campanha do PSDB e conta que, em 2010, quando estava na direção do órgão, arrecadou junto às empreiteiras para a campanha do PT

por Claudio Dantas Sequeira

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"Todos os empreiteiros do Brasil sabiam que o
Rodoanel financiava a campanha do Serra"
Luiz Antônio Pagot
Desde o início do ano, o ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) Luiz Antonio Pagot tem prestado consultoria em projetos de navegação fluvial. Os negócios vão bem, mas a incursão no setor privado ainda não foi suficiente para apagar a mágoa que guarda pela maneira como deixou o governo, no rastro do escândalo de corrupção no Ministério dos Transportes. Casado, pai de uma filha, o economista, que é oficial reformado da Marinha, considera-se um técnico competente, de confiança, e diz que nutria pelo governo uma fidelidade quase canina. Mas a demissão, que classifica como “traição mortal”, alimenta agora um sentimento de vingança. E motivou Pagot, nos últimos dois meses, a fazer uma série de depoimentos à ISTOÉ. Em três encontros com a reportagem num hotel em Brasília, todos gravados, Pagot contou detalhes sobre a forma como, no exercício do cargo, foi pressionado pelo governo de José Serra a aprovar aditivos ilegais ao trecho sul do Rodoanel. A obra, segundo ele, serviu para abastecer o caixa 2 da campanha de José Serra à Presidência da República em 2010. “Veio procurador de empreiteira me avisar: ‘Você tem que se prevenir, tem 8% entrando lá.’ Era 60% para o Serra, 20% para o Kassab e 20% para o Alckmin”, disse Pagot. Nas conversas com ISTOÉ, Pagot também afirmou ter ouvido do senador Demóstenes Torres um pedido para que o ajudasse a pagar dívidas de campanha com a Delta com a entrega de obras para a construtora. Mas nem o aditivo de R$ 260 milhões para o trecho sul do Rodoanel foi liberado pelo DNIT – embora tenha sido pago pelo governo de São Paulo – nem o favor a Demóstenes foi prestado, segundo Pagot. Porém, ele não resistiu ao receber uma missão do comitê de campanha do PT durante as eleições de 2010. Pagot disse que, quando ocupava a diretoria do órgão que administrava bilhões em obras públicas em todo o País, recebeu do tesoureiro da campanha do PT, deputado José De Filippi (SP), um pedido para arrecadar recursos junto às empreiteiras. “Cada um doou o que quis. Algumas enviavam cópia do boleto para mim e eu remetia para o Filippi. Outras diziam ‘depositamos’”, afirmou. As doações, no entanto, teriam sido feitas pelas vias legais, de acordo com o ex-diretor do DNIT.
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CAIXA 2
Segundo Pagot, empreiteiro confirmou que 8% da verba para o trecho
sul do Rodoanel era desviada para a candidatura de Serra ao Planalto
Os segredos que Pagot guardava até agora ajudam a explicar por que a CPI do Cachoeira adiou deliberadamente sua convocação. Ele diz que está pronto para falar tudo e desafia: “Duvido que me chamem. Muitos ali têm medo do que posso contar.” Nas entrevistas à ISTOÉ Pagot forneceu detalhes dos encontros com o tesoureiro do PT, José De Filippi. Ele contou que, em meados de 2010, foi chamado ao QG petista, no Lago Sul, onde foi apresentado a Filippi, que lhe pediu ajuda para passar o chapéu entre as empreiteiras. Dias depois, revelou, os dois voltaram a se reunir no DNIT, onde Pagot lhe apresentou uma lista com cerca de 40 empreiteiras médias e grandes que tinham contrato com o órgão. Ao analisar hoje a prestação de contas da campanha, Pagot identifica ao menos 15 empresas que abasteceram a campanha do PT a pedido seu: Carioca Engenharia, Concremat, Construcap, Barbosa Mello, Ferreira Guedes, Triunfo, CR Almeida, Egesa, Fidens, Trier, Via Engenharia, Central do Brasil, Lorentz, Sath Construções e STE Engenharia. Elas doaram cerca de R$ 10 milhões, segundo a prestação de contas apresentada pelo PT ao TSE. Filippi disse à ISTOÉ que realmente foi apresentado a Pagot no comitê da campanha durante o primeiro turno da eleição. “Mas a conversa tratou da proposta de Pagot de a campanha receber três aviões do Blairo Maggi”, disse Filippi, que negou ter recebido boletos de depósitos. “Num segundo encontro, depois da eleição de Dilma, ficou acertado que Pagot buscaria recursos para saldar dívidas da campanha eleitoral”, admite Filippi.
"Teve uma reunião no DNIT. O Paulo Preto (diretor da Dersa) apresentou
a fatura de R$ 260 milhões. Não aceitei e começaram as pressões"

