webmaster@boaspraticasfarmaceuticas.com.br
11.28.2009
"Olho Biônico" esperança para cegos.
Um homem britânico que havia perdido a visão na juventude se tornou uma das primeiras pessoas do mundo a voltar a enxergar com o uso de um "olho biônico" desenvolvido nos Estados Unidos.
Peter Lane, de 51 anos, da cidade de Manchester, é uma das 32 pessoas que estão sendo submetidas uma experiência internacional com o equipamento.
Ele recebeu um implante de um receptor eletrônico, instalado dentro do globo ocular e ligado ao nervo óptico e a óculos especiais.
Uma câmera colocada nesses óculos capta a imagem e a envia a um processador portátil, que transforma a imagem em sinais eletrônicos enviados ao receptor. Este, por sua vez, envia impulsos até retina e nervo óptico, fazendo a pessoa finalmente enxergar.
'Pequenas palavras'
Lane, por enquanto, consegue apenas ler palavras pequenas em uma tela especial.
"É um começo", disse ele. "Os médicos vão me dar uma dessas telas para eu ler em casa, e espero um dia poder voltar a ler cartas sozinho."
"Além disso, quando saio, o equipamento me dá mais segurança e mais independência."
Lane começou a perder a visão por volta dos 20 anos por causa de uma retinite pigmentosa, uma doença degenerativa da retina com origem genética.
O "olho biônico" foi desenvolvido pela empresa americana Second Sight e está sendo testado por apenas 11 médicos de todo o mundo.
Os especialistas, no entanto, acreditam
Globo.com
Amplificador visual é nova alternativa para olho biônico
Pontos quânticos, nanopartículas que emitem luz, já são utilizadas para visualização de estruturas celulares.
Os olhos biônicos, equipamentos capazes de restaurar a visão de pessoas inteiramente cegas ou com problemas de visão extremamente sérios, são ainda uma promessa, apesar do grande número de pesquisas e dos vários testes em andamento.
A quase totalidade dessas pesquisas concentra-se no desenvolvimento de chips contendo sensores, muito semelhantes aos existentes nas câmeras digitais. Os sensores captam a luz e os sinais são enviados diretamente ao nervo óptico.
Amplificador visual
Mas o Dr. Jeffrey Olsen, da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, acredita ter descoberto um enfoque mais simples e mais promissor.
Em vez substituir as células fotossensíveis da retina danificada, o Dr. Olsen afirma que é mais simples amplificar a luz captada pelas células naturais, que geralmente ainda têm uma pequena sensibilidade, mas não o suficiente para ativar o nervo óptico e fazer com que a pessoa enxergue.
Pontos quânticos
A solução consiste no implante de pontos quânticos, nanopartículas com altíssima sensibilidade à luz. Os pontos quânticos são formados por materiais semicondutores que fluorescem quando atingidos pelos fótons e podem funcionar como uma espécie de amplificador visual, reforçando os sinais que chegam às células da retina.
A técnica tem várias vantagens. A maior delas é que os pontos quânticos não precisam uma fonte externa de energia, o que reduz a complexidade e as dimensões do dispositivo a ser implantado no olho. Embora os testes com os olhos biônicos tradicionais, baseados em sensores, estejam apresentando resultados promissores, eles ainda dependem de uma miniaturização futura, porque o chip implantado é grande e acaba impedindo o funcionamento das células da retina que ainda funcionam.
Biocompatibilidade
Os pontos quânticos não são o melhor exemplo de material biocompatível, podendo mesmo ser altamente tóxicos. Contudo, é possível revesti-los com materiais bioativos que não apenas os tornam inertes ao organismo, como também garantem que eles fiquem restritos a tecidos específicos da retina.
A grande desvantagem da nova técnica é que ela somente poderá ser aplicada aos pacientes que ainda possuem células vivas na retina. Contudo, segundo o Dr. Olsen, isso atende à grande maioria dos deficientes visuais.
Testes em ratos
Os primeiros testes feitos em ratos são promissores. Os animais que tiveram os pontos quânticos injetados em suas retinas apresentam uma maior atividade elétrica do que os animais normais, o que demonstra o funcionamento da técnica de amplificação visual.
A nova abordagem para restauração da visão já foi patenteada, mas ainda não há previsões de quando os testes em humanos irão começar, principalmente devido às questões da toxicidade dos pontos quânticos, que exigirão maiores pesquisas para que sejam aprovadas pelas autoridades de saúde.
Amígdala cerebral
Esqueça as fantasias da Dama do Lotação. Para a maioria das pessoas, o sufoco do coletivo na hora do rush não é nada agradável. Muito menos conversar com aquele colega que insiste em se aproximar tanto, a tal ponto de você sentir o bafo quente exalando da garganta.
Você anda pra trás, motivado por uma espécie de repulsa. Ele então anda pra frente, reconstituindo a distância original. A luta pelo espaço pessoal invadido continua até que você se pega encurralado por uma parede.
Existe um espaço, individual, que quando ultrapassado causa um certo desconforto. Em tese, você não briga pelo espaço, mas procura obtê-lo de forma pacífica (entre os animais ditos mais sociais).
Esse comportamento social está sendo associado a uma estrutura cerebral chamada amígdala.
Tradicionalmente, a amígdala foi associada a respostas ao medo. Como o medo é uma das reações mais primitivas entre as espécies, acreditava-se que fosse um centro que estimulasse uma reação impulsiva de escapada quando confrontamos uma situação de perigo iminente. Esses estudos, realizados em sua maioria em animais, eram sempre extrapolados como verdadeiros para humanos. Mas a história não é bem assim.
Num trabalho recente, publicado na revista científica “Nature Neuroscience” (Kennedy e colegas, 2009), os autores relatam o estudo de um indivíduo com um raro dano bilateral na amígdala. Esses casos isolados são extremamente importantes para se estudar a função causal de algumas estruturas cerebrais em pessoas. Obviamente, deve-se tomar cuidado com a interpretação dos resultados, pois sabemos muito pouco sobre a influência da variação individual do cérebro em humanos.
Ao trabalhar com esse indivíduo, os autores descobriram que a amígdala está envolvida na regulação da distância social. A amígdala inicia uma resposta vagarosa, mas explícita, sobre a invasão desse espaço interpessoal. Esses dados contrastam com os resultados obtidos com lesões em modelos animais, que sugeriam uma resposta rápida independente do contexto ambiental.
A maioria das pessoas regula a distância entre elas e os outros baseando-se em sensações de conforto pessoal e sentimentos pessoais. O sentimento de estar espremido no metrô entre desconhecidos causa uma sensação de repulsa e promove o reajuste imediato dessa distância pessoal. Pois bem, numa série de experimentos, desenhados de forma elegante e simples, o grupo mostrou que o indivíduo com o dano bilateral na amígdala não revelou a presença dessa barreira invisível que regula a distância interpessoal e nem reagiu ao ter seu espaço invadido. Esses dados sugerem fortemente que a amígdala é crucial para o sentimento de espaço pessoal.
Nos experimentos, o indivíduo lesado teve de ficar próximo a um desconhecido e classificar as diversas distâncias entre plenamente confortável e extremamente não confortável. O indivíduo preferiu distâncias bem mais curtas do que a média das pessoas sem a lesão. Além disso classificou como confortável, mesmo estando cara a cara com um estranho. Esse efeito foi consistente em diversas situações experimentais, onde o grau de familiaridade com o estranho, sexo, presença de contato com os olhos, etc., foram variados.
Interessante notar que o indivíduo relatou ter plena consciência dessa distância pessoal e que procurava sempre ajustá-la no dia a dia, baseando-se em princípios sociais. Isso sugere que a lesão não comprometeu funções cognitivas ou racionais – o indivíduo simplesmente não sentia o desconforto nas distâncias em que a maioria das pessoas sentia.
Baseando-se nisso, foi testado o grau de atividade da amígdala em humanos usando-se ferramentas de ressonância magnética. Os dados mostraram claramente que as pessoas tinham a amígdala ativada no momento em que estranhos invadiam o espaço pessoal. Esses experimentos sugerem que, em humanos, a amígdala funciona como um detector da violação do espaço pessoal.
A distância que mantemos entre nós e as pessoas com quem interagimos depende muito do contexto social e da relação prévia entre as pessoas. Isso varia muito entre as diversas culturas humanas. Como essas regras sociais são aprendidas culturalmente, a amígdala tem de se adaptar a respostas específicas que surgem em diferentes contextos durante o desenvolvimento humano. Pode-se então dizer que quanto mais contato com a diversidade humana durante a infância, melhor será sua adaptação e respeito entras diversas culturas.
O que os estudos estão indicando é que a função da amígdala parece ser muito mais importante do que fora anteriormente atribuída. Essa estrutura funcionaria como um “hub” cerebral, conectando diversas redes neuronais envolvidas com o aprendizado social. A socialização seria responsável por fazer um ajuste fino na resposta da amígdala a situações de invasão do espaço pessoal e alheio.
O refinamento desse processo em humanos parece exceder o que acontece em outras espécies com comportamentos sociais. Esse mecanismo cerebral influencia, literalmente, os graus de separação entre nós e o mundo social que nos cerca. Portanto, sinta-se mais humano na próxima vez que entrar num busão lotado.
Você anda pra trás, motivado por uma espécie de repulsa. Ele então anda pra frente, reconstituindo a distância original. A luta pelo espaço pessoal invadido continua até que você se pega encurralado por uma parede.
Existe um espaço, individual, que quando ultrapassado causa um certo desconforto. Em tese, você não briga pelo espaço, mas procura obtê-lo de forma pacífica (entre os animais ditos mais sociais).
Esse comportamento social está sendo associado a uma estrutura cerebral chamada amígdala.
Tradicionalmente, a amígdala foi associada a respostas ao medo. Como o medo é uma das reações mais primitivas entre as espécies, acreditava-se que fosse um centro que estimulasse uma reação impulsiva de escapada quando confrontamos uma situação de perigo iminente. Esses estudos, realizados em sua maioria em animais, eram sempre extrapolados como verdadeiros para humanos. Mas a história não é bem assim.
Num trabalho recente, publicado na revista científica “Nature Neuroscience” (Kennedy e colegas, 2009), os autores relatam o estudo de um indivíduo com um raro dano bilateral na amígdala. Esses casos isolados são extremamente importantes para se estudar a função causal de algumas estruturas cerebrais em pessoas. Obviamente, deve-se tomar cuidado com a interpretação dos resultados, pois sabemos muito pouco sobre a influência da variação individual do cérebro em humanos.
Ao trabalhar com esse indivíduo, os autores descobriram que a amígdala está envolvida na regulação da distância social. A amígdala inicia uma resposta vagarosa, mas explícita, sobre a invasão desse espaço interpessoal. Esses dados contrastam com os resultados obtidos com lesões em modelos animais, que sugeriam uma resposta rápida independente do contexto ambiental.
A maioria das pessoas regula a distância entre elas e os outros baseando-se em sensações de conforto pessoal e sentimentos pessoais. O sentimento de estar espremido no metrô entre desconhecidos causa uma sensação de repulsa e promove o reajuste imediato dessa distância pessoal. Pois bem, numa série de experimentos, desenhados de forma elegante e simples, o grupo mostrou que o indivíduo com o dano bilateral na amígdala não revelou a presença dessa barreira invisível que regula a distância interpessoal e nem reagiu ao ter seu espaço invadido. Esses dados sugerem fortemente que a amígdala é crucial para o sentimento de espaço pessoal.
