9.15.2011

Vício em drogas, uma 'doença familiar'

Rio - Pergunta da semana: “Padre, meu cunhado começou a usar drogas e minha irmã o colocou para fora de casa. Intercedi e ela o aceitou de volta sob a condição de que fizesse um tratamento. Mas, passado algum tempo, ele teve uma recaída e minha irmã novamente o expulsou. Interferi mais uma vez e, agora, tudo recomeçou — ela impôs as mesmas condições e meu cunhado retomou o tratamento. Fico aflita sem saber o que fazer e sempre peço a Deus muita sabedoria para meu cunhado e minha irmã. E, no meio de toda essa situação, ainda tem meu sobrinho de apenas 4 anos, que é muito apegado ao pai. Peço seu conselho, pois não sei como lidar com isso, obrigada”.
A dependência química é uma ‘doença familiar’, ou seja, não apenas o dependente sofre, mas todos que o cercam. Ainda assim, tanto o usuário de drogas quanto seus familiares têm dificuldade de aceitar que a dependência química é doença. Por um lado, isso é compreensível, afinal ninguém quer ser doente ou admitir que um ente tão querido esteja gravemente enfermo. No caso do viciado, quase sempre ele acredita que tem o controle da situação e pode parar quando quiser, então prefere até ser maltratado a aceitar a condição de doente.

A doença provoca nos parentes medo, nervosismo, preocupação, insegurança, ansiedade, entre outros sentimentos negativos que denotam o adoecimento da família. Lembro com muita frequência aos casais o sentido mais profundo do pacto nupcial e do juramento feito perante Deus: o de permanecerem fiéis um ao outro, amando-se e respeitando-se na saúde e doença, na alegria e na tristeza. Portanto, sendo o vício enfermidade, sua irmã tem o dever de tentar ajudar o marido.

Aconselhe sua irmã a procurar psicólogo e grupos de apoio para pais, parentes e amigos de dependentes, como Nar-Anon e Pastoral da Sobriedade, a fim de compartilhar experiências e adquirir forças, e incentivar o esposo a prosseguir com o processo de reabilitação.
Converse com seu cunhado nos momentos de sobriedade, evitando qualquer tom de confrontação e demonstrando que se preocupa. Enfatize que o uso da droga poderá fazê-lo perder a linda família. Ressalte que já interferiu duas vezes, mas, por mais que lhe doa, não terá como repetir esse gesto se ele não aceitar que a dependência é uma doença, crônica e progressiva, a qual pode até se tornar fatal. Sugira, ainda, que procure ajuda especializada, incluindo psicoterapia, por meio de entidades como os Centros de Atenção Psicossocial - CAPS, os grupos do AA e a já citada Pastoral da Sobriedade. Vale lembrar que a religiosidade e a espiritualidade são fortes aliadas, favorecendo a recuperação e a diminuição de recaídas.
Certamente, reabilitar-se não é tarefa fácil, mas sentir-se amado por Deus — Ele amou tanto o mundo que nos deu Seu Filho único para que todo o que n’Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3, 16) —, acreditar no Seu poder e saber que d’Ele vem a força necessária fazem toda a diferença no processo de libertação. Como afirma São Paulo: “Todo aquele que está em Cristo é uma nova criatura. Passou o que era velho; eis que tudo se fez novo!” (2 Co 5.17). Que Deus toque no coração de seu cunhado e lhe dê forças para lutar contra o vício.
O Dia

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