Luiz Antônio Pagot
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PRESSÃO
Em 2009, o então diretor da Dersa, Paulo Preto, solicitou
uma audiência no DNIT. Queria um aditivo para o Rodoanel
Com os tucanos paulistas foi diferente. Os pedidos eram para um caixa 2 e ele se recusou a atendê-los. Pagot contou à ISTOÉ que recebeu pressões para liberar R$ 264 milhões em aditivos para a conclusão do trecho sul do Rodoanel. Segundo ele, em meados de 2009, o então diretor da Dersa, empresa paulista responsável pelas estradas, Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, solicitou uma audiência no DNIT. Levou assessores, engenheiros e um procurador para tentar convencer Pagot a liberar a quantia. Até então, a obra tinha consumido R$ 3,6 bilhões, sendo R$ 1,2 bilhão em repasses da União. Acompanhado do diretor de Infraestrutura Rodoviária, Hideraldo Caron, Pagot disse que o governo não devia mais nada à Dersa. Quarenta dias depois, houve nova reunião, no Palácio dos Bandeirantes, na qual tentaram recolher sua assinatura num Termo de Ajuste de Conduta (TAC), apresentado pelo Ministério Público Federal. “A partir daí começaram as pressões”, diz Pagot. Ele diz que recebia telefonemas constantes, não só de Paulo Preto, mas do deputado Valdemar Costa Neto (PR/SP), do ministro Alfredo Nascimento e de seu secretário-executivo, hoje ministro Paulo Sérgio Passos. O caso foi parar no TCU, que autorizou a Dersa a assinar o TAC, condicionando novos aditivos à autorização prévia do tribunal e do MP. Pagot recorreu à AGU, que em parecer, ao qual ISTOÉ teve acesso, o liberou de assinar o documento.
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ARRECADAÇÃO PETISTA
De acordo com Pagot, o tesoureiro do PT, José De Filippi,
pediu para ele arrecadar junto às empreiteiras
Em meados de 2010, almoçando uma dobradinha no tradicional restaurante Francisco, em Brasília, o procurador de uma empreiteira adicionou para Pagot um elemento novo à já suspeita equação do Rodoanel. O interlocutor, segundo o ex-diretor do DNIT, revelou que no convênio haveria um percentual para abastecer a campanha de Serra. “Aquele convênio tinha um percentual ali que era para a campanha. Todos os empreiteiros do Brasil sabiam que essa obra financiava a campanha do Serra”, disse. Consulta ao TSE mostra que o comitê de Serra e do PSDB receberam das empreiteiras que atuaram no trecho sul do Rodoanel quase R$ 40 milhões, em cifras oficiais. O representante de uma empreiteira que participou do Rodoanel confirmou à ISTOÉ que manteve contatos com Pagot reivindicando o aditivo.
Questionado por ISTOÉ, Valdemar Costa Neto confirmou os contatos. Disse que atua “junto à administração pública em favor da liberação de recursos para investimentos que beneficiem” sua região. Nascimento, por sua vez, admitiu ter sido procurado por dirigentes do governo de São Paulo para discutir o aditivo, mas garante que refutou o pedido. Passos negou qualquer pressão.
"Apresentei para Filippi (tesoureiro do PT) uma lista
de 40 empresas. Tinha que ter volume"

Luiz Antônio Pagot
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RESPALDO
A AGU, de Luis Adams, liberou o DNIT de assinar o aditivo para obra em São Paulo
A metralhadora giratória acionada por Pagot também atinge a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti. Ele diz que, em 2010, quando Ideli era candidata ao governo de Santa Catarina, ela pediu uma audiência no DNIT para tratar de três convênios do órgão no Estado, e, ao final do encontro, solicitou que a ajudasse também na arrecadação de recursos. “Ela queria que eu chamasse as empreiteiras e pedisse para pôr dinheiro na campanha dela”, afirma. Como se negou a ajudá-la, Pagot acha que Ideli ficou ressentida e passou a miná-lo quando chegou ao Planalto. Por meio de nota, Ideli negou que tenha recorrido a Pagot para solicitar recursos.
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VERBA PARA A CAMPANHA
Então candidata ao governo de Santa Catarina,
Ideli Salvatti também teria recorrido a Pagot
Mas as pressões em cima do diretor do DNIT não vinham apenas do PT e do PSDB. Outra confissão de Pagot diz respeito a um jantar que teve com Demóstenes (ex-DEM) e a cúpula da construtora Delta no ano passado. Ao final do encontro, Demóstenes teria chamado Pagot para uma conversa privada, num cômodo de sua casa. Na conversa, Demóstenes disse que estava com dívidas com a Delta e que precisava “carimbar alguma obra para poder retribuir o favor” que a construtora fez para ele na campanha. Como se vê, o DNIT era um tesouro cobiçado por muita gente.
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Drogarias fraudam o Programa Farmácia Popular