Nos experimentos, o indivíduo lesado teve de ficar próximo a um desconhecido e classificar as diversas distâncias entre plenamente confortável e extremamente não confortável. O indivíduo preferiu distâncias bem mais curtas do que a média das pessoas sem a lesão. Além disso classificou como confortável, mesmo estando cara a cara com um estranho. Esse efeito foi consistente em diversas situações experimentais, onde o grau de familiaridade com o estranho, sexo, presença de contato com os olhos, etc., foram variados.
Interessante notar que o indivíduo relatou ter plena consciência dessa distância pessoal e que procurava sempre ajustá-la no dia a dia, baseando-se em princípios sociais. Isso sugere que a lesão não comprometeu funções cognitivas ou racionais – o indivíduo simplesmente não sentia o desconforto nas distâncias em que a maioria das pessoas sentia.
Baseando-se nisso, foi testado o grau de atividade da amígdala em humanos usando-se ferramentas de ressonância magnética. Os dados mostraram claramente que as pessoas tinham a amígdala ativada no momento em que estranhos invadiam o espaço pessoal. Esses experimentos sugerem que, em humanos, a amígdala funciona como um detector da violação do espaço pessoal.
A distância que mantemos entre nós e as pessoas com quem interagimos depende muito do contexto social e da relação prévia entre as pessoas. Isso varia muito entre as diversas culturas humanas. Como essas regras sociais são aprendidas culturalmente, a amígdala tem de se adaptar a respostas específicas que surgem em diferentes contextos durante o desenvolvimento humano. Pode-se então dizer que quanto mais contato com a diversidade humana durante a infância, melhor será sua adaptação e respeito entras diversas culturas.
O que os estudos estão indicando é que a função da amígdala parece ser muito mais importante do que fora anteriormente atribuída. Essa estrutura funcionaria como um “hub” cerebral, conectando diversas redes neuronais envolvidas com o aprendizado social. A socialização seria responsável por fazer um ajuste fino na resposta da amígdala a situações de invasão do espaço pessoal e alheio.
O refinamento desse processo em humanos parece exceder o que acontece em outras espécies com comportamentos sociais. Esse mecanismo cerebral influencia, literalmente, os graus de separação entre nós e o mundo social que nos cerca. Portanto, sinta-se mais humano na próxima vez que entrar num busão lotado.
Homem Integral
Quais são as características que definem o homem integral?
Poderíamos dizer que o homem integral é o indivíduo que desenvolveu ao máximo as suas três faculdades essenciais:
A faculdade de pensar, a de sentir e a de querer, ou a razão, o sentimento e a vontade.
O pensar e o querer são as faculdades ativas do homem integral, o sentir é a faculdade passiva. Nesse sentido, podemos dizer que o pensar e o querer partem do homem, o sentir acontece nele.
Em geral, sempre se considerou a razão como o patrimônio maior, e talvez único, da inteligência.
Por isso, desenvolver a inteligência significava quase que exclusivamente o desenvolvimento da razão ou do pensar.
O homem inteligente é aquele que sabe pensar. É preciso ensinar a pensar, se diz freqüentemente. Fomos levados a acreditar que o papel mais importante do educador é ensinar a pensar.
Nos dias atuais, entretanto, a inteligência emocional também tem sido difundida. Muito se tem falado da relevância dos aspectos emocionais no desenvolvimento da inteligência.
O ensinar a sentir passou a fazer parte do vocabulário dos educadores, embora não com a mesma força do ensinar a pensar.
Pouco, no entanto, tem sido dito da inteligência volitiva, ou inteligência associada à vontade. O papel desta inteligência na formação integral do homem precisa ser melhor explorado.
E a razão é simples. Nunca, como agora, os valores éticos e políticos se tornaram tão necessários.
A sociedade moderna, no plano nacional e mesmo internacional, reconhece a importância dos valores éticos na conquista de uma vida mais justa.
Aliás, direito e justiça resultam do uso adequado da vontade, ou do querer. Portanto, são frutos de uma inteligência volitiva bem desenvolvida.
Ousamos afirmar que a sociedade moderna padece as conseqüências de não ter dado a devida importância ao desenvolvimento da inteligência volitiva.
Educadores, em geral, preocupados com a construção de uma sociedade mais justa, deverão assumir, como compromisso inadiável, a tarefa de desenvolver a inteligência volitiva.
Uma educação para o desenvolvimento harmônico das inteligências racional, emocional e volitiva deve ser um dos mais importantes objetivos de uma instituição de ensino e de todo educador.
Os valores do sentimento e da moral sempre ficaram em segundo plano. Sempre foram considerados como pertencentes aos homens fracos e menos espertos.
E esse desprezo trouxe sérias conseqüências, pois muitas das conquistas da ciência viraram instrumento de violência e submissão.
A violência e a guerra ganharam em requinte e sofisticação. O homem atual sabe muito, mas sofre e é infeliz.
Sem o sentimento e a vontade para conduzir adequadamente a razão, o homem moderno caminha como um viajante num deserto sem oásis.
Sabe para onde ir, mas não encontra a água para matar a sede; sede de paz e de justiça; sede de amor e de liberdade.
Para reverter esse estado de coisas, é fundamental voltar nossos olhos para o desenvolvimento das inteligências emocional e volitiva. Sem as conquistas do sentimento e da vontade o homem continuará sedento.
É comum encontrar pessoas que desenvolveram muito apenas o pensar e que, dominadas pelo orgulho, tornaram-se arrogantes e presunçosas.
Carecem da virtude mais importante na caracterização do homem sábio: a humildade. Sem a humildade perdem boas oportunidades de continuar aprendendo. Pensam que já sabem tudo.
Existem indivíduos muito inteligentes e com grande habilidade de decisão, mas vingativos e perversos, verdadeiros déspotas.
Por outro lado, encontramos indivíduos com bons sentimentos, mas que não conseguem tomar decisões corretas. São, com freqüência, iludidos, enganados pelos mais espertos.
O homem integral, portanto, é aquele que logrou o desenvolvimento harmônico do pensar, do sentir e do querer.
O indivíduo que é senhor do próprio pensamento, dos sentimentos e da vontade, pode ser considerado um homem virtuoso, um homem integral.
Pensemos nisso, e acionemos a vontade para conquistar essa meta.
Momentos de Reflexão
Poderíamos dizer que o homem integral é o indivíduo que desenvolveu ao máximo as suas três faculdades essenciais:
A faculdade de pensar, a de sentir e a de querer, ou a razão, o sentimento e a vontade.
O pensar e o querer são as faculdades ativas do homem integral, o sentir é a faculdade passiva. Nesse sentido, podemos dizer que o pensar e o querer partem do homem, o sentir acontece nele.
Em geral, sempre se considerou a razão como o patrimônio maior, e talvez único, da inteligência.
Por isso, desenvolver a inteligência significava quase que exclusivamente o desenvolvimento da razão ou do pensar.
O homem inteligente é aquele que sabe pensar. É preciso ensinar a pensar, se diz freqüentemente. Fomos levados a acreditar que o papel mais importante do educador é ensinar a pensar.
Nos dias atuais, entretanto, a inteligência emocional também tem sido difundida. Muito se tem falado da relevância dos aspectos emocionais no desenvolvimento da inteligência.
O ensinar a sentir passou a fazer parte do vocabulário dos educadores, embora não com a mesma força do ensinar a pensar.
Pouco, no entanto, tem sido dito da inteligência volitiva, ou inteligência associada à vontade. O papel desta inteligência na formação integral do homem precisa ser melhor explorado.
E a razão é simples. Nunca, como agora, os valores éticos e políticos se tornaram tão necessários.
A sociedade moderna, no plano nacional e mesmo internacional, reconhece a importância dos valores éticos na conquista de uma vida mais justa.
Aliás, direito e justiça resultam do uso adequado da vontade, ou do querer. Portanto, são frutos de uma inteligência volitiva bem desenvolvida.
Ousamos afirmar que a sociedade moderna padece as conseqüências de não ter dado a devida importância ao desenvolvimento da inteligência volitiva.
Educadores, em geral, preocupados com a construção de uma sociedade mais justa, deverão assumir, como compromisso inadiável, a tarefa de desenvolver a inteligência volitiva.
Uma educação para o desenvolvimento harmônico das inteligências racional, emocional e volitiva deve ser um dos mais importantes objetivos de uma instituição de ensino e de todo educador.
Os valores do sentimento e da moral sempre ficaram em segundo plano. Sempre foram considerados como pertencentes aos homens fracos e menos espertos.
E esse desprezo trouxe sérias conseqüências, pois muitas das conquistas da ciência viraram instrumento de violência e submissão.
A violência e a guerra ganharam em requinte e sofisticação. O homem atual sabe muito, mas sofre e é infeliz.
Sem o sentimento e a vontade para conduzir adequadamente a razão, o homem moderno caminha como um viajante num deserto sem oásis.
Sabe para onde ir, mas não encontra a água para matar a sede; sede de paz e de justiça; sede de amor e de liberdade.
Para reverter esse estado de coisas, é fundamental voltar nossos olhos para o desenvolvimento das inteligências emocional e volitiva. Sem as conquistas do sentimento e da vontade o homem continuará sedento.
É comum encontrar pessoas que desenvolveram muito apenas o pensar e que, dominadas pelo orgulho, tornaram-se arrogantes e presunçosas.
Carecem da virtude mais importante na caracterização do homem sábio: a humildade. Sem a humildade perdem boas oportunidades de continuar aprendendo. Pensam que já sabem tudo.
Existem indivíduos muito inteligentes e com grande habilidade de decisão, mas vingativos e perversos, verdadeiros déspotas.
Por outro lado, encontramos indivíduos com bons sentimentos, mas que não conseguem tomar decisões corretas. São, com freqüência, iludidos, enganados pelos mais espertos.
O homem integral, portanto, é aquele que logrou o desenvolvimento harmônico do pensar, do sentir e do querer.
O indivíduo que é senhor do próprio pensamento, dos sentimentos e da vontade, pode ser considerado um homem virtuoso, um homem integral.
Pensemos nisso, e acionemos a vontade para conquistar essa meta.
Momentos de Reflexão
Hortelã tem efeito analgésico
Hortelã tem efeito analgésico tão bom quanto remédios, diz pesquisa
Ervas foram dadas a ratos em laboratório e agora vão ser testadas em seres humanos
Rio - Equipe britânica liderada pela pesquisadora brasileira Graciela Rocha comprovou cientificamente que a hortelã — utilizada popularmente no Brasil para tratar dores de cabeça e estômago, febre e gripe — tem propriedades analgésicas. A pesquisa mostrou que uma xícara de chá da erva Hyptis crenata, conhecida como hortelã-brava e salva-de-marajó, tem efeito parecido com o de medicamentos como aspirina, vendidos comercialmente. Os testes foram feitos com ratos.
Para reproduzir os efeitos do tratamento, foi feita uma pequisa no Brasil para descobrir de que forma o chá é preparado e a quantidade que deve ser consumida. De acordo com a equipe, o mais comum é ferver a folha seca da erva em água por 30 minutos e beber quando tiver esfriado.
MOLÉCULAS DE PLANTAS
Segundo Graciela, sua equipe, da Universidade de Newcastle, Inglaterra, pretende iniciar testes clínicos para descobrir a eficácia da erva em humanos e entender como a planta funciona. “Mais da metade de todos os remédios vendidos com receita são baseados em uma molécula que ocorre naturalmente em alguma planta. O que fizemos foi pegar uma planta usada para tratar a dor com segurança e provar cientificamente que ela funciona tão bem como alguns medicamentos”, revelou a brasileira.
A presidente da Chronic Pain Policy Coalition, órgão britânico especializado em combater a dor crônica, reconheceu a importância da pesquisa. “São necessários mais estudos para identificar a molécula envolvida, mas esta é uma pesquisa interessante sobre um possível novo analgésico”, disse Beverly Collett.
