9.27.2008

Obtenção de pellets por extrusão e esferonização farmacêutica. Parte II. Avaliação das características física de pellets

Obtenção de pellets por extrusão e esferonização farmacêutica. Parte II. Avaliação das características física de pellets

Fonte autor:

H. M.M. Santos
Centro de Estudos Farmacêuticos
Faculdade de Farmácia
Universidade de Coimbra
Rua do Norte, 3000 295
Coimbra, Portugal
E-mail: helton@ci.uc.pt




RESUMO

O processo de peletização, consiste na aglomeração por via úmida de pós de uma substância ativa e excipientes sob a forma de unidades esféricas denominadas por pellets. Os pellets diferem de grânulos não apenas pela técnica utilizada para a produção, mas também no que respeita as características físicas conseguidas. O presente trabalho, o segundo de uma série de dois, apresenta uma revisão das características físicas e das técnicas para a caracterização física de pellets farmacêuticos abordando as principais necessidades posteriores a produção dessas multi-unidades, nomeadamente revestimento com película, enchimento de cápsulas, compressão, manuseamento, armazenamento e transporte.

Caracterização física. Pellets. Peletização. Esferas


INTRODUÇÃO

O processo de produção de pellets, denominado de peletização, anteriormente descrito, consiste na aglomeração de pós finos contendo a(s) substância(s) ativa(s) e os excipientes em pequenas unidades esféricas denominadas de pellets. É devido ao crescente interesse que os pellets têm despertado na tecnologia farmacêutica que se faz necessária uma correta avaliação e caracterização física dessas multi-unidades para um posterior processamento, transporte e armazenamento. Apenas através da avaliação das características físicas dos pellets é possível aprovar a viabilidade de uma formulação e/ou do processo empregado para a produção.

A primeira parte deste trabalho abordou as implicações das variáveis de formulação e dos parâmetros de processo sobre a produção de pellets (Santos et al., 2004). A segunda parte do trabalho aqui apresentada oferece uma revisão da literatura sobre as características físicas de pellets e as diferentes técnicas de determinação destas características levando-se em consideração possíveis processamentos posteriores a produção, o armazenamento e o transporte dessas multi-unidades.

Diversas características de pellets podem ser avaliadas com o intuito de controle de qualidade, avaliação do processo de produção ou da viabilidade de uma formulação. Dentre as diversas características pode-se citar: tamanho e distribuição de tamanho, densidade aparente e real, massas volúmicas em bruto e reduzida, área superficial externa, esfericidade, morfologia superficial, propriedades de empacotamento, resistência à fratura e friabilidade.



TAMANHO DE PELLETS

O tamanho dos pellets tem efeito direto sobre a área superficial. É portanto necessário o uso de partículas com distribuição uniforme de tamanho para a obtenção de um produto final de desempenho uniforme.

Uma distribuição uniforme de tamanho facilita a mistura de pellets sobretudo quando há a necessidade de se misturar pellets de diferentes lotes ou de diferentes composições para o enchimento de cápsulas ou a produção de comprimidos de pellets. A distribuição uniforme de tamanho de pellets tem o propósito de evitar segregação e consequente variação do conteúdo de substância ativa e de sua biodisponibilidade. Este parâmetro torna-se de grande relevância quando se pretende considerar o revestimento de pellets por filme seja com o intuito de proteção entérica, liberação modificada da substância ativa, mascaramento do sabor ou simplesmente por uma questão estética (Mehta, 1989). Assim, é fundamental assegurar o mínimo de variação da espessura da película de revestimento para um lote de pellets uma vez que o tamanho da unidade tem relação direta com a área superficial que por sua vez influencia a quantidade de material de revestimento necessária para a cobertura completa e uniforme das multi-unidades indispensável para uma biodisponibilidade invariável.

A determinação da distribuição de tamanho pode ser realizada por diferentes métodos, nomeadamente a tamização, a microscopia (óptica ou eletrônica) e a análise por imagens.

A tamização de pellets é o método mais vulgarmente utilizado e que permite a separação das diferentes frações de tamanho de unidades. O uso corrente deste método deve-se ao seu baixo custo, simplicidade, rapidez e baixa variação na determinação por diferentes operadores (Mehta, 1989). Três tipos de padrões de tamises podem ser utilizados: o padrão americano, o padrão Tyler e o padrão britânico. É necessário que no processo de tamização as variáveis críticas sejam padronizadas, designadamente a carga para tamização, o tipo de movimento (vibratório ou pancada), a intensidade e a duração da agitação.

A microscopia e a análise por imagem são métodos diretos de determinação. Na microscopia óptica o diâmetro dos pellets pode ser determinado por meio de um filete calibrado ou por meio de lâminas de grelhas circulares ou quadradas. Para a microscopia eletrônica, as amostras devem ser revestidas com uma película apropriada para a observação (p.ex., ouro ou ouro-paládio). A desvantagem para ambas as técnicas é o fato de serem cansativas uma vez que consomem muito tempo para a observação individualizada de um grande número de pellets necessário para a criação dos gráficos de frequência da distribuição de tamanho e de percentagem acumulada (Mehta, 1989).

O tamanho de pellets também pode ser determinado por um instrumento medidor de tamanho com abertura em forma de anel (ring gap sizer). Esta técnica foi utilizada em trabalhos publicados por Nyström e Stanley-Woods (1976), Nyström e Stanley-Woods (1977), Nyström e Malmqvist (1977).

Um outro método utilizado com o propósito da determinação do tamanho de pellets é a análise por imagens assistida por um programa de computador. Este método assemelha-se à microscopia óptica requerendo, no entanto, a utilização de um sistema óptico de captura de imagens dotado de uma câmara de vídeo e um microscópio ou sistema de lentes de aumento interligados a um sistema computadorizado (Fielden et al., 1993; Hellén et al., 1993a, b; Wan et al., 1993; Lindner, Kleinebudde, 1994; Newton et al., 2001, Santos et al., 2002, 2004, 2005). Este mesmo sistema também pode ser utilizado com o propósito de determinação de parâmetros de esfericidade de pellets e será descrito adiante. Esta técnica requer a utilização de uma quantidade de amostras semelhante à empregada na microscopia tendo a vantagem de ser menos cansativa.



DENSIDADE DE PARTÍCULAS

A densidade é uma característica relevante para estas multi-unidades, uma vez que pode ser alterada por fatores de formulação e/ou de processo. Salienta-se que a densidade dos pellets terá influência sobre parâmetros de processo posteriores a produção e sobre a biodisponibilidade da substância ativa (Devereux et al., 1990; Clarke et al., 1993).

Os pellets são habitualmente destinados ao enchimento de cápsulas ou à compressão com a finalidade de servirem como formas farmacêuticas de unidades múltiplas. Por este motivo torna-se imperativo que a densidade dessas unidades varie minimamente quando na utilização de lotes diferentes para os processos mencionados. Uma alta variação entre lotes acarretará numa grande variabilidade quer do enchimento de cápsulas quer da produção de comprimidos com consequente variabilidade de conteúdo de substância ativa afetando, desta forma, a biodisponibilidade. Igual atenção deve ser tomada quando se pretende realizar a mistura de pellets de diferentes composições para posterior enchimento de cápsulas ou compressão (Mehta, 1989).

Um outro fator que deve ser considerado é o revestimento de pellets. Uma grande variação da densidade de pellets conduz à uma grande variação do tamanho de lote destinado ao processo de revestimento e, consequentemente, na quantidade de material a ser empregado naquele processo. Portanto, é fundamental que, para um posterior processamento de pellets, trabalhe-se com unidades de densidades próximas e que a densidade seja reprodutível entre lotes.

As massas volúmicas em bruto (antes de compactação por batimento) e reduzido (após compactação por batimento) de pellets podem ser determinadas pelo método clássico descrito em diferentes farmacopéias (p.ex., Farmacopeia Portuguesa VII) utilizando-se um aparelho de compactação que promova batimentos para determinação desses parâmetros. A massa volúmica do produto em bruto, que consiste apenas no volume ocupado por uma massa de pellets sem qualquer batimento para acomodação da coluna de material, é uma característica indicativa de propriedades de empacotamento das unidades e por isso será extremamente influenciada pelo volume e tamanho das unidades individuais e pela esfericidade.

A densidade pode ser determinada por picnometria gasosa, utilizando ar ou hélio como gás de intrusão, ou pelo método de deslocamento de um líquido. A determinação da densidade utilizando-se um picnômetro com hélio como gás de intrusão é a mais utilizada visto que o hélio penetra nos poros de menor tamanho e nas fissuras resultando num valor mais aproximado da densidade verdadeira do material. O resultado desta determinação inclui o volume de poros fechados no interior dos pellets sendo normalmente referida como densidade aparente. A densidade verdadeira do material pode ser determinada se o volume dos poros fechados é excluído do resultado obtido por picnometria (Martin, 1993; Vertommen et al., 1998).

A densidade também pode ser determinada pelo método de intrusão do mercúrio sob pressão. A técnica por intrusão de mercúrio é utilizada não apenas para a determinação da densidade de pellets mas também para se obter informações acerca das características porosas do material sólido. Como conseqüência da comportamento não molhante do mercúrio, faz-se necessária a aplicação de alta pressão para forçar a intrusão do mercúrio nos mais pequenos poros. Desta forma um amplo intervalo de poros pode ser penetrado consoante o tipo de aparelho, assim esta técnica mostra-se extremamente adequada para materiais com ampla distribuição de poros ou principalmente macroporos. Vários aparelhos para a determinação da densidade pela intrusão de mercúrio estão disponíveis no mercado. No entanto, apesar destes aparelhos proporcionarem a aplicação de altas pressões, deve-se ter em atenção à pressão aplicada sobre os pellets visto que uma pressão demasiado alta pode ocasionar a compressão das multi-unidades e resultar no colapso de poros fechados levando a falsos resultados (Schröder, Kleinebudden 1995; Vertommen et al., 1998).



POROSIDADE

Porosidade é a medida de espaços vazios existentes num material e pode ser determinada por diversas técnicas: adsorção gasosa, deslocamento de um líquido, porosimetria ou por cálculo matemático a partir das densidades. A determinação da porosidade de um material sólido pode fornecer informações relevantes sobre a desagregação das multi-unidades, dissolução, adsorção e difusão de substâncias ativas.