Irregularidade teriam causado prejuízo superior a R$ 4 milhões somente em Franca,

As drogarias deverão ser acionadas judicialmente 

Rene Moreira - especial para o Estado
FRANCA - Uma fraude n vitorioso programa Farmácia Popular do Brasil causou prejuízos aos cofres públicos de mais de R$ 4 milhões somente em Franca, no interior paulista. As investigações agora estão sendo ampliadas para outras cidades do país e o rombo pode ser ainda maior. Para burlar o sistema, drogarias usavam documentos de pessoas que nem precisavam de remédios e que muitas vezes nem sabiam que eram usadas numa fraude. Até mesmo dados de quem já morreu foram apresentados para justificar o recebimento junto ao governo federal.
Drogarias usavam documentos de pessoas que nem precisavam de remédios - Evelson de Freitas/AE
Evelson de Freitas/AE
Drogarias usavam documentos de pessoas que nem precisavam de remédios
Em Franca o Ministério Público Federal investiga dez farmácias relacionadas à fraude. Dessas, pelo menos duas fecharam as portas e não foram reabertas. No total, mais de 30 pessoas foram citadas por participação no esquema, porém, algumas assinaram um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) e se comprometeram a reembolsar o poder público. Assim se livraram da ação cível, mas continuam respondendo criminalmente pelo ocorrido.
Recentemente, mais quatro drogarias da cidade resolveram assinar o acordo no Ministério Público. Com isso, subiu para R$ 515.199,19 o montante devolvido aos cofres públicos. Entretanto, o processo ainda segue em andamento e outras pessoas estão sendo acionadas. Além dos valores recuperados extrajudicialmente, continuam em curso na Justiça Federal seis ações civis públicas visando o ressarcimento de dinheiro recebido indevidamente. Isso sem contar outras sete ações penais que apuram a prática do crime de estelionato qualificado (cometido contra entidade pública).
Os procedimentos de auditoria estão em fase final e mais farmácias devem ser acionadas judicialmente. Por sinal, as fraudes foram confirmadas por auditores que constataram a falta de grande parte dos cupons fiscais e identificaram outros cujas informações não procedem. Em muitos havia registro de venda a pessoas que declararam não fazer uso dos medicamentos referidos e até mesmo que nunca haviam comparecido às drogarias.
Assinaturas dos supostos compradores foram falsificadas, números de CPF foram trocados e alguns dos cupons foram registrados em nome de pessoas falecidas. Até mesmo receitas médicas foram falsificadas e entregues por uma das farmácias ao Ministério Público Federal para justificar vendas inexistentes. A procuradora federal Daniela Poppi Norberto contou que foram vários meses de investigações até se chegar às primeiras irregularidades. Depois, ao verificar os estabelecimentos que foram credenciados ao programa apurou-se o envolvimento de diversos outros empresários do ramo.
O que é?
O Governo Federal criou o Programa Farmácia Popular do Brasil para ampliar o acesso aos medicamentos para as doenças mais comuns entre os cidadãos. O programa possui uma rede própria de Farmácias Populares e ainda uma parceria com farmácias e drogarias da rede privada, chamada de "Aqui tem Farmácia Popular". Nesses locais alguns remédios são vendidos a preços mais baixos, subsidiados pelo governo, enquanto que outros chegam a ser distribuídos gratuitamente.

As borboletas virão até você!