O trabalho foi publicado na revista científica ‘Acta Horticulturae’ e está sendo apresentado em Nova Déli, Índia.
O Dia
Ervas foram dadas a ratos em laboratório e agora vão ser testadas em seres humanos
Rio - Equipe britânica liderada pela pesquisadora brasileira Graciela Rocha comprovou cientificamente que a hortelã — utilizada popularmente no Brasil para tratar dores de cabeça e estômago, febre e gripe — tem propriedades analgésicas. A pesquisa mostrou que uma xícara de chá da erva Hyptis crenata, conhecida como hortelã-brava e salva-de-marajó, tem efeito parecido com o de medicamentos como aspirina, vendidos comercialmente. Os testes foram feitos com ratos.
Para reproduzir os efeitos do tratamento, foi feita uma pequisa no Brasil para descobrir de que forma o chá é preparado e a quantidade que deve ser consumida. De acordo com a equipe, o mais comum é ferver a folha seca da erva em água por 30 minutos e beber quando tiver esfriado.
MOLÉCULAS DE PLANTAS
Segundo Graciela, sua equipe, da Universidade de Newcastle, Inglaterra, pretende iniciar testes clínicos para descobrir a eficácia da erva em humanos e entender como a planta funciona. “Mais da metade de todos os remédios vendidos com receita são baseados em uma molécula que ocorre naturalmente em alguma planta. O que fizemos foi pegar uma planta usada para tratar a dor com segurança e provar cientificamente que ela funciona tão bem como alguns medicamentos”, revelou a brasileira.
A presidente da Chronic Pain Policy Coalition, órgão britânico especializado em combater a dor crônica, reconheceu a importância da pesquisa. “São necessários mais estudos para identificar a molécula envolvida, mas esta é uma pesquisa interessante sobre um possível novo analgésico”, disse Beverly Collett.
O trabalho foi publicado na revista científica ‘Acta Horticulturae’ e está sendo apresentado em Nova Déli, Índia.
O Dia
Hidroxiapatita de cálcio, preenchedor de rugas pode substituir o ácido hialurônico
Originário do osso, preenchedor de rugas substitui ácido hialurônico
Depois da bioplastia (que não deixou saudades) e do incensado ácido hialurônico --atualmente o preenchedor de rugas mais utilizado no mundo--, um produto com substância originária do osso vem ganhando espaço nos consultórios dermatológicos.
A hidroxiapatita de cálcio apresenta como principal vantagem a durabilidade maior. Enquanto o ácido hialurônico pode durar de nove meses a um ano, seus efeitos se estendem por cerca de dois anos. O custo, porém, é até 60% superior.
"Além de preencher imediatamente os sulcos, ela estimula a produção de colágeno, o que dá uma durabilidade maior ao tratamento", explica Alexandre Filippo, da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia).
O produto é utilizado em rugas mais profundas, diferentemente do ácido hialurônico --que, mais versátil, pode ser usado em sulcos tanto superficiais como aprofundados, dependendo das características da fórmula. A hidroxiapatita também pode ser alocada perto do osso, agindo como um volumizador.
A aplicação é menos traumática, pois prescinde de cânulas --necessárias para a aplicação do ácido hialurônico na mesma camada.
Colágeno
Há cerca de três décadas a hidroxiapatita é usada por outras especialidades, como ortopedia e odontologia. Há estudos sobre o uso cosmético do produto --cujo nome comercial é Radiesse-- desde meados dos anos 90.
Atualmente, ele é sintetizado em laboratório, apresentado em forma de microesferas imersas em cápsulas de gel. Após aplicado, o gel é absorvido pelo organismo, que manterá partículas de cálcio e fósforo. Elas então vão atuar no estímulo à produção de colágeno, que surge no local do implante e também ao seu redor.
"Com 16 semanas, ele está instalado em torno das partículas do implante. O colágeno em crescimento vai se infiltrando e ocupando o espaço", destacou o dermatologista João Roberto Antonio, da clínica Pelle, de São José do Rio Preto (SP), no 2º Simpósio Nacional de Cosmiatria e Laser da SBD, ocorrido neste mês no Rio de Janeiro.
Os cuidados após a aplicação são semelhantes aos necessários para o ácido hialurônico. "Apenas peço ao paciente para evitarem exercícios físicos e assim prevenir a transpiração e possível contaminação do local", afirma Carlos Roberto Antonio, também da clínica Pelle.
Duração
Apesar de durar mais, o Radiesse não tem resultado definitivo. Ao contrário do que ocorria anos atrás, hoje os especialistas buscam efeitos temporários em seus tratamentos. "O que é definitivo hoje é obsoleto amanhã", diz Filippo.
"Quase sempre o paciente quer algo definitivo, mas com o tempo os tecidos vão mudando de lugar. A solução é fazer algo temporário, porém mais duradouro", considera Andreia Mateus, coordenadora do Departamento de Cosmiatria da SBD.
A dermatologista cita o boom da bioplastia, ocorrido anos atrás. O procedimento, que preconiza a aplicação de polimetilmetacrilato, o PMMA, promove um preenchimento definitivo. "O material é uma espécie de plástico. Hoje vemos nos consultórios complicações decorrentes dessas aplicações."
O PMMA também impede a realização de tratamentos novos, como a utilização de lasers para a redução de manchas e rugas. Atualmente, o material é indicado apenas para pacientes com baixa imunidade e grandes distrofias, como os portadores de HIV.
MARY PERSIA
Folha Online
Depois da bioplastia (que não deixou saudades) e do incensado ácido hialurônico --atualmente o preenchedor de rugas mais utilizado no mundo--, um produto com substância originária do osso vem ganhando espaço nos consultórios dermatológicos.
A hidroxiapatita de cálcio apresenta como principal vantagem a durabilidade maior. Enquanto o ácido hialurônico pode durar de nove meses a um ano, seus efeitos se estendem por cerca de dois anos. O custo, porém, é até 60% superior.
"Além de preencher imediatamente os sulcos, ela estimula a produção de colágeno, o que dá uma durabilidade maior ao tratamento", explica Alexandre Filippo, da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia).
O produto é utilizado em rugas mais profundas, diferentemente do ácido hialurônico --que, mais versátil, pode ser usado em sulcos tanto superficiais como aprofundados, dependendo das características da fórmula. A hidroxiapatita também pode ser alocada perto do osso, agindo como um volumizador.
A aplicação é menos traumática, pois prescinde de cânulas --necessárias para a aplicação do ácido hialurônico na mesma camada.
Colágeno
Há cerca de três décadas a hidroxiapatita é usada por outras especialidades, como ortopedia e odontologia. Há estudos sobre o uso cosmético do produto --cujo nome comercial é Radiesse-- desde meados dos anos 90.
Atualmente, ele é sintetizado em laboratório, apresentado em forma de microesferas imersas em cápsulas de gel. Após aplicado, o gel é absorvido pelo organismo, que manterá partículas de cálcio e fósforo. Elas então vão atuar no estímulo à produção de colágeno, que surge no local do implante e também ao seu redor.
"Com 16 semanas, ele está instalado em torno das partículas do implante. O colágeno em crescimento vai se infiltrando e ocupando o espaço", destacou o dermatologista João Roberto Antonio, da clínica Pelle, de São José do Rio Preto (SP), no 2º Simpósio Nacional de Cosmiatria e Laser da SBD, ocorrido neste mês no Rio de Janeiro.
Os cuidados após a aplicação são semelhantes aos necessários para o ácido hialurônico. "Apenas peço ao paciente para evitarem exercícios físicos e assim prevenir a transpiração e possível contaminação do local", afirma Carlos Roberto Antonio, também da clínica Pelle.
Duração
Apesar de durar mais, o Radiesse não tem resultado definitivo. Ao contrário do que ocorria anos atrás, hoje os especialistas buscam efeitos temporários em seus tratamentos. "O que é definitivo hoje é obsoleto amanhã", diz Filippo.
"Quase sempre o paciente quer algo definitivo, mas com o tempo os tecidos vão mudando de lugar. A solução é fazer algo temporário, porém mais duradouro", considera Andreia Mateus, coordenadora do Departamento de Cosmiatria da SBD.
A dermatologista cita o boom da bioplastia, ocorrido anos atrás. O procedimento, que preconiza a aplicação de polimetilmetacrilato, o PMMA, promove um preenchimento definitivo. "O material é uma espécie de plástico. Hoje vemos nos consultórios complicações decorrentes dessas aplicações."
O PMMA também impede a realização de tratamentos novos, como a utilização de lasers para a redução de manchas e rugas. Atualmente, o material é indicado apenas para pacientes com baixa imunidade e grandes distrofias, como os portadores de HIV.
MARY PERSIA
Folha Online
Substância cancerígena está no ar e na banana, diz fabricante de refrigerantes
Substância cancerígena está no ar e na banana, diz fabricante de refrigerantes
Questionada sobre a presença de benzeno (potencialmente cancerígeno) --investigada pelo Ministério Público Federal-- nos refrigerantes Fanta Laranja, Fanta Laranja Light e Sprite Zero, a Coca-Cola afirmou que age dentro da legalidade e que uma quantidade mínima da substância é proveniente de alimentos.
Governo passará a analisar refrigerantes
Ministério Público testará bebidas para investigação
Sete refrigerantes têm substância cancerígena
"A presença eventual de benzeno em bebidas e alimentos pode ocorrer em níveis muito baixos", diz a empresa, e "não representa uma fonte significativa que possa afetar a saúde".
"A própria legislação brasileira admite como segura para consumo a água de abastecimento público com níveis de benzeno de até 5 ppb (partes por bilhão). Banana (11 a 132 ppb), manteiga de amendoim (2 a 25 ppb) e abacate (3 a 30 ppb) podem conter benzeno em níveis superiores aos encontrados na água e outras bebidas", considera a companhia.
"A posição de diversos órgãos, incluindo a FDA dos EUA, o Comitê do Codex Alimentarius em Contaminantes, a Food Standard Agency do Reino Unido e a União Europeia, é de que a principal forma de exposição do ser humano ao benzeno é através do próprio ar. Isto porque o benzeno é formado em muito maiores quantidades na combustão da gasolina, do óleo diesel, além de outras fontes. Assim, respiramos pequenas quantidades de benzeno diariamente, nas vias urbanas onde haja circulação de veículos. Alimentos e bebidas são responsáveis por menos de 5% da exposição total do ser humano ao benzeno."
Os corantes, segundo a empresa, estão devidamente descritos na rotulagem dos produtos.
A Ambev, que produz a Sukita, afirma que não teve acesso à pesquisa e portanto não pode comentá-la. "A companhia reforça, no entanto, que trabalha sob os mais rígidos padrões de qualidade e em total atendimento à legislação brasileira",
Folha Online
Questionada sobre a presença de benzeno (potencialmente cancerígeno) --investigada pelo Ministério Público Federal-- nos refrigerantes Fanta Laranja, Fanta Laranja Light e Sprite Zero, a Coca-Cola afirmou que age dentro da legalidade e que uma quantidade mínima da substância é proveniente de alimentos.
Governo passará a analisar refrigerantes
Ministério Público testará bebidas para investigação
Sete refrigerantes têm substância cancerígena
"A presença eventual de benzeno em bebidas e alimentos pode ocorrer em níveis muito baixos", diz a empresa, e "não representa uma fonte significativa que possa afetar a saúde".
