3.22.2014

Mudança de hábito

Aumenta o número de profissionais com carreira consolidada e ótimos salários, como médicos, dentistas e sociólogos, que abandonam tudo para se tornar padres

Rodrigo Cardoso (rcardoso@istoe.com.br)

O paraense Renato Sarmento cresceu cultivando o sonho de se formar em medicina. Primogênito de três filhos de um comerciante e uma contabilista, só conseguiu concretizá-lo depois de tirar a sorte grande. Ele acertou a quina da Mega Sena, em 2007 e, com os R$ 18 mil do prêmio, pagou um semestre inteiro em uma faculdade privada. Mais adiante, conseguiu um financiamento estudantil para arcar com o restante do curso. Assim, pôde se tornar o primeiro médico da família. Empregado em dois postos de saúde e num hospital público em sua cidade natal, Paragominas, o rapaz tinha carro, um salário de R$ 17 mil e namorava. Sua carreira ia tão bem que conseguiu um estágio no departamento de neurocirurgia do Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo. Mas Sarmento não se achava pleno. “Sentia uma inquietação, um vazio”, diz ele, sentado no banco de um seminário católico, na capital paulista, seu novo endereço desde o mês passado. 
abre.jpg OPÇÃO
O médico Sarmento terminou com a namorada, trocou um salário de R$ 17 mil
e uma carreira promissora para encarar nove anos de estudos e se tornar padre
Sarmento abandonou a carreira, terminou o namoro, abriu mão dos bens materiais e é, hoje, aos 25 anos, um dos 17 seminaristas matriculados no curso de propedêutica do seminário Nossa Senhora da Assunção. Seu novo sonho é ser padre. Foi na capital paulista, no silêncio da Catedral da Sé, em meados de 2013, que ele sentiu esse chamado, logo anunciado ao pároco local. De volta ao Pará, conheceu um padre que se tornou uma espécie de mentor espiritual até sua mudança definitiva para o seminário. Histórias como a do jovem paraense são cada vez mais frequentes. Reitores das casas diocesanas apontam para um aumento do número de seminaristas que, já com uma faculdade no currículo, optam por abandonar suas profissões para dar ouvidos ao chamado de Deus.
IGREJA-03-IE.jpg MUDANÇA
Schwaab era repórter de jornal até o ano passado.
Hoje é requisitado para entrevistar sacerdotes
Além do médico, no seminário paulista há um dentista, um psicólogo e um pós-graduado em sociologia que formam um grupo de 13 pessoas com curso superior. Em 2013, havia oito (leia quadro). “Estamos aprendendo a lidar cada vez mais com adultos que já chegam com uma considerável bagagem cultural e humana”, diz o padre Lucas Mendes, formador do seminário São José, da diocese de Porto Alegre. Nessa casa, há oito seminaristas com curso superior, sete a mais do que no ano passado. “Atualmente, o processo de maturação é lento, acontece em idades mais avançadas e isso reflete na decisão vocacional tardia.” Seminários como os de antigamente, nos quais o candidato se matriculava ainda criança, com 11, 12 anos, são cada vez mais raros no País. Poucos ainda resistem em regiões predominantemente rurais.
IGREJA-02-IE.jpg CORAGEM
Passos cursou economia e ganhava R$ 12 mil como executivo comercial
de uma incorporadora. Aos 36 anos, chegou ao seminário
 
Foi logo após o Concílio Vaticano II (1962-1965), reunião de bispos do mundo inteiro que provocou profundas mudanças na Igreja Católica, que formadores vocacionais passaram a receber candidatos mais velhos. Ainda assim, naquela época em que os católicos representavam mais de 90% da população brasileira, a experiência cristã acontecia já na infância, o que influenciava vocações religiosas precoces. Atualmente, pelo fato de as famílias serem mais enxutas e em muitas delas a tradição católica não vir de berço, a vocação cristã é empurrada para outros momentos da vida. “No caso, muitas vezes, depois de experiências acadêmicas e no mercado de trabalho”, afirma o padre Valdecir Ferreira, assessor dos ministérios ordenados e vida consagrada da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
IGREJA-04-IE.jpg PERFIL
Alunos do Nossa Senhora da Assunção, em São Paulo: aumento
de 45% do número de seminaristas com ensino superior
A bagagem dos seminaristas com profissão costuma ser aproveitada pela Igreja. Em Porto Alegre, por exemplo, o jornalista Darlan Schwaab, 24 anos, um dos oito do seminário São José, já foi escalado para entrevistar um padre para o departamento de comunicação local. Schwaab era repórter de cultura e gastronomia do jornal “Zero Hora” até o fim do ano passado, quando decidiu seguir uma vocação que já despontava desde pequeno. Nascido no Acre, ele vai à missa aos domingos desde 5 anos, foi coroinha e frequentou retiros vocacionais. “Mas decidi não tomar nenhuma decisão antes de me formar, para discernir melhor”, diz. Para o sacerdote José Luiz da Silva, formador do seminário Santa Cruz, em Goiânia, os jovens de agora não gostam de assumir compromissos duradouros. Ele fala isso tendo em mente os nove anos de estudos necessários para que um aluno seja ordenado padre. “Mas com o passar do tempo a nossa existência cobra isso e, assim, as vocações tardias vão aumentando”, diz.
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O pernambucano Adriano Bezerra dos Passos, 36 anos, matriculou-se neste ano no seminário paulista, mas sete anos atrás já havia iniciado um período de acompanhamento vocacional com a intenção de envergar a batina. Nesse hiato, seguiu atuando como administrador financeiro de shopping centers. Os sinais de sua vocação eram tão claros que, em seu último emprego, numa incorporadora que lhe pagava R$ 12 mil mensais como executivo comercial, os colegas o apelidaram de padre. Passos cursou economia, foi coroinha, participou de comunidades eclesiais de base e manifestou ao pai o desejo de ser sacerdote aos 12 anos. Mas foi só no ano passado, ao ver ao vivo o discurso do papa Francisco na Jornada Mundial da Juventude, que decidiu mudar os rumos de sua vida. “Eu cresci no meio do povo, em comunidade, faz parte da minha formação. O papa tem o poder de fazer as pessoas se voltarem para a Igreja e eu resolvi me aproximar das dores e do sofrimento das pessoas como ele prega”, afirma.
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A decisão do pernambucano, que se candidatou para recolher o lixo no seminário, não foi surpresa para as pessoas próximas, incluindo a então namorada, com quem rompeu para amadurecer os sinais de sua vocação. Seu companheiro de casa, o médico Sarmento, ao contrário, sofreu um pouco mais. Sua então namorada, quando comunicada da decisão de seguir uma vida religiosa, achou que ele a estivesse traindo. “O que choca as pessoas não é a minha escolha, mas o que abandonei, a carreira como médico e o que poderia conquistar financeiramente”, diz. Posando para as fotos com o estetoscópio e o jaleco que trouxe para o seminário, ele completa, parafraseando o evangelista Lucas, também um médico: “No exercício da medicina, eu indicava remédios, cuidava do corpo. Aqui, eu trato as questões da alma, do espírito.”
Fotos: Kelsen Fermandes/Ag. Istoé; Marcos Nagelstein

ACUPUNTURA PODE AJUDAR NO TRATAMENTO DO ALZHEIMER

Acupuntura pode ajudar no tratamento do Alzheimer
Descubra como a acupuntura pode aliviar os sintomas de uma das doenças mais comuns na terceira idade: O Alzheimer.

