10.10.2020

Torturador que respeita direitos humanos

 A imagem pode conter: 2 pessoas, texto que diz "Não tenho politico de estimação Em entrevista, Mourão diz que O torturador e assassino Ustra foi um homem de honra Brilhante Ustra "era um homem de honra que respeitava os direitos humanos de seus subordinados" Mas dos 50 que ele assassinou, Mourão não diz nada."

Quem foi o herói de Bolsonaro e o homem honrado de Mourão, por Ricardo Noblat
Um torturador, por sinal o único militar condenado pelo crime, não pode ser considerado “um herói” por ninguém, muito menos pelo presidente da República, tampouco “um homem de honra”. Foi Bolsonaro, repetidas vezes, que tratou o coronel do Exército Brilhante Ulstra como herói. Ulstra foi chamado de homem honrado pelo general Hamilton Mourão, vice-presidente.
Foi preciso que um jornalista inglês, a serviço da televisão alemã, entrevistasse Mourão para tirar a máscara que o general vestiu desde que se elegeu. Antes, Mourão era um general da linha dura, punido mais de uma vez por suas declarações antidemocráticas. Durante a campanha de 2018, falou em autogolpe, algo que poderia ocorrer depois da eleição de Bolsonaro, e dele mesmo.
A tortura de adversários da ditadura militar de 64 foi adotada como política de Estado, segundo admitiu Ernesto Geisel, o terceiro general-presidente de um ciclo de 21 anos do regime da farda, do choque elétrico, do pau-de-arara, da unha arrancada a alicate, do rato introduzido em vaginas e da cobra posta em cela para assombrar os seus ocupantes e não deixá-los dormir.
Há prova abundante de tudo isso, inclusive um HD com 43 documentos produzidos pela inteligência americana entre os anos 1967 e 1977 e entregue por Joe Biden, à época vice de Barack Obama, a presidente Dilma Rousseff. Biden, hoje, com 77 anos de idade, está a um passo de derrotar Donald Trump e de ser eleito presidente dos Estados Unidos no próximo dia 3 de novembro.
Geisel provou na pele quanto pode ser incômodo um presidente americano a pressionar para que se respeite os direitos humanos. O presidente Jimmy Carter foi uma pedra no sapato do governo do general. A mulher de Carter, Rosely, veio ao Brasil tomar satisfações em nome do marido. Eu era repórter no Recife quando ela reuniu-se com missionários americanos vítimas de tortura.
A situação mudou. O Brasil não tem mais presos políticos, só presos comuns torturados ante à indiferença da maior parte dos brasileiros. Biden, se eleito, vaI incomodar Bolsonaro e Mourão por outro motivo: o desprezo ao meio ambiente. Biden já prometeu sanções econômicas contra o Brasil caso a Amazônia continue a ser destruída. É também o que prometem países europeus.
Boi-bombeiro, como sugeriu a ministra Tereza Cristina, da Agricultura, não é solução para baixar o fogo no Pantanal, nem na Amazônia. Se fosse, a expansão da pecuária nas duas regiões teria diminuído os focos de incêndios. O Brasil não está ok, como garantiu Mourão ao entrevistador da televisão alemã. Entrevista que foi um primor para quem quiser saber como se faz uma.
O que Mourão disse sobre Ulstra foi de envergonhar e de dar nojo aos que ainda são capazes de sentir as duas coisas. “Ele foi meu comandante no final dos anos 70, e foi um homem de honra que respeitava os direitos humanos dos seus subordinados”, testemunhou o general. Jamais esteve em questão se Ulstra comportou-se bem ou mal com seus subordinados.
É de supor que militar não tortura nem executa militar, a não ser em guerras. No caso de Ulstra, a questão sempre foi o uso da tortura que ele fez pessoalmente contra presos políticos. E que avalizou. Ulstra foi um torturador brutal, que se valeu de todos os meios para arrancar confissões ou simplesmente humilhar os prisioneiros aos seus cuidados. Não havia limites para ele.
Certa vez, nos porões do quartel-general do Exército, em São Paulo, ele suspendeu o suplício dos presos na antevéspera do Natal. Autorizou-os a tomar banho, cortar o cabelo, e deu-lhes roupas limpas. O dia 24 de dezembro foi de descanso para os presos e seus algozes. Perto da meia-noite, eles foram levados para um salão onde seria servida uma ceia de Natal.
Puderam comer peru, arroz, farofa com passas e beber refrigerantes. De repente, Ulstra irrompeu no salão e foi de mesa em mesa desejar feliz Natal. No dia seguinte, a tortura recomeçou. Essa história me foi contada por uma mulher que participou da ceia. Ulstra, o herói de Bolsonaro e o homem honrado de Mourão.
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10.09.2020