"A própria legislação brasileira admite como segura para consumo a água de abastecimento público com níveis de benzeno de até 5 ppb (partes por bilhão). Banana (11 a 132 ppb), manteiga de amendoim (2 a 25 ppb) e abacate (3 a 30 ppb) podem conter benzeno em níveis superiores aos encontrados na água e outras bebidas", considera a companhia.
"A posição de diversos órgãos, incluindo a FDA dos EUA, o Comitê do Codex Alimentarius em Contaminantes, a Food Standard Agency do Reino Unido e a União Europeia, é de que a principal forma de exposição do ser humano ao benzeno é através do próprio ar. Isto porque o benzeno é formado em muito maiores quantidades na combustão da gasolina, do óleo diesel, além de outras fontes. Assim, respiramos pequenas quantidades de benzeno diariamente, nas vias urbanas onde haja circulação de veículos. Alimentos e bebidas são responsáveis por menos de 5% da exposição total do ser humano ao benzeno."
Os corantes, segundo a empresa, estão devidamente descritos na rotulagem dos produtos.
A Ambev, que produz a Sukita, afirma que não teve acesso à pesquisa e portanto não pode comentá-la. "A companhia reforça, no entanto, que trabalha sob os mais rígidos padrões de qualidade e em total atendimento à legislação brasileira",
Folha Online
Bondade humana tem causas biológicas
Bondade humana tem causas biológicas, mostram estudos
Com a proximidade do festival de bondades obrigatórias que é o fim do ano, permita-me fazer algumas sugestões sobre o que, de fato, você deveria agradecer.
Estudo liga meditação a menor risco de ataque em cardiopata
Fofoca no trabalho é mais sofisticada e maldosa, afirma estudo
Crise de pânico leva advogada a coordenar grupo de autoajuda
Agradeça porque, pelo menos uma vez, sua mãe não afastou seu pai com nunchakus (arma de artes marciais), mas, em vez disso, permitiu contato suficiente para facilitar sua feliz concepção. Agradeça porque, quando você vai comprar coisas pálidas que se parecem com aves, o moço do balcão aceita seu cartão de crédito de boa fé, e até o devolve chamando você pelo nome errado. Agradeça pelo funcionário compreensivo do balcão de passagens da United Airlines um dia após o Dia de Ação de Graças, que entende sua necessidade de sair da cidade hoje, neste minuto, caso contrário alguém de sua família vai usar os nunchakus.
Acima de tudo, agradeça pela oferta de oxitocina (ou ocitocina) do seu cérebro, o pequeno e famoso hormônio peptídeo que ajuda a lubrificar todas as trocas pró-sociais, os milhares de atos de bondade, bondade mais-ou-menos e o tipo de bondade não-tão-exposta-quanto-poderia-ter-sido, que tornam possível a sociedade humana.
Os cientistas há muito tempo sabem que o hormônio desempenha papéis fisiológicos essenciais durante o parto e a lactação. Estudos em animais mostram que a oxitocina também pode influenciar o comportamento, fazendo com que roedores abracem seus parceiros, por exemplo, ou limpem e confortem seus filhotes. Agora, várias novas pesquisas em humanos sugerem que a oxitocina está por trás dos dois pilares emocionais da vida civilizada: nossa capacidade de sentir empatia e de confiar no outro.
Em texto publicado neste mês no "The Proceedings of the National Academy of Sciences", cientistas descobriram que diferenças genéticas na capacidade de resposta das pessoas aos efeitos da oxitocina estavam ligadas a sua habilidade de "ler" rostos, deduzir as emoções dos outros, sofrer com as dificuldades alheias e até se identificar com personagens de um romance ou revista em quadrinhos. "Entrei nessa pesquisa com um grande ceticismo", disse Sarina M. Rodrigues, da Oregon State University, e autora do novo relatório, "mas os resultados me derrubaram".
A oxitocina também pode ser uma ferramenta capitalista. Em uma série de artigos publicados na "Nature", na "Neuron" e em outros periódicos, Ernst Fehr, diretor do Instituto de Pesquisas Empíricas de Economia, da Universidade de Zurique, e seus colegas mostraram que o hormônio tinha um efeito notável sobre a disposição das pessoas em confiar seu dinheiro a estranhos. No estudo publicado na "Nature", 58 estudantes saudáveis do sexo masculino receberam uma solução nasal de oxitocina ou placebo; 50 minutos depois, eles foram instruídos a jogar rodadas do Jogo da Confiança uns com os outros, usando unidades monetárias que poderiam ser investidas ou guardadas.
Os pesquisadores descobriram que os participantes que receberam oxitocina tiveram uma tendência significativamente maior a confiar em seus parceiros financeiros: enquanto 45% do grupo da oxitocina concordou em investir o máximo de dinheiro possível, apenas 21% do grupo-controle se mostrou não tão receptivo assim. Além disso, os pesquisadores mostraram que o aumento da oxitocina não fez com que os participantes simplesmente se tornassem mais dispostos a assumir riscos e desperdiçar dinheiro por aí. Quando os participantes souberam que estavam jogando contra um computador, e não com um ser humano, não houve diferença na estratégia de investimento entre os grupos. A confiança, ao que parece, é um assunto estritamente humano.
Mesmo assim, o hormônio não transforma a pessoa em um boboca. Na edição de 1º de novembro da "Biological Psychiatry", Simone Shamay-Tsoory, da Universidade de Haifa, e seus colegas relataram que, quando os participantes de um jogo de azar competiram com um jogador que eles consideravam arrogante, um spray nasal de oxitocina aumentou seus sentimentos de inveja quando o esnobe ganhava, e de satisfação malévola quando o oponente perdia.
No entanto, como regra, a oxitocina une as pessoas, não separa. Análogos dessa molécula são encontrados em peixes, talvez para facilitar a delicada questão da fertilização ao inibir uma tendência natural dos peixes a se afastarem uns dos outros. Quanto mais elaboradas se tornam as demandas sociais, mais papéis a oxitocina acaba assumindo, alcançando seu auge em mamíferos. Se você vai dar à luz uma ninhada de filhotes carentes, por que não deixar o mesmo sinal que ajudou a empurrar os chorões para fora dar dicas sobre como cuidar deles e alimentá-los? Se você é humano, inclinado a transformar tudo em uma questão de família, aqui está a oxitocina novamente, para animá-lo e controlá-lo remotamente.
C. Sue Carter, da Universidade de Illinois, em Chicago, pioneira no estudo da oxitocina, suspeita que a associação entre o hormônio e o nascimento de um bebê durante muito tempo fez com que os cientistas não a levassem a sério. "Mas, agora que ela está entrando no mundo da economia e das finanças, de repente virou moda", disse Carter.
Único receptor
A oxitocina age como um hormônio, viajando através da corrente sanguínea para chegar a órgãos longe de sua origem, no cérebro, como um tipo de neurotransmissor, permitindo a comunicação entre os neurônios. Ao contrário da maioria dos neurotransmissores, a oxitocina parece dar seu sinal através de apenas um receptor, uma proteína designada para reconhecer sua forma e tremer quando for abraçada; a dopamina e a serotonina, por sua vez, têm, cada uma, cinco ou mais receptores designados para cuidar delas. Ainda assim, os contornos precisos do receptor da oxitocina, que trabalha duro, variam entre indivíduos, o que causa um efeito aparentemente notável.
Em seu novo estudo, Rodrigues, Laura R. Saslow e Dacher Keltner, da Universidade da Califórnia, em Berkeley, observaram como duas variantes no código genético para o receptor poderiam influenciar a capacidade de uma pessoa sentir empatia, conforme avaliações de um questionário padronizado de empatia ("Eu realmente me envolvo com os sentimentos dos personagens de um romance") e uma tarefa comportamental chamada "Lendo a mente nos olhos".
Nessa tarefa, os participantes olharam para 36 fotografias em preto-e-branco dos olhos de pessoas e foram instruídos a escolher a palavra que melhor descrevesse o estado emocional daquela pessoa. Apreensivo, desconfiado, pensativo, alegre? Em uma medição relacionada, sobre os possíveis efeitos calmantes da oxitocina, os participantes também foram avaliados quanto a sua reação ao estresse por ouvir uma série de sons bastante altos.
Em sua amostra de 192 universitários de ambos os sexos, os pesquisadores descobriram que os que traziam a chamada versão A do receptor de oxitocina (aos quais estudos anteriores tinham associado ao autismo e à falta de habilidade de ser pai/mãe), tiveram pontuação significativamente menor na tarefa de "ler os olhos" e maior no teste da tendência ao estresse, em comparação aos participantes portadores da variante G do receptor.
"Somos todos diferentes, e isso é bom", disse Rodrigues. "Se todos fossem melosos e sentimentais, o mundo seria detestável." Como a pesquisadora admitiu, brincando, ela é do tipo A.
Folha de São Paulo
NATALIE ANGIER
do New York Times
Com a proximidade do festival de bondades obrigatórias que é o fim do ano, permita-me fazer algumas sugestões sobre o que, de fato, você deveria agradecer.
Estudo liga meditação a menor risco de ataque em cardiopata
Fofoca no trabalho é mais sofisticada e maldosa, afirma estudo
Crise de pânico leva advogada a coordenar grupo de autoajuda
Agradeça porque, pelo menos uma vez, sua mãe não afastou seu pai com nunchakus (arma de artes marciais), mas, em vez disso, permitiu contato suficiente para facilitar sua feliz concepção. Agradeça porque, quando você vai comprar coisas pálidas que se parecem com aves, o moço do balcão aceita seu cartão de crédito de boa fé, e até o devolve chamando você pelo nome errado. Agradeça pelo funcionário compreensivo do balcão de passagens da United Airlines um dia após o Dia de Ação de Graças, que entende sua necessidade de sair da cidade hoje, neste minuto, caso contrário alguém de sua família vai usar os nunchakus.
Acima de tudo, agradeça pela oferta de oxitocina (ou ocitocina) do seu cérebro, o pequeno e famoso hormônio peptídeo que ajuda a lubrificar todas as trocas pró-sociais, os milhares de atos de bondade, bondade mais-ou-menos e o tipo de bondade não-tão-exposta-quanto-poderia-ter-sido, que tornam possível a sociedade humana.
Os cientistas há muito tempo sabem que o hormônio desempenha papéis fisiológicos essenciais durante o parto e a lactação. Estudos em animais mostram que a oxitocina também pode influenciar o comportamento, fazendo com que roedores abracem seus parceiros, por exemplo, ou limpem e confortem seus filhotes. Agora, várias novas pesquisas em humanos sugerem que a oxitocina está por trás dos dois pilares emocionais da vida civilizada: nossa capacidade de sentir empatia e de confiar no outro.
Em texto publicado neste mês no "The Proceedings of the National Academy of Sciences", cientistas descobriram que diferenças genéticas na capacidade de resposta das pessoas aos efeitos da oxitocina estavam ligadas a sua habilidade de "ler" rostos, deduzir as emoções dos outros, sofrer com as dificuldades alheias e até se identificar com personagens de um romance ou revista em quadrinhos. "Entrei nessa pesquisa com um grande ceticismo", disse Sarina M. Rodrigues, da Oregon State University, e autora do novo relatório, "mas os resultados me derrubaram".
A oxitocina também pode ser uma ferramenta capitalista. Em uma série de artigos publicados na "Nature", na "Neuron" e em outros periódicos, Ernst Fehr, diretor do Instituto de Pesquisas Empíricas de Economia, da Universidade de Zurique, e seus colegas mostraram que o hormônio tinha um efeito notável sobre a disposição das pessoas em confiar seu dinheiro a estranhos. No estudo publicado na "Nature", 58 estudantes saudáveis do sexo masculino receberam uma solução nasal de oxitocina ou placebo; 50 minutos depois, eles foram instruídos a jogar rodadas do Jogo da Confiança uns com os outros, usando unidades monetárias que poderiam ser investidas ou guardadas.
