Boas Práticas De Fabricação - BPF em Farmácias
1. OBJETIVO
Este Regulamento Técnico fixa os requisitos mínimos exigidos para a manipulação, fracionamento, conservação, transporte, dispensação de preparações magistrais e oficinais, alopáticas e ou homeopáticas, e de outros produtos de interesse da saúde.
Para efeito deste Regulamento Técnico são adotadas as seguintes definições:
3.1. BPMF - Boas Práticas de Manipulação em Farmácias.
3.2. BPMPE - Boas Práticas de Manipulação de Produtos Estéreis.
3.3. BPMPH Boas Práticas de Manipulação de Preparações Homeopáticas..
3.4. Controle de Qualidade: conjunto de operações (programação, coordenação e execução) com o objetivo de verificar a conformidade das preparações com as especificações estabelecidas.
3.5. Desvio de qualidade: não atendimento dos parâmetros de qualidade estabelecidos para um produto ou processo.
3.6. Dispensação: ato de fornecimento e orientação ao consumidor de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, a título remunerado ou não.
3.7. Documentação normativa: procedimentos escritos que definem a especificidade das operações para permitir o rastreamento dos produtos manipulados nos casos de desvios de qualidade.
3.8. Especialidade Farmacêutica: produto oriundo da indústria farmacêutica com registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária e disponível no mercado.
3.9. Farmácia: estabelecimento de manipulação de fórmulas magistrais e oficinais, de comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, compreendendo o de dispensação e o de atendimento privativo de unidade hospitalar ou de qualquer outra equivalente de assistência médica.
3.10. Farmácia de atendimento privativo de unidade hospitalar: unidade clínica de assistência técnica e administrativa, dirigida por farmacêutico, integrada funcional e hierarquicamente às atividades hospitalares
3.11. Fracionamento: divisão de uma especialidade farmacêutica em doses que atendam a prescrição médica.
3.12. Garantia da Qualidade: esforço organizado e documentado dentro de uma empresa no sentido de assegurar as características do produto, de modo que cada unidade do mesmo esteja de acordo com suas especificações.
3.13. Lote ou partida: quantidade definida de matéria prima , material de embalagem ou produto, obtido em um único processo, cuja característica essencial é a homogeneidade.
3.14. Manipulação: conjunto de operações com a finalidade de elaborar preparações magistrais e oficinais, fracionar produtos industrializados para uso humano .
3.15. Matéria-prima: substância ativa ou inativa com especificação definida, que se emprega na preparação dos medicamentos e demais produtos abrangidos por este Regulamento Técnico .
3.16. Preparação magistral: é aquela preparada na farmácia atendendo a uma prescrição médica, que estabelece sua composição, forma farmacêutica, posologia e modo de usar.
3.17. Preparação oficinal: é aquela preparada na farmácia atendendo a uma prescrição, cuja fórmula esteja inscrita nas Farmacopéias Brasileira ou Compêndios ou Formulários reconhecidos pelo Ministério da Saúde.
3.18. Preparação: procedimento farmacotécnico para obtenção do produto manipulado, compreendendo a avaliação farmacêutica da prescrição, a manipulação, fracionamento de substâncias ou produtos industrializados, conservação e transporte das preparações magistrais e oficinais.
3.19. Procedimento operacional padrão (POP): descrição pormenorizada de técnicas e operações a serem utilizadas na farmácia, visando proteger, garantir a preservação da qualidade das preparações manipuladas e a segurança dos manipuladores.
4. ABRANGÊNCIA
4.1. Este Regulamento Técnico não se aplica :
4.1.1. Às farmácias que preparam exclusivamente Soluções para Nutrição Parenteral e Enteral .
4.1.2. Às farmácias que preparam medicamentos de uso exclusivo na medicina veterinária.
4.2. As farmácias citadas nos itens 4.1.1. e 4.1.2. devem atender às legislações específicas.
5. CONDIÇÕES GERAIS
5.1. As BPM estabelecem requisitos gerais para a aquisição de drogas, insumos farmacêuticos e materiais de embalagem, o armazenamento, a manipulação, a conservação, o transporte, a dispensação de preparações magistrais e oficinais e fracionamento de produtos industrializados , respeitado o ítem 5.4 deste Regulamento.
5.2. As farmácias públicas ou privadas só podem habilitar-se para a manipulação de preparações magistrais e oficinais se preencherem os requisitos dos itens abaixo descritos e forem previamente aprovadas em inspeções sanitárias:
a) possuir licença de funcionamento, atualizada, expedida pela Autoridade Sanitária competente;
b) atender as BPMF e/ou BPMPE e/ou BPMH .
c)possuir Certificado de BPMF .
d) possuir Autorização Especial, expedida pela ANVS, quando se tratar de manipulação de substâncias sujeitas a controle especial;
5.3.Para as farmácias que possuem filiais é vedada a centralização total da manipulação em apenas um dos estabelecimentos, de modo a atender o que estabelece a legislação vigente, bem como garantir que a atividade de manipulação seja mantida em cada uma das filiais.
5.3.1. A manipulação realizada em cada filial da empresa deve atender os requisitos deste Regulamento Técnico, relacionados com as preparações por ela manipulada.
5.3.2. É vedada a captação de receitas contendo prescrições magistrais e oficinais em drogarias, ervanarias e postos de medicamentos, ainda que em filiais da mesma empresa, bem como a intermediação entre empresas.
5.3.3. É facultada a empresa centralizar em um dos estabelecimentos as atividades do Controle de qualidade sem prejuízo dos controles em processos necessários para a avaliação das preparações manipuladas.
5.4. O fracionamento de especialidade farmacêutica, em doses, somente pode ser realizado sob responsabilidade e orientação do farmacêutico em farmácia de atendimento privativo de unidade hospitalar , desde que seja preservada a qualidade e eficácia originais dos produtos.
5.4.1 As doses fracionadas devem apresentar as seguintes informações: nome do paciente, denominação genérica e concentração da substancia ativa, número do lote e prazo de validade.
5.5. As farmácias devem possuir recursos humanos, infra-estrutura física, equipamentos e procedimentos operacionais que atendam às recomendações deste Regulamento Técnico e seus Anexos.
5.6. A manipulação de medicamentos estéreis somente pode ser realizada por farmácias licenciadas pela autoridade sanitária local, após inspeção para comprovação do atendimento aos requisitos deste Regulamento Técnico, do Anexo I e os requisitos específicos descritos no Anexo II.
5.7. A licença de funcionamento, expedida pela autoridade sanitária local, deve explicitar as atividades para as quais a farmácia está habilitada, com base nas conclusões do Relatório de Inspeção.
5.8. É de responsabilidade da Administração Pública ou Privada responsável pela Farmácia prever e prover os recursos humanos e materiais necessários à operacionalização das suas atividades.
5.9. A farmácia responde, na pessoa do seu responsável técnico para todos os efeitos legais, pela avaliação das prescrições, conforme descrito no item 6.2.3., deste Regulamento.
5.10. É vedada a farmácia habilitar-se em licitação pública .
5.10.1 A farmácia poderá ser contratada excepcionalmente para o atendimento individual de preparações magistrais e oficinais, requeridas por unidade hospitalar, desde que justificadas técnicamente.
5.11. As farmácias podem atender solicitações, de profissionais habilitados , para manipulação de produtos específicos , provenientes de laboratórios de análises clínicas, hospitais, clínicas e consultórios , para uso exclusivo em pacientes na atividade clínica ou auxiliar de diagnóstico, do próprio estabelecimento.
5.11.1. É vedado aos estabelecimentos citados a comercialização de produtos adquiridos em farmácias de manipulação.
5.12. É vedado a exposição ao público de preparações magistrais e oficinais.
5.13. O descumprimento das disposições deste Regulamento Técnico e seus Anexos, sujeita os responsáveis às penalidades previstas na legislação sanitária vigente, sem prejuízo da responsabilidade civil e criminal cabíveis.
5.14. Danos causados aos consumidores, comprovadamente decorrentes de desvios da qualidade na manipulação de preparações magistrais e oficinais, estão sujeitos às disposições previstas na Legislação Sanitária vigente.
6. CONDIÇÕES ESPECÍFICAS
Na aplicação deste Regulamento Técnico são adotadas as seguintes condições específicas:
6.1. Prescrição
6.1.1. Os médicos e cirurgiões-dentistas, respeitando os respectivos âmbitos profissionais, são os responsáveis pela prescrição dos produtos de que trata este Regulamento Técnico e seus Anexos.
6.2. Preparação
6.2.1. O farmacêutico é responsável pela manipulação e manutenção da qualidade das preparações até a sua dispensação ao cliente, devendo orientar e treinar os funcionários que realizam o seu transporte, quando for o caso.
6.2.2. A preparação das formulações envolve a avaliação farmacêutica da prescrição, a manipulação, o controle de qualidade, a conservação e a dispensação.
6.2.3. A avaliação farmacêutica das prescrições quanto à concentração, compatibilidade físico-química e farmacológica dos componentes, dose e via de administração, é de responsabilidade do farmacêutico e deve ser feita antes do início da manipulação. Qualquer alteração na prescrição, que se fizer necessária, em função desta avaliação, deve ser discutida com o profissional prescritor.
6.2.4. As alterações realizadas na prescrição, após contato com o prescritor, devem ser anotadas, datadas e assinadas pelo farmacêutico na receita e a fórmula, devidamente corrigida, registrada no Livro de Receituário, podendo ser informatizado.
6.2.5. É vedado fazer alterações nas prescrições de medicamentos a base de substâncias incluídas nas listas constantes do Regulamento Técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial e nas suas atualizações.
6.2.6. A farmácia pode transformar especialidade farmacêutica, em caráter excepcional ou quando da indisponibilidade da matéria prima no mercado e ausência da especialidade na dose e concentração e ou forma farmacêutica compatíveis com as condições clínicas do paciente, de forma a adequá-la à prescrição.
6.2.7. A farmácia pode manipular e manter estoque mínimo de preparações oficinais, devidamente identificadas, em quantidades que atenda uma demanda previamente estimada pelo estabelecimento, por um período que não ultrapasse 15 (quinze) dias e desde que garantida a qualidade e estabilidade das preparações.
6.2.7.1 Poderá ser mantido estoque mínimo de bases galênicas de acordo com as necessidades técnicas e gerencias do estabelecimento.
6.2.8. A farmácia de atendimento privativo de unidade hospitalar pode manter estoque mínimo de preparações magistrais e oficinais, devidamente identificados, em quantidades que atenda uma demanda previamente estimada pelo estabelecimento, por um período que não ultrapasse 15 (quinze) dias.
6.2.8.1 Pode ser mantidos estoques mínimos de bases galênicas de acordo com as necessidades técnicas e gerencias do estabelecimento.
6.2.8.2 As farmácias-escola, subordinadas às Faculdades de Farmácia de Instituições de Ensino e Pesquisa, reconhecidas oficialmente, podem manter estoque mínimo conforme item 6.2.8, desde que comprovada sua vinculação a uma unidade hospitalar.
6.2.9. As preparações previstas nos itens 6.2.7 e 6.2.8 devem atender a todos os requisitos deste Regulamento Técnico e seus Anexos.
6.2.10. É vedado manter estoques mínimos de preparações à base de substâncias sujeitas a controle especial, de substâncias altamente sensibilizantes ( penicilínicos / cefalosporínicos), antibióticos em geral, hormônios e citostáticos.
6.2.11. As preparações previstas nos itens 6.2.7. e 6.2.8. acima, devem, ainda:
6.2.11.1. Atender a uma ordem de manipulação específica para cada lote, seguindo uma formulação padrão.
6.2.11.2. Deve ser realizado o controle em processo, devidamente documentado, para garantir o atendimento às especificações estabelecidas para o produto.
6.2.11.3. A farmácia deve estar devidamente equipada e com os procedimentos estabelecidos e escritos para realizar, em amostra estatística e representativa das preparações, no mínimo, os itens abaixo relacionados, quando aplicáveis, mantendo os registros dos resultados:
a) caracteres organolépticos;
b) pH;
c) peso médio;
d) friabilidade;
e) dureza;
f) desintegração;
g) grau ou teor alcoólico;
h) densidade;
i) volume;
j) viscosidade;
k) teor do princípio ativo;
l) pureza microbiológica
6.2.11.4. A farmácia deve dispor de laboratório de controle de qualidade capacitado para realização de controle em processo e análise da preparação manipulada, referidos nas letras a) a L) do item 6.2.11.3 .
6.2.11.4.1. É facultado à farmácia terceirizar o controle de qualidade das matérias-primas e preparações manipuladas, em laboratórios tecnicamente capacitados para este fim, mediante contrato formal, para a realização dos itens k) e L) acima referidos.
6.2.11.5. A farmácia deve manter amostra de referência de cada lote preparado, até 6 ( seis ) meses após o vencimento do produto.
6.2.11.6. Os rótulos das preparações, antes da dispensação, devem conter: identificação do produto, data da manipulação, número do lote e prazo de validade.
6.2.11.7. Os rótulos das preparações magistrais devem apresentar, no momento da dispensação, as informações estabelecidas no item 4.5.3.3, do Anexo I, acrescidas do n.º de lote da preparação
6.2.11.8. Os rótulos das preparações oficinais devem apresentar, no momento da dispensação, as informações estabelecidas no item 4.5.3.4, do Anexo I, acrescidas do n.º de lote da preparação
6.2.12. Todo medicamento manipulado deve ser rotulado com identificação clara do nome do paciente, composição e demais informações legais e específicas, conforme item 4.5.3 do Anexo I, para a segurança de sua utilização e garantia de rastreamento.
6.2.13. Após a manipulação, o medicamento deve ser submetido à inspeção visual e conferência de todas as etapas do processo de manipulação, verificando a clareza e a exatidão das informações do rótulo.
6.3. Conservação
6.3.1. Os produtos manipulados devem ser mantidos até sua dispensação em condições de armazenamento que garantam a manutenção das suas especificações e integridade.
6.3.2. Os medicamentos termossensíveis devem ser mantidos em refrigeradores com temperatura compatível com sua conservação, mantendo-se registros e controles.
6.4. Transporte
6.4.1. Se necessário, o transporte dos produtos manipulados deve obedecer a critérios estabelecidos nas BPM, conforme item 4.5.4. do Anexo I.
6.5. Dispensação
6.5.1. No ato da dispensação devem ser dadas as seguintes orientações: condições de conservação e transporte, interações alimentares e medicamentosas, modo de usar, posologia, duração do tratamento, via de administração e, quando for o caso, os efeitos adversos e outras consideradas necessárias.
6.6. Documentação Normativa e Registros
6.6.1. Todo processo de preparação de produtos manipulados deve ser devidamente documentado, com procedimentos escritos que definam a especificidade das operações e devem ser mantidos os registros que permitam o rastreamento dos produtos manipulados.
6.6.2. Os documentos normativos e os registros das preparações magistrais e oficinais são de propriedade exclusiva da farmácia, ficando à disposição da autoridade sanitária, quando solicitados.
6.6.2.1. Quando solicitadas pelos órgãos de vigilância sanitária competente devem os estabelecimentos prestar as informações e/ou proceder a entrega de documentos, nos prazos fixados, a fim de não obstarem a ação de vigilância e as medidas que se fizerem necessárias
6.7. Inspeções
6.7.1. A fiscalização de estabelecimentos farmacêuticos de que trata este Regulamento Técnico deve ser realizada, conforme a Legislação Sanitária vigente, por equipe de Vigilância Sanitária integrada, no mínimo, por um profissional farmacêutico.
6.7.2. As farmácias estão sujeitas a inspeções sanitárias para verificação do padrão de qualidade das preparações magistrais e oficinais manipuladas, com base nas exigências deste Regulamento.
6.7.3. As inspeções sanitárias devem ser realizadas com base no Roteiro de Inspeção do Anexo IV.
6.7.4. Os critérios para a avaliação do cumprimento dos itens do Roteiro de Inspeção, visando a qualidade do medicamento manipulado, baseiam-se no risco potencial inerente a cada item.
6.7.5. Considera-se item IMPRESCINDÍVEL ( I ) aquele que pode influir em grau crítico na qualidade, segurança e eficácia das preparações magistrais ou oficinais e na segurança dos trabalhadores em sua interação com os produtos e processos durante a manipulação.
6.7.6. Considera-se item NECESSÁRIO (N) aquele que pode influir em grau menos crítico na qualidade, segurança e eficácia do produto manipulado das preparações magistrais ou oficinais e na segurança dos trabalhadores em sua interação com os produtos e processos durante a manipulação..
6.7.7. Considera-se RECOMENDÁVEL (R) aquele item que pode influir em grau não crítico na qualidade, segurança e eficácia das preparações magistrais ou oficinais e na segurança dos trabalhadores em sua interação com os produtos e processos durante a manipulação.
6.7.8. Considera-se item INFORMATIVO (INF) aquele que oferece subsídios para melhor interpretação dos demais itens, sem afetar a qualidade, a segurança e a eficácia do produto manipulado.
6.7.9. O item ( N ) não cumprido após a inspeção passa a ser tratado automaticamente como ( I ) na inspeção subsequente.
6.7.10. O item ( R ) não cumprido após a inspeção passa a ser tratado automaticamente como ( N ) na inspeção subsequente, mas nunca passa a ( I ).
6.7.11. Os itens ( I ), ( N ) e ( R ) devem ser respondidos com SIM ou NÃO.
6.7.12. São passíveis de sanções aplicadas pelo órgão de Vigilância Sanitária competente, as infrações que derivam do não cumprimento dos itens qualificados como ( I ) e ( N ) no Roteiro de Inspeção, constante do Anexo IV deste Regulamento, sem prejuízo das ações legais que possam corresponder em cada caso.
6.7.13. O não cumprimento de um item ( I ), do Roteiro de Inspeção, acarreta na suspensão imediata da atividade afetada até o seu cumprimento integral.
6.7.14. Verificado o não cumprimento de itens( N ), do Roteiro de Inspeção, deve ser estabelecido um prazo para adequação, de acordo com a complexidade das ações corretivas que se fizerem necessárias.
6.7.15. Verificado o não cumprimento de itens ( R ), do Roteiro de Inspeção, o estabelecimento deve ser orientado com vistas à sua adequação.
6.7.16. Quando solicitadas pelos órgãos de vigilância sanitária competente devem os estabelecimentos, prestar as informações e/ou proceder a entrega de documentos, nos prazos fixados, a fim de não obstarem as ações de vigilância e as medidas que se fizerem necessárias.
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5.10.2008
QUALIFICAÇÃO DE FORNECEDORES
QUALIFICAÇÃO DE FORNECEDORES NA
INDÚSTRIA FARMACÊUTICA
MARTA REGINA SANTIN1
OSVALDO ALBUQUERQUE CAVALCANTI2
INTRODUÇÃO
Com o advento da globalização, a queda das barreiras
de entrada de diferentes artigos importados tornou-se
inevitável. Por vezes, isso facilita nossas vidas pela competição
dos preços dos produtos importados versus o nacional,
diversificando as nossas opções de aquisição. Mas,
por outro lado, existe um perigo: a facilidade de aquisição e
os custos reduzidos podem levar a uma compra com qualidade
duvidosa (Simionato, 1999).
A abertura do mercado provocou uma maior exposição
das empresas à concorrência internacional. Devido a
esse fato, as empresas nacionais, cada vez mais, têm procurado
obter a satisfação dos clientes, e concomitantemente
garantir sua participação no mercado com produtos
de qualidade.
A melhoria contínua da qualidade dos processos
tem sido um instrumento bastante utilizado na busca da
satisfação do cliente. Entretanto, pouco se discute a respeito
da qualidade dos fornecedores, embora o desempenho
de uma empresa seja certamente afetado pelo desempenho
de seus fornecedores.
As empresas adquirem de seus fornecedores, muitas
vezes, mais que 50% do valor das suas vendas. Com
isso, poderão adquirir simultaneamente mais da metade dos
seus problemas de qualidade. Devido a importância dos
fornecedores nessa cadeia, o melhor caminho é formar um
time de empresas qualificadas, no qual o seu fornecedor
também esteja qualificado (Azevedo, 2003).
Homologação e Qualificação de Fornecedores constitui
o serviço de levantamento e avaliação de informações
de fornecedores, a fim de determinar suas capacidades técnicas
e aptidão para satisfazer às necessidades de seus
clientes, considerando a qualificação de seus meios, instalações
e organização (SGS do Brasil, 2003).
Segundo Dabkiewicz (1998), identificar, selecionar
e, principalmente, qualificar fornecedores é uma questão
de necessidade e sobrevivência para as indústrias farmacêuticas,
especialmente no mercado globalizado por vários
motivos, sendo os mais importantes deles, a qualidade gerada
com esse processo, a diminuição de estoques e melhorias
no desempenho da produção.