Muitas vezes, passamos um longo tempo da nossa vida a correr desesperadamente atrás de algo que desejamos: seja um amor, um emprego, uma amizade, uma casa, etc.
Acredito, realmente, que devamos empenhar-nos para alcançarmos o que queremos; no entanto, se não estivermos a ter êxito na nossa procura, provavelmente é porque algo nesta busca está errado!
Não quero dizer que tudo tenha de ser fácil, ou muito menos que devemos desistir quando as coisas se tornam difíceis. O quero dizer é que, se do nosso esforço nada resulta, talvez isso aconteça porque não estejamos a agir da forma mais adequada para atingir os nossos objectivos. Talvez Deus esteja a tentar mostrar-nos que ainda não estamos preparados para essa conquista.
Muitas vezes, a vida usa símbolos, acontecimentos, que são sinais para que possamos entender que, antes de merecermos aquilo que desejamos, precisamos de aprender algo de importante, precisamos estar prontos e maduros para viver determinadas situações.
Por isso, se tal está a acontecer na sua vida, pare e reflicta sobre a seguinte frase:Não corra atrás das borboletas. Cuide do seu jardim e elas virão ter consigo!
Isto significa que, na verdade, não precisamos de correr desesperadamente atrás daquilo que desejamos. Devemos compreender que a vida segue o seu fluxo e que esse fluxo é perfeito. Tudo acontece no seu devido tempo.
Nós, seres humanos, é que nos tornamos ansiosos e estamos constantemente a tentar "empurrar o rio". O rio vai sozinho, obedecendo o ritmo da natureza. Ao tentarmos empurrá-lo, estaremos apenas a desperdiçar as nossas energias e a correr o risco de nos sentirmos frustrados, pois o máximo que conseguiremos será uma enchente ou algum outro tipo de desastre.
O grande segredo da conquista é lembrarmo-nos sempre de que, subir ao pódio, erguer a taça da vitória ou comemorar os objectivos alcançados nada mais são do que os resultados, as consequências de muito esforço, de muita luta e de muito trabalho. São, enfim, o prémio merecido para quem deu o melhor de si!
Então, em vez de nos concentrarmos no final da batalha, que tal começar por nos dedicarmos e aproveitarmos mais todo o caminho que precisamos de percorrer até chegarmos lá?
É isso que quero dizer com a frase sobre as borboletas: se passarmos todo o tempo a desejar as borboletas e a reclamar porque elas não se aproximam da gente, mas vivem no jardim do nosso vizinho, elas realmente não virão.
Mas se nos dedicarmos a cuidar do nosso jardim, a transformar o nosso espaço (a nossa vida) num ambiente agradável, perfumado e bonito, será inevitável: as borboletas virão até nós!
(Autor desconhecido)

bolinhos de chuva. e bolo de cenoura da vovó

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Julho de 2008


Receitas prometidas


 











Não precisam de legenda, pois não?

Então, como o prometido é de vidro e não quero que se quebre, aqui vai o meu bolo de cenoura (que geralmente faço num tabuleiro e não numa forma redonda):
Ingredientes:
1/2 chávena (chá) de óleo
3 cenouras médias raladas na varinha mágica
3 ovos
1 chávena e meia (chá) de açúcar
2 chávenas (chá) de farinha de trigo
1 colher (sopa) de fermento em pó só rasa, isto é, mal cheia.

Como se faz:
Antes de mais nada, barra-se um tabuleiro ou forma com manteiga e salpicado de farinha e liga-se o forno a 180º.
1. Bate-se tudo no liquidificador, primeiro a cenoura com os ovos e o óleo, depois os outros ingredientes, um a um, misturando tudo, menos o fermento.
2. No fim, junta-se o fermento, misturando-o com uma colher de pau autorizada pela ASAE;
3. Vai ao forno pré aquecido (l80ºC) durante 40 minutos. Se for em tabuleiro, como é mais baixo, é melhor verificar pelo método científico do palito a partir dos 30 minutos.
Cobertura:
Esta cobertura é uma perdição e raramente me permito fazê-la cá em casa por causa das curvas mas é óptima!!!
Derreto uma tablete de chocolate no micro-ondas, depois despejo e mexo, ao mesmo tempo, uma lata de leite condensado magro, até estar tudo bem homogéneo e cubro o bolo. Depois contem-me!
Bolinhos de chuva
Os bolinhos de chuva, nome brasileiro, são os conhecidos belhós da Beira Litoral, que se fazem num instante, especialmente quando aparece alguém e estamos desguarnecidos...
Eu faço assim: uma chávena grande de farinha de trigo já com fermento, 2 duas boas colheres de leite em pó, 2 colheres de açúcar, 2 ou 3 ovos, raspa de limão. Misturo tudo com um garfo ou batedeira e acrescento a água ou leite necessário para ficar uma massa fluída e a fazer bolhas. É muito rápido. Depois, frito às colheradas, deixo escorrer e polvilho com açúcar e canela.
Estes eram os meus presentes no Ofertório em espécie para os meus queridos padres italianos.
Bom apetite.
Ainda cá hei-de voltar hoje, se o Senhor quiser, mas com uma receita de Deus.