Os pesquisadores descobriram que os participantes que receberam oxitocina tiveram uma tendência significativamente maior a confiar em seus parceiros financeiros: enquanto 45% do grupo da oxitocina concordou em investir o máximo de dinheiro possível, apenas 21% do grupo-controle se mostrou não tão receptivo assim. Além disso, os pesquisadores mostraram que o aumento da oxitocina não fez com que os participantes simplesmente se tornassem mais dispostos a assumir riscos e desperdiçar dinheiro por aí. Quando os participantes souberam que estavam jogando contra um computador, e não com um ser humano, não houve diferença na estratégia de investimento entre os grupos. A confiança, ao que parece, é um assunto estritamente humano.
Mesmo assim, o hormônio não transforma a pessoa em um boboca. Na edição de 1º de novembro da "Biological Psychiatry", Simone Shamay-Tsoory, da Universidade de Haifa, e seus colegas relataram que, quando os participantes de um jogo de azar competiram com um jogador que eles consideravam arrogante, um spray nasal de oxitocina aumentou seus sentimentos de inveja quando o esnobe ganhava, e de satisfação malévola quando o oponente perdia.
No entanto, como regra, a oxitocina une as pessoas, não separa. Análogos dessa molécula são encontrados em peixes, talvez para facilitar a delicada questão da fertilização ao inibir uma tendência natural dos peixes a se afastarem uns dos outros. Quanto mais elaboradas se tornam as demandas sociais, mais papéis a oxitocina acaba assumindo, alcançando seu auge em mamíferos. Se você vai dar à luz uma ninhada de filhotes carentes, por que não deixar o mesmo sinal que ajudou a empurrar os chorões para fora dar dicas sobre como cuidar deles e alimentá-los? Se você é humano, inclinado a transformar tudo em uma questão de família, aqui está a oxitocina novamente, para animá-lo e controlá-lo remotamente.
C. Sue Carter, da Universidade de Illinois, em Chicago, pioneira no estudo da oxitocina, suspeita que a associação entre o hormônio e o nascimento de um bebê durante muito tempo fez com que os cientistas não a levassem a sério. "Mas, agora que ela está entrando no mundo da economia e das finanças, de repente virou moda", disse Carter.
Único receptor
A oxitocina age como um hormônio, viajando através da corrente sanguínea para chegar a órgãos longe de sua origem, no cérebro, como um tipo de neurotransmissor, permitindo a comunicação entre os neurônios. Ao contrário da maioria dos neurotransmissores, a oxitocina parece dar seu sinal através de apenas um receptor, uma proteína designada para reconhecer sua forma e tremer quando for abraçada; a dopamina e a serotonina, por sua vez, têm, cada uma, cinco ou mais receptores designados para cuidar delas. Ainda assim, os contornos precisos do receptor da oxitocina, que trabalha duro, variam entre indivíduos, o que causa um efeito aparentemente notável.
Em seu novo estudo, Rodrigues, Laura R. Saslow e Dacher Keltner, da Universidade da Califórnia, em Berkeley, observaram como duas variantes no código genético para o receptor poderiam influenciar a capacidade de uma pessoa sentir empatia, conforme avaliações de um questionário padronizado de empatia ("Eu realmente me envolvo com os sentimentos dos personagens de um romance") e uma tarefa comportamental chamada "Lendo a mente nos olhos".
Nessa tarefa, os participantes olharam para 36 fotografias em preto-e-branco dos olhos de pessoas e foram instruídos a escolher a palavra que melhor descrevesse o estado emocional daquela pessoa. Apreensivo, desconfiado, pensativo, alegre? Em uma medição relacionada, sobre os possíveis efeitos calmantes da oxitocina, os participantes também foram avaliados quanto a sua reação ao estresse por ouvir uma série de sons bastante altos.
Em sua amostra de 192 universitários de ambos os sexos, os pesquisadores descobriram que os que traziam a chamada versão A do receptor de oxitocina (aos quais estudos anteriores tinham associado ao autismo e à falta de habilidade de ser pai/mãe), tiveram pontuação significativamente menor na tarefa de "ler os olhos" e maior no teste da tendência ao estresse, em comparação aos participantes portadores da variante G do receptor.
"Somos todos diferentes, e isso é bom", disse Rodrigues. "Se todos fossem melosos e sentimentais, o mundo seria detestável." Como a pesquisadora admitiu, brincando, ela é do tipo A.
Folha de São Paulo
NATALIE ANGIER
do New York Times
Redução de estômago para diabetes
Especialistas indicam redução de estômago para diabetes
A SBCB (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica) acaba de divulgar um documento com um posicionamento oficial sobre a cirurgia para tratamento de diabetes. O consenso, baseado em evidências científicas, pretende nortear o uso da cirurgia bariátrica no tratamento do diabetes.
"Foi discutido e revisado tudo o que já se sabia e tinha sido observado na prática clínica", diz Thomas Szegö, presidente da SBCB. "Os benefícios da cirurgia nos diabéticos já eram observados, mas nunca havia sido feita uma discussão científica dessa maneira."
"Há uma melhora da doença mesmo sem [o paciente] perder muito peso", observa Antonio Carlos Lerario, da Sociedade Brasileira de Diabetes.
O documento foi assinado com as sociedades americana de diabetes e de cirurgia bariátrica e será publicado no "American Journal of Surgery".
Segundo o texto, a cirurgia bariátrica pode ser indicada no tratamento de pacientes diabéticos tipo 2, dependentes de insulina, com IMC (índice de massa corporal) acima de 35. Para quem tem IMC entre 30 e 35, a cirurgia provavelmente será benéfica quando o indivíduo não consegue controlar a doença por outros meios. Para pessoas com IMC abaixo de 30, a operação não é indicada.
Pelo consenso, apenas três técnicas devem ser realizadas nesses casos: derivação gastrojejunal, banda gástrica e derivações biliopancreáticas.
Procedimentos mais novos, como gastrectomia vertical, exclusão duodenal e transposição ileal, apesar de considerados promissores, só podem ser feitos em protocolos de pesquisa aprovados por comitês de ética.
"O que ainda está em aberto é qual é o melhor momento para a cirurgia", diz Szegö.
"Nós concordamos com essa indicação", diz o endocrinologista Antônio Carlos Lerario, da Sociedade Brasileira de Diabetes. "Para esses pacientes, a cirurgia bariátrica é altamente validada." Segundo Lerario, a cirurgia pode ser indicada para pacientes com IMC entre 30 e 35 que já tenham complicações do diabetes.
"Porém, a cirurgia nunca deve ser a primeira opção de tratamento", ressalva Lerario. "É algo traumático e sempre envolve riscos." Portanto, primeiramente deve-se tentar controlar a doença com mudanças no estilo de vida, como adoção de dieta e exercícios, e medicamentos, se for o caso.
Europa
Um consenso com uma posição similar acaba de ser publicado no "Annals of Surgery", resultado de uma discussão que ocorreu durante o Diabetes Surgery Summit, realizado em Roma, em 2007. O documento foi assinado por 22 associações médicas e científicas.
Para os autores, o texto se baseia em evidências que mostram que a cirurgia pode controlar a doença em obesos mórbidos mesmo antes de uma perda de peso significativa. Eles ressaltam a importância da segurança do paciente, mas legitimam a cirurgia como alternativa para diabéticos tipo 2 cuidadosamente selecionados.
GABRIELA CUPANI
Folha de S.Paulo
“Disease Team Awards”: curar ou melhorar a qualidade de vida de pacientes usando-se células-tronco
Califórnia destina US$ 200 milhões para pesquisa aplicada com célula-tronco
O momento é sem precedentes na história da medicina, especialmente numa área jovem e controversa como a das células-tronco.
estão extremamente ansiosos para ver os resultados desse investimento, prometido para 2013.
Pela primeira vez na história, um órgão governamental dedica a “bagatela” de US$ 200 milhões para que se ache a cura – ou ao menos novas terapias que melhorem a vida dos portadores – de cerca de dez tipos de doenças, num prazo de 4 anos, utilizando-se células-tronco.
A iniciativa, conhecida como “Disease Team Awards”, partiu do Instituto de Medicina Regenerativa da Califórnia (CIRM, na sigla em inglês) que propôs o desafio para a comunidade científica mundial. Os termos eram simples: curar ou melhorar a qualidade de vida de pacientes usando-se células-tronco. valia qualquer tipo de células-tronco, qualquer tipo de estratégia (triagem de drogas, transplante etc.), qualquer tipo de doença incurável e qualquer tipo de pesquisador (colaborações internacionais e com empresas eram bem-vindas e estimuladas).
As únicas restrições foram o período de 4 anos para o produto entrar no mercado e que o trabalho deveria ser realizado em sua maior parte na Califórnia. Nada mais justo, visto que o CIRM surgiu a partir de um plebiscito (a famosa Proposição 71). Os cidadãos votaram a favor do uso de US$ 3 bilhões, por 10 anos, para pesquisas com células-tronco.
Desde sua criação, apoiada pelo atual governador (republicano) Arnold Schwarzenegger, o CIRM atraiu diversos pesquisadores de renome para o estado, gerando uma explosão do número e da qualidade de publicações na área. O efeito foi ainda maior se colocarmos em perspectiva que isso aconteceu durante o governo do presidente Bush, que havia vetado o uso de recursos federais para pesquisas com células-tronco embrionárias humanas. Foi graças ao CIRM e à falta de visão de outros países que perderam a chance de investir pesado em células-tronco que os EUA mantiveram sua liderança nessa área.
Os tipos de doenças que foram selecionadas são: Aids, esclerose lateral amiotrófica (ELA), diabetes do tipo 1, epidermólise bulhosa, câncer (glioma maligno, tumores sólidos e leucemia), parada cardíaca, degeneração macular, anemia falciforme e derrame. Vale lembrar que um dos quesitos para a seleção das estratégias foi a facilidade do tratamento ser aprovado pelo FDA (agência americana que regulamenta medicamentos e tratamentos em humanos). Isso porque, após 4 anos, a ideia é que o resultado da pesquisa entre na clínica o quanto antes.
Gostaria de mencionar, brevemente, as estratégias selecionadas para o tratamento dessas doenças.
No caso da Aids, a ideia é usar terapia genética para modificar células-tronco do sangue de pacientes infectados com o HIV. Quando transplantadas de volta ao paciente, as células-tronco deverão produzir células sanguíneas resistentes ao vírus. Para leucemia, a ideia baseia-se na utilização de anticorpos que destroem as células-tronco cancerígenas, um tópico ainda controverso. No caso de derrame, a estratégia é implantar células-tronco neurais, derivadas de células-tronco embrionárias humanas, nas regiões lesionadas.
Para tumores sólidos, a estratégia selecionada foi desenvolver novas drogas capazes de destruir as células-tronco tumorais, mesmo que a existência dessas células-tronco tumorais ainda seja motivo de debate na comunidade científica. Para problemas de coração, incluindo infarto e parada cardíaca, o grupo selecionado pretende cultivar células-tronco cardíacas do paciente em cultura, expandi-las e reimplantá-las no coração, como forma de proteção e regeneração.
Em epidermólise bulhosa, a estratégia inclui o uso de células-tronco pluripotentes induzidas (as famosas células iPS, já discutidas aqui anteriormente) na reconstituição da derme dos pacientes. Para anemia falciforme, a estratégia é uma combinação de terapia genética e celular, visando à restauração de células do paciente que foram previamente corrigidas para produzir células vermelhas do sangue de forma eficiente.