No que se refere especificamente aos pellets, a determinação da porosidade é um importante fator a ser avaliado visto que esta propriedade pode afetar a capilaridade da substância ativa dissolvido durante a dissolução e assim influenciar a razão de liberação da substância ativa incorporada à formulação. Outro fator relevante diz respeito ao processo de revestimento de pellets por película. Neste caso, os poros e fissuras superficiais podem influenciar o depósito do material de revestimento, ocasionar imperfeições e irregularidades e consequente variabilidade da performance biológica destas unidades (Metha, 1989).

A medida do tamanho de poros proporciona a obtenção de informações acerca da estrutura porosa do material. As informações sobre os tamanhos dos poros de um material são obtidas num intrumento que permite a condensação de um gás inerte (p.ex., nitrogênio) nos poros do material e o cálculo do volume dos poros através das quantidades de gás necessárias para preencher os poros. Esta análise é normalmente realizada em conjunto com a análise de áreas superficiais. No entanto, no caso de uma análise de porosimetria, o instrumento não é interrompido quando ocorre a formação da primeira camada de gás adsorvido necessária para a determinação da área superficial. Ao contrário, o instrumento continua a preencher o material com o gás até que se inicie a sua condensação. O método de porosimetria por intrusão de mercúrio é mais rápido que a análise por adsorção gasosa. O intervalo de medida de diâmetro de poros é de 0,0015 µm – 360 µm (consoante o tipo de aparelho). Uma vez que esta técnica pode alcançar os 60000 psi e utiliza o mercúrio, nem todos os materiais podem por ela ser analisados. As informações sobre os poros são obtidas pelo preenchimento forçado de mercúrio líquido através do aumento da pressão externa. Ao passo que a pressão é aumentada, registra-se a quantidade de mercúrio necessária para o preenchimento dos poros. Esta informação, juntamente com a informação sobre o ângulo de contato do mercúrio, é utilizada para a determinação da estrutura porosa (Palmer, Rowe, 1974; Carli, Motta, 1984).

A porosimetria com mercúrio tem sido amplamente empregada na tecnologia farmacêutica para a determinação da porosidade de grânulos (Fujiwara et al., 1966; Juppo, Yliruusi, 1994; Zuurman et al., 1994; Juppo, 1996 a, b), de comprimidos (Carli et al., 1981; Wikberg, Alderborn, 1990; Wikberg, Alderborn, 1992; Mattsson, Nyström, 2001) e de pós (Palmer, Rowe, 1974; Carli, Motta, 1984; Mattsson, Nyström, 2001). Também permite a determinação da distribuição de tamanho dos poros, a densidade do material em análise e a área superficial específica (Martin, 1993).



ÁREA SUPERFICIAL

A área superficial específica por unidade de massa ou de volume de uma amostra é uma importante propriedade que deve ser considerada, sobretudo quando se pretende realizar estudos de adsorção superficial ou de dissolução (Martin, 1993). Tratando-se de pellets, deve-se ter em consideração que esta propriedade é influenciada direta ou inversamente pelo tamanho das unidades, pela forma ou esfericidade, pela porosidade e pela rugosidade ou aspereza superficial (Mehta, 1989).

O conhecimento da área superficial de pellets torna-se sobremaneira importante quando se pretende realizar o revestimento dessas unidades. Assim, qualquer característica morfológica dos pellets desempenhará uma importante influência sobre a área superficial disponível para o revestimento. Como consequência disto, poderá haver variação da liberação da substância ativa em virtude de uma variação significativa da área superficial inter-lotes que proporciona diferenças igualmente significativas da espessura da película de revestimento das unidades.

Diferentes técnicas para a determinação da área superficial de materias sólidos são sugeridas pela literatura (Mehta, 1989; Martin, 1993). O método matemático permite o cálculo da área superficial de uma amostra a partir do conhecimento da distribuição do tamanho de partículas determinada por meio de qualquer uma das técnicas descritas anteriormente. Neste caso, o cálculo da área superficial de pellets pode ser realizado por intermédio do diâmetro médio das unidades ou da densidade aparente. Duas outras técnicas são usualmente utilizadas para a determinação direta da área superficial de materiais sólidos. A primeira técnica, adsorção gasosa ou líquida, baseia-se no princípio de que a quantidade de um soluto gasoso ou líquido fisicamente adsorvido sobre a superfície de uma amostra para formar um mono camada é uma função direta da sua área superficial. A quantidade de gás adsorvido (p.ex., nitrogênio ou criptônio) pode ser determinada por gravimetria, volumetria ou por uma técnica de fluxo contínuo. Antes de qualquer determinação de área superficial faz-se necessário a remoção de gases ou de vapores adsorvidos na superfície do sólido durante o seu processamento, manuseio ou armazenamento. A remoção desses gases ou vapores tem por objetivo evitar a redução ou variação da área superficial decorrente de uma prévia ocupação da superfície por outras moléculas. As condições de temperatura, pressão e tempo para a remoção de gás ou vapor adsorvido devem ser bem definidas a fim de que a determinação da área superficial da amostra seja reproduzida com máxima fidelidade. A medida da adsorção do gás é realizada a baixa temperatura uma vez que a quantidade de gás adsorvido numa dada pressão tende a baixar ou aumentar a temperatura durante o ensaio. Os dados gerados pela determinação são tratados de acordo com a conhecida função de Brunauer, Emmett e Teller (BET).

O segundo método, permeabilidade gasosa ou líquida, baseia-se no fato de que a razão na qual um gás ou líquido permeia o leito do material sólido está relacionada com a área superficial exposta àquele meio. Devido à sua simplicidade e rapidez, este método é aplicável no controle de qualidade de um produto com o propósito de evitar variações inter-lotes. A área superficial de uma amostra é determinada a partir da resistência do material compactado ao fluxo de um fluido líquido ou gasoso. São encontradas diversas referências à aplicação deste método na determinação da área superficial de pellets (Johansson et al., 1995; Johansson et al.,1998; Nicklasson et al., 1999a; Nicklasson et al., 1999b; Johansson, Alderborn, 2001).



ESFERICIDADE

Os pellets destinam-se usualmente ao revestimento com filme embora estas unidades também possam ser formuladas sob a forma de sistemas matriciais. Em qualquer um dos casos torna-se importante a determinação da esfericidade e rugosidade superficial destes aglomerados. Para o revestimento com filme, a forma esférica dos pellets permite as condições ideais para a aplicação uniforme da película de revestimento desde que seja garantida uma superfície relativamente ausente de imperfeições. A forma esférica dos pellets desempenha um importante papel nas propriedades de empacotamento e de escoamento, propriedades que terão grande influência num posterior processo de enchimento de cápsulas ou de compressão. Assim, não apenas a esfericidade dos pellets mas também a morfologia superficial devem ser mantidas entre limites predeterminados para garantir uma reprodutibilidade na produção de uma forma farmacêutica. Por este motivo, um método adequado para a determinação e descrição da esfericidade e da rugosidade de superfície de pellets deve ser suficientemente sensível para distinguir pequenas variações destas características durante o processo de produção da forma farmacêutica.

Yliruusi et al. (1992) desenvolveram e compararam cerca de vinte fatores de esfericidade sem, no entanto, apresentarem resultados conclusivos e satisfatórios. Um fator comumente usado para a descrição da esfericidade de pellets é o aspect ratio (Scheneiderhöhn, 1954). Este fator é definido como a razão entre a maior distância de uma partícula (comprimento) e sua dimensão perpendicular (profundidade). Contudo, este fator apresenta algumas limitações visto que não distingue entre círculo, quadrado ou qualquer outro polígono de forma simétrica que apresenta comprimento e profundidade iguais. Outro fator igualmente de grande utilização é o fator de alongamento (elongation factor) que é definido como a razão entre o menor diâmetro de Feret e o diâmetro de Feret perpendicular a este (Tsubaki, Jimbo, 1979). O diâmetro de Feret de um pellet é definido como a distância média de 36 medidas por volta da partícula empregando-se um ângulo de rotação de 5º. A utilização destes fatores de esfericidade encontra opiniões divergentes na literatura científica. Beddow (1983) concluiu que o aspect ratio e a razão de alongamento não refletem com exatidão uma esfericidade e, por este motivo, devem ser evitadas. Porém, Lindner, Kleinebudde (1993) concluíram que estes dois fatores, o aspect ratio e a razão de alongamento, são matematicamente equivalentes tendo em consideração a determinação apenas para esferóides.


Chapman et al. (1988) propõem como fator de esfericidade a estabilidade planar crítica (one-plane critical stability) como sendo capaz de diferenciar pequenos desvios de esfericidade em partículas esferóides. Este fator tem encontrado grande aceitação, no entanto a sua utilização requer um sistema computadorizado adequado e licenciado tendo como desvantagem o fato de ser uma técnica cansativa por envolver a determinação individual do fator de esfericidade para cada partícula.

Diversos fatores de esfericidade podem ser obtidos utilizando-se a técnica de análise de imagem (Podczeck, Newton, 1994, 1995; Podczeck et al., 1999; Chopra et al., 2001). Podczeck e Newton (1994) propõem o fator de esfericidade eR determinado a partir de análise de imagens bidimensionais. Este fator mostra-se de grande importância pois distingue-se dos anteriormente mencionados por ser capaz de diferenciar partículas esferóides de outras partículas poligonais simétricas com a vantagem de conjugar num único fator a forma da partícula com as suas características morfológicas superficiais. Em sequência deste estudo, Podczeck e Newton (1995) desenvolveram o conceito de fator de esfericidade ec3 para a caracterização da qualidade de pellets baseado em análise de imagens tridimensionais. O fator de esfericidade ec3 mostra-se capaz de diferenciar lotes de pellets não diferenciados por outras técnicas.

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RUGOSIDADE DE SUPERFÍCIE

A determinação das características superficiais de aglomerados é de grande importância no controle de qualidade destas partículas para um posterior processamento. A morfologia superficial de pellets irá afetar outras propriedades, nomeadamente as propriedades de empacotamento e de escoamento. Assim, a rugosidade de superfície representa um fator relevante no que diz respeito aos processos de enchimento de cápsulas e de compressão. Esta característica terá igual relevância no revestimento de pellets com filme onde é imperativa a obtenção de aglomerados com superfície regular que servirão de suporte para uma camada de revestimento regular, imprescindível para a proteção (no caso de uma proteção entérica) ou para liberação uniforme da substância ativa.