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Em julgamento no STF, Fachin diz que Bolsonaro é obrigado a escolher o mais votado de lista tríplice das universidades


A importância das liminares dos Ministros Ricardo Lewandowski e Edson Fachin

Sputnik Brasil - O Supremo Tribunal Federal (STF) começa a julgar nesta sexta-feira (9) a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) sobre o uso da lista tríplice para a escolha de reitores nas instituições de ensino federais.

A ADI 6565 argumenta que a permissão de escolha pelo presidente da República de qualquer um dos três nomes presentes na lista é "flagrante violação ao instituto constitucional da autonomia universitária".

Impetrada pelo Partido Verde (PV), a medida será analisada virtualmente pelos magistrados até o próximo dia 19. Porém, a votação pode acabar antes se seis ministros forem favoráveis ou contrários ao questionamento.

O ministro Edson Fachin foi o primeiro ministro do STF a proferir seu voto, na manhã desta sexta-feira (9). Ele afirmou que o presidente Jair Bolsonaro é obrigado a escolher o mais votado em lista tríplice das universidades.

A ação invoca o princípio da administração pública e conclui que: "Completamente apartado de uma escolha técnica e dos princípios que norteiam a Administração Pública, as nomeações têm sido efetivadas como uma forma de estabelecer vigilância e controle das Universidades Federais, principalmente sobre as pesquisas acadêmicas, que recorrentemente têm dado destaque e visibilidade ao País face aos índices acadêmicos internacionais", ressalta a peça.

A União Nacional dos Estudantes (UNE) complementa a peça e afirma que "ao utilizar-se de critérios não técnicos e meramente políticos para indicação dos candidatos menos votados entre aqueles que compõem as listas tríplices, o presidente denota clara intenção de cercear a autonomia universitária, a liberdade de cátedra, a pluralidade de ideias e a liberdade de expressão das comunidades acadêmicas, todos princípios constitucionais aplicados à educação".

Segundo a UNE, até o momento, já são 10 nomeações para a reitoria de universidades e instituições de ensino que não respeitaram os resultados das urnas.

Diversos parlamentares foram às redes sociais para pressionar o STF. A hashtag #ReitorEleitoReitorEmpossado chegou ao sexto lugar dos assuntos mais comentados do Twitter nesta sexta-feira (9)
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“República do Nepotismo”,


Surge a teia oligárquica da operação
ihu.unisinos.br

 

 

Estudo inédito da UFPR mapeia relações de Moro e promotores com grupos mais conservadores do Paraná. Políticos da ditadura, clãs encastalados nos tribunais e escritórios de advocacia que negociam delações.

A reportagem é de Amanda Audi, publicada por Agência Pública, 13-03-2019.

Para o professor de sociologia Ricardo Costa de Oliveira, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), os integrantes da Lava Jato (incluindo magistrados, procuradores e advogados) operam em um circuito que chama de “fechado” e que funcionaria “em rede”.

O professor comanda um grupo de pesquisa chamado “República do Nepotismo”, que utiliza a técnica da prosopografia (biografia coletiva de determinado grupo social ou político) para demonstrar que pessoas como Sérgio Moro, Deltan Dallagnol e advogados ligados às delações são herdeiros de figuras do Judiciário e da política paranaenses. O estudo será apresentado na segunda quinzena deste mês.