No caso da degeneração macular, a proposta é usar células da retina, produzidas a partir de células-tronco embrionárias humanas, para transplante. Recentes resultados positivos em primatas trazem esperança de sucesso nesse caso. No caso das leucemias, o grupo propôs o uso de três anticorpos em combinação com três novas drogas que destruam as células-tronco do câncer de forma específica.
Para gliomas malignos, a linha de pesquisa é usar células-tronco neurais que foram geneticamente alteradas para carregar uma droga que induz a morte das células tumorais. Em diabetes tipo 1, a ideia é tratar pessoas implantando células capazes de gerar insulina, que foram derivadas de células-tronco embrionárias humanas. O trabalho pioneiro é liderado por uma firma de biotecnologia de San Diego.
E finalmente, para o tratamento de ELA, doença conhecida pela degeneração específica dos neurônios motores, os pesquisadores propõem o transplante de células precursoras da glia (astrócitos, células não-neuronais, também presentes no sistema nervoso e que auxiliam no funcionamento da informação nervosa) derivadas de células-tronco embrionárias humanas. O aumento de astrócitos saudáveis na região torácica da medula espinhal deverá facilitar a respiração dos pacientes, melhorando a qualidade de vida.
Êpa! Células da glia em uma doença que afeta os neurônios motores?
Isso significa que ELA é uma doença de natureza celular não-autônoma: não basta ter a mutação nos neurônios motores para que esses degenerem, as células vizinhas aos neurônios também contribuem para a degeneração nervosa.
Mas extrapolar esse tipo de dado, obtido em camundongos, para humanos não costuma ser muito óbvio. Além disso, como poderíamos usar essa informação para um futuro tratamento de ELA? Pois bem, ano passado a pesquisadora brasileira Carol Marchetto, que trabalha como pós-doutora no instituto Salk de pesquisas em San Diego, publicou um artigo pioneiro utilizando células-tronco embrionárias humanas para modelar ELA em cultura. Acabou demonstrando como essa interação astrócitos-neurônios pode ocorrer em humanos.
O raciocínio por trás dessa descoberta já foi descrito numa coluna anterior (“Modelando doenças humanas com células-tronco”, Marchetto e colegas, Cell Stem Cell, 2008). O grupo que trabalhara com ELA baseou-se nos dados da brasileira para propor essa primeira terapia celular.
Como crítico de ciência, não posso deixar de expressar minha opinião sobre essa iniciativa. Será que realmente vamos ter a cura ou melhoria dessas doenças em 4 anos? Duvido, com certeza não para a maioria delas. Muitas dessas ideias já foram propostas anteriormente e não são inovadoras. A questão é: nunca houve o financiamento adequado para testá-las. Ou seja, acredito que a iniciativa do CIRM vai servir para distinguir as boas ideias que podem dar certo, das boas ideias que não vão funcionar. Isso é ótimo para a ciência. Passaremos a eliminar as propostas fracassadas e buscar novas alternativas.
De qualquer forma, na minha opinião, basta a melhoria de apenas uma doença para justificar todo o investimento do CIRM.
Globo.com
O momento é sem precedentes na história da medicina, especialmente numa área jovem e controversa como a das células-tronco.
estão extremamente ansiosos para ver os resultados desse investimento, prometido para 2013.
Pela primeira vez na história, um órgão governamental dedica a “bagatela” de US$ 200 milhões para que se ache a cura – ou ao menos novas terapias que melhorem a vida dos portadores – de cerca de dez tipos de doenças, num prazo de 4 anos, utilizando-se células-tronco.
A iniciativa, conhecida como “Disease Team Awards”, partiu do Instituto de Medicina Regenerativa da Califórnia (CIRM, na sigla em inglês) que propôs o desafio para a comunidade científica mundial. Os termos eram simples: curar ou melhorar a qualidade de vida de pacientes usando-se células-tronco. valia qualquer tipo de células-tronco, qualquer tipo de estratégia (triagem de drogas, transplante etc.), qualquer tipo de doença incurável e qualquer tipo de pesquisador (colaborações internacionais e com empresas eram bem-vindas e estimuladas).
As únicas restrições foram o período de 4 anos para o produto entrar no mercado e que o trabalho deveria ser realizado em sua maior parte na Califórnia. Nada mais justo, visto que o CIRM surgiu a partir de um plebiscito (a famosa Proposição 71). Os cidadãos votaram a favor do uso de US$ 3 bilhões, por 10 anos, para pesquisas com células-tronco.
Desde sua criação, apoiada pelo atual governador (republicano) Arnold Schwarzenegger, o CIRM atraiu diversos pesquisadores de renome para o estado, gerando uma explosão do número e da qualidade de publicações na área. O efeito foi ainda maior se colocarmos em perspectiva que isso aconteceu durante o governo do presidente Bush, que havia vetado o uso de recursos federais para pesquisas com células-tronco embrionárias humanas. Foi graças ao CIRM e à falta de visão de outros países que perderam a chance de investir pesado em células-tronco que os EUA mantiveram sua liderança nessa área.
Os tipos de doenças que foram selecionadas são: Aids, esclerose lateral amiotrófica (ELA), diabetes do tipo 1, epidermólise bulhosa, câncer (glioma maligno, tumores sólidos e leucemia), parada cardíaca, degeneração macular, anemia falciforme e derrame. Vale lembrar que um dos quesitos para a seleção das estratégias foi a facilidade do tratamento ser aprovado pelo FDA (agência americana que regulamenta medicamentos e tratamentos em humanos). Isso porque, após 4 anos, a ideia é que o resultado da pesquisa entre na clínica o quanto antes.
Gostaria de mencionar, brevemente, as estratégias selecionadas para o tratamento dessas doenças.
No caso da Aids, a ideia é usar terapia genética para modificar células-tronco do sangue de pacientes infectados com o HIV. Quando transplantadas de volta ao paciente, as células-tronco deverão produzir células sanguíneas resistentes ao vírus. Para leucemia, a ideia baseia-se na utilização de anticorpos que destroem as células-tronco cancerígenas, um tópico ainda controverso. No caso de derrame, a estratégia é implantar células-tronco neurais, derivadas de células-tronco embrionárias humanas, nas regiões lesionadas.
Para tumores sólidos, a estratégia selecionada foi desenvolver novas drogas capazes de destruir as células-tronco tumorais, mesmo que a existência dessas células-tronco tumorais ainda seja motivo de debate na comunidade científica. Para problemas de coração, incluindo infarto e parada cardíaca, o grupo selecionado pretende cultivar células-tronco cardíacas do paciente em cultura, expandi-las e reimplantá-las no coração, como forma de proteção e regeneração.
Em epidermólise bulhosa, a estratégia inclui o uso de células-tronco pluripotentes induzidas (as famosas células iPS, já discutidas aqui anteriormente) na reconstituição da derme dos pacientes. Para anemia falciforme, a estratégia é uma combinação de terapia genética e celular, visando à restauração de células do paciente que foram previamente corrigidas para produzir células vermelhas do sangue de forma eficiente.
No caso da degeneração macular, a proposta é usar células da retina, produzidas a partir de células-tronco embrionárias humanas, para transplante. Recentes resultados positivos em primatas trazem esperança de sucesso nesse caso. No caso das leucemias, o grupo propôs o uso de três anticorpos em combinação com três novas drogas que destruam as células-tronco do câncer de forma específica.
Para gliomas malignos, a linha de pesquisa é usar células-tronco neurais que foram geneticamente alteradas para carregar uma droga que induz a morte das células tumorais. Em diabetes tipo 1, a ideia é tratar pessoas implantando células capazes de gerar insulina, que foram derivadas de células-tronco embrionárias humanas. O trabalho pioneiro é liderado por uma firma de biotecnologia de San Diego.
E finalmente, para o tratamento de ELA, doença conhecida pela degeneração específica dos neurônios motores, os pesquisadores propõem o transplante de células precursoras da glia (astrócitos, células não-neuronais, também presentes no sistema nervoso e que auxiliam no funcionamento da informação nervosa) derivadas de células-tronco embrionárias humanas. O aumento de astrócitos saudáveis na região torácica da medula espinhal deverá facilitar a respiração dos pacientes, melhorando a qualidade de vida.
Êpa! Células da glia em uma doença que afeta os neurônios motores?
Isso significa que ELA é uma doença de natureza celular não-autônoma: não basta ter a mutação nos neurônios motores para que esses degenerem, as células vizinhas aos neurônios também contribuem para a degeneração nervosa.
Mas extrapolar esse tipo de dado, obtido em camundongos, para humanos não costuma ser muito óbvio. Além disso, como poderíamos usar essa informação para um futuro tratamento de ELA? Pois bem, ano passado a pesquisadora brasileira Carol Marchetto, que trabalha como pós-doutora no instituto Salk de pesquisas em San Diego, publicou um artigo pioneiro utilizando células-tronco embrionárias humanas para modelar ELA em cultura. Acabou demonstrando como essa interação astrócitos-neurônios pode ocorrer em humanos.
O raciocínio por trás dessa descoberta já foi descrito numa coluna anterior (“Modelando doenças humanas com células-tronco”, Marchetto e colegas, Cell Stem Cell, 2008). O grupo que trabalhara com ELA baseou-se nos dados da brasileira para propor essa primeira terapia celular.
Como crítico de ciência, não posso deixar de expressar minha opinião sobre essa iniciativa. Será que realmente vamos ter a cura ou melhoria dessas doenças em 4 anos? Duvido, com certeza não para a maioria delas. Muitas dessas ideias já foram propostas anteriormente e não são inovadoras. A questão é: nunca houve o financiamento adequado para testá-las. Ou seja, acredito que a iniciativa do CIRM vai servir para distinguir as boas ideias que podem dar certo, das boas ideias que não vão funcionar. Isso é ótimo para a ciência. Passaremos a eliminar as propostas fracassadas e buscar novas alternativas.
De qualquer forma, na minha opinião, basta a melhoria de apenas uma doença para justificar todo o investimento do CIRM.
Globo.com
11.24.2009
PAPILOMAVIRUS HUMANO1 (HPV)
INFECÇÃO PELO PAPILOMAVIRUS HUMANO1 (HPV)
CONCEITO
1Doença infecciosa, de transmissão freqüentemente sexual, também conhecida como condiloma acuminado, verruga genital ou crista de galo.
AGENTE ETIOLÓGICO
O Papilomavírus humano (HPV) é um DNA-vírus não cultivável do grupo papovavírus. Atualmente são conhecidos mais de 70 tipos, 20 dos quais podem infectar o trato genital. Estão divididos em 3 grupos, de acordo com seu potencial de oncogenicidade. Os tipos de alto risco oncogênico, quando associados a outros co-fatores, tem relação com o desenvolvimento das neoplasias intra-epiteliais e do câncer invasor do colo uterino.
Associação de 15 tipos de HPV às doenças neoplásicas do colo uterino e seus precursores.2
Classificação em função da associação com lesões graves
Tipos de HPV
Associação com lesões cervicais
Baixo risco
6, 11, 42, 43 e 44
20,2% em NIC de baixo grau, praticamente inexistentes em carcinomas invasores
Risco intermediário
31, 33, 35, 51, 52 e 58
23,8% em NIC de alto grau mas em apenas 10,5% dos carcinomas invasores
Alto risco
16
47,1% em NIC de alto grau ou carcinoma invasor
18, 45 e 56
6,5% em NIC de alto grau e 26,8% em carcinoma invasor
QUADRO CLÍNICO
A maioria das infecções são assintomáticas ou inaparentes. Podem apresentar-se clinicamente sob a forma de lesões exofíticas. A infecção pode também assumir uma forma denominada subclínica, visível apenas sob técnicas de magnificação e após aplicação de reagentes, como o ácido acético. Ainda, este vírus é capaz de estabelecer uma infecção latente em que não existem lesões clinicamente identificáveis ou subclínicas, apenas sendo detectável seu DNA por meio de técnicas moleculares em tecidos contaminados. Não é conhecido o tempo em que o vírus pode permanecer nesse estado, e quais fatores são responsáveis pelo desenvolvimento de lesões. Por este motivo, não é possível estabelecer o intervalo mínimo entre a contaminação e o desenvolvimento de lesões, que pode ser de semanas, a décadas.