As microscopias óptica e eletrônica são técnicas normalmente utilizadas na caracterização da morfologia superficial de pellets possibilitando a obtenção de imagens de boa resolução. Contudo, estas técnicas produzem apenas informações qualitativas sobre a rugosidade ou aspereza da superfície. Por outro lado, a profilometria é uma técnica que permite a quantificação a partir da determinação de um fator de rugosidade de superfície. A profilometria de contato efetua-se com um profilômetro dotado de uma extremidade pontiaguda para traçar a superfície do sólido produzindo, assim, movimentos verticais que são convertidos num sinal elétrico que é então integrado como um fator de rugosidade de superfície. Contudo, a profilometria de contato tem como inconveniente a limitação da resolução da técnica pela dimensão da agulha que pode não ter acesso a determinadas zonas superficiais e assim levar à subvalorização do fator de rugosidade além de poder danificar a superfície em contato. A profilometria a laser mostra-se superior à de contato visto que permite uma maior resolução com resultados fiáveis não havendo o contato direto de qualquer objeto pontiagudo com a superfície do sólido o que evita a danificação da superfície. Esta técnica tem sido aplicada na avaliação de pellets e comprimidos de pellets como meio de comparação das diferenças na rugosidade (Podczeck, 1998; Riippi et al., 1998; Newton et al., 2001; Santos et al., 2002, 2004, 2005).


PROPRIEDADES MECÂNICAS

Não diferente de outras formas farmacêuticas, os pellets devem possuir características físicas que suportem um subsequente processamento, manipulação, transporte e armazenamento. Normalmente os pellets por si não são utilizados como uma forma final mas são acondicionados em cápsulas de gelatina ou, mais recentemente, são compactados sob a forma de comprimidos. Para os pellets que se destinam ao processo de revestimento com filme e/ou aos processos de enchimento de cápsulas ou compressão direta, é indispensável que as multi-unidades possuam boas características mecânicas, nomeadamente friabilidade e dureza.

A friabilidade, definida como o fenômeno pelo qual a superfície de uma amostra é danificada ou apresenta sinais de abrasão ou de ruptura devido a choques mecânicos ou ao atrito é normalmente determinada sob a forma de índice de friabilidade utilizando-se um friabilômetro e uma técnica adaptada a pellets. Alguns autores citam que a determinação de um índice de friabilidade deve ser realizada em condições que melhor expressem as condições nas quais os pellets serão eventualmente submetidos (Wan, Jeyabalan, 1986). A friabilidade de pellets que serão submetidos a revestimento numa bacia ou numa câmara de leito fluidificado, pode ser determinada nestes mesmos equipamentos tendo-se em consideração as variáveis tempo, massa do sólido e qualquer outra variável relevante. Wan e Jeyabalan (1986) determinaram a friabilidade de pellets num friabilômetro na presença de esferas de aço. Alternativamente pode-se utilizar esferas de vidro.

A dureza constitui uma designação dada à resistência de sólidos compactados ou aglomerados em termos de força necessária para promover a sua fratura. No entanto, o termo que melhor se aplica a esta definição é a resistência mecânica uma vez que esta determinação não considera o modo como a ruptura se processa ou as dimensões da amostra. Especificamente para pellets, a determinação da resistência tênsil aplica-se à caracterização da resistência mecânica dessas unidades. Com esta finalidade, os pellets são pressionados até o registro da fratura. Shipway e Hutchings (1993) desenvolveram uma equação (Equação 6) para a determinação da tensão superficial em volta do equador de pellets que se baseia em fundamentos teóricos que se provam experimentalmente válidos (Salako et al., 1998).

A resistência de pellets à fratura pode ser determinada utilizando um instrumento de teste universal equipado com uma célula de carga definida (p.ex., CT-5, Engineering Systems, Nottingham, UK). Os pellets são pressionados até a detecção da primeira fratura. No que respeita a utilização de pellets, faz-se necessário que haja a distinção entre o desenvolvimento de uma tensão interna e uma tensão superficial. Estes dois tipos de tensões são desenvolvidas simultaneamente e resultam no colapso tênsil da unidade de pellet quando esta é pressionada. A tensão interna é normalmente uma aproximação de uma relação empiricamente estabelecida (Hiramatsu, Oka, 1966; Darvell, 1990; Sikong et al., 1990) e definida pela Equação 5.








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Perfil do profissional de hotelaria

O que faz um administrador de hotéis?
Coordena áreas operacionais de alojamento, alimentação, recreação e lazer em hotéis, pousadas, pensões, restaurantes e bares; gerencia serviços em hotéis e restaurantes; administra áreas de alimentos e bebidas; promove a venda de produtos e serviços; executa rotinas administrativas; administra pessoal e recursos financeiros e gerencia compras. Assessora diretoria e realiza atividades de relações públicas.


O que faz a área de governança?
Atende os hóspedes, organizando e supervisionando os trabalhos dos funcionários das áreas de governança e mordomia de hotéis, residências, hospitais ou estabelecimentos similares, recepcionando convidados e visitantes, acompanhando entradas e saídas dos hóspedes durante a estada. Cuida do vestuário e objetos de hóspedes. Supervisiona a arrumação de aposentos e demais áreas. Controla os serviços de lavanderia e rouparia, administra o pessoal do setor e executa atividades administrativas.


O que fazem os gerentes de marketing e vendas?
Elaboram planos estratégicos das áreas de comercialização, marketing e comunicação para hotéis, pousadas, restaurantes e serviços em geral; planejam as atividades de vendas e coordenam sua execução; assessoram a diretoria e setores da empresa. Na sua área de atuação, gerenciam recursos humanos.


Qual o perfil desse profissional?
Acima de tudo, deve ser uma pessoa que gosta do que faz e tem um imenso prazer em receber. Deve ser simpático, sorridente, desembaraçado, prestativo, organizado e atento a detalhes. Falar idiomas é um diferencial importante para seu crescimento profissional.


Como é o mercado de trabalho?
A hotelaria é um setor que está em franca expansão, como podemos acompanhar em todos os jornais. No entanto, como em qualquer setor, a procura maior é por profissionais bem qualificados e com alguma experiência.

Como posso ingressar mais facilmente no mercado de trabalho?
Conhecer o que o mercado deseja e estar preparado para atendê-lo sempre facilita o ingresso. A Marc Apoio mantém contato permanente com os hotéis e entidades de classe, oferecendo seu banco de dados de ex-alunos como fonte de recrutamento. Além disso, nossos alunos recebem orientação sobre preparação de currículos, entrevistas e outros aspectos ligados à seleção de pessoas por parte das empresas.



Qual a sua remuneração?
A remuneração de um profissional de hotelaria varia em função do seu posto e da categoria do hotel em que trabalha. Além disso, parte de sua renda pode vir de participação na taxa de serviços do hotel e gorjetas. Há várias faixas de remuneração, desde R$ 300,00, nos postos mais subalternos, podendo chegar a R$ 10.000,00 ou mais, nas funções mais qualificadas.


Quais são so pré-requesitos?
Não há pré-requisitos para se ingressar na profissão, mas, de uma forma ampla, o segundo grau completo ou sendo cursado costuma ser exigido pelas empresas.


Existe idade máxima para ser um profissional de hotelaria?
Desde que o candidato apresente boa disposição, a idade não costuma ser impedimento. Por se tratar de uma atividade que requer ótimo relacionamento com pessoas, experiência de vida é muito desejada. Muitos se tornam profissionais da área após a aposentadoria ou depois de exercerem por muitos anos outras profissões.

Fonte: MARC APOIO

HEMOFILIA

Atualmente, graças aos grandes avanços da investigação científica na área da Hemofilia por um lado e por outro ao papel preponderante desempenhado pelas Associações de Hemofílicos que existem em quase todos os países, pode-se afirmar que as pessoas com hemofilia, na maioria dos casos, quando devidamente orientadas e tratadas com produtos derivados do plasma humano ou por terapia génica (recombinantes), seguros e eficazes, podem manter uma vida activa muito próxima do normal.

Por outro lado, os hemofílicos adultos e seniores, que na idade do crescimento não tiveram acesso ao tratamento adequado e atempado, para as suas crises hemorrágicas, sofrem actualmente de lesões articulares e musculares que, na maioria dos casos, leva a incapacidades físicas irreversíveis.

Tipos de hemofilia

Os fatores da coagulação do sangue, numerados convencionalmente de I a XIII, existem normalmente no sangue, mas na Hemofilia A existe uma diminuição ou ausência do Factor VIII, enquanto na Hemofilia B há uma diminuição ou ausência do Factor IX.

No grupo das hemofilias ainda se considera a Doença de von Willebrand, em que há uma combinação de deficiente actividade do factor VIII e da função plaquetária.

A problemática da hemofilia

São ainda de referir os impactos psicológicos e sociais que esta deficiência provoca nas pessoas com hemofilia e nos seus familiares.

O diagnóstico da Hemofilia geralmente confirmado durante o primeiro ano de vida da criança, origina sempre tensões no agregado familiar, especialmente nos pais e na criança afectada.

O aparecimento ou não de problemas psicológicos relacionados com estas tensões, depende fundamentalmente dos seguintes factores:


Da maior ou menor susceptibilidade emocional e da capacidade para suportar tensões;
Da qualidade da assistência médica disponível, da rapidez na obtenção do tratamento e do grau de comunicação entre o pessoal dos serviços de saúde e a família;
Da disponibilidade de oportunidades para educação e orientação profissional de bom nível;
Da aplicação e implementação de medidas de higiene mental preventiva, quando necessárias.

Fonte: Associação de hemofílicos (Portugal)

Cobra cascável produz potente analgésico

Equipe coordenada por Yara Cury, do mesmo Butantã (com apoio do CAT), extraiu do veneno da cascavel. O analgésico, batizado de Enpak, já foi patenteado, e uma molécula similar foi sintetizada. Esse processo é importante porque elimina a necessidade de usar o veneno para continuar os testes e torna o procedimento mais barato e viável para a indústria.