DESENVOLVIMENTO
Citando Harrington (1988), “o tempo fez com que
nossos padrões mudassem. Não podemos mais viver com
os níveis de defeitos que aceitávamos, no passado. Nossas
companhias precisam cometer menor número de erros, permitir
menos defeitos”, concebemos que o processo de seleção
e qualificação de fornecedores não pode mais ser efetuado
de forma simplista, baseando-se somente em cadastros
ultrapassados, coletânea de cartões de visita ou diretórios
de indústrias/serviços.
Há que se investigar, com profundidade, a competência
dos fornecedores nos aspectos produtivos, administrativos,
financeiros e mercadológicos. Tais investigações
devem ser conduzidas por pessoal das áreas técnicas e de
compras, utilizando-se instrumentos de pesquisa que permitam
tabulações práticas para eventuais comparações.
Avaliação do serviço prestado pelos fornecedores a seus
clientes também deve ser obtida através de sinais evidentes
(Sucupira, 2003).
O investimento de tempo e recursos, nesta etapa, é
fundamental para que as etapas seguintes sejam facilitadas.
Afinal de contas, conhecer bem as potencialidades e as
restrições de um fornecedor propicia um processo de desenvolvimento
e negociação bem mais orientado, evitando
que se negociem contratos baseados na prática simplista
da concorrência de preços (Sucupira, 2003). A qualificação
dos fornecedores é um requisito das Boas Práticas de Fabricação
(BPF) descrita na RDC 134. Todos os fabricantes de
medicamentos devem possuir um cadastro de fornecedores
qualificados. O seu cumprimento é obrigatório pela legislação
vigente, mas, muito, além disso, é uma necessidade de
mercado (Macedo, 2002).
Resolução RDC nº 210, de quatro de
Agosto de 2003, e as certificações
Conforme constatamos, a questão da aquisição das
matérias-primas constitui fator decisivo na manutenção da
garantia da qualidade dos produtos. Sendo recomendado
que este procedimento deve ser realizada por funcionários
qualificados e treinados. Aliado à necessidade dos funcionários
devidamente habilitados a tarefa de aquisição instruída:
“as matérias-primas devem ser adquiridas somente dos
fornecedores qualificados e incluídos na lista de fornecedores
da empresa, preferencialmente, diretamente do produtor.
As especificações estabelecidas pelo fabricante relativas
às matérias-primas devem ser discutidas com os fornecedores”.
Neste contexto, encontramos um elemento de
sustentação capaz de acenar com a possibilidade de assegurar
à sociedade/clientes produtos e serviços confiáveis,
com a qualidade requerida, estamos nos referindo a certificação,
seja ela compulsória e/ou voluntária.
Em meados da década de 80, a International Organization
for Standardization (ISO) iniciou a elaboração do
que foi denominada, norma sistêmica para a qualidade.
Essas normas são genéricas, não se prendem a um produto
ou um setor em particular, mas tratam da avaliação do processo
produtivo como um todo, qualquer que seja ele. Essas
normas foram denominadas série ISO 9000 (Bueno, 2003).
Segundo Marinho e Amato Neto (1997), a publicação
das normas internacionais da série ISO 9000 fortaleceu
a importância da qualidade como um fator determinante da
competitividade no mercado internacional. Além desta, os
autores citam outras normas industriais para processos de
certificação e prêmios nacionais da qualidade (ABNT, 1995):
ISO 14000, Malcolm Baldrige National Quality Award (prêmio
norte-americano), Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ -
Brasil), Prêmio Deming (Japão), QS 9000 (Quality System
Requirements – criado em conjunto pela Chrysler, Ford e
GM).
Estas certificações, principalmente as da ISO 9000,
constituem, hoje, em um diferencial bastante atraente para
muitas empresas. Entretanto, um número significativo de
clientes já não considera a hipótese de negociar com fornecedores
que não sejam certificados. A certificação, portanto,
que atualmente constitui uma vantagem competitiva, em
breve será apenas um simples requisito.
Agora que as empresas brasileiras já se acostumaram
com a idéia de buscar a certificação de qualidade ISO
9000, aparece uma nova tendência mundial, mostrando que
a certificação pode ser apenas uma etapa no processo de
busca da excelência. Neste sentido, o Processo de Qualificação
da Excelência de Fornecedores (Supplier Excellence
Qualification Process) trata-se de um aprimoramento, em
que algumas empresas, as chamadas Classe Mundial, sentiram
necessidade de aperfeiçoar ainda mais os seus processos
e os de seus fornecedores, com a finalidade de reduzir
as não-conformidades, tornarem-se mais competitivas, habilitarem-
se a comparar seus fornecedores, incentivar as
melhorias, fomentar parcerias e melhorar a qualidade (Azevedo,
2003).
Parcerias entre cliente e fornecedor
Cada dia mais as exigências dos clientes aumentam,
procurando produtos e serviços de qualidade a preços reduzidos,
obrigando os fornecedores a desenvolverem metodologias
que atendam e superem a estas expectativas,
garantindo, assim, a sua continuidade e sobrevivência no
mercado competitivo (Macedo, 2002). Harrington (1988)
coloca que para uma companhia ser bem-sucedida, ela deve
buscar constantemente fornecer a seus consumidores produtos
melhores e a um menor custo.
Os produtos fornecidos devem não somente satisfazer os requisitos, mas, sim,
excedê-los, estabelecendo novos padrões para suas indústrias.
Segundo este mesmo autor, as companhias que produzem
sempre produtos de alta qualidade recebem três tipos
de benefícios:
• custo de fabricação mais baixos;
• margens de lucro mais altas;
• maiores porções do mercado.
A qualidade de um produto começa na aquisição
dos insumos e dos materiais de embalagem dentro de suas
especificações, em boas condições, nas quantidades certas
e dentro do prazo previsto. Uma aquisição bem sucedida é
um pré-requisito para a qualidade do produto final. Portanto,
para uma empresa que deseja manter uma política baseada
em desenvolver, produzir e comercializar medicamentos
com alto nível de qualidade é fundamental assumir uma sólida
parceria com seus fornecedores (Macedo, 2002).
Band (1997) defende a idéia de que a parceria com
fornecedores é um imperativo competitivo. A partir do preceito
de que os fornecedores têm o poder de colocar a empresa
cliente na frente ou deixá-la para trás, considerando
a possibilidade de um problema no cronograma de produção
do fornecedor ou uma falta de cumprimento dos prazos,
ou ainda, a existência de um erro administrativo. Estes
fatos naturalmente podem interferir nas metas de excelências
de serviço da empresa cliente.
Assim sendo, a união entre fornecedor e cliente auxilia
bastante na identificação da causa raiz dos problemas,
assim como na implementação das soluções. Neste sentido,
Carpenter (1994) comenta que a reunião de representações
de clientes e fornecedores em um time solucionador de
problemas pode trazer soluções que reduzem significativamente
as causas, além de oferecer a vantagem de estreitar a
relação de trabalho e direcionar a uma parceria, o que facilita
a construção de uma aliança duradoura.
Ishikawa (1985), citado por Campos (1992) e Slongo
(1992), formulou dez princípios do controle da qualidade
que devem reger os relacionamentos entre fornecedores e
clientes. Ele salienta que fornecedor e cliente devem, primeiramente,
desenvolver confiança mútua, cooperação e
uma determinação de mútua sobrevivência. Com este objetivo
em foco, ambos devem praticar os seguintes princípios:
1. Fornecedor e cliente são totalmente responsáveis
pela aplicação do controle da qualidade, com
entendimento e cooperação entre seus respectivos
sistemas de controle da qualidade;
2. Devem ser mutuamente independentes e promover
a independência do outro;
3. O cliente é responsável por entregar informações
e exigências claras e adequadas de tal maneira
que o fornecedor saiba, precisamente, o que deve
produzir e oferecer;
4. Fornecedor e cliente, antes de entrar nas negociações,
devem fazer um contrato racional com relação
à qualidade, quantidade, preço, termos de
entrega e condições de pagamento;
5. O fornecedor é responsável pela garantia da qualidade
que dará ao cliente a necessária satisfação;
6. Fornecedor e cliente devem decidir, com antecedência,
sobre o método de avaliação de vários
itens que seja admitido como satisfatório para
ambas as partes;
7. Ambos devem estabelecer no contrato os sistemas
e procedimentos através dos quais podem
atingir acordo amigável de disputas, sempre que
qualquer problema ocorrer;
8. Ambos, levando em consideração a posição do
outro, devem trocar informações necessárias à
melhor condução do controle da qualidade;
9. Ambos devem sempre conduzir de maneira eficaz
as atividades de controle dos negócios, tais
como pedidos, planejamento de produção e estoque,
trabalho administrativo e sistemas, de
maneira que o relacionamento deles seja mantido
numa base amigável e satisfatória;
10. Ambos, quando estiverem tratando de seus negócios,
devem sempre levar em conta o interesse
do consumidor final.
A idéia de cooperação explícita na visão de Ishikawa
(1985), aliada aos princípios do Controle da Qualidade Total,
busca substituir, de forma inequívoca, a abordagem de
disputa pelo poder, comum entre cliente e fornecedor. Desta
forma, aumenta-se à competitividade e integração da cadeia
produtiva, contribuindo na busca da satisfação dos consumidores
finais, e no crescimento de todas as empresas integradas
à cadeia.
Outra solução para problemas relacionados ao binômio
cliente-fornecedor, apresentada por Marinho e Amato
Neto (1997) é a certificação de fornecedores. Eles afirmam
ser “a única forma de conseguir que os fornecedores trabalhem
no sistema just-in-time (JIT), no qual o material fornecido
é levado à fábrica do cliente apenas no momento de
sua utilização, indo direto à linha de produção ou processo,
proporcionando, assim, redução nos custos da qualidade
relacionados às inspeções e aos testes de recebimento”
(Ishikawa, 1985).
Qualificação de fornecedores
Por que qualificar?
Em primeiro lugar, a indústria deve ter a preocupação
de contar com fontes confiáveis para operar no fornecimento
de matérias-primas para novos produtos. Além disso, ao
possuir um rol de Empresas aptas a satisfazer suas necessidades
de suprimento, a Indústria terá sempre à mão uma
alternativa para obter melhores condições de compra, o que
representa redução de custo e oportunidade de negócio.
Eventuais mudanças por razões farmacotécnicas, desvios
de qualidade ou na prestação de serviços e terceirização
são outras razões para manter ativo o processo de certificação
de fornecedores (Dabkiewicz, 1998).
Vantagens da qualificação de fornecedores
De acordo com Macedo (2002), a manutenção de um
cadastro de fornecedores qualificados se constitui numa
série de vantagens para a empresa, tais como:
- Evitar devoluções que podem acarretar em atrasos
do início do processo de fabricação de dado
produto;
- Evitar não conformidades que podem ser detectadas
adiante, em posições avançadas na cadeia
produtiva, ou somente no fim da linha, pelo próprio
consumidor, causando diferentes transtornos
internos ou podendo afetar a imagem e a
sobrevivência da empresa no mercado;
- Otimização da rotina de fabricação de um produto;
- No caso de um fornecedor com qualidade assegurada,
pode-se reduzir o número de inspeções a
serem efetuadas, otimizando os processos de recebimento
e incorporação ao estoque;
- Conformidade com a legislação de BPF vigente.
Além das vantagens citadas anteriormente, Soft Expert
(2003), lista alguns outros benefícios da inspeção e
qualificação de fornecedores, tais como:
• Redução de falhas internas e externas causadas
por produtos defeituosos;
• Identificação clara dos problemas de qualidade
nos fornecedores;
• Significativa redução nos custos de inspeção e
retrabalho;
• Melhor relacionamento e comunicação com os
fornecedores;
• Redução na circulação de documentos e formulários
impressos;
• Comparação precisa da qualidade entre seus fornecedores;
• Aumento da capacidade de negociação sobre os
fornecedores;
• Controle eficaz das não-conformidades e ações
corretivas/preventivas;
• Certificação do processo de inspeção nas normas
internacionais de qualidade.
O processo de qualificação também traz benefícios
para o fornecedor, que deve estar permanentemente buscando
um aprimoramento para atender às necessidades de
seus clientes sendo, portanto uma mola propulsora para
sua própria melhoria contínua (Macedo, 2002).
Qualificação de fornecedores propriamente dita
A qualificação de um fornecedor poderá ser fruto de
um resultado favorável de uma auditoria externa de BPF,
periodicamente realizada. Entretanto, para uma empresa que
48 Infarma, v.16, nº 11-12, 2004
possua um sistema da qualidade baseado nas BPF e complementado
pelos requisitos da ISO 9001/00, existe a necessidade
de uma avaliação mais abrangente, envolvendo além
do cumprimento das BPF, a verificação da qualidade total
efetivamente praticada pelo fornecedor: Condições de entrega
(prazo, quantidade, local), conformidade dos itens
adquiridos (material dentro das especificações), etc. O objetivo
deste tipo de avaliação é:
- Verificar a capacidade do fornecedor em implementar
e manter um Sistema de Qualidade eficaz,
compatível como nível desejado de qualidade dos
produtos e serviços;
- Identificar no Sistema de Qualidade, através do
exame de evidências objetivas, não-conformidades
relevantes, cuja implementação de medidas
corretivas contribuam de modo significativo para
o aperfeiçoamento ou adequação do sistema (Macedo,
2002).
Atualmente existem softwares que auxiliam o processo
de qualificação de fornecedores. Mas, se este não for
o caso, a qualificação de fornecedores pode ser implantada,
através de um Programa de Qualificação de Fornecedores.
Abrangência
Os programas de qualificação de fornecedores também
podem ser adotados para as empresas com as quais sejam
estabelecidos contratos de terceirização de fases do processo
produtivo. A terceirização de produtos ou processos é
uma alternativa bastante freqüente no mundo industrial. A
partir desse pressuposto, empresas de grande porte buscam
investir na qualificação das pequenas com o intuito de manter
a fidelidade na relação com seus fornecedores.
Grandes e pequenas empresas: pode-se dizer que
uma não vive sem a outra. As primeiras, em geral, na condição
de clientes. As outras, na de fornecedores. Esse relacionamento,
muitas vezes transformado em política por parte
das grandes organizações, tem suas vantagens. Para as grandes,
permite a concentração de investimentos e mão-deobra
na atividade-fim, além de um comprometimento maior
por parte do fornecedor. Para as pequenas, a garantia de
fluxo de receita e a possibilidade de qualificação subsidiada
(Sebrae, 2000).
CONCLUSÃO
Nos últimos anos, a qualidade dos processos internos
de uma empresa tem sido bastante discutida. Entretanto,
a qualidade de fornecedores não tem recebido a mesma
atenção, embora em algumas empresas o custo com fornecedores
representa uma parcela significativa do custo total.
Devido a estes e outros fatores, o presente trabalho se propôs
a analisar a importância da qualificação dos fornecedores
de uma empresa, já que este parâmetro influencia diretamente
na qualidade do produto final da empresa, o que justifica
a importância do tema mediante o cenário de competitividade
encontrado atualmente.
A qualificação dos fornecedores constitui uma importante
ferramenta para a promoção da melhoria contínua
entre a relação fornecedor/cliente. Num mercado cada vez
mais exigente, onde a qualidade é um diferencial competitivo,
isto se constitui numa real necessidade. Muito além de
ser uma exigência das Boas Práticas de Fabricação para os
produtores de medicamentos, é uma garantia de melhores
aquisições, de um menor índice de não-conformidades associadas.
Uma grande dificuldade enfrentada por empresas de
pequeno porte é a falta de recursos necessários para o desenvolvimento
de um programa eficiente de qualificação de
fornecedores. As grandes empresas, de um modo geral, têm
infra-estrutura para a realização de todas e quaisquer análises
requeridas para a comprovação da qualidade do material
adquirido, principalmente quando se trata de matériasprimas.
Por outro lado, sabemos que em indústrias de pequeno
porte existe uma forte limitação. Diante desse fato,
uma solução interessante seria a criação de um banco de
dados vinculado a uma entidade representativa de classe,
onde teríamos informações aprofundadas sobre fornecedores
de matérias-primas, ficando à disposição de toda e qualquer
empresa farmacêutica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AZEVEDO, G.J.G. Depois da ISO 9000, chega o SEQP. Disponível
em: http://www.ietec.com.br/ietec/techoje/techoje/
administracao/2003/03/11/2003_03_11_0009.2xt/
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para Revolucionar a Empresa. Rio de Janeiro: Campus,
1997.
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Técnico das Boas Práticas para a Fabricação
de Medicamentos. Diário Oficial da União, 04 Agosto
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supplier/customer problem-solving team. In: 48th Annual
Quality Congress. Proceedings of the ASQC. Las
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São Paulo, n. 18, p. 20-24, set./out. 2002.
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Gerenciamento da Qualidade de Fornecedores no
Ambiente Globalizado. ENEGEP, no 17, Anais, v. 4.
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Infarma, v.16, nº 11-12, 2004 49
SEBRAE. Grandes têm vantagem apoiando pequenas. Revista
SEBRAE, São Paulo, ano 8, jan 2000. Disponível
em: http://www.sebraema.com.br/noticia/jan-d08-
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Disponível em: http://
www.sgsdobrasil.com.br/templates/services/
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elemento de diferenciação no marketing industrial. 16o
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de fornecedores. Disponível em: www.softexpert.com/
br/inspection.htm> Acesso em: 25 mar. 2003.
SUCUPIRA, C. Gestão de suprimentos/seleção e qualificação.
Disponível em: http://www.cezarsucupira.com.br/
artigos1.htm> Acesso em: 28 mar. 2003.
INDÚSTRIA FARMACÊUTICA
MARTA REGINA SANTIN1
OSVALDO ALBUQUERQUE CAVALCANTI2
INTRODUÇÃO
Com o advento da globalização, a queda das barreiras
de entrada de diferentes artigos importados tornou-se
inevitável. Por vezes, isso facilita nossas vidas pela competição
dos preços dos produtos importados versus o nacional,
diversificando as nossas opções de aquisição. Mas,
por outro lado, existe um perigo: a facilidade de aquisição e
os custos reduzidos podem levar a uma compra com qualidade
duvidosa (Simionato, 1999).
A abertura do mercado provocou uma maior exposição
das empresas à concorrência internacional. Devido a
esse fato, as empresas nacionais, cada vez mais, têm procurado
obter a satisfação dos clientes, e concomitantemente
garantir sua participação no mercado com produtos
de qualidade.
A melhoria contínua da qualidade dos processos
tem sido um instrumento bastante utilizado na busca da
satisfação do cliente. Entretanto, pouco se discute a respeito
da qualidade dos fornecedores, embora o desempenho
de uma empresa seja certamente afetado pelo desempenho
de seus fornecedores.
As empresas adquirem de seus fornecedores, muitas
vezes, mais que 50% do valor das suas vendas. Com
isso, poderão adquirir simultaneamente mais da metade dos
seus problemas de qualidade. Devido a importância dos
fornecedores nessa cadeia, o melhor caminho é formar um
time de empresas qualificadas, no qual o seu fornecedor
também esteja qualificado (Azevedo, 2003).
Homologação e Qualificação de Fornecedores constitui
o serviço de levantamento e avaliação de informações
de fornecedores, a fim de determinar suas capacidades técnicas
e aptidão para satisfazer às necessidades de seus
clientes, considerando a qualificação de seus meios, instalações
e organização (SGS do Brasil, 2003).
Segundo Dabkiewicz (1998), identificar, selecionar
e, principalmente, qualificar fornecedores é uma questão
de necessidade e sobrevivência para as indústrias farmacêuticas,
especialmente no mercado globalizado por vários
motivos, sendo os mais importantes deles, a qualidade gerada
com esse processo, a diminuição de estoques e melhorias
no desempenho da produção.
DESENVOLVIMENTO
Citando Harrington (1988), “o tempo fez com que
nossos padrões mudassem. Não podemos mais viver com
os níveis de defeitos que aceitávamos, no passado. Nossas
companhias precisam cometer menor número de erros, permitir
menos defeitos”, concebemos que o processo de seleção
e qualificação de fornecedores não pode mais ser efetuado
de forma simplista, baseando-se somente em cadastros
ultrapassados, coletânea de cartões de visita ou diretórios
de indústrias/serviços.
Há que se investigar, com profundidade, a competência
dos fornecedores nos aspectos produtivos, administrativos,
financeiros e mercadológicos. Tais investigações
devem ser conduzidas por pessoal das áreas técnicas e de
compras, utilizando-se instrumentos de pesquisa que permitam
tabulações práticas para eventuais comparações.