Um estudo publicado no BMC Complementary and Alternative Medicine, o jornal oficial da Sociedade Internacional para a Pesquisa da Medicina Complementar (em tradução livre, ou ISCMR, na sigla em inglês), revelou que pesquisadores chineses chegaram à conclusão de que a acupuntura melhora a memória e previne a degradação do tecido cerebral. Eles observam que a eletroacupuntura pode ser um tratamento promissor para Doença de Alzheimer e pode melhorar a função cognitiva. 
O resultado foi divulgado após uma experiência controlada de laboratório em ratos com deficiência cognitivos e Alzheimer, que durou quatro semanas, em sessões de 30 minutos por dia, cinco vezes por semana, totalizando 20 dias. Os cientistas mediram a melhoria da cognição, a melhoria da reparação das células do cérebro e redução da morfologia patológica do cérebro como resultado de tratamentos em eletroacupuntura. 
Segundo explica o Dr. Márcio De Luna, especialista em acupuntura há 30 anos (RJ), foi observado que a estimulação por eletroacupuntura melhorou significativamente o desempenho do comportamento neurológico dos camundongos, e ao mesmo tempo notou-se um aumento perceptível no processo de formação de novos neurônios no cérebro (neurogénese).
“A pesquisa sobre os efeitos da acupuntura sobre Alzheimer abre um novo campo de esperança para os pacientes e familiares desses pacientes, pois demonstrou-se que a eletroacupuntura induz o cérebro à reparação celular nas regiões afetadas e pode evitar o excesso de acúmulo de placas prejudiciais”, comenta.
Sobre o Alzheimer 
A doença de Alzheimer é uma doença que se manifesta em perda de memória, demência e outras formas de comprometimento cognitivo. Globalmente, a demência afeta mais de 24 milhões de pessoas e cerca de 70% é devido à doença de Alzheimer. 
Alterações cerebrais em pacientes com Doença de Alzheimer envolvem excesso de deposição de placas amilóides, emaranhados neurofibrilares e perda neuronal seletiva no córtex frontal e temporais, bem como no hipocampo do cérebro.


ALIVIANDO O ESTRESSE


7 dicas para aliviar o estresse
O estresse é o grande mal do século XXI, mas, nem sempre é possível optar por tratamentos que ajudam a combatê-lo. Então, que tal mudar as suas atitudes do dia a dia?

O estresse é o grande mal do século XXI, mas, nem sempre é possível optar por tratamentos que ajudam a combatê-lo. Seja pelo preço ou pela falta de tempo, fica complicado frequentar clinicas que oferecem procedimentos eficientes contra o problema. Então, que tal mudar as suas atitudes do dia a dia?
Isto só depende de você! Veja como fazer!
1 - Identifique as fontes de estresse na sua vida e pergunte a si mesmo quais delas podem ser evitadas.
2 - Aprenda a se poupar (não tente fazer tudo sozinho, deixe os outros o ajudarem).
3 - Distancie-se, não reaja sem pensar bem e evite agir de forma emotiva. Seja qual for a tarefa a ser realizada, é a forma como você aborda as coisas que acaba por gerar ou não um estado de estresse.
4 - Não guarde as suas preocupações para si; compartilhe-as com alguém confiável e gentil, que tenha uma perspectiva positiva.
5 - Aprenda a cuidar de si próprio, a fazer o que você gosta, a permitir-se desfrutar de momentos de relaxamento (tratamentos de beleza, excursões etc.).
6 - Participe de atividades que aliviem o estresse e que sejam prazerosas e revitalizantes: aquelas que envolvem movimento físico (dança, tai-chi, escaladas e esportes) são particularmente recomendadas.

A MELHOR PROTEÍNA PARA GANHAR MÚSCULOS

A melhor proteína para ganhar músculos

Veja como as proteínas influenciam a conquista dos músculos e saiba qual a melhor opção.

Você já sabe que as proteínas tem ação primordial na conquista pelas curvas perfeitas. Mas, qual delas é a melhor? Na verdade, cada uma exerce um papel diferente e tem sua função específica. O segredo para usufruir de seus benefícios é mesmo o preparo. Nunca as frite! Confira!

Ovo (com gema)
Como funciona?
O ovo é o alimento com o mais alto valor biológico — uma espécie de medida da quantidade de proteína que um alimento é capaz de fornecer ao corpo. É verdade que a proteína da carne é mais eficiente para a construção muscular. Mas, a gema, além da proteína, contém a vitamina B12, necessária para diminuir os níveis de gordura e ajudar na contração muscular.
Salmão
Como funciona?
Altamente proteico, tem grandes quantidades de ômega 3, uma gordura que ajuda na recuperação da massa muscular. Devido à ação anti-inflamatória, permite a assimilação de novas proteínas pelas fibras.
Carne vermelha: rainha da creatina
Como funciona?
Esse aminoácido é produzido no fígado e nos rins. Sem ele, não há energia. As carnes, principalmente a vermelha, são o alimento número 1 em quantidade de creatina, essencial para a construção muscular. Mais: contêm ferro, zinco, niacina (vitamina B3) e vitamina B12 — nutrientes cruciais para quem quer resultados.

Apesar de você...


 

Dilma Rousseff, presa por participar da luta armada; O golpe de 64 não conseguiu impedir que os ‘subversivos’ chegassem ao poder.No regime de exceção, a corrupção era encoberta pelos próprios militares, também não havia divulgação e tudo era censurado. 


Caio Barbosa
Rio - Os anos de chumbo no Brasil deixaram profundas marcas na sociedade brasileira. Além de milhares de vítimas, foram pouquíssimas respostas e uma cultura de desrespeito às liberdades e direitos humanos que ainda se faz presente, 50 anos após o golpe militar que depôs o presidente João Goulart.
Mas a triste herança da ditadura não conseguiu impedir que, 50 anos depois do golpe, três brasileiros ligados ao período estivessem na corrida presidencial: Dilma Rousseff, ex-guerrilheira, presa e torturada;

“A ditadura provocou esta ausência de lideranças. A única surgida foi o Lula, e mesmo assim no seu final, já na distensão. Durante o período militar, o Congresso era fictício e os movimentos sociais, completamente asfixiados"

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A presidenta Dilma Rousseff, hoje com 66 anos, fez parte da resistência armada à ditadura
Foto:  Efe

A ditadura provocou uma ausência  de lideranças. A única surgida foi o Lula.

“Havia o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), o Partido Social Democrático (PSD) e a União Democrática Nacional (UDN), e algo difícil de se construir: o eleitor fiel ao partido. A ditadura pôs fim a isso”, explicou Jorge Ferreira.
O processo de reabertura política do país é um exemplo claro da ausência da produção de líderes durante o período ditatorial, tendo sido construído por políticos da velha guarda, como Ulisses Guimarães, ministro da Indústria e do Comércio no início dos anos 60, e Tancredo Neves, ex-ministro da Justiça e Negócios Exteriores do ex-presidente Getúlio Vargas, além de primeiro-ministro durante um curto período parlamentarista, após a renúncia de Jânio Quadros.
“Os nomes de destaque ao final do regime eram Leonel Brizola e Miguel Arraes, importantes lideranças entre as esquerdas no governo João Goulart, ou no PSDB, com José Serra e Franco Montoro, políticos que iniciaram suas carreiras na época do governo João Goulart. Podemos ainda citar José Sarney, que já governava o Maranhão na época de Jango. Ou seja, entre o governo João Goulart e a redemocratização dos anos 1980, as lideranças políticas não se renovaram”, completou Jorge Ferreira.
Dilma Rousseff
A presidenta Dilma Rousseff, hoje com 66 anos, fez parte da resistência armada à ditadura, em grupos de esquerda como o Colina (Comando de Libertação Nacional) e VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária Palmares). Passou quase três anos presa, entre 1970 e 1972, tendo sido duramente torturada no DOPS (Departamento de Ordem Política e Social). Reconstruiu a sua vida política no PDT de Leonel Brizola, nos anos 80, até filiar-se ao PT, em 2001.