Além da potência analgésica, o produto guarda duas outras vantagens: ele apresenta ação de longa duração e não provocou dependência ou tolerância (a necessidade de aumentar a dose com o passar do tempo, como ocorre com a morfina) em testes preliminares com animais.

Os resultados atraíram a Coinfar, que encampou os testes com a droga. Após toda a fase de desenvolvimento da molécula no Butantã, o produto agora está nas mãos da indústria, passando por novas avaliações. Espera-se que, em meados de 2009, ele entre em testes pré-clínicos. De acordo com William Marandola, é a principal aposta do Coinfar.

Para Antonio Carlos Martins de Camargo, diretor do CAT, a "fórmula do sucesso" nesse caso foi a observação da natureza da cascavel. "O palpite de Vital Brazil estava certo. E, assumindo um olhar semelhante para outras coisas, podemos sempre encontrar novidades. A evolução natural é um processo de inovação constante", afirma.

Outra pesquisa iniciada no instituto e que chamou a atenção da Coinfar é com antitumorais obtidos a partir da saliva do carrapato-estrela (Amblyomma cajennense). Equipe liderada por Ana Marisa Chudzinski-Tavassi havia observado que in vitro substâncias presentes na saliva eram capazes de matar células tumorais, sem agredir células normais. Em camundongos, a equipe conseguiu eliminar um melanoma. Na Coinfar, as linhagens da molécula foram ampliadas e estão sendo testadas em dez tipos de tumores. As informações são do Jornal da Tarde.

Parceria de indústrias farmacêuticas brasileiras:BIOLAB & EUROFARMA

Farmacêuticas colaboram entre si sem perder na competição. Desde a criação da Incrementha, foram investidos R$ 12 milhões. Pensando nos gargalos do setor e nas limitações de investimento que as indústrias brasileiras Biolab e Eurofarma resolveram mudar o modelo de gestão e partiram para um conceito mais colaborativo. Foi assim que surgiu em junho de 2006 a Incrementha, empresa de pesquisa e desenvolvimento de novos medicamentos. Destacou a Saúde Business Web. Como uma pesquisa na área farmacêutica leva cerca de 10 anos para obter sucesso e poder se aplicada nos humanos, as duas indústrias desenvolveram processos e diretrizes claras para que ambas continuassem como concorrentes no mercado comercial. As patentes são registradas pela Incrementha, que automaticamente entrega dossiês sobre o medicamento para as duas companhias ao mesmo tempo e ambas têm parte nos resultados. Atualmente, a Incrementha têm três patentes e já está em fase de registro de outras três.
Fonte : Guia da Farmácia

FDA SUSPENDE IMPORTAÇÕES DE GENÉRICOS DA RANBAXY

Consequências para a farmacêutica indiana. Medida interrompe as importações de genéricos. A agência regulatória americana para medicamentos e alimentos (FDA), suspendeu a importação de mais de 30 medicamentos genéricos, incluindo antibióticos populares e medicamentos para colesterol, fabricados pela farmacêutica indiana Ranbaxy. A medida não interrompe a venda, mas as importações de genéricos feitos de duas fábricas na Índia. No início do ano, as investigações da FDA encontraram violações nos produtos, que poderiam gerar contaminação, alergia e diversas reações. As informações são do Valor Econômico.

NOVIDADES SOBRE A CÉLULA-TRONCO

Pesquisa transforma célula adulta em célula-tronco polivalente sem alterar DNA
Vírus usado para conseguir feito não integra material genético às células.
Para brasileiros, passo é interessante, mas ainda não é ideal para terapia.

Aos poucos, o sonho de usar uma célula comum do organismo humano adulto e reprogramá-la para que ela volte a um estado semelhante ao das células-tronco embrionárias (CTEHs), podendo reconstruir qualquer tecido ou órgão danificado, vai ficando mais perto da realidade. Desta vez, pesquisadores nos Estados Unidos conseguiram usar vírus não-patogênicos (ou seja, não-causadores de doenças) para induzir essa reprogramação sem que eles alterassem diretamente o DNA das células estudadas.

O trabalho liderado por Konrad Hochedlinger, do Centro de Câncer e Medicina Regenerativa do Hospital Geral de Massachusetts, apresenta-se como um passo possivelmente decisivo rumo aos testes terapêuticos com essas células, uma vez que aparentemente não restam traços do vírus reprogramador após a "metamorfose" das células. No entanto, para uma dupla de pesquisadores brasileiros, o ponto ideal ainda não foi alcançado. "O uso de compostos químicos seria una alternativa aos vetores virais", disse ao G1 Stevens Kastrup Rehen, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que comentou o estudo junto com sua aluna Bruna Paulsen.

"Só assim o processo de reprogramação celular poderia ter aplicação segura e prática", completa Paulsen. Mesmo assim, segundo os dois, o protocolo de Hochedlinger e companhia "é conceitualmente melhor que os publicados antes".

Sonho de pluripotência

Antes? Sim, porque uma das áreas mais agitadas da biologia molecular e celular dos últimos meses tem sido o estudo das células iPS, ou células-tronco pluripotentes induzidas. "Pluripotência" é justamente a capacidade até hoje encontrada apenas nas células-tronco embrionárias de virar qualquer tecido (menos placenta, para ser exato), e a indução se refere ao uso de certos genes para "convencer" células adultas a retornar a esse estado versátil.

Até agora, esses genes eram "entregues" por vírus modificados especialmente para a tarefa, que faziam esse material genético se integrar no DNA das células adultas. Ou seja, uma terapia baseada nelas envolveria a adição de células transgênicas ao organismo do doente -- algo inaceitável, pelo menos por enquanto.
No estudo de Hochedlinger e colegas, publicado na web pela revista especializada americana "Science" , os mesmos genes normalmente usados para modificar o DNA das células humanas pegam carona num adenovírus. "É característica dos adenovírus a baixa integração ao DNA", lembra Bruna Paulsen. Mesmo assim, as proteínas cuja receita está contida nesses genes-chave foram produzidas e fizeram com que células do fígado e de outros tecidos de camundongos virassem iPS, ou seja, voltassem ao estado versátil.

Apesar do aparente sucesso, os brasileiros aconselham cautela. "Os autores fizeram vários testes, que indicaram que não houve qualquer integração [do DNA viral no das células de camundongos], mas eles não podem descartar uma integração de pequenas porções do DNA do adenovírus -- mais um motivo para dizer que o ideal mesmo seria não precisar de vetores virais", arremata Rehen.

Pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, que realizaram o primeiro estudo em humanos envolvendo células-tronco e diabetes, iniciaram nova pesquisa. Os cientistas brasileiros conseguiram reverter a alteração imunológica que dá origem ao diabetes tipo 1, utilizando para isso uma combinação de células-tronco e quimioterapia.

O diabetes tipo 1 acomete principalmente jovens e crianças e leva os pacientes a necessitarem de múltiplas aplicações de insulina para manter os níveis de açúcar no sangue. Nos diabéticos desse tipo, as células produtoras de insulina são atacadas pelos órgãos de defesa do corpo, parando assim a produção do hormônio essencial para o funcionamento do organismo.


Na pesquisa de 2003 os médicos desligavam o sistema imunológico dos pacientes com aplicações de quimioterapia. Após isso, "religavam" o sistema devolvendo ao corpo células-tronco que haviam sido retiradas previamente do sangue dos indivíduos. Com esse religamento, muitos pacientes passavam a produzir insulina de forma natural e dispensavam as agulhadas diárias.


Nesses cinco anos de acompanhamento dos 23 participantes originais, 20 permaneceram sem insulina em algum momento. Existem pacientes que estão livres da insulina há anos. O trabalho de pesquisa dos nossos compatriotas foi publicado na revista "Journal of the American Medical Association" e passou a ser um marco nesse campo desde então.


O problema estava na necessidade de usar a quimioterapia, que trazia riscos para os pacientes, os quais podiam sofrer de infecções e outros efeitos colaterais nesse período. O grupo está iniciando nova pesquisa que, desta vez, utilizará um tipo especial de células-tronco dos pacientes. As células-tronco mesenquimais deverão ser capazes de bloquear a atividade imunológica contra o pâncreas e aumentar a quantidade de células produtoras de insulina ao mesmo tempo.


Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) da Bahia estão se preparando para testar o potencial das células-tronco adultas para ajudar pessoas que sofreram lesões na medula espinhal e ficaram com parte do corpo paralisada. Após resultados animadores em animais – cães e gatos voltaram a ficar de pé após meses em estado paraplégico –, o grupo coordenado pelo médico Ricardo Ribeiro dos Santos espera a autorização da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) para iniciar os primeiros testes em humanos.

Células-tronco embrionárias: o desafio das adultas é conseguir o mesmo desempenho das células adultas).

Ainda existe um grande debate a respeito do que as células-tronco adultas realmente podem fazer em termos terapêuticos. Não há dúvidas de que as células-tronco embrionárias, obtidas a partir de embriões com cerca de cem células, são extremamente versáteis, capazes de assumir a função de qualquer tecido do organismo. No entanto, ainda não se sabe ao certo como controlar a diferenciação (especialização) delas, o que impede, por enquanto, que elas sejam testadas em humanos.

Já as células-tronco adultas parecem envolver menos problemas de segurança, uma vez que são menos “rebeldes” em seu processo de diferenciação e, em muitos casos, podem ser extraídas do próprio paciente que vai recebê-las, evitando riscos de rejeição. Por outro lado, os pesquisadores têm dúvidas sobre a capacidade delas de se transformar em tecidos variados; para muitos, elas teriam apenas um papel de “suporte de vida”, estimulando a regeneração de órgãos lesados e impulsionando a formação de vasos sangüíneos para alimentá-los.

Cultivo especial

De qualquer maneira, pesquisadores brasileiros já utilizaram células-tronco adultas, provenientes principalmente da medula óssea, para tratamentos experimentais contra doenças cardíacas, derrames e diabetes tipo 1, entre outros problemas de saúde. “Já houve testes para tratar lesões da medula espinhal, mas a coisa não deu muito certo”, diz Ribeiro dos Santos. Para tentar evitar que o problema se repita, o novo protocolo desenvolvido pelos pesquisadores da Fiocruz envolve a obtenção de células-tronco da medula óssea e de tecido adiposo e seu posterior cultivo em laboratório durante três semanas, período no qual as células mais promissoras para o transplante são selecionadas.