Saúde suplementar

Plano de saúde sobe até 23% em seis meses

No mesmo período, o Índice do Custo de Vida (ICV), do Dieese, foi de 3,97%

médico computador Operadoras de planos de saúde reajustaram em até 23% suas mensalidades nos últimos seis meses (Thinkstock)
As operadoras de planos de saúde reajustaram em até 23% suas mensalidades nos últimos seis meses para os contratos novos individuais. O levantamento foi feito pelo Jornal da Tarde considerando valores de novembro de 2011 e abril deste ano. No mesmo período, o Índice do Custo de Vida (ICV), do Dieese, na capital foi de 3,97%. Os preços iniciais dos convênios médicos não estão submetidos a um controle da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), portanto, cada empresa é livre para cobrar quanto quiser.
O maior aumento para novos clientes ocorreu no plano básico da Intermédica (Max 200), que apresentou 23% de alta. Já a Greenline não elevou o valor para seu plano Classic. Segundo as empresas, o aumento ocorre por causa da alta dos custos e para diminuir o achatamento das margens de lucro nos anos seguintes, já que os reajustes passam depois a ser anuais e controlados pela ANS.

O presidente nacional da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), Arlindo de Almeida, explica que os aumentos aplicados pelos planos ocorrem para cobrir uma constante elevação do custo do serviço para as operadoras com a inclusão de procedimentos obrigatórios, conforme exigência da ANS, e até o aumento da expectativa de vida do brasileiro.
(Com Agência Estado)

Cerco aos refrigerantes

Estados Unidos

NY quer proibir venda de refrigerante em tamanhos grandes 

Medida para combater a obesidade atingiria também outras bebidas açucaradas

Embalagens de refrigerantes PET estão entre os alvos de medida da prefeitura de Nova York
Embalagens de refrigerantes PET estão entre os alvos de medida da prefeitura de Nova York 
A Prefeitura de Nova York anunciou nesta quarta-feira que planeja proibir a venda de refrigerantes e outras bebidas açucaradas em grandes embalagens nos restaurantes, cinemas e nos tradicionais carros que vendem comida nas ruas da cidade. Trata-se de uma iniciativa inédita da administração do prefeito Michael Bloomberg, já considerada a medida mais radical proposta nos EUA para combater a obesidade.
Segundo reportagem do jornal The New York Times, a proibição afetaria praticamente todas as bebidas açucaradas encontradas em delicatessens, franquias de fast-food e até mesmo arenas esportivas, de bebidas energéticas a chás gelados adoçados. A venda de qualquer copo ou garrafa com capacidade maior do que 16 onças fluidas (cerca de 470 mililitros) passaria a ser proibida. A ideia da prefeitura é colocar a medida em vigor a partir de março do próximo ano.
A venda de refrigerantes dietéticos, sucos, bebidas lácteas – como milkshakes – e bebidas alcoólicas, porém, não seria afetada.  Além disso, mercados e lojas de  conveniência continuariam liberados para comercializar todos os tamanhos de refrigerantes e outras bebidas com açúcar.
"A obesidade é um problema nacional, e em todos os Estados Unidos as autoridades de saúde pública estão aflitas, dizendo 'Isso é terrível'. Em Nova York, não vamos ficar aflitos, vamos fazer alguma coisa", disse Bloomberg nesta quarta. "Eu acho que é isso que as pessoas querem que o prefeito faça".
Críticas – A proposta foi criticada pelo porta-voz da Associação de Produtores de Bebidas, Stefan Friedman. Ele afirmou que o Departamento de Saúde da prefeitura tem uma "obsessão" com os refrigerantes e que a proibição serve apenas como "distração" da dura tarefa de buscar soluções para combater a obesidade.
Para entrarem em vigor, as restrições dependem apenas da aprovação da Diretoria de Saúde da cidade, órgão cujos integrantes são indicados pelo prefeito. Segundo estatísticas do governo, 35% dos americanos são obesos e 60% estão acima do peso. O Departamento de Saúde de Nova York aponta o mesmo pecentual entre os adultos da cidade.  

Financiamento de campanha e CPMI: tudo a ver


Publicado em 02-Jun-2012
Alguma coisa não vai bem quando se fala em corrupção, lavagem de dinheiro e improbidade administrativa no Brasil. O tema esteve presente no Seminário Nacional de Probidade Administrativa, promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em Brasília na quinta e sexta-feiras últimas. Mas o centro dos debates foram os entraves existentes na legislação e no próprio Judiciário para que se chegue às condenações efetivas dos acusados em questões ligadas à corrupção e à improbidade administrativa.

Entendo a importância de se debater os problemas existentes no Judiciário mas, assim como alguns participantes do Seminário, vejo que o centro do problema está no financiamento privado das campanhas eleitorais. E no pouco interesse por parte de políticos, principalmente da oposição, de avançarmos na direção de modificar a forma de financiamento de campanha, verdadeiramente a base que fornece o verdadeiro estímulo para boa parte da corrupção no meio político.

Daí a importância de retomarmos a reforma política, parada na Câmara, apesar dos esforços do PT e do relator Henrique Fontana, do PT do Rio Grande do Sul, para aprovar seu relatório na Comissão Especial instituída para analisar o tema.