Rigor dos pais na criação favorece a obesidade infantil

Pesquisa apontou que quanto menor o afeto, maiores são as condições das crianças apresentarem alto Índice de Massa Corporal

O GLOBO

Chance de obesidade pode ser até 37% maior
Foto: JOHN VIZCAINO/REUTERS
Chance de obesidade pode ser até 37% maior JOHN VIZCAINO/REUTERS
CANADÁ - Pais rigorosos que oferecem palavras mais duras do que afeto correm o risco de favorecer com que seus filhos se tornem obesos, afirmam pesquisadores. A epidemia de obesidade que atinge os países em todo o mundo pode ser amenizada se pais e crianças tiverem melhores relacionamentos, de acordo com um estudo apresentado em uma conferência da “American Heart Association”, informa o jornal britânico “The Independent”.
Lisa Kakinami, pesquisadora da Universidade McGill, em Montreal, no Canadá - onde o trabalho foi realizado - disse ao jornal que os responsáveis devem se esforçar para oferecer aos pequenos um carinho paternal.
- Se você está tratando seu filho com o devido afeto, eles serão crianças menos propensas a serem obesas - observou.
Para fazer a descobertas, os pesquisadores canadenses avaliaram uma população de 37.577 crianças com até 11 anos e as respostas dos pais a uma série de perguntas. Os cientistas, então, criaram categorias de estilos paternais, e combinaram os resultados com o Índice de Massa Corporal (IMC) das crianças.
O IMC é uma medida que relaciona peso e altura e é muitas vezes usado para definir limites de sobrepeso e obesidade.
Crianças do grupo determinado como "autoritário" - cujos pais impõem regras rígidas - mostratam ter chance 30% maior de serem obesas na idade entre dois e cinco anos; e chance 37% maior entre os seis e oa 11 anos de idade.
A novidade fará com que a comunidade médica volta a atenção, além da pobreza, às características da paternidade, na luta contra a obesidade infantil, apontam os cientistas.

Após ataques, cardeal Dom Orani Tempesta cancela procissão em Manguinhos

  • Cortejo tinha o objetivo de pedir paz na comunidade
  • Arcebispo acabou optando por apenas rezar uma missa
Carlos Alberto Teixeira 
Cardeal Dom Orani Tempesta celebra missa na capela São Miguel Arcanjo, na favela Nelson Mandela, em Manguinhos. Procissão que seria realizada foi cancelada por questões de segurança Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
Cardeal Dom Orani Tempesta celebra missa na capela São Miguel Arcanjo, na favela Nelson Mandela, em Manguinhos. Procissão que seria realizada foi cancelada por questões de segurança Márcia Foletto / Agência O Globo
RIO — Uma procissão para pedir a paz próximo à UPP de Mandela, no complexo de Manguinhos, prevista para ser realizada na manhã deste sábado, foi cancelada. O cortejo iria da capela São Miguel Arcanjo até a capela São Jerônimo Emiliani, que recebeu o Papa Francisco em maio do ano passado. Em função dos históricos de violência recente na região, o vicariato da região recebeu uma orientação de prezar pela segurança dos fiéis.
— Achamos melhor não realizar a procissão para não abusar — disse o cardeal arcebispo do Rio Dom Orani Tempesta, que realizou uma missa na capela São Miguel Arcanjo para mais de 300 fiéis que estavam reunidos, sob um forte esquema de segurança.
O cardeal, que mandou ainda um recado para os policiais, disse que a Igreja está dando apoio à população, e pediu "que todos encontrem caminhos de reconciliação e entendimento, que as pessoas possam ter segurança no ir e vir e no habitar nessa cidade.
- Há policias sofrendo, mortos em combate, há alguns que tem atitudes não recomendáveis. Todos aqueles que trabalham com segurança, mesmo sabendo que existem tantos problemas ao redor, tem que ver que o bem das pessoas deve vencer qualquer violência ao redor - disse Dom Orani.
Apesar de o clima estar aparentemente tranquilo na comunidade, com famílias caminhando pelas ruas e caminhões de carga fazendo entregas, nenhum morador quis dar entrevista.
Na noite da quinta-feira, um ataque de bandidos às UPPs na região de Manguinhos deixou dois policiais feridos, incluindo o comandante da UPP da região, o capitão Gabriel de Toledo, baleado na virilha. Bandidos atearam fogo nos contêineres da UPP. Dois carros da PM também foram destruídos. Segundo moradores, uma menina quase morreu asfixiada pela fumaça, mas foi socorrida pelos policiais.
Na madrugada desta sexta-feira, durante uma reunião realizada após os ataques, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, confirmou que a ordem para os atentados partiu de chefes de uma facção do tráfico que estão em um presídio. E na sexta-feira, após uma reunião de duas horas, a presidente Dilma Rousseff e o governador Sérgio Cabral acertaram o envio de tropas federais para reforçar as ações de combate aos ataques de organizações criminosas nas comunidades pacificadas do Rio.
Segundo o governador, a estratégia de segurança será formalizada na próxima segunda-feira, em nova reunião com representantes dos ministérios da Justiça e da Defesa, sinalizando que o reforço deverá contar com homens da Força Nacional (composta por quadros das polícias Civil, Militar e Federal) e das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica). Este ano, quatro PMs de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do Complexo do Alemão já foram mortos em ataques do tráfico. Além disso, já ocorreram cerca de 30 tiroteios na Rocinha.

Muito cuidado no que fala


'Foi infeliz', diz líder da câmara sobre vereadora acusada de homofobia

Estudante afirma que foi chamado de 'bicha louca' por Núbia Araújo (PP).
Segundo presidente da câmara de Barreiras, vereadora pode ser punida.

Ruan Melo Do G1 BA
Confusão na Câmara de Vereadores de Barreiras (Foto: Fernando Pop/ www.fernandopop.com)Líder estudantil [de vermelho] afirma que foi
ofendido por vereadora de Barreiras
(Foto: Fernando Pop/ www.fernandopop.com)
O presidente da Câmara de Vereadores de Barreiras, no oeste da Bahia, confirmou neste sábado (22) que a vereadora Núbia Araújo (PP) ofendeu um líder estudantil durante sessão da câmara ocorrida na quarta-feira (19). Segundo Carlos Tito (PDT), o comentário da vereadora foi "infeliz e impensado".
"De fato, esse episódio ocorreu sim. Foi uma sessão muito tumultuada no sentido do barulho. Um vereador estava se pronunciando e ele foi interrompido pela vereadora com essa intervenção infeliz. Ela disse para mim: 'Presidente retire essa bicha louca' ou algo parecido. Eu a repreendi e pedi ordem. Foi uma fala infeliz, impensada pela vereadora. É incabível isso", afirma o presidente da câmara Carlos Tito.
O G1 tentou contato com a vereadora Núbia Araújo, mas ela não foi encontrada. Por telefone, na sexta-feira (21), uma mulher que diz ser sua filha informou que a edil irá se pronunciar somente na terça-feira (25), quando, segundo ela, deverá ser realizada uma audiência entre as duas partes. Neste sábado, o G1 tentou falar novamente com a vereadora, mas ela não atendeu as ligações.
Segundo o vereador, na segunda-feira (24) haverá uma reunião entre a Mesa Diretora da câmara e a vereadora para discutir o caso. "Nós vamos nos reunir para avaliar a fala dela e tomar as decisões regimentais. No âmbito do poder legislativo, ela pode sofrer uma advertência e a Mesa Diretora também pode abrir um processo por quebra de decoro", explica.
Para o presidente, a vereadora deveria "assumir o erro" e pedir desculpas ao estudante. "Nós não podemos ocultar ou concordar com esse tipo de atitude. Eu já fui a programas de rádio pedir desculpas pela câmara. Acho que ela deveria se portar da mesma forma. No mínimo tem que haver uma retratação da vereadora", opina.
Denúncia
João Felipe é presidente da União da Juventude Socialista (UJS) de Barreiras e conta que participava com outros membros do grupo da sessão na câmara, quando uma confusão começou após um vereador fazer críticas a uma ONG.
[Ouça trecho da discussão em que o estudante diz ser ofendido]
“Nessa semana foi cortado o convênio da Escola Lar De Emmanuel, que é uma ONG que funciona como escola e orfanato. Aí quando abriram a sessão para as palavras dos vereadores, um deles falou inverdades sobre a ONG. Várias pessoas que estavam lá se sentiram indignadas e gritaram 'mentira'. Na hora que eu estava gritando, a vereadora Núbia pegou o microfone e pediu ao presidente [da Câmara] que retirasse “essa bicha louca daqui”, relatou o estudante.
De acordo com João Felipe, após ser ofendido, ele chamou a vereadora de “homofóbica”. “Foi aí que veio um assessor dela e disse: 'Respeita a vereadora senão eu vou te dar uma surra, vou passar o carro por cima da sua moto'. Aí eu me retirei do local porque estavam ameaçando chamar a polícia”, diz.
João Felipe conta que registrou um Boletim de Ocorrência na delegacia da cidade e que pretende entrar com uma ação contra a vereadora. “Fiz um boletim contra a vereadora e contra o assessor. Foi crime de homofobia e ameaça. Eu não desacatei ela, a chamei de homofóbica”. O delegado Alírio de Araújo, que investiga o caso, afirma que os dois serão ouvidos no caso. Segundo ele, ainda não foi definido um prazo para as oitivas.
Confusão na Câmara de Vereadores de Barreiras (Foto: Fernando Pop/ www.fernandopop.com)Jovem afirma que foi chamado de "bicha louca" por vereadora (Foto: Fernando Pop/ www.fernandopop.com)