“Eles se conhecem muitas vezes desde a infância, porque os pais já se conheciam. Frequentaram as melhores escolas, universidades, têm sociabilidade em comum. Quer dizer, vivem na mesma bolha. Têm as mesmas opiniões e gostos políticos e ideológicos. E todos têm conexão com a indústria advocatícia, com os grandes escritórios jurídicos”, afirma.

Eis a entrevista.

Quais as principais conclusões do estudo que o sr. desenvolve na UFPR?

Em primeiro lugar, quando a gente pensa na magistratura brasileira e do Paraná, sempre se deve entendê-la como unidades de parentesco. São famílias ao mesmo tempo jurídicas e políticas, uma unidade que sempre opera em rede. Não existe aquela figura, como alguns imaginam, de pessoas que são “novas”, ou “emergentes”, ou “renovadoras”. Os resultados mostram que são todos herdeiros de uma velha elite estatal.

Isso inclui os integrantes da Lava Jato?

Sim, o juiz Sérgio Moro e todo mundo, temos todos os documentos. É uma elite estatal hereditária porque eles apresentam parentescos no sistema judicial bastante significativos. Não apenas parentesco, mas também relações matrimoniais, de amizade e de sociabilidade. Há também a dimensão do corporativismo. Se forma um grande circuito formativo ideológico, de convivência, que tem determinados padrões e valores hereditários. O próprio Sérgio Moro, uma figura central, filho de um professor universitário, tem como primo um desembargador, o Hildebrando Moro. Ter um parente no Tribunal de Justiça, para os códigos internos, faz muita diferença. Na nossa interpretação, é um sistema pré-moderno. Ele não funciona através de regras impessoais ou de aspectos técnicos, mas com muito poder pessoal. De modo que o ator, na magistratura, tem uma capacidade incrível de determinar a agenda, a temporalidade dos processos, no sentido de escolher os que quer acelerar e aqueles que serão adiados.”

Existe relação de proximidade entre magistrados, procuradores e advogados da Lava Jato?

Sim, é o mesmo circuito. Tem o caso da esposa do Moro, a Rosângela Maria Wolff Quadros, que é advogada. Ela está situada dentro do clã da família Macedo, genealogia extremamente importante no Paraná, que atinge atores nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e no empresariado. Como Rafael Greca de Macedo [prefeito de Curitiba], o Beto Richa [governador do Paraná licenciado] e um conjunto de empresários e desembargadores do Tribunal de Justiça. Até se usa o termo “Macedônia”, dada a importância da família Macedo. E a família Wolff é típica do poder local de São Mateus do Sul [interior do Paraná], é uma estrutura que vem da República Velha, do coronelismo. Ela, como advogada, tem relações profissionais com a Apae. E aí há uma conexão direta com a família Arns. Flávio Arns foi senador, vice-governador, ator de atividades assistenciais. E com o advogado Marlus Arns de Oliveira, que é sobrinho do Flávio Arns.

Qual a relação entre eles?

É uma relação profissional [da esposa de Moro] com a família Arns e com as Apaes. Eles trabalharam juntos com as Apaes. O Marlus Arns é advogado de muitos acusados da Lava Jato nas delações premiadas. Chegou até a defender Eduardo Cunha. Em matérias da imprensa sobre advogados amigos do Sérgio Moro, como o Carlos Zucolotto, e as questões sobre Rodrigo Tacla Duran, mostra a partir do casal uma indústria jurídica da Lava Jato, em que muitos dos principais advogados da Lava Jato têm relações próximas com os operadores.

Quais casos foram identificados pelo grupo de pesquisa?