É preciso que se exponha de forma nua e crua os interesses e os nomes dos que se colocam em oposição ao financiamento público e à mudança do sistema de voto uninominal, causas mais do que conhecidas da busca de financiamento privado via empresas e dos altos custos das campanhas eleitorais. O financiamento público e o voto em lista – ou misto –, reduziriam a busca de recursos privados e o custo das campanhas em pelo menos 80%.

Participantes do Seminário trataram do tema

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José Eduardo Cardozo
Alguns dos participantes do Seminário do CNJ em Brasília chegaram a tratar do tema do financiamento público das campanhas políticas. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, foi um dos que abordou a questão com clareza: "Esse sistema [político-eleitoral] vai na direção contrária aos valores da Constituição Federal porque cria uma tal situação de promiscuidade no momento da captação dos recursos eleitorais que ela é geradora da improbidade, seja no momento da eleição, seja depois".

O conselheiro do CNJ Gilberto Martins Valente, que apresentou os números de condenações por improbidade administrativa no Brasil (“o número de condenações é ínfimo” [não passam de 500]; “A estrutura [do judiciário no que diz respeito à questão] não está funcionando e temos de saber os motivos”, declarou o conselheiro), concorda com a visão expressa pelo ministro da Justiça: "Temos de melhorar o sistema eleitoral brasileiro, a forma de financiamento das campanhas e a transparência”, disse.

Também o ministro Jorge Hage Sobrinho, chefe da Controladoria-Geral da União, um dos palestrantes no Seminário, apesar de reconhecer que o combate à improbidade administrativa e à corrupção avançou muito nos últimos anos, identificou no financiamento de campanha pelo setor privado “a principal causa de corrupção no Brasil e em outros países”. O ministro contou que se afastou da política – ele já foi prefeito de Salvador e deputado –, em 1990, por causa do sistema de financiamento de campanha eleitoral vigente no Brasil. “Sem o financiamento público era impossível para mim”, explicou.

CPMI e reforma política

Vejo com enorme satisfação que vai se alastrando pelo país a consciência sobre a necessidade da implementação do financiamento público por meio da reforma política. Não entendo porque na CPMI o tema da reforma política não aparece. A ligação é óbvia, uma vez que a Comissão investiga justamente o enraizamento de uma organização criminosa nos meios políticos e administrativos. Não tratar da questão é se restringir às consequências ao invés de ir à raiz do problema.

É preciso que os cidadãos saiam às ruas e se mobilizem para fazer a reforma política andar no Congresso. Os parlamentares e militantes do PT estarão na linha de frente dessa mobilização, pois temos consciência da importância do tema para que ocorra uma mudança radical nas condições e nos personagens da política em nosso país.
José Dirceu

A babá eletrônica está a um passo da aposentadoria

Com cada vez menos programas voltados ao público infantil, a TV aberta deixa no passado a tradição de entreter crianças. Essa tarefa agora está com os canais pagos

Mariana Zylberkan
Nos últimos anos, a TV aberta brasileira vem mostrando sinais de cansaço numa das funções mais significativas de sua história recente: o entretenimento voltado ao público infantil. Com cada vez menos horas dedicadas às crianças, a televisão, no papel de babá eletrônica, está a um passo de se aposentar. Atualmente, as emissoras exibem cerca de 22 horas diárias de conteúdo infantil, de segunda a sexta. Nos anos 80 e 90, auge da produção televisiva para crianças, a programação tinha até 30 horas diárias reservadas a esse público. E esse tempo tende a diminuir ainda mais em breve. No início do ano, o diretor-geral da Globo Octávio Florisbal anunciou a extinção do TV Globinho. Um dos únicos remanescentes da tradição de reservar  as manhãs para as crianças vai ser substituído pelo novo programa de Fátima Bernardes, com estreia prevista para agosto. “A babá eletrônica teve um curto-circuito”, diz José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, o ex-todo-poderoso da Globo.
A TV aberta voltada para crianças vem sendo substituída, nos últimos 15 anos, pelos canais pagos que hoje detêm 70% do bolo publicitário direcionado ao segmento infantil. Apesar da alardeada popularização da TV paga, impulsionada pelo maior acesso da classe C ao serviço, a programação segmentada atinge apenas 18% da população com idade entre 4 e 11 anos. Isso significa que 19,6 milhões de crianças brasileiras simplesmente não têm o que assistir na TV aberta. A questão é que as crianças, dificilmente, vão deixar de ver televisão. E isso vale inclusive para as famílias em que os pais se esforçam para manter a atenção dos filhos longe da tela. Um mundo em que os meninos e meninas são estimulados exclusivamente por conteúdos educacionais e altamente instrutivos é uma utopia. No mundo real, é mais sensato oferecer uma televisão com opções pensadas para as crianças, ainda que longe do ideal.
Um indício de que existe uma demanda reprimida é o surpreendente sucesso de Carrossel, remake dos anos 90, que estreou no horário nobre do SBT há duas semanas. A média de 15 pontos de audiência, atingida no segundo capítulo, certamente não é mérito da produção. A novela toda se passa em um único cenário, com atores-mirins inseguros e poucas alterações na história, que foi exibida no Brasil pela primeira vez há 20 anos.
Ter uma novela que fez sucesso em 1991 e apela à nostalgia dos adultos como o principal programa infantil no ar é o resultado mais embelmático de uma série de fatores que minaram, ao longo do tempo, a produção voltada para as crianças. A mola propulsora desse movimento foi a perda de receita publicitária do setor e a pulverização do que restou em muitos meios diferentes - internet, TV paga, DVDs. A perda de receita publicitária se deve tanto a fatores objetivos, ligados à economia, quanto a fatores que se pode chamar de culturais. Entre esses últimos, está o cerco à publicidade de diversos produtos de apelo para o público infantil. O desejo de resguardar as crianças de certas "tentações" é legítimo. O problema é vê-lo degenerar em sanha politicamente correta - que transfere à "sociedade" uma tarefa que é dos pais (mas que eles, nessa versão da história, são incapazes de fazer).