Para especialistas, projeto de UPPs não corre risco mas precisa de apoio

Entre os desafios: avançar em políticas de infraestrutura social e urbana.
Ofensiva de traficantes de drogas contra a polícia preocupa moradores.



Gabriel Barreira, Káthia Mello e Mariucha Machado Do G1 Rio


Após uma série de ataques a Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) assustar moradores e deixar as forças de segurança em alerta, o G1 ouviu especialistas para saber se a política de pacificação está no rumo certo e o que pode ser melhorado. A professora do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), Jacqueline Muniz, diz que um dos principais desafios do projeto das UPPs e do processo de pacificação é a integração entre as diversas forças dos governos estadual e municipal.
Novo container da UPP é instalado em Manguinhos (Foto: Marcos de Paula / Estadão Conteúdo)Novo container da UPP é instalado em Manguinhos após o antigo ter sido incendiado por criminosos (Foto: Marcos de Paula / Estadão Conteúdo)
Para a pesquisadora,  é preciso avançar nas políticas de infraestrutura social e urbana nas áreas pacificadas a fim de evitar que o policial militar seja o único representar o estado dentro de uma comunidade. "Não é tão somente com a presença da polícia que se poderá garantir a estabilização de território. A polícia quando chega produz a paz civil, mas não é capaz, nem aqui e nem em nenhum lugar, produzir a paz social", afirmou Jacqueline Muniz, acrescentando que a PM não pode enfrentar esse desafio sozinha: "A impressão que dá é que a Polícia Militar é uma andorinha sozinha, tentando fazer o verão da proximidade, da pacificação".
Em 2014, foram registrados sete ataques a favelas com UPPs no Rio, como mostrou o G1. Quatro policiais militares foram mortos em confronto com traficantes. Entre fevereiro e março, Eles eram lotados nas unidades dos conjuntos de favelas do Alemão e da Penha, no Subúrbio do Rio. No mesmo período, em 2013, só houve registro de um agente morto em serviço.
'Tráfico não iria continuar de braços cruzados', diz especialista
Para a coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, Julita Lemgruber, a ampliação da política de instalação de UPPs no Rio pode comprometer o gerenciamento do projeto. A razão, segundo ela, é uma só: os traficantes de drogas não permaneceriam de braços cruzados diante da perda de território.

"Na medida em que aumenta o número de UPPs, há uma clara indicação de que o gerenciamento destas unidades se torna mais difícil. Quando você tinha meia dúzia, a supervisão do trabalho dos policiais era mais fácil. A tentativa de aprofundar laços positivos com a comunidade era mais fácil, pois era o início do processo. Quando esse número aumenta, isso, naturalmente, se torna um projeto mais difícil de gerenciar. É evidente que o tráfico não iria continuar de braços cruzados observando a instalação de novas UPPs", afirma Julita.
Neste aspecto, a professora Jacqueline Muniz discorda da opinião da socióloga. Para ela, o problema de gestão das UPPs não tem a ver com a quantidade das unidades instaladas, mas com a qualidade.  "São desafios internos que o programa enfrenta e que envolve vários fatores e que já aconteciam no início das UPPs. O processo não começa e termina na PM. É um programa de segurança pública que envolve Polícia Civil, Guarda Municipal, Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e outros órgãos da Prefeitura", explica.
Correção de rota
Sobre os recentes ataques, Jacqueline Muniz articulação ao governo para consolidar a política de pacificação. "A maior ameaça às UPPs não são esses ataques, por mais trágicos que eles sejam. A maior ameaça está dentro do governo, da própria dinâmica da articulação para consolidar o projeto. É hora de firmeza e correção de rota", completou.

Para Julita Lemgruber, a sustentação do projeto depende de um ciclo completo de policiamento e inteligência. "São cinco dimensões essenciais nos territórios: polícia de emergência, patrulha ostensiva, operações especiais, investigação e inteligência. Isso antes, durante e depois das UPPs", explicou.

Crise na polícia afeta UPPs, diz antropóloga
A antropóloga e ex-presidente do Instituto de Segurança Pública (ISP), Ana Paula Miranda, acredita que uma crise dentro da polícia afeta diretamente as UPPs. "A Secretaria de Segurança apostou todas as moedas na UPP e acho que estamos vendo a UPP sofrer o mesmo problema que o Grupo de Policiamento em Áreas Especiais (GPAE) sofreu: ataques do tráfico e sabotagens internas. O projeto da UPP não conta com apoio integral dentro da polícia. Tem pesquisas que dizem que policiais não acham que a UPP é solução. Há uma crise interna da polícia", afirmou. Os GPAES precederam as UPPs no policiamento comunitário em favelas do Rio.

A Secretaria de Segurança do Rio afirmou que é preciso avançar no programa das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) para "sufocar" o tráfico. Em nota enviada ao G1, o órgão acrescenta que a consolidação do projeto é feita através da polícia judiciária [Polícia Civil] e que investigações e prisões têm sido feitas.
De acordo com a secretaria, segurança pública não é um problema exclusivo das polícias, mas envolve educação, controle de fronteiras, leis atualizadas, justiça ágil, presídios que recuperam, investimentos constantes, tempo e alinhamento estratégico a nível nacional.mapa rio mortos arte UPP UPPs (Foto: Editoria de Arte / G1)
O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, afirmou quinta-feira (20), após os ataques, que o programa trouxe avanços significativos na segurança da maioria das comunidades ocupadas. Apesar disso, Beltrame reconhece a dificuldade enfrentada em duas delas, Alemão e Rocinha, onde os confrontos e ataques a policiais têm sido frequentes.
38ª Unidade 
Depois de ocupar a Vila Kennedy, na Zona Oeste do Rio, governo deve implantar na comunidade, em breve, a 38ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da cidade — a terceira da Zona Oeste. As outras trinta e sete já instaladas contam com um efetivo de mais de 9 mil policiais. Segundo a Secretaria de Segurança (Seseg), 1,5 milhão de moradores foram beneficiados pelo projeto. A maior parte das unidades está instalada na Zona Norte, onde foram criadas 23 bases. Na Zona Sul, foram instaladas oito unidades e, no Centro, outras três. O projeto original prevê a criação de 40 unidades até o final do governo.

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Dicas para evitar doenças no outono

Mudanças de temperatura podem aumentar risco de gripes e resfriados

Mudanças de temperatura podem aumentar risco de gripes e resfriados

Programa mostrou ainda como os alimentos reagem a essas mudanças.