Nos cães e gatos paraplégicos, os resultados foram animadores. “Eles conseguem ficar de pé, nem que seja só para brigar, como no caso de alguns dos bichos”, brinca Ribeiro dos Santos. “O controle urinário também melhora bastante. Se isso for reproduzido em humanos, já será um grande avanço”, afirma ele. A intenção é fazer os testes iniciais, destinados a comprovar que a terapia não piora o estado dos pacientes, num grupo de 20 pessoas.
s.

Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) da Bahia estão se preparando para testar o potencial das células-tronco adultas para ajudar pessoas que sofreram lesões na medula espinhal e ficaram com parte do corpo paralisada. Após resultados animadores em animais – cães e gatos voltaram a ficar de pé após meses em estado paraplégico –, o grupo coordenado pelo médico Ricardo Ribeiro dos Santos espera a autorização da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) para iniciar os primeiros testes em humanos.


Células-tronco embrionárias: o desafio das adultas é conseguir o mesmo desempenho

“Submetemos nosso pedido há cerca de seis meses”, contou Ribeiro dos Santos . “É claro que gente é gente, e não podemos garantir que os mesmos resultados aconteçam com os pacientes humanos, mas estamos animados”, diz o pesquisador, um dos líderes na pesquisa com células-tronco no Brasil.

Ainda existe um grande debate a respeito do que as células-tronco adultas realmente podem fazer em termos terapêuticos. Não há dúvidas de que as células-tronco embrionárias, obtidas a partir de embriões com cerca de cem células, são extremamente versáteis, capazes de assumir a função de qualquer tecido do organismo. No entanto, ainda não se sabe ao certo como controlar a diferenciação (especialização) delas, o que impede, por enquanto, que elas sejam testadas em humanos.

Já as células-tronco adultas parecem envolver menos problemas de segurança, uma vez que são menos “rebeldes” em seu processo de diferenciação e, em muitos casos, podem ser extraídas do próprio paciente que vai recebê-las, evitando riscos de rejeição. Por outro lado, os pesquisadores têm dúvidas sobre a capacidade delas de se transformar em tecidos variados; para muitos, elas teriam apenas um papel de “suporte de vida”, estimulando a regeneração de órgãos lesados e impulsionando a formação de vasos sangüíneos para alimentá-los.

Cultivo especial

De qualquer maneira, pesquisadores brasileiros já utilizaram células-tronco adultas, provenientes principalmente da medula óssea, para tratamentos experimentais contra doenças cardíacas, derrames e diabetes tipo 1, entre outros problemas de saúde. “Já houve testes para tratar lesões da medula espinhal, mas a coisa não deu muito certo”, diz Ribeiro dos Santos. Para tentar evitar que o problema se repita, o novo protocolo desenvolvido pelos pesquisadores da Fiocruz envolve a obtenção de células-tronco da medula óssea e de tecido adiposo e seu posterior cultivo em laboratório durante três semanas, período no qual as células mais promissoras para o transplante são selecionadas.

Células-tronco livram diabéticos da insulina, diz estudo
A pesquisa foi conduzida, em 2006, no Brasil, por Richard K. Burt

Fonte: Globo.com

Washington - A maioria dos pacientes com diabete do tipo 1 que recebeu transplante de células-tronco ficou livre do uso de insulina, muitos deles por mais de três anos, de acordo com um estudo divulgado nesta terça-feira pelo Journal of the American Medical Association (JAMA). Estes pacientes também apresentaram um bom controle glicêmico, além de níveis mais elevados de peptídeo C, uma medida indireta do funcionamento das células beta, que têm como função produzir insulina.

O estudo foi conduzido, em 2006, no Brasil, por Richard K. Burt, da Faculdade de Medicina Feinberg, da Universidade do Noroeste, em Chicago (Estados Unidos), em parceria com Júlio Voltarelli, médico e pesquisador do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HCFMRP/USP), com 23 pacientes brasileiros que receberam transplantes de células-tronco e tiverem seus níveis de peptídeo C monitorados. Os participantes tinham entre 13 a 31 anos.

O pesquisador americano disse que o estudo foi realizado no Brasil porque os médicos brasileiros estão bem mais abertos à pesquisa com células-tronco do que os americanos. Além disso, "mais de 20% dos diabéticos brasileiros reclamam do tratamento com insulina", afirma Burt.

Dos 23 analisados, 20 ficaram livres do uso de insulina por um período médio de 31 meses. Um dos participantes não precisou usar insulina produzida fora do organismo por quatro anos, enquanto que quatro participantes tiveram o mesmo resultado por um período de três anos, três por um período de pelo menos dois anos e quatro por pelo menos um ano.

Oito pacientes não apresentaram o mesmo sucesso e voltaram a usar insulina em doses mais baixas. A maioria dos participantes demonstrou ter atingido um bom controle glicêmico. Os efeitos colaterais do tratamento de diabete do tipo 1 com transplante de células-tronco são raros. O mais grave deles é uma diminuição temporária da imunidade, o que aumenta o risco de infecções. Mesmo assim, o risco é mínimo (0,5%).

O Dia Terra

9.26.2008

COMO SÃO FEITOS OS ENSAIOS CLÍNICOS

Existe um grande leque de opções de substâncias químicas que originam medicamentos. Estas substâncias são comparadas com outras similares e, desta forma, é possível identificar as doenças que poderão ser tratadas com o futuro medicamento. Definida a composição química do medicamento, inicia-se a etapa de testes com animais. São utilizados animais de diversos portes até que a Indústria tenha certeza que ele é seguro. Se o medicamento apresentar grave efeito colateral num rato, por exemplo, toda a pesquisa poderá acabar. Essas etapas são eliminatórias. O produto só será testado em seres humanos se houver total segurança. Passada esta fase, o próximo passo é testá-lo num pequeno grupo de voluntários saudáveis, ou seja, aqueles que não têm a doença em foco ou outra qualquer. Estes voluntários, ao utilizar o medicamento, podem apresentar sintomas de efeito colateral ou não - alguns efeitos são assintomáticos, por isso, é necessário que estas pessoas passem por exames laboratoriais periódicos que identifiquem estes efeitos colaterais "invisíveis".

Em seguida, o produto será testado com outro pequeno grupo portador da doença a ser pesquisada. Nesta etapa, estuda-se o impacto do medicamento na doença e no organismo da pessoa. Também são realizados exames de análises clínicas no paciente. A última etapa deste processo consiste em testar o produto numa população de doentes muito maior, por volta de 1.000 pessoas, dependendo da patologia pesquisada. Remédios para AIDS, por exemplo, podem utilizar este contingente de pessoas; remédios para tumor de supra-renal não encontrarão tantos voluntários para testá-lo. O controle laboratorial é essencial para a detecção de efeitos colaterais. Não havendo problemas durante todo o processo, o produto é liberado para uso comercial. Até atingir este ponto, a indústria investe mais de R$ 100 milhões por produto. Ela poderá explorar o produto durante 15 anos, sem que nenhum concorrente possa lançar um produto similar com o mesmo princípio ativo. Porém, o tempo começa a contar a partir do momento em que as pesquisas se iniciam.

Os ensaios clínicos podem ser prospectivos ou retrospectivos. O prospectivo é aquele que ocorre baseado em um protocolo de pesquisa e inclui pacientes após a idealização do protocolo. Ou seja, só após se conceber um plano de pesquisa é que se inicia o recrutamento dos pacientes. O estudo retrospectivo, por outro lado, baseia-se em dados que foram acumulados antes de sua concepção. Geralmente é baseado em levantamentos do que ocorreu, por exemplo, com pacientes tratados com uma droga específica ou de uma forma especial durante um certo período de tempo em uma dada instituição. Como os dados coletados retrospectivamente não obedeceram necessariamente a um protocolo, podem existir muitas falhas nesses estudos.

Os testes em seres humanos

Todas essas substâncias, antes de serem aprovadas pelos mecanismos de Vigilância Sanitária, necessitam ser testadas em seres humanos. Tais testes, conhecidos como Clinical Trials, devem seguir modelos muito rígidos que permitam a análise estatística, a reprodutibilidade, a confiabilidade e também a conferência posterior de cada passo clínico e laboratorial. Os Clinical Trials são realizados, via de regra, em Centros Universitários, sob a responsabilidade geral de um médico, normalmente o Professor Titular. Os centros são denominados sites. "Com o aumento do número de pesquisas nos EUA e Europa surgiu a necessidade de mais centros ou sites de pesquisa. Essa necessidade se deve a dois fatores: investigadores e pacientes. Por exemplo, nos EUA já é difícil encontrar pacientes cardíacos que não tenham participado de algum Clinical Trial envolvendo drogas cardíacas".

Nos últimos cinco anos cresceu muito no Brasil o número de sites com capacitação para realizar Clinical Trials seguindo as normas necessárias (Good Clinical Practices) para que tais pesquisas sejam utilizadas com finalidades regulatórias. A CONEP (Comissão de Ética em Pesquisa), órgão do Ministério da Saúde, regula os estudos conduzidos em seres humanos. Todo estudo envolvendo seres humanos deve ser aprovado pelo Comitê de Ética da Instituição onde será realizado e posteriormente pelo CONEP. Sem a aprovação, a importação da droga para uso nos estudos não é liberada.

Como são novas drogas, as Companhias Farmacêuticas não permitem a revelação de detalhes. Tomam conhecimento os sites, o Comitê de Ética, a CONEP e o Laboratório envolvido. Todas essas instituições estão sujeitas a um acordo de sigilo. Nos EUA as listas de estudos e de suas finalidades são publicas e os pacientes podem se inscrever para participar de um determinado estudo. Esses estudos são geralmente mundiais, com sites em diversos países, todos seguindo as mesmas regras.

A importância dos ensaios clínicos

É a partir dos estudos clínicos, que o médico pode optar por um tratamento de forma segura e mais eficaz para o paciente. Neste sentido, é importante saber como eles são desenvolvidos, elaborados, conduzidos, quais os tipos e como podem ser úteis no dia-a-dia do profissional. "De forma geral, a medicina baseia-se em estudos clínicos que, por sua vez, têm como objetivo tentar responder a uma pergunta ou dúvida existente. O conjunto de respostas geradas por diversos estudos clínicos é a base do conhecimento científico/clínico e a cada dia novas respostas são acrescentadas à vasta gama de conhecimento já existente. Muitas vezes contraditórios, os resultados de estudos clínicos motivam outras pesquisas a fim de solucionar a controvérsia, e assim, é desencadeada uma reação onde cada vez mais perguntas vão surgindo, instigando os pesquisadores a procurar novas respostas".