O auge e o declínio -  A programação infantil teve sua época de ouro no final dos 80 e começo dos 90, quando chegou a receber em publicidade até 3% do faturamento de 600 milhões de reais da indústria de brinquedos, a maior anunciante. A fartura coincidiu com marcos da TV para crianças, como a estreia do Castelo Rá Tim Bum, na TV Cultura, e o início da era de ouro das "fadinhas loiras". Em 1992, o Xou da Xuxa dava média de 22 pontos na audiência matutina e seus especiais atingiam picos de 40 pontos, na mesma faixa horária. Alguns anos antes, os pequenos já tinham ótimas opçõs de programas.
 

1972 – 'Vila Sésamo'


Baseado na produção norte-americana da Children’s Television
Workshop chamada Sesame Street (1969), a versão brasileira
batizada de Vila Sésamo foi transmitida, simultaneamente,
 pela TV Globo e TV Cultura entre 1972 e 1974.
Com duração de uma hora e meia, Garibaldo e seus
amigos ensinavam noções básicas de alfabeto, número e
cores às crianças  de segunda a sexta, pela manhã e a tarde.
O programa foi criado nos Estados Unidos a partir de uma
orientação pedagógica, baseada na repetição. As esquetes
tiram duração máxima de três minutos, que é o tempo máximo
que crianças de três a cinco anos conseguem prender
 a atenção em algo.
Em meio a toda essa efervescência, surge a primeira
 rachadura na estrutura de financiamento da produção televisiva
infantil. Em 1990,
 o governo Collor tomou medidas para abrir a economia brasileira às
importações. A medidapôs em dificuldades a indústria de brinquedos,
 que se viu obrigada a competir com similares muito mais baratos
 trazidos de países como a China. Essa perda de competitividade
só se acentuou. Nos últimos sete anos, o setor viu seu faturamento
 cair vertiginosamente - e as verbas para publicidade, como consquência,
 foram cortadas pela metade. “O pouco que sobrou é investido na
TV fechada, já que ficou inviável anunciar nos canais abertos”,
 diz Synésio Batista da Costa, presidente da Associação Brasileira
 dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq).  Diz o mesmo o executivo
Rafael Davini, que participou da implantação do canal Cartoon
 Network no Brasil: “Com o valor de uma peça publicitária simples
na TV aberta, é possível anunciar por um ano na TV paga, com
100% de aproveitamento, pois a segmentação desse meio
 permite dialogar exatamente com o público alvo, sem a
dispersão dos canais abertos.”
Os canais pagos -- A entrada da TV por assinatura no
 Brasil ampliou em muito a oferta de programação infantil.
 Mas reduziu em muito as opções das crianças que só têm em
 casa os canais abertos. Atualmente, as operadoras disponibilizam
pacotes com 12 canais infantis diferentes. Está prevista para 15 de
 junho a estreia do Gloob, o primeiro canal do gênero da Globosat.
 Voltado para crianças entre 4 e 9 anos, o Gloob vai ter 24 horas
de programação ininterrupta e apenas uma produção nacional,
 D.P.A. Detetives do Prédio Azul. Mais do que sofrer com o
êxodo publicitário, a TV aberta não tem mais interesse em
 investir nesse público, segundo Fernando Gomes, gerente
do departamento infanto-juvenil da TV Cultura.
“As emissoras não estão preocupadas com a formação da criança,
preferem transferir a missão para a TV paga.”
Junto a isso, percebe-se o loteamento da faixa matutina com programas que prestam serviços à população. Atrações que esclarecem dúvidas sobre saúde, segurança, educação e outros assuntos cotidianos invadiram o tradicional horário dedicado às crianças a partir de 2005, quando estreou o Hoje em Dia, na Record. Além de atrair telespectadores de várias idades, esse formato disponibiliza mais oportunidades de ações de merchandising às emissoras. É essa linha que o novo programa de Fátima Bernardes deve seguir.
Patrulhamento - Não bastasse o enfraquecimento de um dos principais setores que sustentavam a produção infantil e o surgimento da TV paga, existe ainda uma mudança profunda no setor publicitário. A propaganda direcionada às crianças passou a ser vista com fortes ressalvas. Em alguns casos, a restrição partiu dos próprios anunciantes. Em outros, foi imposta pelo estado. Em 2010, as empresas reunidas pela Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Aba) firmaram compromisso público de suprimir a publicidade de produtos alimentícios industrializados a menores de 12 anos, exceto os que obedecem a rígidos critérios nutricionais indicados para o consumo dessa faixa etária. No mesmo ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) instituiu resolução que proíbe o anúncio de alimentos com quantidades elevadas de açúcar, gordura saturada, gordura trans, sódio e de bebidas com baixo teor nutricional. As medidas foram responsáveis pela queda de 30% da receita publicitária, segundo estimativa da Associação dos Anunciantes.
Entre as mais recentes iniciativas políticas nesse sentido está o projeto de lei estadual de autoria do deputado estadual Rui Falcão (PT), que restringe a publicidade voltada ao público infantil e está prestes a ser votada na Assembleia Legislativa de São Paulo. Se aprovada, a lei vai ser a primeira a regulamentar a publicidade para crianças. Hoje, as agências de propaganda seguem o artigo 37 do Código de Autorregulamentação do Conar para conversar com esse público. O texto do Conar sugere que nenhum anúncio dirija apelo imperativo de consumo diretamente às crianças.