Do G1, em São Paulo
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Após aquele calorão do verão, chega o outono e a temperatura cai um pouco. Por causa disso, o organismo pede cuidados especiais já que essas mudanças podem facilitar a entrada de vírus e bactérias, causadores de gripes e resfriados. Como explicou a pediatra Ana Escobar no Bem Estar desta sexta-feira (21), nessa época do ano, as pessoas costumam ficar mais doentes e podem também sofrer mais com o ressecamento nas vias respiratórias.
Isso acontece por causa dos batimentos dos cílios de defesa do nosso corpo – como explicou a médica, quanto menor a temperatura, menos esses cílios se movimentam e a redução nesses batimentos pode facilitar a entrada de micro-organismos, já que reduz a imunidade. Por isso, muita gente costuma ficar com gripe ou resfriado nessa época. Para quem está doente, a dica da médica é ficar de repouso e beber muito líquido.
Outra dica fundamental para se proteger nessa época do ano é a vacina contra a gripe – segundo a enfermeira Karina Gomiero, entrevistada pela repórter Larissa Castro, de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, qualquer pessoa a partir dos 6 meses de vida pode tomar (veja no vídeo ao lado).
A restrição só existe para quem tem sensibilidade a ovo, como explicou a especialista. Ela alertou ainda que a vacina inativa o vírus, o que torna impossível ficar gripado após a dose. De maneira geral, ainda existem outras maneiras de se proteger, como lavar as mãos e evitar aglomerações.
Na rede privada, a vacina já está disponível, mas na rede pública, só estará a partir de abril, apenas para públicos específicos: pessoas com 60 anos ou mais, crianças de 6 meses a 2 anos, gestantes, mulheres no período de até 45 dias após o parto, profissionais de saúde e doentes crônicos, por exemplo.
Segundo a pediatra Ana Escobar, no caso das crianças, é fundamental que a vacina seja dada a partir dos 6 meses já que o vírus da gripe pode causar transtornos pulmonares e respiratórios significativos.
No vídeo ao lado, exclusivo para a internet, a médica responde perguntas dos internautas e dá dicas para cuidar da saúde durante o outono.
Confira!
Bem Estar - Infográfico sobre outono viral (Foto: Arte/G1)
E os alimentos?
Não são só as pessoas que reagem às mudanças de temperatura. Os alimentos também enfrentam esse problema já que vão para o forno, geladeira, freezer e micro-ondas, por exemplo.

Segundo a nutricionista Camila Freitas, existem alguns tipos que são mais absorvidos pelo organismos se estiverem quentes ou associados a uma gordura insaturada, como o azeite. Exemplo disso é a abóbora e a cenoura, ricas em betacaroteno. O tomate, por exemplo, é um alimento que tem licopeno e, se consumido quente em forma de molho, essa substância é melhor aproveitada. Consumido cru e frio, o corpo aproveita mais a vitamina C.
Já o brócolis e o espinafre também devem ser consumidos quentes para que substâncias, como a zeaxantina e a luteína, sejam aproveitadas. Vale ressaltar, no entanto, que o alimento aquecido perde grande parte das fibras. A nutricionista explica, porém, que definir se o consumo será cru ou quente depende do nutriente.
Como congelá-los?
A repórter Natália Ariede convidou a professora de nutrição Vilani Figueiredo para explicar como congelar os alimentos da melhor maneira.

Segundo a especialista, qualquer carne, por exemplo, pode ser congelada, mas é melhor congelá-la em porções – no caso dos bifes, é melhor colocá-los bem separados em uma vasilha para ficar mais fácil de retirar depois (veja no vídeo ao lado).
Outra dica é utilizar um papel filme para proteger o alimento do frio, como mostrou a reportagem. Depois 2 horas no freezer, é preciso retirar esses bifes e colocá-los em um saco plástico, dentro de outro recipiente, com uma etiqueta indicando a data de validade. Carnes sem tempero podem ficar congeladas até um ano, mas se estiverem temperadas, esse período diminui para 3 meses já que o tempero altera as propriedades do alimento.
No caso do feijão, muita gente costuma preparar em grande quantidade e, por isso, precisa guardar no congelador. O ideal, segundo a professora, é congelá-lo frio e sem tempero.
Além disso, é importante ter uma quantidade de caldo, como mostrou a reportagem. Já os legumes devem ser mergulhados em água fervente por 30 segundos, depois na água com gelo, para causar um choque térmico. Antes de ir para o freezer, eles devem ser colocados em um saco plástico a vácuo. A mesma regra vale para temperos, que também podem ser armazenados em um pote ou saco (confira no vídeo).
A especialista explicou ainda que existem alguns alimentos que não combinam com o congelador, como as batatas, por exemplo. Se congeladas, elas podem sofrer alterações em sua estrutura, ficando com um aspecto esponjoso. Queijo branco também não deve ser levado ao freezer já que não tem gordura, que facilita o processo de congelamento. Por outro lado, queijo parmesão e provolone, por exemplo, que têm muita gordura, podem ser congelados.
Congelamento (Foto: Arte/G1)

Zoo tira urso de perto da mãe depois de ela comer outros dois filhotes


Cuidadores o alimentam com mamadeira e agem como pais substitutos.
Ursa comeu um filhote logo após nascimento e o outro uma semana depois.

Da Associated Press
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Cuidadores amamentam filhote de urso que sobreviveu aos ataques da mãe, que comeu seus dois irmãos (Foto: AP Photo/Mindy Babitz, Smithsonian's National Zoo)Cuidadores amamentam filhote de urso que sobreviveu aos ataques da mãe, que comeu seus dois irmãos (Foto: AP Photo/Mindy Babitz, Smithsonian's National Zoo)
Funcionários do Zoológico Nacional Smithsonian, em Washington, salvaram um filhote de urso-beiçudo (Melursus ursinus) depois de dois de seus irmãos serem comidos pela própria mãe.
Os três filhotes da ursa-beiçuda Khali nasceram em dezembro. Um foi comido 20 minutos após o nascimento e o outro depois de sete dias. O zoológico afirma que não é incomum que carnívoros comam seus próprios filhotes se estiverem comprometidos de alguma maneira.
Quando o terceiro filhote ficou sozinho, os funcionários decidiram tirá-lo de perto da mãe e criá-lo separadamente.
O zoológico afirma que o filhote sobrevivente está ativo e crescendo normalmente. Cuidadores ficam junto com ele 24 horas por dia como pais substitutos. Eles carregam o filhote em um "sling", tecido que segura o bebê junto do corpo, e o alimentam com mamadeira. A instituição espera conseguir reintroduzir o filhote junto aos outros ursos-beiçudos.
Urso-beiçudo dorme em colo de cuidador (Foto: AP Photo/Smithsonian's National Zoo)Urso-beiçudo dorme em colo de cuidador (Foto: AP Photo/Smithsonian's National Zoo)

A CRIMINOSA "REPORCAGEM" DA VEJA

Veja, Dirceu e a “vida na cadeia”