A participação brasileira

Para a comunidade científica, a inclusão do Brasil no roteiro de estudos clínicos com finalidade regulatória é um avanço para o país em várias áreas. Além dos médicos elevarem seus padrões de pesquisa e de análise de dados, se inteiram do uso de novas possibilidades terapêuticas ao mesmo tempo que o resto do mundo. "Nossos pacientes estão mais cedo expostos a novas possibilidades terapêuticas. A comunidade médica internacional se intera de que no Brasil há centros qualificados para pesquisa clínica de alto nível e possibilidades de análises laboratoriais com sofisticação técnica. Os recursos financeiros destinados pela Industria Farmacêutica para os sites são usados para melhorar o atendimento aos pacientes".

São as empresas da Indústria Farmacêutica que escolhem seus parceiros nas pesquisas. Como estes parceiros precisam passar pelas auditorias de entidades como o FDA, a indústria procura empresas de qualidade consagrada. Até há pouco tempo o Brasil não fazia parte dos projetos de protocolo (doenças como AIDS, Hipertensão e Pneumonia) de medicamentos dos laboratórios farmacêuticos estrangeiros. No entanto, a busca e a conquista da qualidade, tanto pelas universidades brasileiras quanto pelas empresas privadas, passou a ser reconhecida. Por isso, o Brasil começou a participar das pesquisas. No entanto, 90% dos Ensaios Clínicos continuam sendo feitos nos EUA e Europa e muitos países nunca foram sequer procurados para fazer parte de pesquisas, devido à rigorosidade que o processo exige.

Fonte:Pesquisa Internet

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PAÍS TERÁ SÉRIE DE GENÉRICOS ANTIAIDS
17/09/2008
Outras drogas poderão ser copiadas com o mesmo modelo, diz ministro. A versão genérica do Efavirenz deverá ser a primeira de uma nova geração de remédios antiaids produzidos pela Fundação Oswaldo Cruz. O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, afirmou que outras drogas, cuja patente está próxima a terminar, poderão ser copiadas no País. E, seguindo o exemplo do Efavirenz, em parceria com empresas privadas. A idéia é seguir o modelo: as empresas produzem a matéria-prima e a Fiocruz, o produto final. Atualmente, das 17 drogas usadas no coquetel destinado a pacientes com aids no Brasil, 7 são produzidas por laboratórios nacionais. Apesar do aparente equilíbrio, as drogas importadas representam boa parte do orçamento consumido pelo programa. Em 2007, antes da quebra de patente do Efavirenz, os importados consumiam 70% dos R$ 960 milhões gastos com compra de remédios. Apesar de o Efavirenz ser o 8º antiaids feito pela Fiocruz, sua produção representa um final vitorioso para uma novela que se arrasta desde o governo Fernando Henrique Cardoso. Diante dos altos preços de remédios antiaids, o Brasil liderou um movimento para dar a medicamentos um outro tratamento: não uma simples mercadoria, mas algo necessário para a manutenção da vida de pacientes. A tese foi reconhecida internacionalmente. Depois do reconhecimento, o Brasil ameaçou várias vezes quebrar a patente de medicamentos. Só ano passado, depois de exaustiva negociação com a Merck, a promessa foi cumprida. Atitude que despertou aplausos de entidades ligadas a direitos de pacientes e fortes críticas da indústria farmacêutica internacional. As críticas ganharam força este ano, quando a Fiocruz atrasou o cronograma. O problema, na época, foi atribuído à estratégia adotada: produzir também a matéria-prima. Além de anti-retrovirais, Temporão afirma que o governo está interessado em ampliar a produção de antiinflamatórios. Confiante, ele quer ainda ampliar a negociação para a licença voluntária de novos remédios - a exemplo do que já ocorre na área de vacinas. - Lígia Formenti, Brasília -
Fonte: Estado de São Paulo

O Brasil vai começar a produzir o medicamento genérico do Efavirenz, utilizado no tratamento da Aids a partir de 2009. Em maio do ano passado, o Ministério da Saúde decretou o licenciamento compulsório do medicamento que era fabricado pelo laboratório Merck Sharp & Dhome, detentor da patente. Atualmente, das 200 mil pessoas que têm o vírus HIV no Brasil, 80 mil utilizam o Efavirenz. "Pela primeira vez em muito tempo o Brasil consegue desenvolver o princípio ativo de um medicamento que era protegido por patente. Com isso, a gente conseguiu desenvolver uma formulação final do produto que é bioequivalente, ou seja, o genérico brasileiro tem no organismo humano o mesmo efeito da marca de referência", explicou o ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Segundo ele, além de representar economia de recursos públicos, a produção nacional do Efavirenz estimula o desenvolvimento da indústria farmacoquímica. "Isso diminui a vulnerabilidade do sistema como um todo e nos coloca em um patamar diferenciado no cenário internacional, reafirma a capacidade do Brasil em desenvolver tecnologia própria", defendeu. O medicamente genérico será produzido por dois laboratórios: Farmanguinhos (da Fundação Oswaldo Cruz, Fiocruz) e Laboratório Farmacêutico de Pernambuco (Lafape). As fases de teste de bioequivalência do medicamento da Fiocruz foram concluídas e o Ministério da Saúde já deu entrada no processo de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A produção começa assim que a Anvisa conceder a licença. A diretora do programa DST/Aids, Mariângela Simão, acredita que a produção por dois laboratórios trará ao País maior independência. "Isso é estratégico, porque a produção nacional será enorme e, caso haja algum problema em um dos laboratórios, como falta de matéria-prima, você tem a garantia da produção pelo outro". Segundo Mariângela, os dois laboratórios compartilham metodologias de análise, mas o medicamento está sendo produzido por "rotas diferentes" em cada um deles. O Efavirenz é um medicamento considerado de "primeira linha", ou seja, costuma ser utilizado nos tratamentos inicias em pacientes com Aids. Junto com o AZT (zidovudina) e o 3TC (lamivudina), ele compõe a combinação mais usada em coquetéis anti-HIV. Segundo Mariângela, por ano são consumidos no Brasil 30 milhões de comprimidos. Desde o licenciamento compulsório em 2007, o Brasil importa o Efavirenz genérico da Índia por US$ 0,45 o comprido de 600 miligramas, enquanto antes pagava US$ 1,59 à Merck. Segundo Temporão, a economia desde então foi de US$ 30 milhões. A expectativa é que o custo de produção do Efavirenz brasileiro seja semelhante aos gastos com a importação indiana. "Em 2006 o Efavirenz correspondia a 11% do gasto total do Ministério da Saúde com medicamentos importados. Em 2007, com o licenciamento compulsório, o valor caiu para 4%", comparou o ministro. Dos 17 medicamentos que compõem o coquetel para tratamento da Aids, o Efavirenz será o oitavo produzido nacionalmente. Os outros nove são importados, sendo oito com patente protegida. Em 2007, o Ministério gastará R$ 4 bilhões com a compra de medicamentos. Desse total, US$ 1 bilhão será destinado aos anti-retrovirais. Temporão não descarta a possibilidade de o Brasil decretar outros licenciamentos compulsórios, caso haja risco à população. "A nossa postura é de negociação permanente com os produtores, de negociação de novas parcerias, trazer projetos de produção para o Brasil. Evidente que sempre que qualquer desses produtos possa colocar em risco o acesso dos brasileiros a um medicamento essencial à manutenção da sua vida, claro que o governo vai usar todas as armas que tem do ponto de vista legal", afirmou.
Fonte: Agência Brasil - Notícias Terra

EM EDITORIAL, FOLHA DE S.PAULO DIZ QUE LICENÇA COMPULSÓRIA DO EFAVIRENZ É POUCO PARA DIMINUIR DEPEND
20/09/2008
Nesta semana, a Fiocruz anunciou a produção da versão genérica do anti-retroviral Efavirenz, a partir de 2009. O remédio teve licença compulsória decretada pelo governo federal no ano passado. Em editorial publicado neste sábado (20), o jornal Folha de S.Paulo destaca que o fato constitui uma boa nova na saúde pública, mas "diante do objetivo estratégico de estimular um setor industrial de fármacos autônomo, é duvidoso que represente um passo significativo". Confira o texto na íntegra. LONGO CAMINHO (EDITORIAL) - Fabricação de princípio ativo de droga contra a AIDS ainda é pouco para diminuir dependência de fármacos importados. A FAÇANHA da Fiocruz ao desenvolver o princípio ativo do remédio anti-AIDS mais usado no programa nacional de combate à doença, o EFAVIRENZ, deve ser interpretada sob dois ângulos. Do ponto de vista da saúde pública e seu financiamento, constitui uma boa nova. Diante do objetivo estratégico de estimular um setor industrial de fármacos autônomo, é duvidoso que represente um passo significativo. O feito possibilitará a fabricação no país de uma versão genérica do EFAVIRENZ, hoje importado da Índia a US$ 0,45 por PÍLULA. Antes da licença compulsória do anti-retroviral, em maio de 2007, o Ministério da Saúde pagava mais que o triplo disso ao detentor da patente, o laboratório Merck Sharp & Dome. A decisão de quebrar a patente veio após uma negociação fracassada. O governo almejava chegar ao preço pago na época pela Tailândia, US$ 0,65, mas a contraproposta ficou longe disso. Optou-se pela licença compulsória, em nome do interesse público, o que está previsto na lei brasileira e em tratados de proteção à propriedade intelectual. Mais importante que economizar foi comprovar que há competência tecnológica no país para desenvolver e testar um princípio ativo. É uma condição necessária para desenvolver o setor de fármacos no país e reduzir sua dependência da importação de produtos da química fina. Teria sido melhor demonstrar essa capacidade antes de quebrar a patente, e não mais de um ano depois. Isso teria aumentado o poder de barganha do Estado, possivelmente evitando a medida extrema. Para um país que busca atrair investimentos no setor de fármacos, licenças compulsórias emitem sinal negativo para as grandes multinacionais. Tais empresas faturam dezenas de bilhões por ano e reinvestem até 1/5 em pesquisa e desenvolvimento (P&D). Por isso são ciosas das patentes, garantia de retorno sobre o investimento. As farmacêuticas brasileiras, apesar de avanços recentes, não têm tradição de pesquisa nem fôlego financeiro para se tornarem tão cedo de fato inovadoras. Farmanguinhos, da Fiocruz, é um laboratório público, que se associou com duas empresas privadas nacionais para desenvolver o EFAVIRENZ. Esse é o caminho: criar consórcios para aglutinar competências e ganhar escala, com foco na inovação que vá além da simples cópia de medicamentos consagrados. O governo federal lançou em 2004 uma política industrial e tecnológica para o setor, financiada pelo BNDES. O programa foi renovado pelo banco há menos de um ano e irá até 2012, com dotação de R$ 3 bilhões. Há R$ 1 bilhão de projetos aprovados e contratados em carteira, mas a maioria é de implantação de unidades produtivas, não de P&D. Falta muito para o Brasil conseguir repetir o exemplo da Índia. Algumas farmacêuticas do país asiático enxergaram que só tinham futuro investindo decididamente em inovação. Tornaram-se competitivas em genéricos no mercado mundial e passaram a respeitar patentes. Depois disso é que grandes empresas multinacionais reconheceram a competência indiana e levaram para lá laboratórios de P&D.
Fonte: Folha de S.Paulo - Alerta Google