Avaliação do serviço prestado pelos fornecedores a seus
clientes também deve ser obtida através de sinais evidentes
(Sucupira, 2003).
O investimento de tempo e recursos, nesta etapa, é
fundamental para que as etapas seguintes sejam facilitadas.
Afinal de contas, conhecer bem as potencialidades e as
restrições de um fornecedor propicia um processo de desenvolvimento
e negociação bem mais orientado, evitando
que se negociem contratos baseados na prática simplista
da concorrência de preços (Sucupira, 2003). A qualificação
dos fornecedores é um requisito das Boas Práticas de Fabricação
(BPF) descrita na RDC 134. Todos os fabricantes de
medicamentos devem possuir um cadastro de fornecedores
qualificados. O seu cumprimento é obrigatório pela legislação
vigente, mas, muito, além disso, é uma necessidade de
mercado (Macedo, 2002).
Resolução RDC nº 210, de quatro de
Agosto de 2003, e as certificações
Conforme constatamos, a questão da aquisição das
matérias-primas constitui fator decisivo na manutenção da
garantia da qualidade dos produtos. Sendo recomendado
que este procedimento deve ser realizada por funcionários
qualificados e treinados. Aliado à necessidade dos funcionários
devidamente habilitados a tarefa de aquisição instruída:
“as matérias-primas devem ser adquiridas somente dos
fornecedores qualificados e incluídos na lista de fornecedores
da empresa, preferencialmente, diretamente do produtor.
As especificações estabelecidas pelo fabricante relativas
às matérias-primas devem ser discutidas com os fornecedores”.
Neste contexto, encontramos um elemento de
sustentação capaz de acenar com a possibilidade de assegurar
à sociedade/clientes produtos e serviços confiáveis,
com a qualidade requerida, estamos nos referindo a certificação,
seja ela compulsória e/ou voluntária.
Em meados da década de 80, a International Organization
for Standardization (ISO) iniciou a elaboração do
que foi denominada, norma sistêmica para a qualidade.
Essas normas são genéricas, não se prendem a um produto
ou um setor em particular, mas tratam da avaliação do processo
produtivo como um todo, qualquer que seja ele. Essas
normas foram denominadas série ISO 9000 (Bueno, 2003).
Segundo Marinho e Amato Neto (1997), a publicação
das normas internacionais da série ISO 9000 fortaleceu
a importância da qualidade como um fator determinante da
competitividade no mercado internacional. Além desta, os
autores citam outras normas industriais para processos de
certificação e prêmios nacionais da qualidade (ABNT, 1995):
ISO 14000, Malcolm Baldrige National Quality Award (prêmio
norte-americano), Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ -
Brasil), Prêmio Deming (Japão), QS 9000 (Quality System
Requirements – criado em conjunto pela Chrysler, Ford e
GM).
Estas certificações, principalmente as da ISO 9000,
constituem, hoje, em um diferencial bastante atraente para
muitas empresas. Entretanto, um número significativo de
clientes já não considera a hipótese de negociar com fornecedores
que não sejam certificados. A certificação, portanto,
que atualmente constitui uma vantagem competitiva, em
breve será apenas um simples requisito.
Agora que as empresas brasileiras já se acostumaram
com a idéia de buscar a certificação de qualidade ISO
9000, aparece uma nova tendência mundial, mostrando que
a certificação pode ser apenas uma etapa no processo de
busca da excelência. Neste sentido, o Processo de Qualificação
da Excelência de Fornecedores (Supplier Excellence
Qualification Process) trata-se de um aprimoramento, em
que algumas empresas, as chamadas Classe Mundial, sentiram
necessidade de aperfeiçoar ainda mais os seus processos
e os de seus fornecedores, com a finalidade de reduzir
as não-conformidades, tornarem-se mais competitivas, habilitarem-
se a comparar seus fornecedores, incentivar as
melhorias, fomentar parcerias e melhorar a qualidade (Azevedo,
2003).
Parcerias entre cliente e fornecedor
Cada dia mais as exigências dos clientes aumentam,
procurando produtos e serviços de qualidade a preços reduzidos,
obrigando os fornecedores a desenvolverem metodologias
que atendam e superem a estas expectativas,
garantindo, assim, a sua continuidade e sobrevivência no
mercado competitivo (Macedo, 2002). Harrington (1988)
coloca que para uma companhia ser bem-sucedida, ela deve
buscar constantemente fornecer a seus consumidores produtos
melhores e a um menor custo.
Os produtos fornecidos devem não somente satisfazer os requisitos, mas, sim,
excedê-los, estabelecendo novos padrões para suas indústrias.
Segundo este mesmo autor, as companhias que produzem
sempre produtos de alta qualidade recebem três tipos
de benefícios:
• custo de fabricação mais baixos;
• margens de lucro mais altas;
• maiores porções do mercado.
A qualidade de um produto começa na aquisição
dos insumos e dos materiais de embalagem dentro de suas
especificações, em boas condições, nas quantidades certas
e dentro do prazo previsto. Uma aquisição bem sucedida é
um pré-requisito para a qualidade do produto final. Portanto,
para uma empresa que deseja manter uma política baseada
em desenvolver, produzir e comercializar medicamentos
com alto nível de qualidade é fundamental assumir uma sólida
parceria com seus fornecedores (Macedo, 2002).
Band (1997) defende a idéia de que a parceria com
fornecedores é um imperativo competitivo. A partir do preceito
de que os fornecedores têm o poder de colocar a empresa
cliente na frente ou deixá-la para trás, considerando
a possibilidade de um problema no cronograma de produção
do fornecedor ou uma falta de cumprimento dos prazos,
ou ainda, a existência de um erro administrativo. Estes
fatos naturalmente podem interferir nas metas de excelências
de serviço da empresa cliente.
Assim sendo, a união entre fornecedor e cliente auxilia
bastante na identificação da causa raiz dos problemas,
assim como na implementação das soluções. Neste sentido,
Carpenter (1994) comenta que a reunião de representações
de clientes e fornecedores em um time solucionador de
problemas pode trazer soluções que reduzem significativamente
as causas, além de oferecer a vantagem de estreitar a
relação de trabalho e direcionar a uma parceria, o que facilita
a construção de uma aliança duradoura.
Ishikawa (1985), citado por Campos (1992) e Slongo
(1992), formulou dez princípios do controle da qualidade
que devem reger os relacionamentos entre fornecedores e
clientes. Ele salienta que fornecedor e cliente devem, primeiramente,
desenvolver confiança mútua, cooperação e
uma determinação de mútua sobrevivência. Com este objetivo
em foco, ambos devem praticar os seguintes princípios:
1. Fornecedor e cliente são totalmente responsáveis
pela aplicação do controle da qualidade, com
entendimento e cooperação entre seus respectivos
sistemas de controle da qualidade;
2. Devem ser mutuamente independentes e promover
a independência do outro;
3. O cliente é responsável por entregar informações
e exigências claras e adequadas de tal maneira
que o fornecedor saiba, precisamente, o que deve
produzir e oferecer;
4. Fornecedor e cliente, antes de entrar nas negociações,
devem fazer um contrato racional com relação
à qualidade, quantidade, preço, termos de
entrega e condições de pagamento;
5. O fornecedor é responsável pela garantia da qualidade
que dará ao cliente a necessária satisfação;
6. Fornecedor e cliente devem decidir, com antecedência,
sobre o método de avaliação de vários
itens que seja admitido como satisfatório para
ambas as partes;
7. Ambos devem estabelecer no contrato os sistemas
e procedimentos através dos quais podem
atingir acordo amigável de disputas, sempre que
qualquer problema ocorrer;
8. Ambos, levando em consideração a posição do
outro, devem trocar informações necessárias à
melhor condução do controle da qualidade;
9. Ambos devem sempre conduzir de maneira eficaz
as atividades de controle dos negócios, tais
como pedidos, planejamento de produção e estoque,
trabalho administrativo e sistemas, de
maneira que o relacionamento deles seja mantido
numa base amigável e satisfatória;
10. Ambos, quando estiverem tratando de seus negócios,
devem sempre levar em conta o interesse
do consumidor final.
A idéia de cooperação explícita na visão de Ishikawa
(1985), aliada aos princípios do Controle da Qualidade Total,
busca substituir, de forma inequívoca, a abordagem de
disputa pelo poder, comum entre cliente e fornecedor. Desta
forma, aumenta-se à competitividade e integração da cadeia
produtiva, contribuindo na busca da satisfação dos consumidores
finais, e no crescimento de todas as empresas integradas
à cadeia.
Outra solução para problemas relacionados ao binômio
cliente-fornecedor, apresentada por Marinho e Amato
Neto (1997) é a certificação de fornecedores. Eles afirmam
ser “a única forma de conseguir que os fornecedores trabalhem
no sistema just-in-time (JIT), no qual o material fornecido
é levado à fábrica do cliente apenas no momento de
sua utilização, indo direto à linha de produção ou processo,
proporcionando, assim, redução nos custos da qualidade
relacionados às inspeções e aos testes de recebimento”
(Ishikawa, 1985).
Qualificação de fornecedores
Por que qualificar?
Em primeiro lugar, a indústria deve ter a preocupação
de contar com fontes confiáveis para operar no fornecimento
de matérias-primas para novos produtos. Além disso, ao
possuir um rol de Empresas aptas a satisfazer suas necessidades
de suprimento, a Indústria terá sempre à mão uma
alternativa para obter melhores condições de compra, o que
representa redução de custo e oportunidade de negócio.
Eventuais mudanças por razões farmacotécnicas, desvios
de qualidade ou na prestação de serviços e terceirização
são outras razões para manter ativo o processo de certificação
de fornecedores (Dabkiewicz, 1998).
Vantagens da qualificação de fornecedores
De acordo com Macedo (2002), a manutenção de um
cadastro de fornecedores qualificados se constitui numa
série de vantagens para a empresa, tais como:
- Evitar devoluções que podem acarretar em atrasos
do início do processo de fabricação de dado
produto;
- Evitar não conformidades que podem ser detectadas
adiante, em posições avançadas na cadeia
produtiva, ou somente no fim da linha, pelo próprio
consumidor, causando diferentes transtornos
internos ou podendo afetar a imagem e a
sobrevivência da empresa no mercado;
- Otimização da rotina de fabricação de um produto;
- No caso de um fornecedor com qualidade assegurada,
pode-se reduzir o número de inspeções a
serem efetuadas, otimizando os processos de recebimento
e incorporação ao estoque;
- Conformidade com a legislação de BPF vigente.
Além das vantagens citadas anteriormente, Soft Expert
(2003), lista alguns outros benefícios da inspeção e
qualificação de fornecedores, tais como:
• Redução de falhas internas e externas causadas
por produtos defeituosos;
• Identificação clara dos problemas de qualidade
nos fornecedores;
• Significativa redução nos custos de inspeção e
retrabalho;
• Melhor relacionamento e comunicação com os
fornecedores;
• Redução na circulação de documentos e formulários
impressos;
• Comparação precisa da qualidade entre seus fornecedores;
• Aumento da capacidade de negociação sobre os
fornecedores;
• Controle eficaz das não-conformidades e ações
corretivas/preventivas;
• Certificação do processo de inspeção nas normas
internacionais de qualidade.
O processo de qualificação também traz benefícios
para o fornecedor, que deve estar permanentemente buscando
um aprimoramento para atender às necessidades de
seus clientes sendo, portanto uma mola propulsora para
sua própria melhoria contínua (Macedo, 2002).
Qualificação de fornecedores propriamente dita
A qualificação de um fornecedor poderá ser fruto de
um resultado favorável de uma auditoria externa de BPF,
periodicamente realizada. Entretanto, para uma empresa que
48 Infarma, v.16, nº 11-12, 2004
possua um sistema da qualidade baseado nas BPF e complementado
pelos requisitos da ISO 9001/00, existe a necessidade
de uma avaliação mais abrangente, envolvendo além
do cumprimento das BPF, a verificação da qualidade total
efetivamente praticada pelo fornecedor: Condições de entrega
(prazo, quantidade, local), conformidade dos itens
adquiridos (material dentro das especificações), etc. O objetivo
deste tipo de avaliação é:
- Verificar a capacidade do fornecedor em implementar
e manter um Sistema de Qualidade eficaz,
compatível como nível desejado de qualidade dos
produtos e serviços;
- Identificar no Sistema de Qualidade, através do
exame de evidências objetivas, não-conformidades
relevantes, cuja implementação de medidas
corretivas contribuam de modo significativo para
o aperfeiçoamento ou adequação do sistema (Macedo,
2002).
Atualmente existem softwares que auxiliam o processo
de qualificação de fornecedores. Mas, se este não for
o caso, a qualificação de fornecedores pode ser implantada,
através de um Programa de Qualificação de Fornecedores.
Abrangência
Os programas de qualificação de fornecedores também
podem ser adotados para as empresas com as quais sejam
estabelecidos contratos de terceirização de fases do processo
produtivo. A terceirização de produtos ou processos é
uma alternativa bastante freqüente no mundo industrial. A
partir desse pressuposto, empresas de grande porte buscam
investir na qualificação das pequenas com o intuito de manter
a fidelidade na relação com seus fornecedores.
Grandes e pequenas empresas: pode-se dizer que
uma não vive sem a outra. As primeiras, em geral, na condição
de clientes. As outras, na de fornecedores. Esse relacionamento,
muitas vezes transformado em política por parte
das grandes organizações, tem suas vantagens. Para as grandes,
permite a concentração de investimentos e mão-deobra
na atividade-fim, além de um comprometimento maior
por parte do fornecedor. Para as pequenas, a garantia de
fluxo de receita e a possibilidade de qualificação subsidiada
(Sebrae, 2000).
CONCLUSÃO
Nos últimos anos, a qualidade dos processos internos
de uma empresa tem sido bastante discutida. Entretanto,
a qualidade de fornecedores não tem recebido a mesma
atenção, embora em algumas empresas o custo com fornecedores
representa uma parcela significativa do custo total.
Devido a estes e outros fatores, o presente trabalho se propôs
a analisar a importância da qualificação dos fornecedores
de uma empresa, já que este parâmetro influencia diretamente
na qualidade do produto final da empresa, o que justifica
a importância do tema mediante o cenário de competitividade
encontrado atualmente.
A qualificação dos fornecedores constitui uma importante
ferramenta para a promoção da melhoria contínua
entre a relação fornecedor/cliente. Num mercado cada vez
mais exigente, onde a qualidade é um diferencial competitivo,
isto se constitui numa real necessidade. Muito além de
ser uma exigência das Boas Práticas de Fabricação para os
produtores de medicamentos, é uma garantia de melhores
aquisições, de um menor índice de não-conformidades associadas.
Uma grande dificuldade enfrentada por empresas de
pequeno porte é a falta de recursos necessários para o desenvolvimento
de um programa eficiente de qualificação de
fornecedores. As grandes empresas, de um modo geral, têm
infra-estrutura para a realização de todas e quaisquer análises
requeridas para a comprovação da qualidade do material
adquirido, principalmente quando se trata de matériasprimas.
Por outro lado, sabemos que em indústrias de pequeno
porte existe uma forte limitação. Diante desse fato,
uma solução interessante seria a criação de um banco de
dados vinculado a uma entidade representativa de classe,
onde teríamos informações aprofundadas sobre fornecedores
de matérias-primas, ficando à disposição de toda e qualquer
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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para Revolucionar a Empresa. Rio de Janeiro: Campus,
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p10.htm> Acesso em: 27 mar. 2003.
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Disponível em: http://
www.sgsdobrasil.com.br/templates/services/
industrial.asp?codigo=221> Acesso em: 01 abr. 2003.
SIMIONATO, D.Q. Globalização – Substituição de Matérias-
Primas. Revista Fármacos & Medicamentos, São
Paulo, p. 38 – 43, nov./dez .1999.
SINDICATO DA INDÚSTRIA DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS
DO ESTADO DE SÃO PAULO. Manual de
qualificação de fornecedores. São Paulo. Sindusfarm,
1999.
SLONGO, L. A. Relacionamento Fornecedor/Cliente: um
elemento de diferenciação no marketing industrial. 16o
ENANPAD, v. 5, p. 102-115, 1992.
SOFT EXPERT. Quality Software. Inspeção e qualificação
de fornecedores. Disponível em: www.softexpert.com/
br/inspection.htm> Acesso em: 25 mar. 2003.
SUCUPIRA, C. Gestão de suprimentos/seleção e qualificação.
Disponível em: http://www.cezarsucupira.com.br/
artigos1.htm> Acesso em: 28 mar. 2003.
Cenário do uso de medicamentos no Brasil
Os 100 medicamentos que os brasileiros mais consomem, com os resultados sobre os benefícios, os efeitos colaterais, riscos e alertas sobre a utilização desses medicamentos,que são consumidos, muitas da vezes, de forma inadequada. Para organizar a lista e seus comentários, empregou-se em ranking de vendagem nas farmácias brasileiras. Além disso foi ouvido quase quarenta especialistas, que responderam as dúvidas mais frequentes e deram sugestões de uso e de como diminuir os efeitos adversos desses medicamentos.
- ANTIDEPRESSIVOS
AÇÃO: melhoram a interação entre as substâncias cerebrais reguladoras do humor e das funções cognitivas. Com isso, diminuem os sintomas de depressão.
ZOLOFT - PRINCÍPIO ATIVO: sertralina
AROPAX - PRINCÍPIO ATIVO: paroxetina
PROZAC E DAFORIN - PRINCÍPIO ATIVO: fluoxetina
EFEXOR - PRINCÍPIO ATIVO: venlafaxina
PAMELOR - PRINCÍPIO ATIVO: nortriptilina
ANAFRANIL - PRINCÍPIO ATIVO: cloridrato de clomipramina
NÃO EXISTE "A" PÍLULA DA FELICIDADE
1987 marcou o início de uma revolução no tratamento da depressão. Naquele ano, foi lançado o Prozac. A cápsula do laboratório Eli Lilly revelou-se capaz de tratar os sintomas da doença sem os enormes efeitos colaterais (que iam das disfunções sexuais aos transtornos cardíacos) da geração anterior de anti-depressivos. surgida na década de 50. O Prozac passou a ser chamado de "pílula da felicidade" e motivou a criação de compostos com as mesmas características, como Aropax e Zoloft. O tempo mostrou que esses remédios têm limites. Nos casos mais graves de depressão. eles não são tão efetivos quanto os velhos tricíclicos, como o Anafranil e o Pamelor. Um novo avanço ocorreu em meados dos anos 90. com o lançamento de remédios como o Efexor, que combinam a eficácia dos tricíclicos com a menor agressividade da família do Prozac. Em 2003, porém, as duas classes mais promissoras de antidepressivos foram postas sob suspeita nos Estados Unidos. Prozac e Efexor foram relacionados com casos de suicídio em jovens. A FDA sugeriu que os fabricantes advertissem sobre esse perigo nos rótulos, mas não ficou claro se os suicídios foram causados pêlos remédios ou se ocorreram antes que eles tivessem tempo de produzir efeitos positivos nos pacientes.
- ANTIINFLAMATÓRIOS
AÇÃO: inibem a ação da enzima responsável pelo processo inflamatório
CATAFLAM - PRINCÍPIO ATIVO: diclofenaco de potássio
VOLTAREN - PRINCÍPIO ATIVO: diclofenaco de sódio
PROFENID - PRINCÍPIO ATIVO: cetoprofeno
FLANAX - PRINCÍPIO ATIVO: naproxeno
FELDENE - PRINCÍPIO ATIVO: piroxicam
PONSTAN - PRINCÍPIO ATIVO: ácido mefenâmico
CELEBRA - PRINCÍPIO ATIVO: colecoxib
ARCOXIA - PRINCÍPIO ATIVO: etoricoxib
BEXTRA - PRINCÍPIO ATIVO: valdecoxibe
A DERROCADA DO VIOXX
A retirada do Vioxx do mercado, em setembro do ano passado, colocou toda uma categoria de antiinflamatórios em xeque. Diante da constatação de que o consumo do remédio por mais de um ano e meio aumenta os riscos de infarto, a Agência Européia de Medicamentos e a americana FDA solicitaram uma revisão dos estudos já feitos com todos os remédios da classe do Vioxx - o Bextra, o Arcoxia e o Celebra. Os resultados devem ser divulgados neste mês. Juntamente com novas orientações para a prescrição e o uso desses antiinflamatórios. Lançados no fim dos anos 90, eles se transformaram num tremendo sucesso. Debelavam as dores das vítimas de inflamações sérias, como a artrite, sem as reações adversas dos remédios antigos, como úlceras e sangramentos gastrointestinais. Logo passaram a ser receitados para o alívio dos mais variados tipos de inflamação. No fim do ano passado o uso de outro remédio, agora de classe mais antiga, o Flanax, em altas doses, também foi associado a problemas cardiovasculares. Não há motivo para pânico. Não existem indícios de que esses antiinflamatórios. tomados para aliviar a dor de atletas de fim de semana, sejam prejudiciais à saúde.
