Cuidados especiais podem aliviar a cólica de crianças recém-nascidas | ||
POR GARDÊNIA CAVALCANTI
Rio - A cena é recorrente nos seis primeiros meses de vida do bebê: choro gritante, o bebê se contorcendo e encolhendo as perninhas até tocar na barriga. As cólicas, comuns em bebês desde o nascimento, incomodam os pequenos e tiram o sossego de mães e pais, podendo gerar um estresse emocional em toda a família.Os sinais e os sintomas das cólicas nos recém-nascidos são identificados pela literatura médica como “Regra dos Três” – choro excessivo e inconsolável por mais de três horas por dia, ocorrendo no mínimo três vezes na semana, e desaparecendo por volta do terceiro mês de vida.
A pediatra da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, Carmem Lúcia, explica que as cólicas são relacionadas à imaturidade fisiológica do sistema digestivo do bebê. "Também é possível que haja o desequilíbrio nos hormônios envolvidos no movimento dos intestinos. Com isso ocorre um aumento do espasmo e, consequentemente, a cólica", diz.
Para o combate à cólica, há no mercado remédios alopatas e fitomedicamentos. Muitas mães preferem apelar para soluções naturais, como os chás de camomila, erva-doce, endro e funcho. No entanto, a pediatra alerta que o uso de chás contra cólicas é controverso.
"Existem estudos científicos que relacionam melhora do quadro da cólica após ingestão de chá de camomila durante uma semana, porém alguns estudos, além de não demonstrarem eficácia, falam contra o uso, pois associam a ingestão de chás por meio de mamadeiras com desmame prematuro”, ressalta Carmem.
Segundo o pediatra e diretor médico Márcio Gueiros, da Hebron Farmacêutica, que produz o fitomedicamento Endorus, com o extrato fluido da hortelã-pimenta, o chá pode prejudicar a saúde do bebê, pois a dosagem da planta colocada na bebida, bem como seu estado de conservação, podem levar à contaminação.
“Os fitomedicamentos são mais seguros porque são elaborados com extratos padronizados, e passam por pesquisas clínicas para comprovar sua segurança e eficácia. E por terem tarja vermelha, são vendidos sob prescrição médica”, salienta.
O pediatra lembra também que a alimentação da mãe pode contribuir para as cólicas, principalmente na fase da amamentação. “Muitas vezes o problema pode estar associado ao uso de alimentos condimentados, derivados do leite, chocolates, cafeína, cebola, feijão e alimentos cítricos. Porém não há comprovação científica sobre o assunto”, afirma.
As mães são orientadas a observar se os bebês ficam mais inquietos e irritados após a ingestão de algum alimento específico.
Gueiros acrescenta que, primeiramente, é preciso manter um ambiente tranquilo na hora de alimentar o bebê. E para diagnosticar se o choro é causado pelas cólicas, a mãe precisa primeiro de calma para depois descartar a possibilidade do bebê estar com fome, frio, calor. Também é necessário verificar se a fralda está molhada e observar se o incômodo tem horário fixo de início e fim, já que as cólicas costumam ocorrer sempre no mesmo horário.
“A prevenção das cólicas pode acontecer, inicialmente, com a correção da apego do bebê ao seio, diminuindo muitas vezes a ingestão de ar durante a sucção. Pode-se colocar o bebê para arrotar após a refeição, dar banho morno e movimentar suas perninhas como se ele estivesse pedalando, ou massagear a barriguinha do bebê com movimentos circulares por alguns minutos, para eliminação de gases e evacuação”,