Atenção: novas vagas, confira

NUTRICIONISTAS

Nutricionista com ou sem experiencia (recem formada), que resida PROXIMO DE CAMPO GRANDE, JACAREPAGUA, NILOPOLIS,RICARDO DE ALBUQUERQUE,ETC..SALARIO 2.000,00 +BENEFICIOS. ENVIAR EMAIL COM CURRICULO PARA adelaide.vidal@yahoo.com.br


ENGENHEIRO DE SEGURANÇA DO TRABALHO

Consultu RH oferece cargo de ENGENHEIRO DE SEGURANÇA DO TRABALHO. Requisitos: Nivel Superior completo. Experiência mínima de 3 ano atuando como Engenheiro de Segurança do Trabalho na área hospitalar. Atuação em empresas com mais de 800 funcionários. Disponibilidade de horário. Experiência com liderança de equipe de segurança e SESMT. Fácil acesso à Zona Sul. Atividades: Elaboração de procedimentos de segurança e de mapas de risco; Supervisionar e orientar as atividades dos técnicos de segurança; Promover campanhas educativas de segurança; Promover treinamentos voltados para segurança; Análise das características gerenciais e estatísticos; Elaborar os procedimentos da área de segurança; Supervisionar a elaboração de PPRA; Elaborar PPP. OBS: Irá se reportar a gerência de Recursos Humanos. Enviar CV com pretensão salarial e Disponibilidade de horário para consulturh@gmail.comsob o título de " ENGENHEIRO SEG, TRAB." . Benefícios: Plano médico e odontológico, Vale Transporte, Alimentação no local, convênio com escolas, cursos e faculdades.



COORDENADOR DE PRODUÇÃO

Abbott Rio abre processo interno e externo de seleção para Coordenador de Produção. Pensando na busca e valorização dos talentos, a área de Recursos Humanos está à procura de um profissional para atuar como Coordenador de Produção. Confira abaixo o perfil necessário: Formação superior completa em Farmácia Industrial; Inglês fluente (escrita, leitura e conversação); Espanhol básico (escrita, leitura e conversação); Conhecimento avançado do pacote Office (Word, Power Point e Excel); Conhecimentos em SAP (Módulo PP); Conhecimento técnico/prático em manipulação de produtos sólidos, líquidos e semi-sólidos com atuação direta em coordenação de equipe de Produção; Gestão da área de Produção, englobando interface com o Planejamento e Controle da Produção e a coordenação de processos de fabricação; Conhecimento de filosofias para otimização de produtividade e qualidade (Ex.: Lean Manufacturing, Classe A, 5S, Análise SWOT, Gerenciamento Visual, etc); Conhecimento em indicadores de gestão de processos (rendimentos, perdas de materiais e tempos (horas-homem e horas-máquina); Responsabilidade pela elaboração, treinamento e implantação de Procedimentos Operacionais nas áreas de Fabricação de Sólidos, Líquidos e Semi-sólidos; Controle e monitoramento de despesas operacionais; Gestão de pessoas. Perfil Comportamental: Excelente comunicação e habilidade de relacionamento; Liderança; Capacidade de planejamento, organização e controle; Espírito de equipe; Se você tem o perfil necessário e deseja participar do processo seletivo, envie seu currículo para Fabiana Oliveira até 23 de setembro, terça-feira, pelo e-mail fabiana.oliveira@abbott.com. Lembre-se de discutir sua decisão com seu superior imediato e de copiá-lo no e-mail para que ele esteja ciente de seu interesse e possível participação no processo seletivo. Se você conhece alguém com o perfil desejado e que trabalha em outra empresa, fique à vontade para fazer a divulgação desta vaga.



ASSISTENTE TÉCNICO EM QUÍMICA

Vivência em elaboração de Orçametos e Propostas Técnicas para a área Comercial (trabalho interno). Formação Técnica em Química; Inglês técnico para leitura. Experiência em preparo de orçamentos Técnicos e/ou Propostas Técnicas para a Área Comercial (Vendas) e para o Setor de Compras Industriais. R$ 1.500,00 + Benefícios. Enviar currículo colado no corpo da mensagem para: milenium.rh@gmail.com. Informar o cargo no assunto.



AUXILIAR DE PRODUÇÃO

Empresa no ramo hospitalar contrata: Auxiliar de Produção. Ensino médio completo; Experiência na função de auxiliar de produção ou serviços gerais; Disponibilidade de horário; Local de trabalho: Mesquita/RJ (morar próximo). A empresa oferece salário de R$ 446,00 + VT + cesta básica + assistência médica e odontológica (Amil) + Sesc. Interessados, enviar currículo para: vaga_trabalho@yahoo.com.br colocando no assunto: Auxiliar de Produção - Mesquita.


ANALISTA DE CONTROLE DE QUALIDADE JUNIOR

Local: Rio de Janeiro (Jacarepaguá) : Horário do expediente: 8 às 17h. Formação - Técnico em Química ou profissional de nível superior da área (farmacêutico / químico / eng.químico). Experiência: análises físico-químicas de medicamentos, desejável HPLC /dissolução. ana.farm@yahoo.com.br



INSPETOR DE QUALIDADE

MANPOWER BRASIL - LÍDER MUNDIAL EM RECURSOS HUMANOS - Organização fundada em 1948, presente em mais de 80 países, com 400.000 clientes, referência como provedora de oportunidades qualificadas para mais de 4 milhões de pessoas por ano, identifica o seguinte profissional: INSPETOR DE QUALIDADE . Para Indústria de Alimentos de Grande Porte. Salário: R$ 1.975,98. Benefícios: Vale Transporte + Alimentação no local + Assistência Médica + Assistência Odontológica + Participação nos lucros + Reembolso de Km e Previdência Privada. Local: Duque de Caxias. Horário: 7:30 às 17:30. Necessário: Superior em Nutrição, Engenharia de alimentos, Tecnólogo em alimentos ou Nutrição. (Não encaminhar currículo caso não tenha uma dessas formações). Imprescindível possuir habilitação categoria B e carro próprio. Experiência com atendimento ao cliente. Experiência na realização de visitas técnicas. Conhecimentos sobre as normas da vigilância sanitária. Conhecimentos sobre conservação e preservação de alimentos. Os interessados deverão cadastrar-se no site da manpower www.manpower.com.br na vaga 14019 e encaminhar currículo para fernanda.machado@manpower.com.br mencionando o nome da vaga no assunto: INSPETOR DE QUALIDADE


FARMACÊUTICA

Dermage farmácia de manipulação e indústria de cosméticos contrata: Imprescindível experiência com farmácia de manipulação, gerenciamento técnico e comercial da loja. Superior completo, desejável pós graduação. Salário + Comissão + Benefícios. AS INTERESSADAS DEVERÃO ENCAMINHAR CVS PARA curriculo@dermage.com.br, FAVOR COLOCAR NO CAMPO ASSUNTO O NOME DA VAGA EM QUESTÃO.


TECNICO DE SEGURANÇA DO TRABALHO

Empresa de Grande Porte Contrata com: TECNICO DE SEGURANÇA DO TRABALHO (com registro). Mandar currículos com pretensão salarial. Local de atuação: Belford Roxo / RJ. Perfil: Possuir Registro - tecnico segurança do trabalho; Ter trabalhado em industria, preferencialmente Química; Ensino Médio Completo; Ambos sexos; Mandar curriculo para e-mail: vagas.bonsucesso@yahoo.com.br com assunto: TST - REGISTRO



NUTRICIONISTA

Empresa Multinacional Holandesa do Ramo Atacadista oferece oportunidade para: Nutricionista. (Contrato de 6 meses ). Requisitos: Ser formado em Nutrição; Interesse em trabalhar na área de restaurante, comandando equipe; Período de 6 meses (substituindo na período de licença maternidade); Local de atuação: Ramos - RJ (Residir próximo). Habilidades: Pro-Ativo. Liderança. Boa Comunicação. Benefícios: Salário: r$ 1.200,00 + VT. Interessados favor encaminar o currículo para: rh.bonsucesso@yahoo.com.br Assunto: NUTRICIONISTA.