- ANALGÉSICOS
AÇÃO: indicados para o alívio de dores e febre
TYLENOL - PRINCÍPIO ATIVO: paracetamol (acetaminofen)
NOVALGINA - PRINCÍPIO ATIVO: dipirona
CAFI ASPIRINA - PRINCÍPIO ATIVO: ácido acetilsalicílico e cafeína
ASPIRINA - PRINCÍPIO ATIVO: ácido acetilsalicílico
ADVIL E MOTRIN - PRINCÍPIO ATIVO: ibuprofeno
NEOSALDINA - PRINCÍPIO ATIVO: dipirona, cafeína e isometepteno
LISADOR - PRINCÍPIO ATIVO: dipirona, prometazina e adifenina
BUSCOPAN - PRINCÍPIO ATIVO: brometo de N-butilescopolamina e dipirona
PARACETAMOL + ÁLCOOL: MISTURA PERIGOSA
Nenhum medicamento está tão presente na vida de homens, mulheres e crianças quanto os analgésicos. Trata-se da primeira classe de remédios a ter sido produzida em escala industrial. O pioneirismo coube à Aspirina, desenvolvida a partir da casca do salgueiro branco, em 1897, pelo químico alemão Felix Hoffmann. Como todo medicamento, os analgésicos não estão livres de causar efeitos colaterais. A Aspirina pode provocar hemorragias gástricas se tomada de modo crônico. A dipirona usada diariamente provoca sérios distúrbios na química do sangue. Doses altas de remédios à base de paracetamol também são uma preocupação. Uma pesquisa conduzida pela FDA mostrou que 20% dos pacientes vítimas de disfunções hepáticas associadas ao paracetamol consumiam uma quantidade de remédio inferior à dosagem diária permitida. O uso concomitante de paracetamol e álcool pode ser fatal. A pior idéia que alguém pode ter é tomar um comprimido de paracetamol para curar a dor de cabeça de uma ressaca. Álcool e paracetamol são metabozados no fígado e, em combinação, produzem um resultado altamente tóxico. A FDA obrigou os fabricantes de remédios à base de paracetamol a estamparem um alerta no rótulo de seus produtos avisando do perigo para o fígado do uso combinado das duas substâncias.
- ESTATINAS
AÇÃO: inibem a ação de uma enzima hepática essencial à produção de colesterol. Com isso, reduzem os níveis de colesterol ruim, o LDL, no sangue
LÍPTOR - PRINCÍPIO ATIVO: atorvastatina
CRESTOR - PRINCÍPIO ATIVO: rosuvastatina
ZOCOR - PRINCÍPIO ATIVO: sinvastatina
O SUPER REMÉDIO
O colesterol alto é um dos fatores de risco de doenças cardiovasculares e afeta um quinto da população mundial. Não é de estranhar, portanto, o alvoroço criado pelo lançamento das estatinas, na década de 80. Elas diminuem as taxas de LDL e aumentam levemente as de HDL, o colesterol bom. Em meados dos anos 90, descobriu-se que o remédio funciona como antiinflamatório e anticoagulante, o que faz dele uma arma ainda mais potente contra os males cardiovasculares. As estatinas reduzem os riscos de morte por intacto e derrame em 30%. As últimas pesquisas mostram que elas poderiam ajudar a combater outros males como outros males como angina, esclerose múltipla, Alzheirner e diabetes. Como todo remédio, as estatinas têm efeitos adversos. Em 2001, o laboratório Bayer retirou do mercado a cerivastatina (Lipobay), associada a mortes nos Estados Unidos. As demais estatinas são consideradas seguras para uso continuado. Os médicos aconselham, porém, exames de sangue anuais ou semestrais para garantir que o remédio é bem tolerado pelo fígado e pêlos rins do paciente. Em porcentagem ínfima de pessoas, as estatinas provocam degeneração muscular grave, o que obriga a descontinuação imediata do remédio.
- ANTIIMPOTÊNCIA
AÇÃO: relaxam a musculatura peniana e aumentam o aporte de sangue para a região, o que facilita a ereção
VIAGRA - PRINCIPIO ATIVO: sildenafil
LEVITRA - PRINCIPIO ATIVO: vardenafil
CIALIS - PRINCÍPIO ATIVO: tadalafila
SEXO SEGURO
O primeiro medicamento oral para o tratamento da disfunção erétil foi lançado em 1998. Com o Viagra, milhões de homens se viram livres do fantasma da impotência. A ele se seguiram o Cialis e o Levitra. Esses remédios só funcionam se houver desejo. E são proibidos, sob risco de morte, para pacientes que usam medicamentos à base de nitratos, como Isordil. As pílulas têm sido consumidas de maneira recreativa por quem não precisa delas. O único efeito é a diminuição do tempo entre ereções. O risco é criar dependência psicológica.
- ANTIGRIPAIS
AÇÃO: associam diversas substãncias num única fórmula - as analgésicas, as antitérmicas e as descongestionantes, entre outras. Esse coquetel alivia os principais sintomas da gripe e do resfriado
ASPIRINA C - PRINCÍPIO ATIVO: ácido acetilsalicílico e vitamina C
APRACUR - PRINCÍPIO ATIVO: dipirona, clorfenamina e vitamina C
RESPRIN - PRINCÍPIO ATIVO: paracetamol, carbinoxamina e fenilefrina
BENEGRIP - PRINCÍPIO ATIVO: salicilamida, clorfenamina, cafeína e vitamina C
VICK PYRENA - PRINCÍPIO ATIVO: paracetamol
ALÍVIO DOS SINTOMAS
Todos os anos, 500 milhões de pessoas contraem o vírus influenza, o maior causador da gripe. Nada é capaz de curar a doença, e a prevenção só é possível com a vacinação anual. Ao contrário do que o nome sugere, os antigripais se destinam apenas ao alívio dos sintomas da doença. Eles estão entre as cinco classes de medicamentos que mais causam intoxicações no Brasil. Consumidos por mais de duas semanas seguidas, podem causar gastrite e úlcera, além de taquicardia e crises de hipertensão.
- LAXANTES
AÇÃO: incentivam os movimentos peristálticos, o que estimula a formação e a eliminação da massa fecal
METAMUCIL - PRINCÍPIO ATIVO: extrato de fibra
NATURETTI E TAMARINE - PRINCIPIO ATIVO: composto de ervas
É MELHOR EVITAR
Dietas pobres em fibras, baixo consumo de líquidos e o sedentarismo são as principais causas de prisão de ventre. Cerca de 30 milhões de brasileiros sofrem do mal, especialmente mulheres. Os extratos de fibras, como o Metamucil, são bons reguladores intestinais. Os outros são eficazes nas prisões de ventre ocasionais. O abuso desses compostos pode causar tolerância e mascarar doenças como colite e hipotireoidismo. Jovens recorrem aos laxantes para emagrecer. Assim não se perde gordura. Só água.
SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS
AÇÃO: esses compostos prometem aumentar a síntese de proteínas, ampliando a fonte de energia durante a prática de exercícios
BCAA - PRINCÍPIO ATIVO: aminoácidos leucina, isoleucina e valina
CREATINA - PRINCÍPIO ATIVO: aminoácido creatina
L-CARNITINA - PRINCÍPIO ATIVO: aminoácido L-Carnitina
TERMOGÊNICO - PRINCÍPIO ATIVO: coquetel de aminoácidos e substâncias estimulantes
GLUTAMINA - PRINCÍPIO ATIVO: aminoácido glutamina
AS DROGAS DE ACADEMIA
Com a promessa de queimar gordura, aumentar a massa muscular e a energia, os suplementos à base de aminoácidos conquistaram 60% dos frequentadores de academias das cidades brasileiras. Nenhum especialista prescreveria esses suplementos a um malhador eventual. Eles só são indicados a atletas. Em demasia, sobrecarregam o fígado e os rins. Além disso, causam taquicardia, alterações de humor, perda de reflexos e da coordenação motora e aumento de peso.
SONÍFEROS
AÇÃO: reduzem a atividade do sistema nervoso central, o que facilita o sono. Alguns, além dessa função, combatem a ansiedade e são relaxantes musculares
STILNOX - PRINCIPIO ATIVO: zolpidem
DORMONID - PRINCÍPIO ATIVO: midazolam
ROHYPNOL - PRINCIPIO ATIVO: flunitrazepam
O SONO PRESERVADO
Os soníferos mais modernos, como o zolpidem, preservam todas as etapas do sono, inclusive as mais profundas, o que medicamentos anteriores, como o Rohypnol, não faziam. Com isso, os novos soníferos não causam sensação de ressaca. Usados indiscriminada e íninterruptamente por mais de três semanas, os soníferos podem levar o paciente à dependência química - até os de última geração. O importante é identificar as causas da insônia. Em 90% dos casos entre os brasileiros, a dificuldade para dormir é fruto de quadros de depressão, ansiedade e stress. A longo prazo alguns insones podem recuperar o sono com terapia, exercícios e massagens.
ANTI-HISTAMÍNICOS
AÇÃO: inibem a açao da histamina, uma das substâncias responsáveis pelas reações alérgicas, e aliviam seus sintomas
POLARAMINE - PRINCÍPIO ATIVO: dexclorfeniramina
HIXIZINE - PRINCÍPIO ATIVO: hidroxizina
ALLEGRA - PRINCÍPIO ATIVO: fexofenadina
AGASTEN - PRINCIPIO ATIVO: clemastina
TALERC - PRINCIPIO ATIVO: epinastina
CLARITIN - PRINCIPIO ATIVO: loratadina
ATENÇÃO ÀS CRIANÇAS
De cada 100 brasileiros, 35 sofrem de algum tipo de alergia. A doença é a quinta maior causa de internações no Sistema Único de Saúde (SUS). Embora já existam vacinas capazes de prevenir muitas alergias, os anti-histamínicos continuam a ser os medicamentos mais procurados. As versões mais antigas sedavam o paciente, o que não acontece com as mais novas. É preciso atenção especial às crianças em tratamento com anti-histamínicos: elas tendem a ser acometidas por pesadelos e crises de agitação.
ANTIASMÁSTICOS
AÇÃO: atuam em duas frentes. Numa delas, combatem os sintomas da doença durante as crises. Na outra, fazem a prevenção dos ataques de asma
SYMBICORT - PRINCÍPIO ATIVO: budesonida e formoterol
SERETIDE - PRINCÍPIO ATiVO: fluticasona e salmeterol
AEROLIN SPRAY - PRINCÍPIO ATIVO: salbutamol
TRATAMENTO CONTÍNUO
No Brasil, há cerca de 20 milhões de asmáticos. Deles, quase 60% não se cuidam como deveriam. Um erro típico é restringir o tratamento às crises - por exemplo, com a inalação do salbutamol das famosas "bombinhas". Aliás, o uso excessivo dessas (mais de três vezes ao dia) pode levar a problemas cardíacos como arritmias. Como toda doença crônica, a asma exige cuidados constantes. Medicamentos como o Seretide requerem tratamento de, no mínimo, três meses para prevenir crises.
REMÉDIOS PARA EMAGRECER
AÇÃO: há três classes de remédio para emagrecer. Uma atua no trato intestinal. As outras agem no cérebro: ou aumentam a sensação de saciedade ou inibem a fome
PLENTY E REDUCTIL - PRINCÍPIO ATIVO: sibutramina
XENICAL - PRINCÍPIO ATIVO: orlistat
INIBEX - PRINCÍPIO ATiVO: anfepramona
DESOBESI-M - PRINCÍPIO ATiVO: femproporex
QUÍMICA CONTRA A BALANÇA
A popularização dos remédios para emagrecer aconteceu na década de 60, com os derivados das anfetaminas. Com efeito estimulante, as "bolinhas" sabotadoras da fome tiveram seu uso desvirtuado como drogas de consumo social. Tomadas sem orientação médica, elas podem viciar. No fim dos anos 90, surgiu a sibutramina. Ela também atua no cérebro, mas não leva à dependência. O único remédio a não mexer nos centros cerebrais é o Xenical. Ele impede, no intestino, a absorção de 30% da gordura ingerida.
ANTIBIÓTICOS
AÇÃO: tratamento de infecções causadas por bactérias e fungos
AMOXIL - PRINCÍPIO ATIVO: amoxicilina
TETREX - PRINCÍPIO ATIVO: tetraciclina
BACTRIM - PRINCÍPIO ATIVO: sulfametoxazol e trimetoprima
CIPRO - PRINCÍPIO ATIVO: cirpofloxacina
KEFLEX - PRINCÍPIO ATIVO: cefalexina monoidratada
BENZETACIL - PRINCÍPIO ATIVO: penicilina benzatina
ANTIÁCIDOS
AÇÃO: protegem a parede do estômago contra as agressões dos ácidos gástricos
ANTAK E ZYLIUM - PRINCÍPIO ATIVO: ranitidina
PEPSAMAR - PRINCÍPIO ATIVO: hidróxido de alumínio
DROXAINE - PRINCÍPIO ATIVO: hidróxido de alumínio, hidróxido de magnésio e oxetacaína
MAALOX - PRINCÍPIO ATIVO: hidróxido de alumínio e hidróxido de magnésio
LOSEC - PRINCÍPIO ATIVO: omeprazol
PANTOZOL - PRINCÍPIO ATIVO: pantoprazol
CONTRA O BISTURI
Os antiácidos de última geração viraram do bisturi a maioria das vítimas potenciais de úlcera. Hoje só são operados os casos gravíssimos, de perfuração. Até os anos 70, cirurgias de úlcera eram as mais comuns. Os hidróxidos forram a parede do estômago contra a ação dos ácidos gástricos. São bons para aliviar crises. Os remédios mais novos inibem a produção de ácidos. Mas atenção: a acidez estomacal é uma barreira natural do organismo contra infecções. Estudos com idosos mostraram que a substância omeprazol aumentou em até 89% os riscos de pneumonia.
DIURÉTICOS
AÇÃO: inibem a reabsorção de sódio nos rins, o que provoca a eliminação de água pela urina e diminui a pressão arterial
CLORANA - principio ATIVO: hidroclorotiazida
LASIX - PRINCIPIO ATIVO: furosemida
HIGROTON - PRINCÍPIO ATIVO: clortalidona
BOM E BARATO
Baratos e usados há mais de cinquenta anos, os diuréticos são os medicamentos de primeira escolha contra a hipertensão. Pesquisas recentes do Comitê Nacional de Saúde americano mostram que eles reduzem em até 50% os riscos cardíacos em homens com mais de 60 anos. Ultimamente, eles passaram a ser receitados também para o alísio da retenção de líquido, típica do período pré-menstrual. Jovens recorrem aos diuréticos na esperança de perder peso. É perigoso. O abuso pode levar até à parada cardíaca.
DESCONGESTIONANTES NASAIS
Ação: promovem a contração dos vasos sanguíneos da parede interna das narinas, diminuindo o inchaço e a congestão nasal
CLARITIN D PRINCÍPIO ATIVO: loratadina
NALDECON - PRINCIPIO ATIVO: carbinoxamina e paracetamol
DIMETAPP - PRINCÍPIO ATIVO: pseudoefedrina e bronfeniramina
SORINE PRINCÍPIO ATIVO: cloreto de benzalcônio, cloreto de sódio e cloridrato de nafazolina
SÓ PARA O NARIZ
Derivada da planta Ephedra sinica, a efedrina está proibida no Brasil desde 1995. Usada, no passado, em fórmulas para emagrecer, a substância foi associada a mortes por infarto e derrame. Potente acelerador do metabolismo, ela tem propriedades vasoconstritoras úteis para aliviar nariz entupido. Por isso, o único uso autorizado da substância é em descongestionantes nasais vendidos com receita médica. O abuso desses remédios pode fazer com que o organismo crie tolerância a eles. Por abuso, entenda-se mais de uma semana
de medicação contínua.
ANSIOLÍTICOS
AÇÃO: pertencentes à classe dos benzodiazepínicos, os ansiolíticos estimulam a produção do ácido gama-aminobutírico (GABA), espécie de calmante produzido naturalmente pelo cérebro
FRONTAL - PRINCÍPIO ATIVO: alprazolam
VALIUM - PRINCÍPIO ATIVO: diazepam
LORAX - PRINCÍPIO ATIVO: lorazepam
LEXOTAN - PRINCÍPIO ATIVO: bromazepam
O FIM DA PROSTRAÇÃO
O transtorno de ansiedade afeta 400 milhões de pessoas em todo o mundo. Até os anos 60, o único tratamento disponível era a substância meprobamato, que leva o paciente à prostração. Os ansiolfticos modernos são bastante eficazes no controle rápido dos sintomas da doença, sem os inconvenientes dos antigos. No Brasil, apenas 10% dos ansiolíticos são prescritos por psiquiatras, os mais indicados para o atendimento de pacientes vítimas de ansiedade. A maioria das receitas é assinada por outros especialistas, para aliviar o stress, combater a insónia ou melhorar o humor. Tomados continuamente por mais de seis meses, esses remédios podem levar à dependência.
VITAMINAS E SAIS MINERAIS
AÇÃO: fortalecem o sistema imunológico, têm ação antioxidante, ajudam a fixar o cálcio nos ossos e a metabolizar o carboidrato no organismo
AROVIT - PRINCIPIO ATIVO: vitamina A
CENTRUM E STRESSTABS - PRINCIPIO ATIVO: coquetel de vitaminas e sais minerais
CEBION - PRINCIPIO ATIVO: vitamina C
EPHYNAL - PRINCIPIO ATIVO: vitamina E
COMPLEXO B - PRINCIPIO ATIVO: vitaminas do complexo B
CABO-DE-GUERRA
Os suplementos vitamínicos surgiram, há quatro décadas, para medicar pessoas que não conseguiam suprir sua necessidade dessas substâncias apenas com a alimentação. Nos últimos vinte anos, contudo, formou-se um cabo-de-guerra a respeito de seu uso. De um lado estão os defensores de que doses extras de vitaminas são uma espécie de elixir da juventude - retardam o envelhecimento, aumentam a disposição, mantêm a libido a mil e previnem contra males como distúrbios cardiovasculares, câncer, Alzheimer e diabetes. Na outra ponta ficam os que acreditam que o excesso de vitaminas oferece mais riscos que benefícios - pedras nos rins, lesões hepáticas, fadiga, insónia, agitação e comprometimento da coagulação sanguínea, entre outros. Tanto os que defendem quanto os que condenam o consumo de vitaminas sintéticas recorrem a estudos científicos para provar suas teorias. O certo é nunca obter de produtos sintéticos toda a quantidade de vitaminas necessária. Combine-os com alimentação saudável. Superdoses de vitaminas da classe B afeiam o sistema nervoso; da C, o gastrintestinal; e da A, o fígado.
ANTI-HIPERTENSIVOS
AÇÃO: os betabloqueadores neutralizam a ação do hormônio adrenalina. Os inibidores da ECA (enzima conversora de angiotensina) dilatam os vasos sanguíneos e reduzem a pressão arterial. Os antagonistas de cálcio evitam a contração dos vasos sanguíneos
CAPOTEN - PRINCÍPIO ATIVO: captoril
ATACAND - PRINCIPIO ATIVO: candesartana cilexetil
INDERAL - PRINCÍPIO ATIVO: propranolol
ATENOL - PRINCÍPIO ATIVO: atenolol
RENITEC - PRINCIPIO ATIVO: enalapril
ATENSINA - PRINCÍPIO ATIVO: clonidina
ALDOMET - PRINCÍPIO ATIVO: metildopa
NORVASC - PRINCÍPIO ATIVO: besilato de anlodipino
ADALAT - PRINCÍPIO ATIVO: nifedipino
É PARA SEMPRE
Uma pesquisa publicada no jornal científico The Lancet prenunciou um cenário sombrio: um aumento de 60% no número de hipertensos no mundo nos próximos vinte anos. Ou seja, em 2025 haverá mais de 1.5 bilhão de pessoas com pressão alta no planeta. Culpa de maus hábitos como dietas ricas em gorduras, sedentarismo e tabagismo. No Brasil, um em cada três adultos sofre do mal. Fator de risco para infartos e derrames, em 90% dos casos a hipertensão é doença crónica e, como tal, requer tratamento medicamentoso por toda a vida. Mas cerca de 43% dos doentes brasileiros suspendem a medicação de uma hora para outra. A interrupção repentina traz riscos. Pode deflagrar uma crise aguda de hipertensão e levar ao derrame cerebral.