Se aprovadas leis como essa, se tornará ainda mais improvável o surgimento de novos programas infantis nos grandes canais de TV brasileiros. Enquanto o acesso à TV paga não se universalisa, se apresenta uma espécie de vácuo. Uma geração de brasileiros tem hoje o Ilariê de Xuxa incrustado no cérebro, porque cresceu vendo a loirinha na TV. Uma outra talvez cresça com o noticiário policial gravado na memória - para citar um dos tipos de atração que dominam atualmente as manhãs na TV aberta.

Quem faz sucesso entre as crianças

Apesar da escassez de investimentos em programas infantis na TV aberta, há outros segmentos voltados a esse público que têm se mostrado bastante rentáveis. O nicho mais bem-sucedido, nesse momento, é a música para crianças, representado pelo grupo Palavra Encantada. Em segundo lugar, vem a arte circense, capitaneada pela dupla de palhaços Patati e Patatá.
Os músicos Sandra Peres e Paulo Tatit se dedicam, desde 1994, a educar através de canções. Dos 14 discos lançados, seis foram premiados. Ao todo, a dupla vendeu dois milhões de unidades em 18 anos. Os shows da dupla costumam lotar de pais e filhos que participam juntos das brincadeiras musicais propostas por Sandra e Tatit no palco. As duas apresentações mais recentes, realizadas em maio em São Paulo para lançar o disco Só Mais um Minutiiiinho!, tiveram, cada, a lotação de 800 pessoas esgotada no primeiro dia de venda de ingressos.
Considerada um fenômeno do consumo, a dupla Patati e Patatá, formada há 25 anos pelos mineiros Agnaldo Soares e Renato de Oliveira, está à frente de uma verdadeira fábrica de shows infantis e produtos licenciados. São 40 palhaços que rodam o país para interpretar a dupla em apresentações, na maioria, lotadas. Atualmente, a loja on-line soma 122 artigos licenciados à venda, entre material escolar, bonecos e artigos para festas. Desde maio do ano passado, Patati e Patatá comandam o programa diário Carrossel Animado, no SBT, com duração de uma hora e meia.
Mais recentemente, surgiu na internet o fenômeno Galinha Pintadinha. Músicas conhecidas da infância de várias gerações ganharam clipes produzidos para o Youtube e logo viraram uma febre. O canal da Galinha Pintadinha é um dos mais populares do site de compartilhamento de vídeos e acumula, atualmente, mais de 440 milhões de visualizações. O fenômeno na internet se traduziu em apresentações lotadas e venda de CDs e DVDs.