No Reino Unido – da “bolivariana” Rainha Elizabeth 2ª e do “esquerdista” David Cameron, do Partido Conservador –, executivos e jornalistas do império midiático de Rupert Murdoch foram julgados, condenados e levados à cadeia pelos crimes de invasão de privacidade, escutas ilegais e suborno de autoridades para alimentar as páginas sensacionalistas do tabloide “News of the World”, que inclusive foi fechado. Já no Brasil, a criminosa revista Veja usa os mesmos métodos, permanece impune e ainda conta com vultosos anúncios publicitários do governo federal. Nesta semana, ela estampou uma capa macabra e publicou uma longa “reporcagem” sobre “A vida na cadeia” do ex-ministro José Dirceu.
A matéria sobre as supostas regalias do líder petista no presídio da Papuda é totalmente desonesta. Ela não apresenta qualquer prova concreta, está baseada em “fontes anônimas” e comete várias ilegalidades. Com os objetivos de manter o ex-ministro preso de forma ilegal – já que a pena imposta no midiático julgamento do STF foi de regime semiaberto e ele permanece detido em regime fechado – e de desgastar as forças de apoio ao governo Dilma Rousseff num ano de sucessão presidencial, a revista Veja cometeu mais um dos seus crimes. Como nos casos anteriores, ela sabe que ficará impune e que contará com o silêncio acovardado de muitos – principalmente no parlamento – que temem o poder corrosivo da mídia.
Como esclarece artigo postado nesta quinta-feira (20) no “Blog do Zé Dirceu”, a revista abusou, mais uma vez, do “sensacionalismo a serviço da ilegalidade”. Vale conferir os argumentos inquestionáveis apresentados no texto:
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O debate que se criou a respeito das ‘supostas regalias’ ao ex-ministro José Dirceu na Papuda, especialmente após a reportagem de capa de Veja, é ancorado em uma série de boatos sensacionalistas com claro objetivo de mantê-lo preso ilegalmente, em descompasso com o que diz a Lei de Execuções Penais.
As acusações são exemplos de um antijornalismo, que fere os direitos e a própria Lei e busca inflar a opinião pública e a própria população carcerária contra José Dirceu e outros réus da AP 470. Tem ainda um desdobramento gravíssimo: serve, agora, de pretexto para o Ministério Público pedir a transferência de todos para um presídio federal. Enquanto se debatem e investigam boatos e inverdades, retarda-se a análise do pedido para que o ex-ministro possa trabalhar fora do presídio.
A reportagem de Veja, encampada por outros veículos, recorre a supostas fontes anônimas, distorce e manipula informações para desferir novos ataques ao ex-ministro. O sigilo de fontes - instrumento fundamental e legítimo do jornalismo - é usado sem freio, apenas para sustentar versões fantasiosas sobre a rotina de Dirceu na prisão. Não há fatos concretos, documentos ou fontes que sustentem as denúncias. Muito do que também apresentam como provas de regalias sequer seria ilegal e, em alguns casos, constituem direitos assegurados pela lei. Ou seja, quem escreve sequer se dá ao trabalho de entender a legislação. Compreensível, já que seu objetivo é o puro sensacionalismo.
Vejamos o que diz a legislação. O artigo 41 da Lei de Execuções Penais, inciso VIII, é claro ao dizer que, entre os direitos do preso está o de “proteção contra qualquer forma de sensacionalismo”. A publicação de fotos de Dirceu no interior da prisão feita pela revista Veja e a construção midiática mentirosa de sua rotina na cadeia por si só já demonstram a violação da lei. Sob o pretexto de denunciar um suposto desrespeito à lei por parte do ex-ministro, a publicação apenas atropela a lei – o que, admitimos, não é novidade alguma.
Entre os boatos ou circunstâncias apontadas como regalias, muitas saltam aos olhos de tão frágeis. Uma delas é a de que Dirceu passaria o tempo lendo na biblioteca, para reduzir a pena. O ex-ministro não lê na biblioteca. Ele trabalha no local, organizando os livros e limpando o ambiente. A Lei de Execuções Penais permite que os presos, sobretudo aqueles em regime semiaberto, trabalhem e estudem. O trabalho de Dirceu na biblioteca do presídio está absolutamente amparado pela legislação.
Também não tem fundamento - e para saber isso nem precisava esforço jornalístico - a informação de que ele lê para reduzir a pena. Tal benefício não é uma garantia assegurada. A remição de pena por meio de leitura de livros não está regulamentada em portaria no Distrito Federal. O assunto está em estudo na Vara de Execuções Penais. Cada unidade da Federação tem regulamentado o benefício por parâmetros próprios.
Entre as distorções praticadas, está a de que o ex-ministro teve o privilégio de ser atendido por um podólogo. A indicação do tratamento foi feito pela enfermeira responsável por seu atendimento no presídio. Não custa lembrar que os cuidados com a saúde é uma das primeiras garantias previstas em lei. Diz o artigo 14: “A assistência à saúde do preso e do internado de caráter preventivo e curativo, compreenderá atendimento médico, farmacêutico e odontológico”. Mais adiante, o artigo 43 prevê; “É garantida a liberdade de contratar médico de confiança pessoal do internado ou do submetido a tratamento ambulatorial, por seus familiares ou dependentes, a fim de orientar e acompanhar o tratamento.”
O escândalo armado em torno de visitas de autoridades e de advogados só pode existir também por desconhecimento da lei – que permite tais visitas – ou por pura má fé. Também é igualmente fantasiosa a versão de que Dirceu está numa cela com “características especiais”. A cela, dividida com outros detentos, tem 24 metros quadrados e um banheiro, aberto por sinal.
Não distante desses delírios, também está a informação de que uma “ala de luxo” estaria sendo construída no Complexo da Papuda para abrigar os réus da AP 470. O local está sendo reformado para abrigar outros internos que trabalham no Complexo Penitenciário da Papuda.
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Como demonstra o texto, a edição da Veja é mentirosa, leviana e criminosa. As ilegalidades são tantas que até um jornalista como Alberto Dines, que não pode ser acusado de petista ou esquerdista, escreveu no Observatório da Imprensa um artigo detonando a revista. Para ele, a matéria da edição desta semana “não é reportagem, é pura cascata: altas doses de rancor combinadas a igual quantidade de velhacaria em oito páginas artificialmente esticadas e marombadas. As duas únicas fotos de Dirceu (na capa e na abertura), feitas certamente com uma microcâmera, não compravam regalia alguma”. O próprio jornalista chega a insinuar que seria o caso de abertura de processo contra os responsáveis pela revista:
“Detentos não podem ser fotografados ou constrangidos, o ato configura abuso de poder, invasão da privacidade e, principalmente, um torpe atentado ao pudor e à ética jornalística. Um bom advogado poderia até incriminar os responsáveis por formação de quadrilha ao confirmar-se que o autor da peça (o editor Rodrigo Rangel) não entrou na penitenciária e que alguém pagou uma boa grana aos funcionários pelas fotos e as, digamos, ‘informações’”. De fato, há muito que alguns editores e jornalistas da revista Veja constituíram uma perigosa quadrilha, que fere a ética e atenta contra a democracia. Se fosse no Reino Unido, eles até poderiam conhecer melhor como é “A vida na cadeia”!
 Por Altamiro Borges - Blog do Miro:

Bope ocupa Conjunto de Favelas da Maré, no Rio

Cerca de 120 homens atuam nas favelas Parque União e Nova Holanda.
PM também ocupou morro do Juramento e Chapadão na noite de sexta.

Marcelo Elizardo Do G1 Rio
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Policiais do Batalhão de Choque ocupam favela do Chapadão, no Subúrbio (Foto: Reprodução/ TV Globo)Policiais do Batalhão de Choque ocupam favela do Chapadão, no Subúrbio (Foto: Reprodução/ TV Globo)
O Batalhão de Operações Especiais (Bope) ocupa as comunidades Parque União e Nova Holanda, no Conjunto de Favelas da Maré, Zona Norte Rio, desde a noite de sexta-feira (21). A tropa de elite da Polícia Militar já ocupava o Conjunto e Favelas do Alemão desde sábado (15). Até as 8h deste sábado (22), não havia registro de confronto, prisões ou apreensões na região, de acordo com a polícia.
O Bope está atuando com um efetivo de 120 homens e tem o apoio do Grupamento Aéreo do Comando de Operações Especiais (Coe). De acordo com o batalhão, o objetivo é fazer uma "varredura" na área. A ocupação acontece após uma série de ataques a bases de UPP na quinta-feira (20). Sete favelas pacificadas tiveram registro de ofensiva de criminosos somente em 2014, como levantou o G1.
Em reunião no Palácio do Planalto, em Brasília, na sexta, o governador Sérgio Cabral pediu auxílio de forças federais de segurança. O Comando Militar do Leste (CML) informou ao G1 na manhã deste sábado que ainda não há previsão para início de atuação do Exército na Maré ou em outras comunidades do Rio.
Em um dos ataques, o mais grave, o comandante da UPP Manguinhos, capitão Gabriel Toledo, foi baleado na coxa e cinco bases da UPP Mandela, além de dois carros da PM, foram incendiados. Outro policial ficou ferido. Para especialistas ouvidos pelo G1, o projeto não corre risco, mas precisa de apoio.
Após reunião do gabinete de crise, na madrugada de sexta, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, afirmou que os ataques teriam sido orquestrados por uma facção criminosa e que a ordem teria partido de dentro de presídios.
"Nós temos, sim, confirmado. Eu posso dizer isso a vocês, nós temos isso confirmado. E o que nós viemos fazer aqui [reunião no Centro Integrado de Comando e Controle] é exatamente um plano para que nós possamos proteger sem dúvida nenhuma a cidade de mais esta crise", afirmou Beltrame.
Choque ocupa Chapadão desde a noite de sexta (Foto: Reprodução/ TV Globo)Choque ocupa Chapadão desde a noite de sexta (Foto: Reprodução/ TV Globo)
Outras comunidades ocupadas
A Polícia Militar ocupa também no Morro do Juramento, em Vicente de Carvalho, Subúrbio do Rio, desde a noite desta sexta-feira (21). A informação foi confirmada pelo serviço reservado do 41° BPM (Irajá).