Algumas estudos prospectivos têm demonstrado que em muitos indivíduos, a infecção terá um caráter transitório, podendo ser detectada ou não. O vírus poderá permanecer por muitos anos no estado latente e, após este período, originar novas lesões. Assim, a recidiva de lesões pelo HPV está muito mais provavelmente relacionada à ativação de "reservatórios" próprios de vírus do que à reinfecção pelo parceiro sexual. Os fatores que determinam a persistência da infecção e sua progressão para neoplasias intraepiteliais de alto grau (displasia moderada, displasia acentuada ou carcinoma in situ) são os tipos virais presentes e co-fatores, entre eles, o estado imunológico, tabagismo e outros de menor importância.
Os condilomas, dependendo do tamanho e localização anatômica, podem ser dolorosos, friáveis e/ou pruriginosos. Quando presentes no colo uterino, vagina, uretra e ânus, também podem ser sintomáticos. As verrugas intra-anais são predominantes em pacientes que tenham tido coito anal receptivo. Já as perianais podem ocorrer em homens e mulheres que não têm história de penetração anal. Menos freqüentemente podem estar presentes em áreas extragenitais como conjuntivas, mucosa nasal, oral e laríngea.
Na forma clinica as lesões podem ser únicas ou múltiplas, localizadas ou difusas e de tamanho variável, localizando-se mais freqüentemente no homem, na glande, sulco bálano-prepucial e região perianal, e na mulher, na vulva, períneo, região perianal, vagina e colo.
Os tipos 16, 18, 31, 33, 35, 45, 51, 52, 56 e 58, são encontrados ocasionalmente na forma clínica da infecção (verrugas genitais) e tem sido associados com lesões externas (vulva, pênis e ânus), com neoplasias intra-epiteliais ou invasivas no colo uterino e vagina. Quando na genitália externa, estão associados a carcinoma in situ de células escamosas, Papulose Bowenoide, Eritroplasia de Queyrat e Doença de Bowen da genitália. Pacientes que tem verrugas genitais podem estar infectados simultaneamente com vários tipos de HPV. Os tipos 6 e 11 raramente se associam com carcinoma invasivo de células escamosas da genitália externa.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico do condiloma é basicamente clínico, podendo ser confirmado por biópsia, embora isto raramente seja necessário. Este procedimento está indicado quando:
existir dúvida diagnóstica ou suspeita de neoplasia (lesões pigmentadas, endurecidas, fixas ou ulceradas);
as lesões não responderem ao tratamento convencional;
as lesões aumentarem de tamanho durante ou após o tratamento;
o paciente for imunodeficiente.
Nesses casos recomenda-se a realização de várias biópsias, com material retirado de vários locais diferentes da lesão. As lesões cervicais, subclínicas, são geralmente detectadas pela citologia oncótica, devendo ser avaliadas pela colposcopia e biópsias dirigidas.
O diagnóstico definitivo da infecção pelo HPV é feito pela identificação da presença do DNA viral por meio de testes de hibridização molecular (hibridização in situ, PCR, Captura Híbrida). O diagnóstico por colpocitologia nem sempre está correlacionado com a identificação do DNA do HPV. As alterações celulares causadas pelo HPV no colo uterino têm o mesmo significado clínico que as observadas nas displasias leves ou neoplasia intra-epitelial de grau I. Mais recentemente, ambas as condições têm sido denominadas indistintamente como lesão intra-epitelial escamosa de baixo grau (Low Grade Squamous Intraepithelial Lesion – LSIL), com grande chance de regressão sem tratamento. Existem testes que identificam vários tipos de HPV mas não está claro seu valor na prática clínica e as decisões quanto a condutas clínicas não devem ser feitas com base nestes testes. Também não é recomendável o rastreio de infecção subclínica pelo HPV por meio desses testes.
TRATAMENTO
O objetivo principal do tratamento da infecção pelo HPV é a remoção das verrugas sintomáticas, levando a períodos livres de lesões em muitos pacientes. Verrugas genitais freqüentemente são assintomáticas. Nenhuma evidência indica que os tratamentos atualmente disponíveis erradicam ou afetam a história da infecção natural do HPV. A remoção da verruga pode ou não diminuir sua infectividade. Se deixados sem tratamento, os condilomas podem desaparecer, permanecer inalterados, ou aumentar em tamanho ou número. Nenhuma evidência indica que o tratamento do condiloma prevenirá o desenvolvimento de câncer cervical.
Os tratamentos disponíveis para condilomas são: crioterapia, eletrocoagulação, podofilina, ácido tricloroacético (ATA) e exérese cirúrgica.
A maioria dos pacientes tem de 1 a 10 verrugas, que respondem à maioria das modalidades de tratamento.
Com o método escolhido, nenhum dos tratamentos disponíveis é superior aos outros, e nenhum tratamento será o ideal para todos os pacientes nem para todas as verrugas.
Fatores que podem influenciar a escolha do tratamento são o tamanho, número e local da lesão, além de sua morfologia e preferência do paciente, custos, disponibilidade de recursos conveniência, efeitos adversos, e a experiência do profissional de saúde.
Em geral, verrugas localizadas em superfícies úmidas e/ou nas áreas intertriginosas respondem melhor a terapêutica tópica (ATA, podofilina) que as verrugas em superfícies secas.
Planejar o tratamento juntamente com o paciente é importante porque muitos pacientes necessitarão de mais de uma sessão terapêutica. Deve-se mudar de opção terapêutica quando um paciente não melhorar substancialmente depois de três aplicações, ou se as verrugas não desaparecerem completamente após seis sessões. O balanço entre risco e benefício do tratamento deverá ser analisado no decorrer do processo para evitar tratamento excessivo.
Raramente ocorrem complicações se os tratamentos são utilizados corretamente. Os pacientes deverão ser advertidos da possibilidade de cicatrizes hipo ou hipercrômicas quando são utilizados métodos destrutivos. Também podem resultar, embora raramente, em áreas deprimidas ou hipertróficas, especialmente se o paciente não teve tempo suficiente para cicatrização total antes de uma nova sessão terapêutica. Mais raramente, o tratamento pode resultar em síndromes dolorosas incapacitantes, como vulvodínia ou hiperestesia do local tratado.
Lesões na genitália externa
Podofilina 10-25% em solução alcoólica ou em tintura de Benjoim: deve-se aplicar uma pequena quantidade em cada verruga, e deixar secar. Para evitar a possibilidade de complicações associadas com sua absorção sistêmica e toxicidade, alguns especialistas recomendam que se utilize até 0,5 ml em cada aplicação ou que se limite a área tratada em até 10 cm2 por sessão. Outros sugerem que a solução seja retirada por lavagem da área tratada em 1-4 horas depois da aplicação para reduzir a irritação no local. Repetir semanalmente se necessário. Nunca usar durante a gravidez. A podofilina contêm uma série de substâncias com ação antimitótica. Todavia, a proporção dessas substâncias varia consideravelmente entre os preparados. A validade e estabilidade dos preparados são desconhecidas. O descuido em permitir que o paciente vista-se antes da completa secagem da solução pode espalhá-la em áreas vizinhas levando a uma extensa área de irritação local. Sua absorção em grandes quantidades pode ser tóxica para o coração, rins e sistema nervoso.
Ácido tricloroacético (ATA) a 80-90% em solução alcoólica: aplicar pequena quantidade somente nos condilomas e deixar secar, após o que a lesão assumirá aspecto branco. Caso seja aplicada quantidade excessiva, pode-se remover o excesso polvilhando talco ou bicarbonato de sódio. Repetir semanalmente se necessário. O ATA é um agente cáustico que promove destruição dos condilomas pela coagulação química de seu conteúdo protéico. Apesar de sua larga utilização, não foi investigado exaustivamente. As soluções de ATA são muito fluidas, comparáveis à água, e podem se espalhar rapidamente, se aplicadas em excesso, causando dano às áreas adjacentes às lesões. Deve ser aplicada com cuidado, deixando-a secar antes mesmo do paciente mudar sua posição, para que a solução não "escorra" para outros locais. Se a dor for intensa, o ácido pode ser neutralizado com sabão ou bicarbonato de sódio. Este método poderá ser usado durante a gestação, quando a área lesionada não for muito extensa. Do contrario, este deverá ser associado a exérese cirúrgica (ver item específico)
Eletrocauterização ou Eletrocoagulação ou Eletrofulguração: este método utiliza um eletrocautério para remover ou fulgurar lesões isoladas. Exige equipamento específico e anestesia local. Não se aplica nas lesões vaginais, cervicais e anais, visto que o controle da profundidade do efeito é difícil, podendo levar à necrose tecidual extensa e estenose em estruturas tubulares, como canal anal e vagina.
Criocauterização ou Crioterapia ou Criocoagulação: este método promove a destruição térmica por dispositivos metálicos resfriados por CO2 (criocautérios). A crioterapia depende de equipamento específico e elimina as verrugas por induzir citólise térmica. É útil quando há poucas lesões ou nas lesões muito ceratinizadas e raramente necessita de anestesia. Pode ser necessária mais de uma sessão terapêutica, respeitando um intervalo de 1 a 2 semanas. Sua maior desvantagem está em exigir razoável nível de treinamento sem o qual os condilomas são freqüentemente tratados excessivamente ou de forma insuficiente, resultando em diminuição de sua eficácia e maior chance de complicações. Apesar da anestesia local não ser necessária rotineiramente, poderá facilitar o tratamento se existirem muitas lesões ou uma extensa área envolvida.
Exérese cirúrgica: é método apropriado para o tratamento de poucas lesões a nível ambulatorial, especialmente quando é desejável exame histopatológico do espécime. A exérese cirúrgica têm a vantagem de, assim como na eletrocauterização, eliminar as lesões em apenas uma sessão de tratamento. Todavia, é necessário treinamento, anestesia local e equipamento específico, além de alongar o tempo de consulta. Os condilomas podem ser retirados por meio de uma incisão tangencial com tesoura delicada, bisturi ou cureta. Como a maioria das lesões são exofíticas, estes métodos resultam em uma ferida que envolve a porção superficial da derme. A hemostasia pode ser obtida por eletrocoagulação. Normalmente a sutura não é necessária. Esse método traz maiores benefícios aos pacientes que tenham grande número de lesões ou extensa área acometida, ou ainda, em casos resistentes a outras formas de tratamento.
Lesões vegetantes do colo uterino
Na presença de lesão vegetante no colo uterino deve-se excluir a possibilidade de tratar-se de uma neoplasia intra-epitelial antes de iniciar o tratamento. Estas pacientes devem ser referidas a um serviço de colposcopia para diagnóstico diferencial e tratamento.
Lesões vaginais
ATA a 80-90%: aplicar somente sobre as lesões. Deixar secar antes de retirar o espéculo vaginal. Não aplicar sobre área extensa em uma única sessão para evitar estenose vaginal. Pode ser aplicado semanalmente, se necessário. Para remoção do acido quando aplicado em excesso, recomenda-se a aplicação de bicarbonato de sódio ou talco.