O do procurador Diogo Castor de Mattos, que era filho do falecido procurador Delívar Tadeu de Mattos. Ele foi casado com Maria Cristina Jobim Castor, que era irmã de Belmiro Valverde Jobim Castor, que foi empresário, secretário de Estado, do Bamerindus, um nome muito importante na política. No escritório da família, o Delívar de Mattos & Castor, trabalha um irmão do procurador, que se chama Rodrigo Castor de Mattos. Ele foi advogado do marqueteiro João Santana. É mais uma relação direta de parentesco, que corrobora que é uma indústria advocatícia da Lava Jato muito próxima dos seus protagonistas.

Há situações parecidas com outros integrantes da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba?

O Carlos Fernando dos Santos Lima é filho de Osvaldo Santos Lima, que foi procurador, deputado estadual da Arena e presidente da Assembleia Legislativa do Paraná em 1973. Ele também tem dois irmãos no Ministério Público. A esposa dele teve relação com o Banestado [banco paranaense que deu origem a escândalo de corrupção nos anos 1990 e Carlos Fernando investigou]. O Deltan Dallagnol é filho do ex-procurador Agenor Dallagnol. Ele passou no concurso sem ter os dois anos de formado, o pai foi o advogado [na apelação da União, em que a Justiça deu vitória ao procurador] . Todos os operadores da Lava Jato também são extremamente conservadores e têm perfil à direita, semelhante aos seus parentes que faziam parte do sistema na ditadura. Naquela época, seus pais eram gente do establishment. E eles herdam a mesma visão de mundo. É uma elite social, política e econômica.

Os integrantes da Lava Jato vivem em um meio comum?

Sim, eles se conhecem muitas vezes desde a infância, porque os pais já se conheciam muitas vezes. Eles frequentaram as melhores escolas, universidades, têm sociabilidade em comum. Quer dizer, vivem na mesma bolha. Têm as mesmas opiniões e gostos políticos e ideológicos. E todos têm conexão com a indústria advocatícia, com os grandes escritórios jurídicos que atuam no sistema judicial.

Na pesquisa, o sr. ouviu falar sobre advogados que conseguem acordos de delação com a Lava Jato fazerem parte de um mesmo grupo?

É exatamente o que os resultados revelam, porque alguns principais advogados da indústria da delação são nomes com conexão com as famílias da Lava Jato.

O mesmo se aplica aos tribunais superiores na Lava Jato?

O circuito é o mesmo quando você analisa o Tribunal Regional Federal da 4ª Região [TRF-4]. Tem o João Pedro Gebran Neto, neto do ex-diretor-geral da Assembleia Legislativa do Paraná. Ele vem de uma das mais tradicionais famílias da Lapa, de onde sai boa parte das famílias que dominam a política paranaense nos anos 1970. Victor Luiz dos Santos Laus é bisneto do fundador do Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, presidente do TRF-4, é neto do desembargador ministro Thompson Flores, que foi do Supremo Tribunal Federal (STF) durante a ditadura militar, uma das principais genealogias do Rio Grande do Sul.

O ministro Felix Fischer, mesmo sendo alemão, é casado com uma procuradora de Justiça do Paraná aposentada. Ele tem três filhos no Judiciário paranaense. Depois, no STF, temos o Edson Fachin, que tem a mesma dinâmica familiar. É casado com uma desembargadora do Tribunal de Justiça do Paraná. A filha dele é advogada do escritório Fachin Advogados Associados e é casada com Marcos Alberto Rocha Gonçalves, filho de Marcos Gonçalves, executivo do grupo J&F, da família dos irmãos Joesley e Wesley Batista. Há um verdadeiro circuito que começa no Moro e vai até o Fachin. Todos com o mesmo perfil: família, ação política, conexões empresariais, com escritórios advocatícios, ideologia propensa à direita, de uma elite estatal muito antiga que opera em redes familiares.

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10.06.2020

Precisamos respeitar o estado laico.

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Simples assim!
Claro que as igrejas, devem participar ativamente das causas sociais, mas nunca utilizar a fé dos fiéis de modo "politiqueiro".
Imposições são inaceitáveis.
Fiéis não devem ser enganados.
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