De acordo com a unidade policial, a ocupação teve início por volta das 20h e envolvia policiais de outros batalhões da PM, entre eles o 9° BPM (Rocha Miranda) e 14º BPM (Bangu).
Também na noite desta sexta-feira (21), uma operação policial comandada pelo Batalhão de Choque (BPChq) era realizada no Morro do Chapadão, em Costa Barros, Subúrbio. De acordo com o serviço reservado da unidade, os agentes vasculhavam a comunidade em busca de armas e drogas. Segundo o comandante do batalhão, tenente-coronel André Vidal, houve prisões de suspeitos com carros roubados e apreensões de motos, drogas e outros veículos.
Polícia atua no Morro do Juramento após ataques a UPPs no Rio (Foto: TV Globo/Reprodução)Polícia atua no Morro do Juramento após ataques a UPPs no Rio (Foto: TV Globo/Reprodução)
Ações orquestradas
A Polícia Militar do Rio de Janeiro acredita que as ações criminosas que ocorreram em três UPPs da Zona Norte tenham sido orquestradas. O comandante-geral das UPPs, Coronel Frederico Caldas, disse na manhã desta sexta-feira (21) que nunca houve um evento tão extremo como o que ocorreu em Manguinhos.
"Não temos mais dúvidas de que o que aconteceu em Manguinhos, Arará, Mandela e Camarista/Méier foram ações orquestradas. Apesar de ser uma área de hostilidade, em Manguinhos nunca tivemos um evento tão extremo como o que aconteceu ontem. Cinco das sete bases foram incendiadas e algumas viaturas também", disse coronel Frederico Caldas.
Apesar da relação entre os ataques, Caldas exclui a troca de tiros no Conjunto de Favelas do Alemão desta lista. Segundo ele, a ação no Alemão, também na noite de quinta, foi pontual.

Guerra síria faz estilista virar camelô e engenheiro vender roupas em SP

Conheça histórias de refugiados; maioria trabalha em lojas do Brás.
Aula de português em mesquita ajuda na adaptação à nova vida.



Flávia Mantovani Do G1, em São Paulo

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Na sala de aula improvisada na Mesquita do Pari, um grupo de cerca de 20 pessoas recita junto com a professora o alfabeto e os números em português. O sotaque árabe é forte, mas a vontade de aprender também é grande: eles sabem que precisam se tornar fluentes no idioma para conseguir se adaptar à nova vida que estão construindo em São Paulo.
A turma é heterogênea: há jovens, idosos, um casal com crianças, engenheiros, professores, eletricistas, pessoas de todas as profissões e classes sociais. A maioria chegou ao Brasil sem conhecer ninguém. Também não tinham lugar para morar, fonte de renda ou conhecimento da cultura do país. Cruzaram o oceano rumo ao desconhecido na esperança de um recomeço após perderem casa, emprego e segurança na Síria, atingida por uma guerra civil que acaba de completar três anos.

 Refugiados sírios em SP aprendem português para começar nova vida (Gabriel Chaim/G1)

Uma vez aqui, foram acolhidos por conterrâneos que conheceram pela internet e por comunidades religiosas como a da mesquita onde as aulas de português acontecem. Eles tentam ajudá-los como podem, auxiliando com a burocracia, com moradias provisórias, empregos informais, tratamento de saúde.
Mas as barreiras são muitas. Como eles chegam com visto de turismo (o pedido de refúgio tem que ser feito em território brasileiro), não podem tirar carteira de trabalho. Pior: podem ter que esperar sete, oito meses pela entrevista para obter o protocolo que serve como documento enquanto o registro definitivo não sai. Nesse período, o visto de turista vence, e eles acabam ficando ilegalmente no país até a situação ser regularizada.
Para conseguir se sustentar, muitos trabalham em lojas de roupas ou em feiras na região do Brás, independentemente da profissão que tinham antes de chegar aqui. Alguns ficam em hotéis por um período, outros dividem apartamentos com mais refugiados ou se hospedam em mesquitas, igrejas e abrigos.
E assim vão levando, tentando melhorar de vida e se adaptar a uma cultura que é muito diferente da sua. Há quem não aguente e procure outro país com oportunidades melhores ou até volte para a Síria. Foi o caso, por exemplo, de um casal que, sem saber onde procurar ajuda, foi morar na rua no centro de São Paulo e acabou sendo vítima de violência – a mulher foi estuprada no episódio. Traumatizados, eles preferiram voltar para o cenário de guerra.
Mas a maioria pretende ficar aqui ao menos até a situação melhorar em seu país. Para eles, as deficiências na assistência oficial acabam sendo compensadas pelo jeito acolhedor dos brasileiros. Conheça a seguir a história de alguns desses refugiados que vivem na maior cidade do país.
Eletricista e mulher grávida chegaram ao país por acaso
Abdallah e Nisreen Mohammed com os filhos no apartamento que dividem com outra família (Foto: Gabriel Chaim/G1) 
Abdallah e Nisreen Mohammed com os filhos no apartamento que dividem com outra família (Foto: Gabriel Chaim/G1)
O casal Abdallah e Nisreen Mohammed chegou a São Paulo há apenas cinco meses, mas já tem um filho brasileiro. Nisreen, de 25 anos, estava no fim da gravidez quando embarcou no voo para o Brasil junto com o marido e uma filha de dois anos.
O plano inicial era ir para a Europa. Abdallah conta que pagou quase US$ 20 mil para um intermediário fazer um visto e enviá-los para “qualquer país da União Europeia que os aceitasse”. Segundo ele, o homem os enganou e eles só se deram conta de que teriam que desembarcar no Aeroporto de Guarulhos quando já estavam aqui. “Pensamos que faríamos uma conexão no Brasil e depois iríamos pra Europa”, diz o eletricista de 30 anos de idade.
A vida em São Paulo é muito difícil. Não temos ajuda do governo, o aluguel é muito caro. A vida é casa-trabalho-trabalho-casa"
Abdallah Mohammed
O sírio diz que ficou “chocado” quando percebeu o que havia acontecido. “Chegamos aqui e é uma cultura diferente, um idioma diferente, não conhecíamos ninguém, não tínhamos dinheiro para sobreviver”, diz.
Com a ajuda dos voluntários da mesquita, Nisreen conseguiu fazer o pré-natal, ter o bebê na Santa Casa de Misericórdia e registrar a criança.
Mas a adaptação da família não está sendo fácil. Sem falar português ainda – não dá tempo de estudar, diz Abdallah --, ele conseguiu um emprego em um restaurante árabe no Brás. Junto com a mulher e os filhos, acaba de se mudar para um apartamento de dois quartos no centro, compartilhado com outra família de refugiados com quem não tinham tido nenhum contato antes de chegar aqui.
No ambiente quase sem móveis, há apenas uma cama de casal para o casal dormir com as duas crianças. “A vida em São Paulo é muito difícil. Não temos ajuda do governo, os aluguéis são muito caros comparados com o salário que a gente recebe. A vida é casa-trabalho-trabalho-casa”, diz.
Abdallah afirma que sente saudade de “tudo” na Síria, mas sabe que não dá para voltar para lá por enquanto. Com os bombardeios em Aleppo, cidade onde morava, ele perdeu casa, amigos e parentes. “Quando acabar a guerra, se tivermos como viver lá, queremos voltar. Mas antes precisamos de um lugar para construir nossa vida , abrir o nosso caminho”, diz.
Engenheiro preso por engano tenta superar trauma com a família
Talal com a mulher, Ghazal, e os filhos Riad (à esq.) e Yara.  (Foto: Gabriel Chaim/G1) 
Talal com a mulher, Ghazal, e os filhos Riad (à esq.) e Yara. (Foto: Gabriel Chaim/G1)
Na aula de português na mesquita, dois alunos se destacam. Sentados nas duas primeiras filas, Yara e Riad são espertos e participativos, e gostam de recitar as lições em voz alta junto com a professora.
Os irmãos, de 9 e 12 anos, chegaram ao Brasil em dezembro de 2013 junto com os pais, Talal Al Tinawi e Ghazal Baranbo. Talal, um engenheiro de 40 anos, decidiu deixar o país depois que foi preso pelo Exército Sírio – ele diz que foi confundido com um homônimo que o governo estava procurando.
Ele ficou 105 dias na cadeia. A esposa só ficou sabendo do seu paradeiro dois meses depois, quando ele conseguiu ligar para ela. “O maior sofrimento foi não saber onde ele estava nem o que havia acontecido com ele”, diz Ghazal, que tem 30 anos de idade. Um dia, quando ela o visitava com os filhos, os rebeldes atacaram a prisão com bombas e tiros. Traumatizadas, as crianças não quiseram mais ir visitar o pai.
Só soube onde ele estava depois de dois meses. O maior sofrimento foi não saber o que havia acontecido"
Ghazal Baranbo, sobre a prisão
do marido na Síria
Quando Talal foi solto, a família passou dez meses no Líbano e depois veio para o Brasil. Aqui, o engenheiro trabalha vendendo roupas infantis no Brás. Questionado se gosta de morar em São Paulo, ele responde que “ainda não”. “Preciso de tempo. Três meses não é suficiente”, diz.
As crianças já estão estudando: Yara em um colégio islâmico e Riad em uma escola pública na Vila Carrão (nome que o pai sofre para pronunciar). Graças à ajuda de voluntárias que os apoiam no dever de casa e dos amigos que já fizeram na escola, os meninos estão aprendendo rápido o idioma.
Riad conta que tem saudade da Síria porque lá a família tinha casa própria e carro. Também sente falta dos parentes e dos vizinhos, com quem brincava duas vezes por semana. Mas ele está se acostumando à mudança. “Gosto de morar aqui porque é um novo país”, diz, em português.
Ex-funcionário de TV estatal quer morar no Sumaré
Seu nome é Majd, mas ele prefere ser chamado de Miguel. Para facilitar a comunicação com os brasileiros, o engenheiro de telecomunicações Majd Soufan, de 27 anos, adotou esse nome depois de chegar ao país no fim de dezembro do ano passado.