Fonte: Veja
- ANTIDEPRESSIVOS
AÇÃO: melhoram a interação entre as substâncias cerebrais reguladoras do humor e das funções cognitivas. Com isso, diminuem os sintomas de depressão.
ZOLOFT - PRINCÍPIO ATIVO: sertralina
AROPAX - PRINCÍPIO ATIVO: paroxetina
PROZAC E DAFORIN - PRINCÍPIO ATIVO: fluoxetina
EFEXOR - PRINCÍPIO ATIVO: venlafaxina
PAMELOR - PRINCÍPIO ATIVO: nortriptilina
ANAFRANIL - PRINCÍPIO ATIVO: cloridrato de clomipramina
NÃO EXISTE "A" PÍLULA DA FELICIDADE
1987 marcou o início de uma revolução no tratamento da depressão. Naquele ano, foi lançado o Prozac. A cápsula do laboratório Eli Lilly revelou-se capaz de tratar os sintomas da doença sem os enormes efeitos colaterais (que iam das disfunções sexuais aos transtornos cardíacos) da geração anterior de anti-depressivos. surgida na década de 50. O Prozac passou a ser chamado de "pílula da felicidade" e motivou a criação de compostos com as mesmas características, como Aropax e Zoloft. O tempo mostrou que esses remédios têm limites. Nos casos mais graves de depressão. eles não são tão efetivos quanto os velhos tricíclicos, como o Anafranil e o Pamelor. Um novo avanço ocorreu em meados dos anos 90. com o lançamento de remédios como o Efexor, que combinam a eficácia dos tricíclicos com a menor agressividade da família do Prozac. Em 2003, porém, as duas classes mais promissoras de antidepressivos foram postas sob suspeita nos Estados Unidos. Prozac e Efexor foram relacionados com casos de suicídio em jovens. A FDA sugeriu que os fabricantes advertissem sobre esse perigo nos rótulos, mas não ficou claro se os suicídios foram causados pêlos remédios ou se ocorreram antes que eles tivessem tempo de produzir efeitos positivos nos pacientes.
- ANTIINFLAMATÓRIOS
AÇÃO: inibem a ação da enzima responsável pelo processo inflamatório
CATAFLAM - PRINCÍPIO ATIVO: diclofenaco de potássio
VOLTAREN - PRINCÍPIO ATIVO: diclofenaco de sódio
PROFENID - PRINCÍPIO ATIVO: cetoprofeno
FLANAX - PRINCÍPIO ATIVO: naproxeno
FELDENE - PRINCÍPIO ATIVO: piroxicam
PONSTAN - PRINCÍPIO ATIVO: ácido mefenâmico
CELEBRA - PRINCÍPIO ATIVO: colecoxib
ARCOXIA - PRINCÍPIO ATIVO: etoricoxib
BEXTRA - PRINCÍPIO ATIVO: valdecoxibe
A DERROCADA DO VIOXX
A retirada do Vioxx do mercado, em setembro do ano passado, colocou toda uma categoria de antiinflamatórios em xeque. Diante da constatação de que o consumo do remédio por mais de um ano e meio aumenta os riscos de infarto, a Agência Européia de Medicamentos e a americana FDA solicitaram uma revisão dos estudos já feitos com todos os remédios da classe do Vioxx - o Bextra, o Arcoxia e o Celebra. Os resultados devem ser divulgados neste mês. Juntamente com novas orientações para a prescrição e o uso desses antiinflamatórios. Lançados no fim dos anos 90, eles se transformaram num tremendo sucesso. Debelavam as dores das vítimas de inflamações sérias, como a artrite, sem as reações adversas dos remédios antigos, como úlceras e sangramentos gastrointestinais. Logo passaram a ser receitados para o alívio dos mais variados tipos de inflamação. No fim do ano passado o uso de outro remédio, agora de classe mais antiga, o Flanax, em altas doses, também foi associado a problemas cardiovasculares. Não há motivo para pânico. Não existem indícios de que esses antiinflamatórios. tomados para aliviar a dor de atletas de fim de semana, sejam prejudiciais à saúde.
- ANALGÉSICOS
AÇÃO: indicados para o alívio de dores e febre
TYLENOL - PRINCÍPIO ATIVO: paracetamol (acetaminofen)
NOVALGINA - PRINCÍPIO ATIVO: dipirona
CAFI ASPIRINA - PRINCÍPIO ATIVO: ácido acetilsalicílico e cafeína
ASPIRINA - PRINCÍPIO ATIVO: ácido acetilsalicílico
ADVIL E MOTRIN - PRINCÍPIO ATIVO: ibuprofeno
NEOSALDINA - PRINCÍPIO ATIVO: dipirona, cafeína e isometepteno
LISADOR - PRINCÍPIO ATIVO: dipirona, prometazina e adifenina
BUSCOPAN - PRINCÍPIO ATIVO: brometo de N-butilescopolamina e dipirona
PARACETAMOL + ÁLCOOL: MISTURA PERIGOSA
Nenhum medicamento está tão presente na vida de homens, mulheres e crianças quanto os analgésicos. Trata-se da primeira classe de remédios a ter sido produzida em escala industrial. O pioneirismo coube à Aspirina, desenvolvida a partir da casca do salgueiro branco, em 1897, pelo químico alemão Felix Hoffmann. Como todo medicamento, os analgésicos não estão livres de causar efeitos colaterais. A Aspirina pode provocar hemorragias gástricas se tomada de modo crônico. A dipirona usada diariamente provoca sérios distúrbios na química do sangue. Doses altas de remédios à base de paracetamol também são uma preocupação. Uma pesquisa conduzida pela FDA mostrou que 20% dos pacientes vítimas de disfunções hepáticas associadas ao paracetamol consumiam uma quantidade de remédio inferior à dosagem diária permitida. O uso concomitante de paracetamol e álcool pode ser fatal. A pior idéia que alguém pode ter é tomar um comprimido de paracetamol para curar a dor de cabeça de uma ressaca. Álcool e paracetamol são metabozados no fígado e, em combinação, produzem um resultado altamente tóxico. A FDA obrigou os fabricantes de remédios à base de paracetamol a estamparem um alerta no rótulo de seus produtos avisando do perigo para o fígado do uso combinado das duas substâncias.
- ESTATINAS
AÇÃO: inibem a ação de uma enzima hepática essencial à produção de colesterol. Com isso, reduzem os níveis de colesterol ruim, o LDL, no sangue
LÍPTOR - PRINCÍPIO ATIVO: atorvastatina
CRESTOR - PRINCÍPIO ATIVO: rosuvastatina
ZOCOR - PRINCÍPIO ATIVO: sinvastatina
O SUPER REMÉDIO
O colesterol alto é um dos fatores de risco de doenças cardiovasculares e afeta um quinto da população mundial. Não é de estranhar, portanto, o alvoroço criado pelo lançamento das estatinas, na década de 80. Elas diminuem as taxas de LDL e aumentam levemente as de HDL, o colesterol bom. Em meados dos anos 90, descobriu-se que o remédio funciona como antiinflamatório e anticoagulante, o que faz dele uma arma ainda mais potente contra os males cardiovasculares. As estatinas reduzem os riscos de morte por intacto e derrame em 30%. As últimas pesquisas mostram que elas poderiam ajudar a combater outros males como outros males como angina, esclerose múltipla, Alzheirner e diabetes. Como todo remédio, as estatinas têm efeitos adversos. Em 2001, o laboratório Bayer retirou do mercado a cerivastatina (Lipobay), associada a mortes nos Estados Unidos. As demais estatinas são consideradas seguras para uso continuado. Os médicos aconselham, porém, exames de sangue anuais ou semestrais para garantir que o remédio é bem tolerado pelo fígado e pêlos rins do paciente. Em porcentagem ínfima de pessoas, as estatinas provocam degeneração muscular grave, o que obriga a descontinuação imediata do remédio.
- ANTIIMPOTÊNCIA
AÇÃO: relaxam a musculatura peniana e aumentam o aporte de sangue para a região, o que facilita a ereção
VIAGRA - PRINCIPIO ATIVO: sildenafil
LEVITRA - PRINCIPIO ATIVO: vardenafil
CIALIS - PRINCÍPIO ATIVO: tadalafila
SEXO SEGURO
O primeiro medicamento oral para o tratamento da disfunção erétil foi lançado em 1998. Com o Viagra, milhões de homens se viram livres do fantasma da impotência. A ele se seguiram o Cialis e o Levitra. Esses remédios só funcionam se houver desejo. E são proibidos, sob risco de morte, para pacientes que usam medicamentos à base de nitratos, como Isordil. As pílulas têm sido consumidas de maneira recreativa por quem não precisa delas. O único efeito é a diminuição do tempo entre ereções. O risco é criar dependência psicológica.
- ANTIGRIPAIS
AÇÃO: associam diversas substãncias num única fórmula - as analgésicas, as antitérmicas e as descongestionantes, entre outras. Esse coquetel alivia os principais sintomas da gripe e do resfriado
ASPIRINA C - PRINCÍPIO ATIVO: ácido acetilsalicílico e vitamina C
APRACUR - PRINCÍPIO ATIVO: dipirona, clorfenamina e vitamina C
RESPRIN - PRINCÍPIO ATIVO: paracetamol, carbinoxamina e fenilefrina
BENEGRIP - PRINCÍPIO ATIVO: salicilamida, clorfenamina, cafeína e vitamina C
VICK PYRENA - PRINCÍPIO ATIVO: paracetamol
ALÍVIO DOS SINTOMAS
Todos os anos, 500 milhões de pessoas contraem o vírus influenza, o maior causador da gripe. Nada é capaz de curar a doença, e a prevenção só é possível com a vacinação anual. Ao contrário do que o nome sugere, os antigripais se destinam apenas ao alívio dos sintomas da doença. Eles estão entre as cinco classes de medicamentos que mais causam intoxicações no Brasil. Consumidos por mais de duas semanas seguidas, podem causar gastrite e úlcera, além de taquicardia e crises de hipertensão.
- LAXANTES
AÇÃO: incentivam os movimentos peristálticos, o que estimula a formação e a eliminação da massa fecal
METAMUCIL - PRINCÍPIO ATIVO: extrato de fibra
NATURETTI E TAMARINE - PRINCIPIO ATIVO: composto de ervas
É MELHOR EVITAR
Dietas pobres em fibras, baixo consumo de líquidos e o sedentarismo são as principais causas de prisão de ventre. Cerca de 30 milhões de brasileiros sofrem do mal, especialmente mulheres. Os extratos de fibras, como o Metamucil, são bons reguladores intestinais. Os outros são eficazes nas prisões de ventre ocasionais. O abuso desses compostos pode causar tolerância e mascarar doenças como colite e hipotireoidismo. Jovens recorrem aos laxantes para emagrecer. Assim não se perde gordura. Só água.
SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS
AÇÃO: esses compostos prometem aumentar a síntese de proteínas, ampliando a fonte de energia durante a prática de exercícios
BCAA - PRINCÍPIO ATIVO: aminoácidos leucina, isoleucina e valina
CREATINA - PRINCÍPIO ATIVO: aminoácido creatina
L-CARNITINA - PRINCÍPIO ATIVO: aminoácido L-Carnitina
TERMOGÊNICO - PRINCÍPIO ATIVO: coquetel de aminoácidos e substâncias estimulantes
GLUTAMINA - PRINCÍPIO ATIVO: aminoácido glutamina
AS DROGAS DE ACADEMIA
Com a promessa de queimar gordura, aumentar a massa muscular e a energia, os suplementos à base de aminoácidos conquistaram 60% dos frequentadores de academias das cidades brasileiras. Nenhum especialista prescreveria esses suplementos a um malhador eventual. Eles só são indicados a atletas. Em demasia, sobrecarregam o fígado e os rins. Além disso, causam taquicardia, alterações de humor, perda de reflexos e da coordenação motora e aumento de peso.
SONÍFEROS
AÇÃO: reduzem a atividade do sistema nervoso central, o que facilita o sono. Alguns, além dessa função, combatem a ansiedade e são relaxantes musculares
STILNOX - PRINCIPIO ATIVO: zolpidem
DORMONID - PRINCÍPIO ATIVO: midazolam
ROHYPNOL - PRINCIPIO ATIVO: flunitrazepam
O SONO PRESERVADO
Os soníferos mais modernos, como o zolpidem, preservam todas as etapas do sono, inclusive as mais profundas, o que medicamentos anteriores, como o Rohypnol, não faziam. Com isso, os novos soníferos não causam sensação de ressaca. Usados indiscriminada e íninterruptamente por mais de três semanas, os soníferos podem levar o paciente à dependência química - até os de última geração. O importante é identificar as causas da insônia. Em 90% dos casos entre os brasileiros, a dificuldade para dormir é fruto de quadros de depressão, ansiedade e stress. A longo prazo alguns insones podem recuperar o sono com terapia, exercícios e massagens.
ANTI-HISTAMÍNICOS
AÇÃO: inibem a açao da histamina, uma das substâncias responsáveis pelas reações alérgicas, e aliviam seus sintomas
POLARAMINE - PRINCÍPIO ATIVO: dexclorfeniramina
HIXIZINE - PRINCÍPIO ATIVO: hidroxizina
ALLEGRA - PRINCÍPIO ATIVO: fexofenadina
AGASTEN - PRINCIPIO ATIVO: clemastina
TALERC - PRINCIPIO ATIVO: epinastina
CLARITIN - PRINCIPIO ATIVO: loratadina
ATENÇÃO ÀS CRIANÇAS
De cada 100 brasileiros, 35 sofrem de algum tipo de alergia. A doença é a quinta maior causa de internações no Sistema Único de Saúde (SUS). Embora já existam vacinas capazes de prevenir muitas alergias, os anti-histamínicos continuam a ser os medicamentos mais procurados. As versões mais antigas sedavam o paciente, o que não acontece com as mais novas. É preciso atenção especial às crianças em tratamento com anti-histamínicos: elas tendem a ser acometidas por pesadelos e crises de agitação.
ANTIASMÁSTICOS
AÇÃO: atuam em duas frentes. Numa delas, combatem os sintomas da doença durante as crises. Na outra, fazem a prevenção dos ataques de asma
SYMBICORT - PRINCÍPIO ATIVO: budesonida e formoterol
SERETIDE - PRINCÍPIO ATiVO: fluticasona e salmeterol
AEROLIN SPRAY - PRINCÍPIO ATIVO: salbutamol
TRATAMENTO CONTÍNUO
No Brasil, há cerca de 20 milhões de asmáticos. Deles, quase 60% não se cuidam como deveriam. Um erro típico é restringir o tratamento às crises - por exemplo, com a inalação do salbutamol das famosas "bombinhas". Aliás, o uso excessivo dessas (mais de três vezes ao dia) pode levar a problemas cardíacos como arritmias. Como toda doença crônica, a asma exige cuidados constantes. Medicamentos como o Seretide requerem tratamento de, no mínimo, três meses para prevenir crises.
REMÉDIOS PARA EMAGRECER
AÇÃO: há três classes de remédio para emagrecer. Uma atua no trato intestinal. As outras agem no cérebro: ou aumentam a sensação de saciedade ou inibem a fome
PLENTY E REDUCTIL - PRINCÍPIO ATIVO: sibutramina
XENICAL - PRINCÍPIO ATIVO: orlistat
INIBEX - PRINCÍPIO ATiVO: anfepramona
DESOBESI-M - PRINCÍPIO ATiVO: femproporex
QUÍMICA CONTRA A BALANÇA
A popularização dos remédios para emagrecer aconteceu na década de 60, com os derivados das anfetaminas. Com efeito estimulante, as "bolinhas" sabotadoras da fome tiveram seu uso desvirtuado como drogas de consumo social. Tomadas sem orientação médica, elas podem viciar. No fim dos anos 90, surgiu a sibutramina. Ela também atua no cérebro, mas não leva à dependência. O único remédio a não mexer nos centros cerebrais é o Xenical. Ele impede, no intestino, a absorção de 30% da gordura ingerida.
ANTIBIÓTICOS
AÇÃO: tratamento de infecções causadas por bactérias e fungos
AMOXIL - PRINCÍPIO ATIVO: amoxicilina
TETREX - PRINCÍPIO ATIVO: tetraciclina
BACTRIM - PRINCÍPIO ATIVO: sulfametoxazol e trimetoprima
CIPRO - PRINCÍPIO ATIVO: cirpofloxacina
KEFLEX - PRINCÍPIO ATIVO: cefalexina monoidratada
BENZETACIL - PRINCÍPIO ATIVO: penicilina benzatina
ANTIÁCIDOS
AÇÃO: protegem a parede do estômago contra as agressões dos ácidos gástricos
ANTAK E ZYLIUM - PRINCÍPIO ATIVO: ranitidina
PEPSAMAR - PRINCÍPIO ATIVO: hidróxido de alumínio
DROXAINE - PRINCÍPIO ATIVO: hidróxido de alumínio, hidróxido de magnésio e oxetacaína
MAALOX - PRINCÍPIO ATIVO: hidróxido de alumínio e hidróxido de magnésio
LOSEC - PRINCÍPIO ATIVO: omeprazol
PANTOZOL - PRINCÍPIO ATIVO: pantoprazol
CONTRA O BISTURI
Os antiácidos de última geração viraram do bisturi a maioria das vítimas potenciais de úlcera. Hoje só são operados os casos gravíssimos, de perfuração. Até os anos 70, cirurgias de úlcera eram as mais comuns. Os hidróxidos forram a parede do estômago contra a ação dos ácidos gástricos. São bons para aliviar crises. Os remédios mais novos inibem a produção de ácidos. Mas atenção: a acidez estomacal é uma barreira natural do organismo contra infecções. Estudos com idosos mostraram que a substância omeprazol aumentou em até 89% os riscos de pneumonia.
DIURÉTICOS
AÇÃO: inibem a reabsorção de sódio nos rins, o que provoca a eliminação de água pela urina e diminui a pressão arterial
CLORANA - principio ATIVO: hidroclorotiazida
LASIX - PRINCIPIO ATIVO: furosemida
HIGROTON - PRINCÍPIO ATIVO: clortalidona
BOM E BARATO
Baratos e usados há mais de cinquenta anos, os diuréticos são os medicamentos de primeira escolha contra a hipertensão. Pesquisas recentes do Comitê Nacional de Saúde americano mostram que eles reduzem em até 50% os riscos cardíacos em homens com mais de 60 anos. Ultimamente, eles passaram a ser receitados também para o alísio da retenção de líquido, típica do período pré-menstrual. Jovens recorrem aos diuréticos na esperança de perder peso. É perigoso. O abuso pode levar até à parada cardíaca.
DESCONGESTIONANTES NASAIS
Ação: promovem a contração dos vasos sanguíneos da parede interna das narinas, diminuindo o inchaço e a congestão nasal
CLARITIN D PRINCÍPIO ATIVO: loratadina
NALDECON - PRINCIPIO ATIVO: carbinoxamina e paracetamol
DIMETAPP - PRINCÍPIO ATIVO: pseudoefedrina e bronfeniramina
SORINE PRINCÍPIO ATIVO: cloreto de benzalcônio, cloreto de sódio e cloridrato de nafazolina
SÓ PARA O NARIZ
Derivada da planta Ephedra sinica, a efedrina está proibida no Brasil desde 1995. Usada, no passado, em fórmulas para emagrecer, a substância foi associada a mortes por infarto e derrame. Potente acelerador do metabolismo, ela tem propriedades vasoconstritoras úteis para aliviar nariz entupido. Por isso, o único uso autorizado da substância é em descongestionantes nasais vendidos com receita médica. O abuso desses remédios pode fazer com que o organismo crie tolerância a eles. Por abuso, entenda-se mais de uma semana
de medicação contínua.
ANSIOLÍTICOS
AÇÃO: pertencentes à classe dos benzodiazepínicos, os ansiolíticos estimulam a produção do ácido gama-aminobutírico (GABA), espécie de calmante produzido naturalmente pelo cérebro
FRONTAL - PRINCÍPIO ATIVO: alprazolam
VALIUM - PRINCÍPIO ATIVO: diazepam
LORAX - PRINCÍPIO ATIVO: lorazepam
LEXOTAN - PRINCÍPIO ATIVO: bromazepam
O FIM DA PROSTRAÇÃO
O transtorno de ansiedade afeta 400 milhões de pessoas em todo o mundo. Até os anos 60, o único tratamento disponível era a substância meprobamato, que leva o paciente à prostração. Os ansiolfticos modernos são bastante eficazes no controle rápido dos sintomas da doença, sem os inconvenientes dos antigos. No Brasil, apenas 10% dos ansiolíticos são prescritos por psiquiatras, os mais indicados para o atendimento de pacientes vítimas de ansiedade. A maioria das receitas é assinada por outros especialistas, para aliviar o stress, combater a insónia ou melhorar o humor. Tomados continuamente por mais de seis meses, esses remédios podem levar à dependência.