19/09/2008

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18/09/2008

ANALISTA DE LOGÍSTICA PLENO

Assessorando nosso cliente, empresa Multinacional de Grande Porte, recrutamos para o Rio de Janeiro: Local: Pavuna. Requisitos: Superior em Engenharia de Produção ou Engenharia Química. IMPRESCINDÍVEL Inglês Fluente. Desejável Espanhol e Francês. Experiência mínima de 02 anos em logística industrial. Pacote Office. Cursos na área de Compras, Logística ou Aprovisionamento. Experiência em gestão de lançamento de produtos, Cadastro do produto. Experiência nas atividades descritas abaixo. Atividades: Gerir os processos de aprovisionamento de artigos de acondicionamento nacionais e importados e matérias-primas; Analisar as necessidades de estoque das várias referências e itens por produto, verificando no sistema as quantidades disponíveis no estoque e as necessárias para atendimento a produção e as políticas de cobertura de estoque; Acompanhar a programação da produção e a evolução das vendas; Manter contato direto com fornecedores nacionais e internacionais; Verificar a programação das entregas dos materiais nacionais e importados; Gerir os projetos de lançamento de produtos novos, assim como as renovações; Manter atualizada a política de cobertura de estoque e a classificação ABC; Planejamento de Compra de Materiais de Acondicionamentos; Criação de Pedido de Mat. Acondicionamento; Suporte a área de Exportação quando necessário; Negociar com fornecedores prazos de entrega e disponibilidade de produtos; Cumprir as normas de qualidade, segurança, meio ambiente e higiene industrial. Os candidatos interessados deverão encaminhar CV COM PRETENSÃO SALARIAL para simtalentosemprego@yahoo.com.br, mencionando no campo assunto o nome da vaga.


ESTAGIO NO CONTROLE DE QUALIDADE MICROBIOLÓGICO

caso alguém tenha interesse em estagiar no controle de qualidade microbiológico de indústria farmacêutica na zona norte do RJ, favor responder esse email. O estágio será de 6 horas e os únicos benefícios são: Passagem. Alimentação no local. Vale alimentação. OBS: Não tem bolsa. lfarmaceutico@yahoo.com.br


AUXILIAR DE FARMACIA HOSPITALAR

Hospital na Barra da Tijuca busca profissionais com o seguinte perfil: Ensino médio completo. Experiência na função (avaliação e triagem de prescrições médicas com lançamento de material médico-hospitalar e medicamento via sistema na conta hospitalar do paciente, dispensação e controle de materiais e medicamentos por dose individualizada ou unitária para 24hs com conhecimento em diluição de medicamentos injetáveis. Plantão de 12x36 das 07 as 19hs. Benefícios: Salário (639,50) + VT + Alimentação no local. Os interessados deverão encaminhar os currículos para cb_farmacia@yahoo.com.br

16/09/2008

ANALISTA DE CONTROLE DE QUALIDADE JUNIOR

Local: Rio de Janeiro (Jacarepaguá): Horário do expediente: 8 às 17h. Formação - Técnico em Química ou profissional de nível superior da área (farmacêutico / químico / eng.químico). Experiência: análises físico-químicas de medicamentos, desejável HPLC /dissolução. ana.farm@yahoo.com.br

Imprensa, pré-doentes e lobbies ilegítimos

24/09/2008
A relação entre comunicação, jornalismo e saúde deve ser vista sempre com espírito crítico porque, quando alguns casos concretos são levantados, aflora uma rede poderosa de interesses, muitas vezes excusos.

É isso que podemos inferir do episódio da quebra de patentes de medicamentos contra Aids no Brasil de que resultou o desenvolvimento, pela Fiocruz, de um genérico para o Efavirenz, anunciado recentemente pelo Ministério da Saúde.

Quem pôde acompanhar o episódio, deve ter percebido com facilidade ( porque o lobby foi agressivo como costuma ser nesses casos) como a Merck, a fabricante do medicamento em questão, pressionou o Governo para que continuasse pagando um preço abusivo para um remédio essencial na campanha (muito bem sucedida) contra a Aids.

Infelizmente, parte da mídia nacional "pagou o mico nesse embate" postando-se ao lado da Big Pharma na tentativa jogar a opinião pública contra o Governo, coerentemente favorecendo os laboratórios farmacêuticos, reconhecidamente grandes anunciantes. Este foi o caso da revista Exame que, na edição de 27 de agosto último, com o título Cadê o remédio? questionava a competência brasileira em fabricar o genérico do Efavirenz. Como vimos, 20 dias depois, a publicação da Abril "quebrava a cara" com o anúncio do Governo, mas havia feito a sua parte: mostrado ao laboratório que estava ao seu lado e que podia contar com ela para novos lobbies via imprensa. A mesma Abril, que tentou em matéria de capa da revista Veja, jogar no lixo o trabalho formidável de Paulo Freire , um dos maiores educadores contemporâneos,e que continua, contraditoriamente, repudiando as ideologias dos outros e expondo, publicamente, as mazelas e as inconsistências das suas próprias ideologias.

Mas voltando aos remédios. Na prática, o Governo já estava adquirindo o genérico do Efavirenz da Índia por 49 centavos de dólar o comprimido, bem menos do que um dólar e 59 centavos, que é o que a Merck queria nos enfiar goela a baixo. Felizmente, o laboratório perdeu, a Exame perdeu, e novamente conseguimos mostrar que, quando há vontade política e recursos disponíveis, nossa competência técnica se manifesta de maneira exuberante. Questionar a competência de Farmanguinhos foi uma tolice editorial da Exame. Mais uma.

Evidentemente, para quem faz leituras regulares da mídia, verá que a Merck já mudou o discurso, abandonando a natural arrogância para praticar o tom da conciliação. Todos nós que sabemos como a Big Pharma atua devemos nos preparar para o próximo episódio porque esse recuo é sempre estratégico, particularmente quando há grana em jogo. Quando a cobra se enrola e aparentemente fica imóvel é porque está concentrando o veneno...

Os laboratórios estão de olho nos chamados países emergentes e buscam agora aproximar-se de universidades, institutos e grupos de pesquisa para se apropriarem de conhecimentos que resultarão em patentes lucrativas. Esta é a disposição , por exemplo, da Pfizer, explicitada em edição recente do Valor Econômico. Foi essa também a intenção da Novartis em sua aproximação com a Fapesp, que lhe havia dedicado reportagem negativa no episódio escandaloso da BioAmazônia (se quiser saber detalhes, coloque BioAmazônia no Google e recuperará a intenção da Novartis nesse caso e o que cientistas - do porte de Isaías Raw - andaram dizendo dela naquele momento). Se você não sabia (é interessante ler o livro de Márcia Angell A verdade sobre os laboratórios farmacêuticos, publicado ano passado pela Editora Record) é bom ter presente que, na prática, boa parte da pesquisa da Big Pharma é feita mesmo pela Academia (não acontece isso ainda no Brasil evidentemente) e que ela investe mais, muito mais, em marketing do que em ciência e tecnologia.

Pois aqui entra uma outra jogada da indústria da saúde, suficientemente documentada pelas reportagens dos jornais e opinião de especialistas: a criação de uma nova legião de consumidores de medicamentos, os chamados pré-doentes. Sabia da intenção da Big Pharma? Convencer as pessoas que elas devem começar a tomar medicamentos antes mesmo de ficarem doentes, a chamada "síndrome Engov", ou seja, para que você não tenha diabetes, hipertensão, colesterol etc no futuro (ou enxaqueca no dia seguinte), é melhor ir se entupindo antecipadamente de comprimidos .

Puxa, um negócio fabuloso porque, com isso, depois de criar o pânico da doença que um dia poderá chegar, a Big Pharma consegue vender remédio até para quem não vai ficar doente. Denominamos esse processo de "síndrome Engov" porque é assim que funciona: você toma um antes e outro depois e nesse intervalo pode "mandar ver" na caipirinha, na lingüiça calabresa, na feijoada etc. Não estou inventando, isso está na televisão, com a complacência de autoridades que fecham os olhos para uma propaganda nefasta de medicamentos sem qualquer eficácia e para a legitimação de um hábito (alimentação não saudável) que deveria ser desestimulado.

A indústria da saúde está forçando para que os indicadores que denunciam risco potencial de doenças tenham valores menores e vai chegar um dia em que todo mundo, quando fizer exames laboratoriais, se sentirá incluído no rol dos hipertensos, dos diabéticos etc, enfim todos estaremos doentes para alegria dos vendedores das pílulas mágicas.

A imprensa tem um papel importante a desempenhar, desmascarando essas estratégias gananciosas, enxergando além dos releases e das coletivas de imprensa que anunciam soluções milagrosas para problemas que ainda nem existem.

Nesse sentido, é fundamental saudar a cobertura feita pela jornalista Cláudia Colluci, da Folha de S. Paulo, que, embora tenha viajado para Roma para cobrir um congresso médico a convite de um laboratório farmacêutico, produziu uma reportagem correta sobre o lobby dos laboratórios e o envolvimento dos profissionais de saúde (publicada na Folha no último dia 12 de setembro de 2008, p. C4), não poupando ao menos o laboratório que pagou a conta de sua viagem. É isso mesmo que se espera de jornalistas críticos, que mantêm a sua independência apesar do assédio de interesses privados.

Cláudia Collucci não se prendeu às fontes oficiais (certamente comprometidas com o interesse do laboratório) para a cobertura do congresso internacional de diabetes e fez restrições à relação entre a indústria farmacêutica e muitos profissionais de saúde, em alguns casos bastante suspeita para dizer o mínimo.

A Big Pharma tem compromissos majoritariamente com investidores, o que é natural no capitalismo, mas é preciso balizar o comportamento da mídia pelo interesse público. Fora disso, estaremos praticando uma cobertura doente da saúde, comprometida com interesses privados. Olho vivo. Nesta área, não existe mesmo almoço (ou viagem) grátis. É melhor ler direito a bula. Nas letras menores, é que estão descritos os efeitos colaterais. Não esperemos transparência de quem sobrevive de dissimulações.

Em tempo: a indústria da saúde, agroquímica e outras menos votadas tem sistematicamente tentado "queimar" a Anvisa, buscando inibir suas ações identificadas com o interesse público, como a reclassificação de agrotóxicos (tem empresa jogando aqui veneno há muito tempo proibido em outros países), o monitoramento da propaganda de medicamentos (está cada vez mais difícil encontrar propaganda nesta área que respeite a legislação) etc. Urge denunciar esta estratégia não limpa para minar os órgãos de controle e fiscalização, os únicos a quem podemos recorrer para fazer valer os nossos direitos. Não podemos, de forma alguma, deixar que as raposas passem a controlar o galinheiro. E, como diz o caboclo, tem cada raposa peluda no pedaço!


* Wilson da Costa Bueno é jornalista

Fonte: Portal Imprensa

Taís Motta
Assessora de Comunicação
Diretoria
Instituto de Tecnologia em Fármacos
Farmanguinhos/Fiocruz