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No Brasil, recomenda-se o exame apenas a crianças com doença cardíaca na família ou indicação médica.
A nova recomendação será apresentada no domingo, na reunião da Associação Americana do Coração, por membros do Instituto Nacional do Coração, Sangue e Pulmão.
A mudança foi baseada em um estudo publicado em 2010 no periódico "Pediatrics", feito com cerca de 20 mil crianças americanas de dez anos de idade, em média.
Segundo o trabalho, 9,5% das crianças sem história familiar tinham colesterol alto --e essa parcela deve aumentar, por causa da epidemia de obesidade infantil nos EUA. Dessas, só 1,7% precisava de tratamento com remédios.
Ainda de acordo com as diretrizes, os remédios para baixar o colesterol são indicados apenas para crianças com mais de dez anos e com colesterol alto de base genética.
Nesses casos, a pessoa tem tendência a ter altos níveis de colesterol, independentemente de dieta ou exercício.
RESSALVAS
Ieda Jatene, do departamento de cardiologia pediátrica da Sociedade Brasileira de Cardiologia e médica do HCor (Hospital do Coração), afirma que a nova diretriz é "um pouco alarmista".
"Não há estudos mostrando que esse rastreamento universal diminui a incidência de doenças no futuro." Ela acredita ainda que o maior número de exames pode levar ao aumento de medicação desnecessária.
Para Luiz Antonio Machado César, presidente da Socesp (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo) e médico do InCor (Instituto do Coração da USP), as novas diretrizes não devem mudar nada na prática clínica.
"A maioria das crianças com colesterol alto do estudo deviam ser obesas, e aí a orientação de mudar a dieta independe do exame."
Quanto aos que têm colesterol alto com predisposição genética, precisam de remédio e poderiam ser detectados na triagem universal, o cardiologista diz que o número de pacientes beneficiados seria muito pequeno para justificar o rastreamento.
"Seriam feitos cem exames para descobrir uma criança que precisa tomar remédio. Não sei se justifica o custo."
DIABETES
As novas diretrizes também recomendam teste de diabetes a cada dois anos a partir dos nove anos de idade para crianças acima do peso.
A lista ainda inclui testes anuais para aferir a pressão arterial de crianças a partir dos três anos e orientação antifumo dos cinco aos nove anos de idade.
MARIANA VERSOLATO
Folha