VITAMINAS E SAIS MINERAIS
AÇÃO: fortalecem o sistema imunológico, têm ação antioxidante, ajudam a fixar o cálcio nos ossos e a metabolizar o carboidrato no organismo
AROVIT - PRINCIPIO ATIVO: vitamina A
CENTRUM E STRESSTABS - PRINCIPIO ATIVO: coquetel de vitaminas e sais minerais
CEBION - PRINCIPIO ATIVO: vitamina C
EPHYNAL - PRINCIPIO ATIVO: vitamina E
COMPLEXO B - PRINCIPIO ATIVO: vitaminas do complexo B
CABO-DE-GUERRA
Os suplementos vitamínicos surgiram, há quatro décadas, para medicar pessoas que não conseguiam suprir sua necessidade dessas substâncias apenas com a alimentação. Nos últimos vinte anos, contudo, formou-se um cabo-de-guerra a respeito de seu uso. De um lado estão os defensores de que doses extras de vitaminas são uma espécie de elixir da juventude - retardam o envelhecimento, aumentam a disposição, mantêm a libido a mil e previnem contra males como distúrbios cardiovasculares, câncer, Alzheimer e diabetes. Na outra ponta ficam os que acreditam que o excesso de vitaminas oferece mais riscos que benefícios - pedras nos rins, lesões hepáticas, fadiga, insónia, agitação e comprometimento da coagulação sanguínea, entre outros. Tanto os que defendem quanto os que condenam o consumo de vitaminas sintéticas recorrem a estudos científicos para provar suas teorias. O certo é nunca obter de produtos sintéticos toda a quantidade de vitaminas necessária. Combine-os com alimentação saudável. Superdoses de vitaminas da classe B afeiam o sistema nervoso; da C, o gastrintestinal; e da A, o fígado.
ANTI-HIPERTENSIVOS
AÇÃO: os betabloqueadores neutralizam a ação do hormônio adrenalina. Os inibidores da ECA (enzima conversora de angiotensina) dilatam os vasos sanguíneos e reduzem a pressão arterial. Os antagonistas de cálcio evitam a contração dos vasos sanguíneos
CAPOTEN - PRINCÍPIO ATIVO: captoril
ATACAND - PRINCIPIO ATIVO: candesartana cilexetil
INDERAL - PRINCÍPIO ATIVO: propranolol
ATENOL - PRINCÍPIO ATIVO: atenolol
RENITEC - PRINCIPIO ATIVO: enalapril
ATENSINA - PRINCÍPIO ATIVO: clonidina
ALDOMET - PRINCÍPIO ATIVO: metildopa
NORVASC - PRINCÍPIO ATIVO: besilato de anlodipino
ADALAT - PRINCÍPIO ATIVO: nifedipino
É PARA SEMPRE
Uma pesquisa publicada no jornal científico The Lancet prenunciou um cenário sombrio: um aumento de 60% no número de hipertensos no mundo nos próximos vinte anos. Ou seja, em 2025 haverá mais de 1.5 bilhão de pessoas com pressão alta no planeta. Culpa de maus hábitos como dietas ricas em gorduras, sedentarismo e tabagismo. No Brasil, um em cada três adultos sofre do mal. Fator de risco para infartos e derrames, em 90% dos casos a hipertensão é doença crónica e, como tal, requer tratamento medicamentoso por toda a vida. Mas cerca de 43% dos doentes brasileiros suspendem a medicação de uma hora para outra. A interrupção repentina traz riscos. Pode deflagrar uma crise aguda de hipertensão e levar ao derrame cerebral.
Fonte: Veja
5.09.2008
Efeitos da Cafeína
Efeitos da Cafeína
Muito provavelmente a cafeína tem sido utilizada, por seus efeitos sobre o Sistema Nervoso Central, desde o período paleolítico (Barone e Roberts, 1984). Os relatos mais confiáveis, entretanto, referem que ela tem sido consumida há milênios. Os chineses já a consumiam no século IV a.C.
Nossa cultura atual reconhece que o café, tal como se conhece hoje, seja originário da Etiópia (antiga Abissínia), difundindo-se na península arábica através do Iêmen e, dos árabes, para o resto do mundo.
Na Europa o café foi mais fortemente introduzido a partir do século XVI pelos espanhóis e holandeses, no período das conquistas ultramarinas (James,...1997). Antes disso o café era consumido de maneira restrita e a bebida nobre era o chá.
A inclinação periódica de desqualificar o café, muitas vezes em favor do chá, é igualmente antiga. Um fato curioso ocorreu com o rei sueco Gustavo II. O monarca considerava o café uma bebida revolucionária e uma ameaça a civilização. Por causa disso idealizou uma experiência para mostrar as conseqüências do uso do produto: um prisioneiro condenado à morte seria forçado a beber café diariamente até morrer, enquanto outro condenado beberia chá. Por ironia, os médicos responsáveis pelo estudo morreram primeiro, seguidos pelo assassinato do rei. Quanto aos prisioneiros, o primeiro a falecer foi o bebedor de chá, aos 83 anos (Messias,...2001).
A cafeína, quimicamente conhecida por 1,3,7-trimetilxantina, é o ingrediente ativo do café, mas pode estar presente em muitas comidas e bebidas. Essa substância pertence ao grupo de compostos das metilxantinas, onde se inclui também o chá. As xantinas são substâncias capazes de estimular o sistema nervoso, produzindo certo estado de alerta de curta duração.
Além do café, a cafeína também é encontrada em outras bebidas, em proporções menores, tais como naquelas bebidas contendo cacau, cola, chocolate, além do chá e de alguns remédios do tipo analgésico ou contra gripes. Devido à diversidade de produtos que contém cafeína, presente em mais de 60 espécies de plantas do mundo, ela é, seguramente, a droga psicoativa mais popular no mundo (Glass,...1994; Palfai e Jankiewiez, 1991).
A cafeína é mesmo a substância estimulante de maior consumo em todo mundo. Só nos Estados Unidos, calcula-se que a média de ingestão diária por pessoa seja superior a 150mg, o equivalente a 3,5 kg de café por ano por pessoa.
Considerando que a cafeína está presente no café, chá, chocolates, refrigerantes à base de cafeína ou medicamentos, pode-se dizer que cerca de 80% da população geral faz uso dessa substância diariamente, embora seja muito difícil quantificar seu consumo (Strain & Griffiths, 2000). Nas últimas décadas, devido ao aumento do consumo de refrigerantes do tipo cola, tem crescido o consumo de cafeína, sobretudo entre os adolescentes.
De todos os estudos publicados até agora sobre a cafeína, não se pode extrair de forma incontestável, dados que comprovem que essa substância apresenta perigos ao organismo (Boa Saúde). Ao lado de muitas recomendações médicas, técnicas e científicas na direção de se evitar consumir a cafeína em excesso, a substância pode até atuar de forma terapêutica e ser consumida com a devida prescrição médica.
Níveis de cafeína por volume
Café Expresso (2 xícaras) 250 a 330 mg
Café descafeinado 1 - 5 mg
Café preparado por decantação 40 - 170 mg
Café preparado por gotejamento 60 - 180 mg
Café solúvel 30 - 120 mg
Chá preparado 20 - 110 mg
Chá instantâneo 25 - 50 mg
Chocolate 2 - 20 mg
Coca Cola 45 mg
Diet Coke 45 mg
Pepsi Cola 40 mg
Refrigerantes diversos 2 - 20 mg
Medicamentos analgésicos 30 - 200 mg
Remédios para resfriados 30 - 100 mg
Efeitos da Cafeína
Sistema Nervoso Central
A cafeína é um estimulante do Sistema Nervoso Central. Penetrando na corrente sanguínea atinge o córtex cerebral exercendo aí seus efeitos. O que se percebe, inicialmente, é uma espécie de revigoramento e diminuição do sono e da fadiga.
No Sistema Nervoso Central, mais precisamente, no Sistema Nervoso Autônomo, o sistema de neurotransmissão baseado no neurotransmissor adenosina age como redutor da freqüência cardíaca, da pressão sanguínea e da temperatura corporal. Normalmente é o que acontece quando somos acometidos pela sensação de cansaço, torpor e sono. A cafeína exerce uma ação inibidora sobre esses receptores do neurotransmissor adenosina, situados nas células nervosas. Por isso dá-nos uma sensação de revigoramento, diminuição do sono e da fadiga.
Por outro lado, a cafeína exerce um efeito sobre a descarga das células nervosas e a liberação de alguns outros neurotransmissores e hormônios, tais como a adrenalina. Ela age também sobre aumento da secreção da enzima lipase, uma lipoproteína que mobiliza os depósitos de gordura para utilizá-los como fonte de energia no lugar do glicogênio muscular. Esse efeito de poupar o glicogênio, torna o corpo mais resistente à fadiga.
Uma xícara de café forte costuma produzir em poucos minutos, um aumento da acuidade mental e sensorial, além de elevar o nível de energia, tornando a pessoa mais alerta e proporcionando bem-estar.
Uma xícara comum de café contém cerca de 50 a 150 miligramas de cafeína, enquanto uma xícara de chá ou de refrigerantes a base de cola tem entre 35 a 50 miligramas. O café coado tem menos teor de cafeína que o café sírio, por exemplo, que não se filtra, ficando o pó assentado no fundo do recipiente e muito menos que o café expresso (sob pressão de vapor). Este último tem maior proporção de cafeína, conseqüentemente produz um maior estado energético. Assim consumido e, freqüentemente, e em altas doses, a cafeína pode vir a provocar uma dependência moderada em certas pessoas.
Em doses muito elevadas a cafeína pode provocar a liberação espontânea de íons cálcio dentro do músculo, desencadeando pequenos tremores involuntários, aumento da pressão arterial e da freqüência cardíaca.
Em medicina, a cafeína tem sido usada para reativar padrões deprimidos de respiração, como terapêutica auxiliar no tratamento de dores, principalmente de cabeça e enxaqueca. Mais recentemente a cafeína tem sido usada como coadjuvante em muitos remédios para o dor, controle do peso, alívio de alergias e para melhorar o estado de alerta (Barone e Roberts, 1984).
Sistema Cardiovascular
Duas a três xícaras de café forte (aproximadamente 250 mg de cafeína), numa pessoa que não faz uso regular da bebida, pode causar aumento da freqüência cardíaca (taquicardia). Em alguns casos pode haver sensação de palpitação produzida pela ocorrência de extra-sístoles.
Há também maior probabilidade de haver um aumento da pressão sangüínea desencadeada pela cafeína, juntamente com vasodilatação e aumento do fluxo sangüíneo para os tecidos em geral, incluindo as coronárias.
Os vasos sangüíneos cerebrais, por sua vez, apresentam diminuição do calibre. Essa vasoconstricção cerebral é a propriedade que justifica o emprego da cafeína no tratamento de crises de enxaqueca, onde a vasodilatação existente é responsável pelo quadro, e é combatida pela cafeína.
Entretanto, tudo isso pode ser modificado com o uso regular da cafeína. Essa mudança de resposta do organismo aos efeitos da cafeína dá-se pelo desenvolvimento de uma tolerância à substância, a partir da qual ela não causa mais qualquer tipo de alteração na pressão sanguínea, na freqüência cardíaca e no fluxo de sangue aos tecidos.
Sistema Respiratório
A cafeína possui dois efeitos importantes no sistema respiratório. Ela estimula os neurônios do centro respiratório do cérebro proporcionando um aumento discreto da freqüência e a intensidade da respiração, juntamente com um efeito local nos brônquios, produzindo um satisfatório efeito broncodilatador. Essas propriedades sugerem benefícios no consumo regular de cafeína por pacientes asmáticos.
Sistema Genitourinário
A ingesta aguda de cafeína produz um moderado aumento no volume de urina e na excreção urinária de sódio, diminuindo a reabsorção de sódio e de água nos túbulos renais. Assim sendo ela tem algum efeito diurético que pode ser útil no alívio de cólicas menstruais (dismenorréia) produzidas pela retenção de líquidos. Esse efeito de alívio na dismenorréia e realçado pelos efeitos analgésicos da substância.
Sistema Digestivo
A cafeína estimula a secreção gástrica de ácido clorídrico e da enzima pepsina no ser humano, em doses a partir de 250 mg (duas xícaras de café forte). Essa característica da cafeína a contra-indica em pacientes com úlcera digestiva. Entretanto, em pessoas sem nenhuma patologia digestiva a cafeína não tem sido associada a um maior risco de úlcera péptica. Essa associação ainda não foi difinitivamente investigada e esclarecida através de pesquisas clínicas convincentes.
Sistema Endócrino
A cafeína tem sido associada à um aumento nos níveis de ácidos graxos livres no sangue, portanto, funcionaria como uma substância capaz de mobilizar gorduras. Esse efeito não teria influência da tolerância, ou seja, ele se observaria tanto em pessoas que usam cafeína esporadicamente, como nos usuários crônicos.
O efeito termogênico, de aumento dos níveis de ácidos graxos, ocorre devido a uma mobilização das gorduras de seus depósitos (lipólise), muito provavelmente em conseqüência da ação da cafeína como antagonista dos efeitos da adenosina no tecido adiposo. Atualmente já existem evidências de que possa ter algum efeito da cafeína no emagrecimento de pessoas obesas, principalmente quando ingerida junto com as refeições.
Ainda em relação ao Sistema Endócrino, a ingestão de cafeína por uma pessoa que não faça uso regular da mesma, pode causar um aumento dos níveis de alguns hormônios, como a renina, as catecolaminas, a insulina e o hormônio da paratireóide. Estes efeitos, entretanto, como acontece no fenômeno da tolerância, não ocorrem na pessoa que faz uso regular da substância devido à adaptação do organismo à mesma.
Muitos usos terapêuticos para a cafeína têm sido propostos, como para a inseminação artificial no caso de espermatozóides hipocinéticos, dores de cabeça, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, Doença de Parkinson, Dermatite Atópica e Apnéia Neonatal.
A possível ação antineoplásica da cafeína necessita de pesquisas adicionais, pois a cafeína poderia ter um importante papel protegendo fumantes contra o câncer de pulmão. A cafeína pode ser de algum benefício no tratamento da dermatite atópica. Uma das aplicações terapêuticas para a qual a cafeína possui seu maior potencial é no tratamento da Apnéia Respiratória Neonatal.
Efeitos Benéficos
Mal de Parkinson
O café (ou a cafeína) pode ajudar a deter a Doença de Parkinson ou mesmo prevení-la. Mas, tendo em vista o ainda reduzido número de trabalhos sobre esse tema, não se sabe o suficiente para poder recomendar com bastante segurança, o aumento do consumo de café como medida preventiva para a Doença de Parkinson.
A Doença de Parkinson causa tremores musculares e fraqueza, afeta cerca de uma pessoa em cada 200, em todo o mundo, mais comumente idosos. Entre as vítimas mais famosas encontram-se, atualmente, o papa João Paulo II, o ex-boxeador Muhammad Ali e o ator Michael J. Fox.
Alguns estudos atuais têm sugerido, fortemente, que a cafeína pode estar relacionada à prevenção da Doença de Parkinson. Entre esses estudos destacamos três, um de Ross e colaboradores, de 2000, mostrando um efeito protetor da cafeína sobre o desenvolvimento da Doença de Parkinson, e dois trabalhos, de 2001, corroborando esses resultados.
O estudo de Ross (2000) enfocou dados colhidos durante 30 anos de 8.004 homens participantes de um programa cardíaco e descobriu que, quem não bebia café tinha um risco de desenvolver a Doença de Parkinson cinco vezes maior do que as pessoas que consumiam cinco ou mais xícaras de café por dia.
Ascherio e colaboradores (2001), estudaram uma população de 47.351 homens e 88.565 mulheres sem Doença de Parkinson, mediante a aplicação de um detalhado questionário dietético sobre o estilo de vida, atualizando-os a cada dois ou quatro anos. Os resultados apontaram para um possível efeito protetor de doses moderadas da cafeína no desenvolvimento da Doença de Parkinson.
Também em 2001, Chen e colaboradores elaboraram estudos epidemiológicos associando o consumo de cafeína e Doença de Parkinson. Os dados de Chen estabelecem uma base neurológica potencial para a associação inversa da cafeína com o desenvolvimento da Doença de Parkinson, ou seja, quanto mais presente estava a cafeína na vida da pessoa, menores eram as possibilidades dessa doença. A cafeína atuaria impedindo os deficits dopaminérgicos característicos da Doença de Parkinson.
Dores de Cabeça
A cafeína, por ter a propriedade de contrair os vasos sangüíneos, compensa a dilatação dos vasos sangüíneos do crânio que normalmente causa a dor de cabeça, aliviando esse desagradável sintoma. Além disso, a cafeína parece potencializar os efeitos de outros analgésicos além de melhorar as dores de cabeça por razões emocionais.
Seymour Diamond (2001), realizou estudo com 301 pessoas que sofrem de dor de cabeça (cefaléia) freqüente, mostrou que uma dose de cafeína também pode ajudar a tratar a cefaléia comum associada à tensão e atingir resultados ainda melhores se combinada com ibuprofeno.
Da população pesquisada, 80% dos que tomaram a combinação de ibuprofeno com cafeína verificaram que as dores melhoraram significativamente em seis horas, comparadas a 67% que tomaram somente ibuprofeno.
Os pacientes que receberam ibuprofeno associado à cafeína tiveram um alívio da dor quase uma hora antes dos pacientes que tomaram apenas ibuprofeno. Esses pacientes pesquisados por Diamond apresentavam dores de cabeça associadas à tensão, conhecidas como cefaléias por tensão, de 3 a 15 vezes por mês.
Feldman (1994), recomenda que pacientes portadores de cefaléia tipo enxaqueca, crônica, pararem de tomar café por um algum tempo, com o objetivo de "limpar o organismo" para, quando estiverem sofrendo uma crise de enxaqueca e não quiserem tomar algum outro tipo de remédio, possam servir-se de duas xícaras de café bem forte para obter alívio.
Melhora da Atenção
Sabe-se, há tempos, que substâncias estimulantes podem melhorar a atenção. Warburton (2001) pesquisou o efeito de alguns estimulantes, entre eles a cafeína, sobre os níveis de atenção, com resultados bastante positivos.
Em pacientes portadores de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (veja) o uso de estimulantes, notadamente a cafeína, tem desempenhado um efeito próximo de brilhante (Riccio,...2001). Nesse transtorno estaria prejudicada a atenção voluntária (e seletiva) por um excesso de atenção expontânea (aumento da vigilância e prejuízo da tenacidade). A cafeína teria um possível efeito nos mecanismos frontais do controle, isto é, melhorando a atenção focalizada (expontânea) e favorecendo uma maisor seletividade do objeto a dedicar atenção (Ruijter,...2000).
Alguns trabalhos estudaram os efeitos da cafeína na melhora da atenção para dirigir veículos em pessoas que haviam ingerido álcool. Os resultados, embora apontem alguma melhora da atenção, não diminuem satisfatoriamente os efeitos danosos do álcool em relação aos reflexos (Liguori,...2001).
A área cerebral envolvida com atenção e alerta é o tálamo. Experiências com Ressonância Magnética Funcional mostram alterações na função do tálamo depois do estímulo que solicita atenção e alerta seletivo (atenção voluntária). Também se percebem alterações na função dessa área do cérebro depois da administração de cafeína (Portas,...1998).
Um dos trabalhos expressivos sobre a relação da cafeína com a atenção é o de Bernstein e colaboradores (1998). Nesse estudo, os autores avaliam a qualidade do rendimento escolar em crianças escolares após uma dieta livre de cafeína, em comparação com o rendimento antes da retirada.
Houve uma deterioração significativa no tempo de resposta de um teste contínuo de desempenho e atenção com a retirada da cafeína. Essa deterioração no tempo de resposta parece ter persistido por 1 semana. A conclusão de Bernstein foi de que, 24 horas depois das crianças interromperem o uso da cafeína, houve uma importante diminuição no desempenho e no tempo de reação de uma tarefa que requer a atenção expontânea.
Para a desatenção típica do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade o metilfenidato (Ritalina) tem sido bastante eficaz. Como opção ao metilfenidato são usados também os antidepressivos tricíclicos (amitriptilina, por exemplo). A ação da cafeína para tratamento desse transtorno, não tem merecido crédito atualmente mas, a despeito da literatura, na prática clínica se observa um efeito muitíssimo gratificante que algumas crianças.