Ele veio da Malásia, para onde seu pai o enviou em 2011, preocupado com a sua segurança após ele ter participado de manifestações de rua no início da guerra. Miguel trabalhava na televisão estatal síria e ia ter que servir o exército, o que tornava sua situação mais difícil.
Assista ao vídeo ao lado
O engenheiro fez mestrado em sistemas de celulares na Malásia, mas quando acabou seu curso e seu visto não foi renovado, precisou encontrar outro país onde morar. Acabou chegando ao Brasil após ler sobre os voluntários da Mesquita do Pari no site da ONU. “Peguei o endereço e vim. Foi uma aventura”, diz.
Como muitos outros compatriotas, Miguel trabalha em uma loja de roupas, mas quer validar seu diploma para poder um dia voltar para a sua área. “Queria muito trabalhar na Vivo, na Claro. Eu posso ajudar, tenho muitas ideias”, afirma.
Aluga um quarto no Brás, mas diz que sonha em se mudar para seu bairro predileto na cidade: o Sumaré. “Gosto de lá. É limpo, organizado. Uma boa área”, explica.
Peguei o endereço [da mesquita] e vim para o Brasil. Eu não conhecia ninguém. Foi uma aventura"
Miguel Soufan
O domínio de idiomas está ajudando no aprendizado de português: Miguel fala árabe, alemão, inglês, farsi (língua do Irã) e um pouco de chinês. “Eu quero ser brasileiro”, diz, em português, durante a entrevista, com bom humor.
Seu tom fica mais grave ao falar sobre a guerra e sobre a família, que continua na Síria. “Nossa casa foi destruída, nossa fábrica, nossas terras, tudo se foi. Muitos amigos meus estão mortos, alguns poucos escaparam de lá”, conta.
Depois que a casa foi bombardeada, seus pais foram morar na casa de parentes. Eles querem sair da Síria, mas Miguel diz que há barreiras. “O problema é que minha avó é muito idosa, não consegue andar, e meu pai não quer deixá-la lá”, diz.
Comunicativo, ele diz que já fez muitos amigos brasileiros. “E quero fazer muitos mais”, afirma.
Estilista que trabalha na Feira da Madrugada conta drama de parentes
A guerra obrigou a família de Nour Koeder, 23, a se separar: ele mora em São Paulo; o pai, na Jordânia, com um de seus irmãos; a mãe foi para o Líbano e a irmã e outro irmão dele continuam na Síria.
Assista ao vídeo ao lado
Nour é de Arbeen, cidade próxima a Damasco que foi uma das atingidas por armas químicas que teriam sido jogadas pelo governo sírio em agosto do ano passado. O rapaz conta que não estava lá na época, mas soube da tragédia por amigos e familiares.
A família de Nour foi toda afetada pelo conflito. O tio e a mulher dele foram mortos por um bombardeio aéreo. Um primo dele está preso há quase dois anos. E o pai de Nour ficou preso por seis meses também – segundo o garoto, apenas por ser de uma cidade onde há muitos revolucionários. “Ele não fez nada. Ele tem 56 anos, trabalhava em uma companhia, só ia para o trabalho todos os dias”, conta.
O rapaz diz que não conseguiu reconhecer o pai quando ele saiu da prisão, com 25 quilos a menos e a mesma roupa que usava no dia em que havia sido detido.
Estilista, Nour desenhava vestidos de noiva de alta costura na Síria. Hoje, trabalha na Feirinha da Madrugada do Brás e mora com uma tia que vive no país há 35 anos. Diz que, mesmo longe, a guerra o inquieta. “Estou no Brasil e mesmo assim tenho medo. Não por mim, mas por minha família na Síria”, diz.
Professora de inglês mora com brasileiras e sonha em voltar a lecionar
Dana Albalkhi, 25, está no Brasil há apenas três meses, mas já aprendeu muitas palavras em português. O fato de ter trabalhado como professora de inglês na Síria ajuda na facilidade para aprender o idioma, mas além disso ela mora com duas garotas brasileiras em São Paulo, e diz que aprendeu muito com elas.
Assista ao vídeo acima
“No primeiro mês eu só me comunicava com gestos. Depois comecei a aprender com as brasileiras que moram comigo e também no trabalho”, diz ela, que trabalha em uma loja de roupas no Bom Retiro, “apenas para começar”. “Quando eu tiver meus papéis, posso, quem sabe trabalhar dando aulas”, diz.
A jovem é de Daraa, uma das cidades onde começou a revolução síria. Ela diz que a situação lá está “feia”. “Tem bombas o tempo todo, não há eletricidade. Minha mãe me diz que todo dia há alguma coisa acontecendo lá”, conta. 
Dana deixou a Síria em outubro. Foi para a Turquia, mas achou a língua difícil demais de aprender e não conseguiu emprego. Diz que gosta de cidades grandes como São Paulo. “Aqui tem muitas oportunidades. Basta saber aproveitá-las”, afirma. E completa: “Quero ficar aqui. Inshallah [se Deus quiser].”
arte síria versão 18.02 (Foto: Arte/G1)

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