Apnéia do Recém Nascido
A apnéia é o distúrbio respiratório mais freqüente no período neonatal. Define-se Apnéia como a parada de respiração com duração superior a 5 segundos. A apnéia será patológica se for seguida de diminuição dos batimentos cardíacos (bradicardia) e palidez da pele (cianose).
Na maioria das vezes, a apnéia é uma ocorrência isolada, mas que pode colocar o recém-nascido em risco de vida, quando não é prontamente reconhecida e adequadamente tratada. Freqüentemente a Apnéia Neionatal ocorre em crianças com baixo peso (inferior a 2.500g) e prematuros mas, excepcionalmente, a apnéia grave também pode ocorrer no recém-nascido de tempo normal e com peso normal (Andrade Lopes,...2001).
Embora o tratamento oficialmente reconhecido da Apnéia Neonatal seja com Teofilina, em alguns centros do mundo a cafeína tem sido a droga de escolha (Henderson-Smart, 2000). A cafeína tem como vantagens, sobre a teofilina, uma meia vida maior, podendo ser administrada a cada 24h e com menos efeitos colaterais. No Brasil existe a solução ou pó de cafeína para uso via oral. Alguns autores recomendam a administração de cafeína naqueles recém-nascidos que, mesmo em uso de teofilina, ainda estão apresentando apnéias.
Rendimento Físico
O Comitê Olímpico Internacional (COI) proíbe altas doses de cafeína no organismo. Atletas olímpicos com mais de 12mg de cafeína por mililitro de urina podem ser desqualificados da competição. Isto equivaleria a 4 canecas de 280ml de café fraco; 16 refrigerantes a base de colas; 25 antigripais, etc, de qualquer forma, esses padrões correspondem a altíssimas doses (FitFazio, 2000).
Corredores que tiveram a cafeína equivalente a 2 xícaras de café (330 mg cafeína) uma hora antes do exercício, correram 15 minutos mais do que quando eles se exercitavam sem a cafeína.
O efeito da cafeína na performance dos exercícios deve-se, provavelmente, à diferença na percepção do cansaço, ou seja, ela teria um papel ergogênico no desempenho do exercício alterando a percepção neural do esforço e da disponibilidade física (Costil,...1978, Cole,...1996).
Outro estudo em ciclistas que usaram 2,5 gramas de cafeína por quilo de peso corporal, mostrou que eles se exercitaram 29% a mais que o grupo controle sem cafeína (Trice,...1995).
Pesquisas não mostram, entretanto, qualquer efeito da cafeína sobre a força muscular máxima ou sobre as contrações musculares voluntárias. Seu efeito, entretanto, estaria na capacidade de retardar a fadiga, possivelmente devido à sua influência sobre a sensibilidade das miofibrilas ao íon cálcio (FitFazio, 2000).
Fonte: http://www.psiqweb.med.br/farmaco/cafeina.html
Muito provavelmente a cafeína tem sido utilizada, por seus efeitos sobre o Sistema Nervoso Central, desde o período paleolítico (Barone e Roberts, 1984). Os relatos mais confiáveis, entretanto, referem que ela tem sido consumida há milênios. Os chineses já a consumiam no século IV a.C.
Nossa cultura atual reconhece que o café, tal como se conhece hoje, seja originário da Etiópia (antiga Abissínia), difundindo-se na península arábica através do Iêmen e, dos árabes, para o resto do mundo.
Na Europa o café foi mais fortemente introduzido a partir do século XVI pelos espanhóis e holandeses, no período das conquistas ultramarinas (James,...1997). Antes disso o café era consumido de maneira restrita e a bebida nobre era o chá.
A inclinação periódica de desqualificar o café, muitas vezes em favor do chá, é igualmente antiga. Um fato curioso ocorreu com o rei sueco Gustavo II. O monarca considerava o café uma bebida revolucionária e uma ameaça a civilização. Por causa disso idealizou uma experiência para mostrar as conseqüências do uso do produto: um prisioneiro condenado à morte seria forçado a beber café diariamente até morrer, enquanto outro condenado beberia chá. Por ironia, os médicos responsáveis pelo estudo morreram primeiro, seguidos pelo assassinato do rei. Quanto aos prisioneiros, o primeiro a falecer foi o bebedor de chá, aos 83 anos (Messias,...2001).
A cafeína, quimicamente conhecida por 1,3,7-trimetilxantina, é o ingrediente ativo do café, mas pode estar presente em muitas comidas e bebidas. Essa substância pertence ao grupo de compostos das metilxantinas, onde se inclui também o chá. As xantinas são substâncias capazes de estimular o sistema nervoso, produzindo certo estado de alerta de curta duração.
Além do café, a cafeína também é encontrada em outras bebidas, em proporções menores, tais como naquelas bebidas contendo cacau, cola, chocolate, além do chá e de alguns remédios do tipo analgésico ou contra gripes. Devido à diversidade de produtos que contém cafeína, presente em mais de 60 espécies de plantas do mundo, ela é, seguramente, a droga psicoativa mais popular no mundo (Glass,...1994; Palfai e Jankiewiez, 1991).
A cafeína é mesmo a substância estimulante de maior consumo em todo mundo. Só nos Estados Unidos, calcula-se que a média de ingestão diária por pessoa seja superior a 150mg, o equivalente a 3,5 kg de café por ano por pessoa.
Considerando que a cafeína está presente no café, chá, chocolates, refrigerantes à base de cafeína ou medicamentos, pode-se dizer que cerca de 80% da população geral faz uso dessa substância diariamente, embora seja muito difícil quantificar seu consumo (Strain & Griffiths, 2000). Nas últimas décadas, devido ao aumento do consumo de refrigerantes do tipo cola, tem crescido o consumo de cafeína, sobretudo entre os adolescentes.
De todos os estudos publicados até agora sobre a cafeína, não se pode extrair de forma incontestável, dados que comprovem que essa substância apresenta perigos ao organismo (Boa Saúde). Ao lado de muitas recomendações médicas, técnicas e científicas na direção de se evitar consumir a cafeína em excesso, a substância pode até atuar de forma terapêutica e ser consumida com a devida prescrição médica.
Níveis de cafeína por volume
Café Expresso (2 xícaras) 250 a 330 mg
Café descafeinado 1 - 5 mg
Café preparado por decantação 40 - 170 mg
Café preparado por gotejamento 60 - 180 mg
Café solúvel 30 - 120 mg
Chá preparado 20 - 110 mg
Chá instantâneo 25 - 50 mg
Chocolate 2 - 20 mg
Coca Cola 45 mg
Diet Coke 45 mg
Pepsi Cola 40 mg
Refrigerantes diversos 2 - 20 mg
Medicamentos analgésicos 30 - 200 mg
Remédios para resfriados 30 - 100 mg
Efeitos da Cafeína
Sistema Nervoso Central
A cafeína é um estimulante do Sistema Nervoso Central. Penetrando na corrente sanguínea atinge o córtex cerebral exercendo aí seus efeitos. O que se percebe, inicialmente, é uma espécie de revigoramento e diminuição do sono e da fadiga.
No Sistema Nervoso Central, mais precisamente, no Sistema Nervoso Autônomo, o sistema de neurotransmissão baseado no neurotransmissor adenosina age como redutor da freqüência cardíaca, da pressão sanguínea e da temperatura corporal. Normalmente é o que acontece quando somos acometidos pela sensação de cansaço, torpor e sono. A cafeína exerce uma ação inibidora sobre esses receptores do neurotransmissor adenosina, situados nas células nervosas. Por isso dá-nos uma sensação de revigoramento, diminuição do sono e da fadiga.
Por outro lado, a cafeína exerce um efeito sobre a descarga das células nervosas e a liberação de alguns outros neurotransmissores e hormônios, tais como a adrenalina. Ela age também sobre aumento da secreção da enzima lipase, uma lipoproteína que mobiliza os depósitos de gordura para utilizá-los como fonte de energia no lugar do glicogênio muscular. Esse efeito de poupar o glicogênio, torna o corpo mais resistente à fadiga.
Uma xícara de café forte costuma produzir em poucos minutos, um aumento da acuidade mental e sensorial, além de elevar o nível de energia, tornando a pessoa mais alerta e proporcionando bem-estar.
Uma xícara comum de café contém cerca de 50 a 150 miligramas de cafeína, enquanto uma xícara de chá ou de refrigerantes a base de cola tem entre 35 a 50 miligramas. O café coado tem menos teor de cafeína que o café sírio, por exemplo, que não se filtra, ficando o pó assentado no fundo do recipiente e muito menos que o café expresso (sob pressão de vapor). Este último tem maior proporção de cafeína, conseqüentemente produz um maior estado energético. Assim consumido e, freqüentemente, e em altas doses, a cafeína pode vir a provocar uma dependência moderada em certas pessoas.
Em doses muito elevadas a cafeína pode provocar a liberação espontânea de íons cálcio dentro do músculo, desencadeando pequenos tremores involuntários, aumento da pressão arterial e da freqüência cardíaca.
Em medicina, a cafeína tem sido usada para reativar padrões deprimidos de respiração, como terapêutica auxiliar no tratamento de dores, principalmente de cabeça e enxaqueca. Mais recentemente a cafeína tem sido usada como coadjuvante em muitos remédios para o dor, controle do peso, alívio de alergias e para melhorar o estado de alerta (Barone e Roberts, 1984).
Sistema Cardiovascular
Duas a três xícaras de café forte (aproximadamente 250 mg de cafeína), numa pessoa que não faz uso regular da bebida, pode causar aumento da freqüência cardíaca (taquicardia). Em alguns casos pode haver sensação de palpitação produzida pela ocorrência de extra-sístoles.
Há também maior probabilidade de haver um aumento da pressão sangüínea desencadeada pela cafeína, juntamente com vasodilatação e aumento do fluxo sangüíneo para os tecidos em geral, incluindo as coronárias.
Os vasos sangüíneos cerebrais, por sua vez, apresentam diminuição do calibre. Essa vasoconstricção cerebral é a propriedade que justifica o emprego da cafeína no tratamento de crises de enxaqueca, onde a vasodilatação existente é responsável pelo quadro, e é combatida pela cafeína.
Entretanto, tudo isso pode ser modificado com o uso regular da cafeína. Essa mudança de resposta do organismo aos efeitos da cafeína dá-se pelo desenvolvimento de uma tolerância à substância, a partir da qual ela não causa mais qualquer tipo de alteração na pressão sanguínea, na freqüência cardíaca e no fluxo de sangue aos tecidos.
Sistema Respiratório
A cafeína possui dois efeitos importantes no sistema respiratório. Ela estimula os neurônios do centro respiratório do cérebro proporcionando um aumento discreto da freqüência e a intensidade da respiração, juntamente com um efeito local nos brônquios, produzindo um satisfatório efeito broncodilatador. Essas propriedades sugerem benefícios no consumo regular de cafeína por pacientes asmáticos.
Sistema Genitourinário
A ingesta aguda de cafeína produz um moderado aumento no volume de urina e na excreção urinária de sódio, diminuindo a reabsorção de sódio e de água nos túbulos renais. Assim sendo ela tem algum efeito diurético que pode ser útil no alívio de cólicas menstruais (dismenorréia) produzidas pela retenção de líquidos. Esse efeito de alívio na dismenorréia e realçado pelos efeitos analgésicos da substância.
Sistema Digestivo
A cafeína estimula a secreção gástrica de ácido clorídrico e da enzima pepsina no ser humano, em doses a partir de 250 mg (duas xícaras de café forte). Essa característica da cafeína a contra-indica em pacientes com úlcera digestiva. Entretanto, em pessoas sem nenhuma patologia digestiva a cafeína não tem sido associada a um maior risco de úlcera péptica. Essa associação ainda não foi difinitivamente investigada e esclarecida através de pesquisas clínicas convincentes.
Sistema Endócrino
A cafeína tem sido associada à um aumento nos níveis de ácidos graxos livres no sangue, portanto, funcionaria como uma substância capaz de mobilizar gorduras. Esse efeito não teria influência da tolerância, ou seja, ele se observaria tanto em pessoas que usam cafeína esporadicamente, como nos usuários crônicos.
O efeito termogênico, de aumento dos níveis de ácidos graxos, ocorre devido a uma mobilização das gorduras de seus depósitos (lipólise), muito provavelmente em conseqüência da ação da cafeína como antagonista dos efeitos da adenosina no tecido adiposo. Atualmente já existem evidências de que possa ter algum efeito da cafeína no emagrecimento de pessoas obesas, principalmente quando ingerida junto com as refeições.
Ainda em relação ao Sistema Endócrino, a ingestão de cafeína por uma pessoa que não faça uso regular da mesma, pode causar um aumento dos níveis de alguns hormônios, como a renina, as catecolaminas, a insulina e o hormônio da paratireóide. Estes efeitos, entretanto, como acontece no fenômeno da tolerância, não ocorrem na pessoa que faz uso regular da substância devido à adaptação do organismo à mesma.
Muitos usos terapêuticos para a cafeína têm sido propostos, como para a inseminação artificial no caso de espermatozóides hipocinéticos, dores de cabeça, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, Doença de Parkinson, Dermatite Atópica e Apnéia Neonatal.
A possível ação antineoplásica da cafeína necessita de pesquisas adicionais, pois a cafeína poderia ter um importante papel protegendo fumantes contra o câncer de pulmão. A cafeína pode ser de algum benefício no tratamento da dermatite atópica. Uma das aplicações terapêuticas para a qual a cafeína possui seu maior potencial é no tratamento da Apnéia Respiratória Neonatal.
Efeitos Benéficos
Mal de Parkinson
O café (ou a cafeína) pode ajudar a deter a Doença de Parkinson ou mesmo prevení-la. Mas, tendo em vista o ainda reduzido número de trabalhos sobre esse tema, não se sabe o suficiente para poder recomendar com bastante segurança, o aumento do consumo de café como medida preventiva para a Doença de Parkinson.
A Doença de Parkinson causa tremores musculares e fraqueza, afeta cerca de uma pessoa em cada 200, em todo o mundo, mais comumente idosos. Entre as vítimas mais famosas encontram-se, atualmente, o papa João Paulo II, o ex-boxeador Muhammad Ali e o ator Michael J. Fox.
Alguns estudos atuais têm sugerido, fortemente, que a cafeína pode estar relacionada à prevenção da Doença de Parkinson. Entre esses estudos destacamos três, um de Ross e colaboradores, de 2000, mostrando um efeito protetor da cafeína sobre o desenvolvimento da Doença de Parkinson, e dois trabalhos, de 2001, corroborando esses resultados.
O estudo de Ross (2000) enfocou dados colhidos durante 30 anos de 8.004 homens participantes de um programa cardíaco e descobriu que, quem não bebia café tinha um risco de desenvolver a Doença de Parkinson cinco vezes maior do que as pessoas que consumiam cinco ou mais xícaras de café por dia.
Ascherio e colaboradores (2001), estudaram uma população de 47.351 homens e 88.565 mulheres sem Doença de Parkinson, mediante a aplicação de um detalhado questionário dietético sobre o estilo de vida, atualizando-os a cada dois ou quatro anos. Os resultados apontaram para um possível efeito protetor de doses moderadas da cafeína no desenvolvimento da Doença de Parkinson.
Também em 2001, Chen e colaboradores elaboraram estudos epidemiológicos associando o consumo de cafeína e Doença de Parkinson. Os dados de Chen estabelecem uma base neurológica potencial para a associação inversa da cafeína com o desenvolvimento da Doença de Parkinson, ou seja, quanto mais presente estava a cafeína na vida da pessoa, menores eram as possibilidades dessa doença. A cafeína atuaria impedindo os deficits dopaminérgicos característicos da Doença de Parkinson.
Dores de Cabeça
A cafeína, por ter a propriedade de contrair os vasos sangüíneos, compensa a dilatação dos vasos sangüíneos do crânio que normalmente causa a dor de cabeça, aliviando esse desagradável sintoma. Além disso, a cafeína parece potencializar os efeitos de outros analgésicos além de melhorar as dores de cabeça por razões emocionais.
Seymour Diamond (2001), realizou estudo com 301 pessoas que sofrem de dor de cabeça (cefaléia) freqüente, mostrou que uma dose de cafeína também pode ajudar a tratar a cefaléia comum associada à tensão e atingir resultados ainda melhores se combinada com ibuprofeno.
Da população pesquisada, 80% dos que tomaram a combinação de ibuprofeno com cafeína verificaram que as dores melhoraram significativamente em seis horas, comparadas a 67% que tomaram somente ibuprofeno.
Os pacientes que receberam ibuprofeno associado à cafeína tiveram um alívio da dor quase uma hora antes dos pacientes que tomaram apenas ibuprofeno. Esses pacientes pesquisados por Diamond apresentavam dores de cabeça associadas à tensão, conhecidas como cefaléias por tensão, de 3 a 15 vezes por mês.
Feldman (1994), recomenda que pacientes portadores de cefaléia tipo enxaqueca, crônica, pararem de tomar café por um algum tempo, com o objetivo de "limpar o organismo" para, quando estiverem sofrendo uma crise de enxaqueca e não quiserem tomar algum outro tipo de remédio, possam servir-se de duas xícaras de café bem forte para obter alívio.
Melhora da Atenção
Sabe-se, há tempos, que substâncias estimulantes podem melhorar a atenção. Warburton (2001) pesquisou o efeito de alguns estimulantes, entre eles a cafeína, sobre os níveis de atenção, com resultados bastante positivos.
Em pacientes portadores de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (veja) o uso de estimulantes, notadamente a cafeína, tem desempenhado um efeito próximo de brilhante (Riccio,...2001). Nesse transtorno estaria prejudicada a atenção voluntária (e seletiva) por um excesso de atenção expontânea (aumento da vigilância e prejuízo da tenacidade). A cafeína teria um possível efeito nos mecanismos frontais do controle, isto é, melhorando a atenção focalizada (expontânea) e favorecendo uma maisor seletividade do objeto a dedicar atenção (Ruijter,...2000).
Alguns trabalhos estudaram os efeitos da cafeína na melhora da atenção para dirigir veículos em pessoas que haviam ingerido álcool. Os resultados, embora apontem alguma melhora da atenção, não diminuem satisfatoriamente os efeitos danosos do álcool em relação aos reflexos (Liguori,...2001).
A área cerebral envolvida com atenção e alerta é o tálamo. Experiências com Ressonância Magnética Funcional mostram alterações na função do tálamo depois do estímulo que solicita atenção e alerta seletivo (atenção voluntária). Também se percebem alterações na função dessa área do cérebro depois da administração de cafeína (Portas,...1998).
Um dos trabalhos expressivos sobre a relação da cafeína com a atenção é o de Bernstein e colaboradores (1998). Nesse estudo, os autores avaliam a qualidade do rendimento escolar em crianças escolares após uma dieta livre de cafeína, em comparação com o rendimento antes da retirada.
Houve uma deterioração significativa no tempo de resposta de um teste contínuo de desempenho e atenção com a retirada da cafeína. Essa deterioração no tempo de resposta parece ter persistido por 1 semana. A conclusão de Bernstein foi de que, 24 horas depois das crianças interromperem o uso da cafeína, houve uma importante diminuição no desempenho e no tempo de reação de uma tarefa que requer a atenção expontânea.
Para a desatenção típica do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade o metilfenidato (Ritalina) tem sido bastante eficaz. Como opção ao metilfenidato são usados também os antidepressivos tricíclicos (amitriptilina, por exemplo). A ação da cafeína para tratamento desse transtorno, não tem merecido crédito atualmente mas, a despeito da literatura, na prática clínica se observa um efeito muitíssimo gratificante que algumas crianças.
Apnéia do Recém Nascido
A apnéia é o distúrbio respiratório mais freqüente no período neonatal. Define-se Apnéia como a parada de respiração com duração superior a 5 segundos. A apnéia será patológica se for seguida de diminuição dos batimentos cardíacos (bradicardia) e palidez da pele (cianose).
Na maioria das vezes, a apnéia é uma ocorrência isolada, mas que pode colocar o recém-nascido em risco de vida, quando não é prontamente reconhecida e adequadamente tratada. Freqüentemente a Apnéia Neionatal ocorre em crianças com baixo peso (inferior a 2.500g) e prematuros mas, excepcionalmente, a apnéia grave também pode ocorrer no recém-nascido de tempo normal e com peso normal (Andrade Lopes,...2001).
Embora o tratamento oficialmente reconhecido da Apnéia Neonatal seja com Teofilina, em alguns centros do mundo a cafeína tem sido a droga de escolha (Henderson-Smart, 2000). A cafeína tem como vantagens, sobre a teofilina, uma meia vida maior, podendo ser administrada a cada 24h e com menos efeitos colaterais. No Brasil existe a solução ou pó de cafeína para uso via oral. Alguns autores recomendam a administração de cafeína naqueles recém-nascidos que, mesmo em uso de teofilina, ainda estão apresentando apnéias.
Rendimento Físico
O Comitê Olímpico Internacional (COI) proíbe altas doses de cafeína no organismo. Atletas olímpicos com mais de 12mg de cafeína por mililitro de urina podem ser desqualificados da competição. Isto equivaleria a 4 canecas de 280ml de café fraco; 16 refrigerantes a base de colas; 25 antigripais, etc, de qualquer forma, esses padrões correspondem a altíssimas doses (FitFazio, 2000).
Corredores que tiveram a cafeína equivalente a 2 xícaras de café (330 mg cafeína) uma hora antes do exercício, correram 15 minutos mais do que quando eles se exercitavam sem a cafeína.
O efeito da cafeína na performance dos exercícios deve-se, provavelmente, à diferença na percepção do cansaço, ou seja, ela teria um papel ergogênico no desempenho do exercício alterando a percepção neural do esforço e da disponibilidade física (Costil,...1978, Cole,...1996).
Outro estudo em ciclistas que usaram 2,5 gramas de cafeína por quilo de peso corporal, mostrou que eles se exercitaram 29% a mais que o grupo controle sem cafeína (Trice,...1995).
Pesquisas não mostram, entretanto, qualquer efeito da cafeína sobre a força muscular máxima ou sobre as contrações musculares voluntárias. Seu efeito, entretanto, estaria na capacidade de retardar a fadiga, possivelmente devido à sua influência sobre a sensibilidade das miofibrilas ao íon cálcio (FitFazio, 2000).
Fonte: http://www.psiqweb.med.br/farmaco/cafeina.html
Dependência Medicamentosa
Dependência Medicamentosa
O número de pessoas que consomem substâncias psicoativas que criam dependência está aumentando em quase todo mundo, além disso, os especialistas preocupam-se porque o consumo inicia em uma idade cada vez mais precoce.
50% do consumo total ocorre em uma faixa etária que vai dos 15 aos 30 anos. O percentual restante divide-se em segmentos cujo os extremos ampliam-se continuamente, pois observa-se que o consumo não somente inicia mais cedo, como também acontece em idades mais avançadas, segundo indica a Dra. Norma Vallejo, chefe do Serviço de Toxicologia do Hospital Fernández, de Buenos Aires. “O uso indevido de drogas é um fenômeno social.
A dependência de drogas é uma parte. Primeiro inicia-se o uso, logo o abuso e em um terceiro estágio se produz a dependência, em que as pessoas permanecem atrapadas ao consumo, e as substâncias convertem-se no objetivo de suas vidas”, explica a Dra. Vallejo.
As pessoas podem desenvolver dependência psíquica, física ou mista com respeito à uma determinada substância. Uma pessoa tem dependência física quando ao suprimir o uso da substância ocorrer o que se chama “craving” (busca ansiosa pelo produto).
Para que isto se produza deve dar-se um processo de tolerância, que consiste em um estado de adaptação funcional do organismo, fazendo-se necessário aumentar a dose para obter o mesmo resultado, ou seja, se reduz a reação à uma droga depois de administrá-la repetidamente.
Ante a supressão da substância, as pessoas fisicamente dependentes sofrem do que se chama de “síndrome de abstinência”, que consiste em um mal estar clinicamente significativo, ou a deterioração das atividades profissional e social. A síndrome se apresenta ante a supressão brusca da droga ou redução importante da dose, e não ante a redução progressiva.
Entre as substâncias que produzem dependência estão os opiáceos como a morfina; os psico-estimulantes como a cocaína e as anfetaminas; a maconha; os inalantes; a nicotina e o tabaco, e os depressores do sistema nervoso central, como as benzodiazepinas, os barbitúricos e o álcool etílico.
As benzodiazepinas são administradas como ansiolíticos e sedativos em estado de ansiedade, enquanto os opiáceos tem ação terapêutica como analgésicos no tratamento da dor. O problema está na continuidade do uso do medicamento, após ao tratamento prescrito pelo médico.
Como se origina a dependência
Os fatores que incidem na dependência podem ser inerentes à substância, a pessoa ou a fatores ambientais. Em relação à substância, os fatores que influem são a disponibilidade, o custo, assim como a pureza e a sua potência.
Os fatores inerentes à pessoa podem ser determinados pela hereditariedade; por exemplo, uma pessoa pode ter uma tolerância inata ou desenvolvê-la com maior rapidez que outras. Quanto aos fatores ambientais podemos citar o entorno social, a influência dos grupos e pares, ou o tipo de atividade profissional. Por exemplo, observa-se o consumo de certas substâncias em atividades nas quais as pessoas encontram-se submetidas a situações de muito stress.
A Dra. Vallejo faz diferença entre pessoas farmacofílicas e farmacofóbicas. Os primeiros são aqueles com tendência a consumir substâncias, que podem ser medicamentos ou substâncias de comercialização ilegal. Estas pessoas correm o risco de sofrer uma intoxicação por overdose.
A farmacofobia é a resistência ao consumo de medicamentos. Estas pessoas não seguem a prescrição médica e correm o risco de submeter-se a curandeiros, além disso podem utilizar práticas paramédicas com os seus filhos.
A Dra. Vallejo comenta que nos últimos 15 anos houve uma mudança no predomínio de determinadas drogas. Em 1984 predominava a maconha e as benzodiazepinas, segundo o registro de pacientes que chegavam nas consultas.
Os opiáceos ocupavam o terceiro lugar, e a cocaína estava em sexto. “No ano seguinte a cocaína passou para o quarto lugar e em 1988, instalou-se em primeiro lugar e se mantém até agora”, indica a Dra. Vallejo, que é professora titular de Toxicologia na Faculdade de Medicina da Universidade de Buenos Aires.
Ocorreu outra mudança na modalidade de consumo. Na década de 70 havia apenas uma droga. Nos anos 80 começou o consumo de polidrogas.“Pode-se falar de drogas dominantes e drogas associadas”, afirma Dra. Vallejo.
As dominantes entram na vida do paciente de forma insubstituível, as associadas por sua vez, podem entrar e sair rapidamente, porque são utilizadas de forma complementar. A cocaína ocupa o primeiro lugar como droga dominante e o último lugar entre as associadas, o que significa que se um paciente a consome como complemento à outra droga, a dependência que provoca é tão forte que passa a ser dominante. As benzodiazepinas e a maconha podem ser consideradas como drogas associadas.
As drogas “porteiras”, que são a porta de entrada para outras drogas são a maconha, os medicamentos como as benzodiazepinas e o álcool, ainda que também deveríamos incluir neste grupo os solventes voláteis. Com respeito ao uso dos psico-fármacos, as benzodiazepinas ocupam o primeiro lugar, que antes era ocupado pelos barbitúricos.
Com respeito a prevalência, o consumo de substâncias que provocam adição, segue sendo maior em homens que em mulheres, entretanto, o consumo em mulheres está aumentando.
O número de pessoas que consomem substâncias psicoativas que criam dependência está aumentando em quase todo mundo, além disso, os especialistas preocupam-se porque o consumo inicia em uma idade cada vez mais precoce.
50% do consumo total ocorre em uma faixa etária que vai dos 15 aos 30 anos. O percentual restante divide-se em segmentos cujo os extremos ampliam-se continuamente, pois observa-se que o consumo não somente inicia mais cedo, como também acontece em idades mais avançadas, segundo indica a Dra. Norma Vallejo, chefe do Serviço de Toxicologia do Hospital Fernández, de Buenos Aires. “O uso indevido de drogas é um fenômeno social.
A dependência de drogas é uma parte. Primeiro inicia-se o uso, logo o abuso e em um terceiro estágio se produz a dependência, em que as pessoas permanecem atrapadas ao consumo, e as substâncias convertem-se no objetivo de suas vidas”, explica a Dra. Vallejo.
As pessoas podem desenvolver dependência psíquica, física ou mista com respeito à uma determinada substância. Uma pessoa tem dependência física quando ao suprimir o uso da substância ocorrer o que se chama “craving” (busca ansiosa pelo produto).
Para que isto se produza deve dar-se um processo de tolerância, que consiste em um estado de adaptação funcional do organismo, fazendo-se necessário aumentar a dose para obter o mesmo resultado, ou seja, se reduz a reação à uma droga depois de administrá-la repetidamente.
Ante a supressão da substância, as pessoas fisicamente dependentes sofrem do que se chama de “síndrome de abstinência”, que consiste em um mal estar clinicamente significativo, ou a deterioração das atividades profissional e social. A síndrome se apresenta ante a supressão brusca da droga ou redução importante da dose, e não ante a redução progressiva.
Entre as substâncias que produzem dependência estão os opiáceos como a morfina; os psico-estimulantes como a cocaína e as anfetaminas; a maconha; os inalantes; a nicotina e o tabaco, e os depressores do sistema nervoso central, como as benzodiazepinas, os barbitúricos e o álcool etílico.
As benzodiazepinas são administradas como ansiolíticos e sedativos em estado de ansiedade, enquanto os opiáceos tem ação terapêutica como analgésicos no tratamento da dor. O problema está na continuidade do uso do medicamento, após ao tratamento prescrito pelo médico.
Como se origina a dependência
Os fatores que incidem na dependência podem ser inerentes à substância, a pessoa ou a fatores ambientais. Em relação à substância, os fatores que influem são a disponibilidade, o custo, assim como a pureza e a sua potência.
Os fatores inerentes à pessoa podem ser determinados pela hereditariedade; por exemplo, uma pessoa pode ter uma tolerância inata ou desenvolvê-la com maior rapidez que outras. Quanto aos fatores ambientais podemos citar o entorno social, a influência dos grupos e pares, ou o tipo de atividade profissional. Por exemplo, observa-se o consumo de certas substâncias em atividades nas quais as pessoas encontram-se submetidas a situações de muito stress.
A Dra. Vallejo faz diferença entre pessoas farmacofílicas e farmacofóbicas. Os primeiros são aqueles com tendência a consumir substâncias, que podem ser medicamentos ou substâncias de comercialização ilegal. Estas pessoas correm o risco de sofrer uma intoxicação por overdose.
A farmacofobia é a resistência ao consumo de medicamentos. Estas pessoas não seguem a prescrição médica e correm o risco de submeter-se a curandeiros, além disso podem utilizar práticas paramédicas com os seus filhos.
A Dra. Vallejo comenta que nos últimos 15 anos houve uma mudança no predomínio de determinadas drogas. Em 1984 predominava a maconha e as benzodiazepinas, segundo o registro de pacientes que chegavam nas consultas.
Os opiáceos ocupavam o terceiro lugar, e a cocaína estava em sexto. “No ano seguinte a cocaína passou para o quarto lugar e em 1988, instalou-se em primeiro lugar e se mantém até agora”, indica a Dra. Vallejo, que é professora titular de Toxicologia na Faculdade de Medicina da Universidade de Buenos Aires.
Ocorreu outra mudança na modalidade de consumo. Na década de 70 havia apenas uma droga. Nos anos 80 começou o consumo de polidrogas.“Pode-se falar de drogas dominantes e drogas associadas”, afirma Dra. Vallejo.
As dominantes entram na vida do paciente de forma insubstituível, as associadas por sua vez, podem entrar e sair rapidamente, porque são utilizadas de forma complementar. A cocaína ocupa o primeiro lugar como droga dominante e o último lugar entre as associadas, o que significa que se um paciente a consome como complemento à outra droga, a dependência que provoca é tão forte que passa a ser dominante. As benzodiazepinas e a maconha podem ser consideradas como drogas associadas.
As drogas “porteiras”, que são a porta de entrada para outras drogas são a maconha, os medicamentos como as benzodiazepinas e o álcool, ainda que também deveríamos incluir neste grupo os solventes voláteis. Com respeito ao uso dos psico-fármacos, as benzodiazepinas ocupam o primeiro lugar, que antes era ocupado pelos barbitúricos.
Com respeito a prevalência, o consumo de substâncias que provocam adição, segue sendo maior em homens que em mulheres, entretanto, o consumo em mulheres está aumentando.
AUTOMEDICAÇÃO
A automedicação é uma prática bastante difundida não apenas no Brasil, mas também em outros países. Em alguns países, com sistema de saúde pouco estruturado, a ida à farmácia representa a primeira opção procurada para resolver um problema de saúde, e a maior parte dos medicamentos consumidos pela população é vendida sem receita médica. Contudo, mesmo na maioria dos países industrializados, vários medicamentos de uso mais simples e comum estão disponíveis em farmácias, drogarias ou supermercados, e podem ser obtidos sem necessidade de receita médica (analgésicos, antitérmicos, etc).
Debate-se se um certo nível de automedicação seria desejável, pois contribuiria para reduzir a utilização desnecessária de serviços de saúde. Afinal, dos 160 milhões de brasileiros, 120 não têm convênios para assistência à saúde.
A decisão de levar um medicamento da palma da mão ao estômago é exclusiva do paciente. A responsabilidade de fazê-lo depende, no entanto, de haver ou não respaldo dado pela opinião do médico ou de outro profissional de saúde.
Para encurtar os caminhos para a obtenção do alívio dos incômodos que o afligem, em inúmeras ocasiões, diante de quaisquer sintomas, especialmente os mais comuns como aqueles decorrentes de viroses banais, o brasileiro se vê, de pronto, impulsionado a utilizar os medicamentos populares para gripe, febre, dor de garganta, etc; ou a procurar inicialmente orientação leiga, seja dos amigos íntimos ou parentes mais experientes ou até mesmo do farmacêutico amigo, à busca de solução medicamentosa ("vou lá na farmácia do Sr. Paulo para tomar uma injeção para gripe"). A mídia televisiva e vários outros meios de comunicação e propaganda como o rádio ou "outdoors" insistem com seus apelos a estimular a todos a adotar tal postura, inserindo no final da propaganda a sua tradicional frase "persistindo os sintomas um médico deve ser consultado", como se isso os isentasse de toda e qualquer responsabilidade. Antes esta advertência do que nenhuma.
No Brasil, embora haja regulamentação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para a venda e propaganda de medicamentos que possam ser adquiridos sem prescrição médica, não há regulamentação nem orientação para aqueles que os utilizam. O fato de se poder adquirir um medicamento sem prescrição não permite o indivíduo fazer uso indevido do mesmo, isto é, usá-lo por indicação própria, na dose que lhe convém e na hora que achar conveniente. Dados europeus indicam que, em média, 5,6 pessoas por farmácia e por semana fazem uso indevido de algum tipo de medicamento.
Em nosso país, a extensão da automedicação não é conhecida com precisão, mas apenas em caráter anedótico ou por meio de levantamentos parciais e limitados. A Pesquisa por Amostragem Domiciliar de 1998 do IBGE oferece alguns elementos de informação. Entre as pessoas que procuraram atendimento de saúde, cerca de 14% adquiriram medicamentos sem receita médica; percentual que parece muito subestimado, talvez em função da pesquisa não ter sido desenhada com a finalidade de avaliar a automedicação.
As razões pelas quais as pessoas se automedicam são inúmeras. A propaganda desenfreada e massiva de determinados medicamentos contrasta com as tímidas campanhas que tentam esclarecer os perigos da automedicação. A dificuldade e o custo de se conseguir uma opinião médica, a limitação do poder prescritivo, restrito a poucos profissionais de saúde, o desespero e a angústia desencadeados por sintomas ou pela possibilidade de se adquirir uma doença, informações sobre medicamentos obtidos à boca pequena, na internet ou em outros meios de comunicação, a falta de regulamentação e fiscalização daqueles que vendem e a falta de programas educativos sobre os efeitos muitas vezes irreparáveis da automedicação, são alguns dos motivos que levam as pessoas a utilizarem medicamento mais próximo.
A associação de saúde como uso de medicamentos faz com que os pacientes abusem das drogas. Os profissionais da área de saúde devem orientar os pacientes e os seus familiares no sentido de evitar os abusos dos medicamentos ("overuse") pelos eventos adversos. Com o fator limitante do tempo, há uma deterioração nas consultas médicas e "não fazer" consome mais tempo que "fazer", isto é, não solicitar exames nem prescrever medicamentos de validade duvidosa obriga ao médico um esclarecimento a respeito da conduta expectante.
É necessário também voltar os olhos para o passado remoto e lembrar que à arte de curar juntam-se muitos outros ingredientes compostos por crenças e tradições populares que se confundem com as propriedades curativas de muitas plantas silvestres.
As plantas medicinais têm lugar garantido no "folclore" brasileiro. Quem não conhece a babosa, chá de quebra pedra, pata de vaca, chá de picão e extratos de outras numerosas plantas? O efeito da maioria delas é desprovido de qualquer fundamentação científica (evidências) e a sua manipulação por leigos pode comprometer a qualidade. Pretensiosamente pleiteiam uma vaga na chamada medicina alternativa (ou terapia não convencional).
Considerando-se que as doenças psicossomáticas têm grande prevalência, permite-se até admitir que as chances de erro ao trilhar por este comportamento são pequenas, alegando-se que os produtos disponibilizados, em sua maioria, não oferece grandes riscos. Contudo, os riscos existem e devem ser considerados. Produtos sem o devido controle de qualidade como prosaicos cosméticos aplicados sobre o couro cabeludo mostraram efeito teratogênico, devido a contaminação por chumbo.O uso tópico não é isento de efeitos indesejáveis. Cremes "rejuvenescedores", muito populares, podem causá-los, além de quase nunca cumprirem o prometido.
Recentemente, o misoprostol, de uso muito comum entre as mulheres brasileiras para a prática abortiva, chamou a atenção da comunidade científica internacional desde que se observou associar-se a malformações como a Síndrome de Möbius (malformação crânio-facial) e malformações de membros. Estas foram observadas nos filhos de pacientes que tiveram o abortamento frustrado com a utilização desta droga. Além dessas anormalidades, em um estudo colaborativo latino-americano de 4673 casos de malformações fetais (4980 controles), outras malformações foram atribuídas ao uso do misoprostol: artrogripose, hidrocefalia, holoprosencefalia e extrofia de bexiga.
O uso das isoflavonas é um exemplo atual da indicação imprópria e exagerada de agentes ditos "homeopáticos" ou "naturais". A partir de estudos que mostram uma menor sintomatologia de climatério em mulheres asiáticas atribuída ao consumo de soja, muitas mulheres começaram a utilizar comprimidos de soja sem controle de qualidade e sem supervisão médica. O uso indevido de isoflavonas, manipuladas de maneira no mínimo descontrolada, tem causado efeitos colaterais importantes e alterações discrásicas sangüíneas.
Além disso, recentes estudos mostram que uma série de substâncias ditas "inocentes", como cremes de ginseng, têm ação proliferativa endometrial, podendo levar a quadros hiperplásicos que algumas vezes podem representar lesões precursoras de adenocarcinoma.
A automedicação pode mascarar diagnósticos na fase inicial da doença. Exemplo marcante é no diagnóstico de apendicite aguda. O doente inicia com um quadro frusto, se automedica com antibióticos. Como conseqüência, a apendicite aguda em fase inicial, que se resolveria com uma apendicectomia tecnicamente fácil, pode evoluir para um quadro de peritonite grave com consequências às vezes funestas.
Do mesmo modo, neoplasias gástricas e intestinais podem ter diagnósticos mascarados e retardados pela melhora de sintomas promovida por bloqueadores de bomba de próton ou outros medicamentos que agem no tubo digestivo.
Outro exemplo relevante é o uso abusivo de antibióticos, sem qualquer critério. Além de freqüentemente ser desprovido de eficácia, pode facilitar o aparecimento de cêpas de microorganismos resistentes, com óbvias repercussões clínicas e prognósticas.
Embora deva ser veementemente combatida, não há nenhum gesto objetivo para o desestímulo à automedicação por parte das autoridades públicas no contexto nacional, o que faz pressupor não ser este assunto de relevância na visão dos órgãos responsáveis. Todavia, há que se louvar a atitude e o discernimento do Ministério da Saúde em decretar o controle de inúmeras drogas seguramente teratogênicas como a talidomida, a isotretionina e diversos quimioterápicos.
O problema é universal, antigo e de grandes proporções. A automedicação pode ser considerada uma forma de não adesão às orientações médicas e de saúde. Nesse sentido, Hipócrates já sentenciou: "Toda vez que um indivíduo diz que segue exatamente o que eu peço, está mentindo". Não há como acabar com a automedicação, talvez pela própria condição humana de testar e arriscar decisões. Há, contudo, meios para minimizá-la. Programas de orientação para profissionais de saúde, farmacêuticos, balconistas e população em geral, além do estímulo a fiscalização apropriada, são fundamentais nessa situação.
© 2007 Associação Médica Brasileira
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