Podofilina 10-25%: aplicar sobre as lesões e deixar secar antes de retirar o espéculo. Tratar, no máximo, 2 cm2 por sessão, repetindo a aplicação em intervalos semanais, se necessário. Alguns especialistas são contrários ao seu uso em lesões vaginais devido aos seus efeitos tóxicos e à capacidade aumentada de absorção vaginal. Não utilizar durante a gestação.
Observação: a crioterapia não se aplica para lesões vaginais, em virtude do risco de perfuração vaginal e formação de fístulas.
Lesões no meato uretral
ATA a 80-90%: aplicar somente sobre as lesões. Deixar secar antes de permitir o contato da área tratada com a mucosa normal. Não aplicar sobre área extensa em uma única sessão para evitar estenose. Pode ser aplicado semanalmente, se necessário. Para remoção do acido quando aplicado em excesso, recomenda-se a aplicação de bicarbonato de sódio ou talco.
Podofilina 10-25%: aplicar sobre as lesões e deixar secar antes de permitir o contato da área tratada com a mucosa normal. Pode ser aplicado semanalmente, se necessário. Não utilizar durante a gestação.
Lesões anais
ATA a 80-90%. Aplicar somente sobre as lesões. Deixar secar antes de permitir o contato da área tratada com a mucosa normal. Não aplicar sobre área extensa em uma única sessão para evitar estenose. Pode ser aplicado semanalmente, se necessário. Para remoção do acido quando aplicado em excesso, recomenda-se a aplicação de bicarbonato de sódio ou talco.
Exérese cirúrgica.
Observação: a conduta frente a lesões em mucosa anal deve ser decidida por um especialista.
Lesões orais
Exérese cirúrgica.
SEGUIMENTO
Após o desaparecimento dos condilomas, não é necessário controle. Os pacientes devem ser notificados da possibilidades de recorrência, que freqüentemente ocorre nos três primeiros meses. Como não se conhece a sensibilidade e a especificidade do auto-diagnóstico, os pacientes devem ser examinados três meses após o final do tratamento. Novos exames em intervalos menores, podem ser úteis para:
documentar a inexistência de condilomas;
controlar ou tratar complicações do tratamento; e
reforçar a orientação e aconselhamento quanto à prevenção do HIV e de outras DST.
As mulheres devem ser aconselhadas quanto à necessidade de submeterem-se ao rastreio de doenças pré-invasivas do colo uterino, na mesma freqüência que as mulheres não contaminadas pelo HPV. A presença de condilomas genitais sem lesão macroscópica cervical ou suspeita colpocitológica (Papanicolaou) de lesão pré-invasiva, não é indicação para colposcopia.
As mulheres tratadas por lesões cervicais devem ser seguidas de rotina após tratamento pelo exame ginecológico e citologia oncótica a cada 3 meses, por 6 meses; em seguida, a cada 6 meses, por 12 meses e após este período, anualmente, se não houver evidência de recorrência.
CONDUTA PARA PARCEIROS SEXUAIS
O exame dos parceiros sexuais não tem utilidade prática para o manejo dos condilomas, porque o papel da reinfecção na persistência ou recidiva de lesões é mínimo, ainda que na ausência de tratamento que erradique o vírus. Sendo assim, o tratamento do parceiro com objetivo de reduzir sua transmissão, não é necessário. Todavia, como o auto-exame tem valor desconhecido, os parceiros sexuais de pacientes com condilomas devem ser buscados, uma vez que poderão se beneficiar de exame médico para avaliação da presença de condilomas não suspeitados, ou de outras DST. Esses parceiros também podem ser beneficiados pela orientação quanto às implicações de terem um parceiro sexual portador de condiloma, especialmente no caso das mulheres, ou seja, as parceiras devem ser aconselhadas a submeterem-se regularmente ao rastreio de doenças pré-invasivas do colo uterino, como qualquer mulher sexualmente ativa. Como o tratamento de condilomas não elimina o HPV, os pacientes e seus parceiros devem ser cientificados de que podem ser infectantes, mesmo na ausência de lesões visíveis. O uso de preservativos pode reduzir, mas não eliminar, o risco de transmissão para parceiros não contaminados.
GESTANTES
Na gestação, as lesões condilomatosas poderão atingir grandes proporções, seja pelo aumento da vascularização, seja pelas alterações hormonais e imunológicas que ocorrem neste período.
Como as lesões durante a gestação podem proliferar e tornar-se friáveis, muitos especialistas indicam a sua remoção nesta fase.
Os tipos 6 e 11 podem causar papilomatose laringeal em recém-nascidos e crianças.
Não se sabe, até o momento, se a via de transmissão é transplacentária, perinatal ou pós-natal.
Não está estabelecido o valor preventivo da operação cesariana; portanto, esta não deve ser realizada baseando-se apenas na prevenção da transmissão do HPV para o recém-nascido. Apenas em raros casos, quando as lesões estão causando obstrução do canal de parto, ou quando o parto vaginal possa ocasionar sangramento excessivo, a operação cesariana poderá ser indicada.
A escolha do tratamento vai se basear no tamanho e número das lesões:
Nunca usar Podofilina durante qualquer fase da gravidez.
Lesões pequenas, isoladas e externas: eletro ou criocauterização em qualquer fase da gravidez.
Lesões grandes e externas: ressecção com eletrocautério ou cirurgia de alta freqüência ou exérese por alça diatérmica ou LEEP (Loop Excison Electrosurgical Procedure), em qualquer fase da gravidez. Pode resultar em sangramento importante e deve restringir-se à lesão propriamente dita, além de limitar-se ao uso por profissional habilitado.
Lesões pequenas, colo, vagina e vulva: eletro ou criocauterização, apenas a partir do 2º trimestre.
Se o tamanho e localização das lesões forem suficientes para provocar obstrução e/ou hemorragias vaginais, deve-se indicar o parto cesáreo.
Embora os tipos 6 e 11 possam causar papilomatose laríngea em crianças, o risco da infecção nasofaríngea no feto é tão baixa que não se justifica a indicação eletiva de parto cesáreo.
Mulheres com condilomatose durante a gravidez deverão ser seguidas com citologia oncológica após o parto.
PORTADORES DO HIV
Pessoas imunossuprimidas em decorrência da infecção pelo HIV, ou por outras razões, podem não responder ao tratamento para o HPV como as imunocompetentes e podem acontecer recidivas mais freqüentes. O carcinoma escamoso pode surgir mais freqüentemente em imunossuprimidos, valorizando a biópsia de lesões neste grupo de pacientes. O tratamento para esses pacientes, deve basear-se nos mesmos princípios referidos para os HIV negativos.
NEOPLASIAS INTRAEPITELIAIS DE ALTO GRAU
Pacientes com lesões intraepiteliais de alto grau (High Grade Squamous Intraepithelial Lesion - HSIL) ou displasias moderada ou acentuada, ou carcinoma in situ NIC II ou NIC III, devem ser referidos a serviço especializado para confirmação diagnóstica, afastar possibilidade de carcinoma invasivo e realização de tratamento especializado. Os tratamentos ablativos são efetivos mas o controle pós-tratamento é importante. O risco destas lesões progredirem para carcinoma invasivo em pacientes imunocompetentes, após tratamento efetivo, é muito baixo.
INFECÇÃO SUBCLÍNICA PELO HPV NA GENITÁLIA (SEM LESÃO MACROSCÓPICA)
A infecção subclínica pelo HPV é mais freqüente do que as lesões macroscópicas, tanto em homens quanto em mulheres. O diagnóstico, quase sempre, ocorre de forma indireta pela observação de áreas que se tornam brancas após aplicação do ácido acético sob visão colposcópica ou outras técnicas de magnificação, e que, biopsiadas, apresentam alterações citológicas compatíveis com infecção pelo HPV. Podem ser encontradas em qualquer local da genitália masculina ou feminina. Todavia, a aplicação de técnicas de magnificação e uso do ácido acético exclusivamente para rastreio da infecção subclínica pelo HPV não é recomendável. A reação ao ácido acético não é um indicador específico da infecção pelo HPV e, desta forma, muitos testes falso-positivos podem ser encontrados em populações de baixo risco. Em situações especiais, alguns clínicos acham este teste útil para identificar lesões planas pelo HPV.
Na ausência de neoplasia intra-epitelial, não é recomendável tratar as lesões subclínicas pelo HPV diagnosticadas por colpocitologia, colposcopia, biópsia, testes com ácido acético ou testes de identificação do DNA viral. Freqüentemente seu diagnóstico é questionável, e nenhuma terapia foi capaz de erradicar o vírus. O HPV foi identificado em áreas adjacentes a neoplasias intra-epiteliais tratadas por laser e vaporizadas, com o objetivo de eliminar a infecção.
Na presença de neoplasia intra-epitelial, o paciente deve ser referido a serviço especializado e o tratamento será feito em função do grau da doença.
Não existe um teste simples e prático para detectar a infecção subclínica pelo HPV. O uso de preservativos pode reduzir a chance de transmissão do HPV para parceiros provavelmente não infectados (novos parceiros). Não se sabe se a contagiosidade desta forma de infecção é igual à das lesões exofíticas.
RASTREIO DE CÂNCER CÉRVICO-UTERINO PARA MULHERES QUE TÊM OU TIVERAM DST
Mulheres com história ou portadoras de DST apresentam risco maior para câncer cérvico-uterino e para outros fatores que aumentam este risco, como a infecção pelo HPV. Estudos de prevalência mostram que as lesões precursoras do câncer cérvico-uterino são cinco vezes mais freqüentes em mulheres portadoras de DST do que naquelas que procuram outros serviços médicos, como, por exemplo, para planejamento familiar.
A colpocitologia oncótica ("preventivo" ou exame de Papanicolaou) é um teste efetivo e de baixo custo para rastreio do câncer cérvico-uterino e de seus precursores.3 Apesar do consenso brasileiro que recomenda a realização da colpocitologia a cada três anos após duas colpocitologias consecutivas negativas com intervalo de um ano em mulheres sexualmente ativas, é razoável que mulheres portadoras de DST sejam submetidas à colpocitologia mais freqüentemente pelo seu maior risco de serem portadoras de câncer cérvico-uterino ou de seus precursores. Esta recomendação é reforçada por dados obtidos em inquéritos e que mostraram que estas mulheres não compreendem a real importância da colpocitologia e que, muitas vezes, acreditavam terem sido submetidas a este exame quando haviam sido apenas submetidas ao exame ginecológico (toque bimanual).
Recomendações
Ao atender a portadora de DST, o profissional de saúde deve perguntar sobre o resultado de sua última colpocitologia e a época em que foi realizada. A seguir deve informá-la sobre:
a importância e o objetivo da colpocitologia;
a necessidade de sua realização periódica; e
os locais onde são realizadas as coletas de colpocitologia, quando este material não puder ser colhido na própria consulta.
Se a paciente portadora de DST não se submeteu a uma colpocitologia nos últimos 12 meses:
a coleta deverá ser realizada tão logo a DST seja controlada;
se a DST é uma infecção pelo HPV, a coleta deve fazer parte do exame ginecológico rotineiro;
o exame ginecológico deve ser feito quando existe dúvida, pois a paciente pode acreditar que submeteu-se a este teste quando isto na verdade não ocorreu. Isto também será recomendável quando a paciente não souber informar quanto ao resultado do teste, seja por desinformação ou por não ter buscado seu resultado, como freqüentemente ocorre em nosso meio. Qualquer mulher será beneficiada pelo recebimento por escrito do resultado de sua colpocitologia e da conduta posterior. Se possível, forneça cópia ou transcrição do resultado deste teste à própria paciente para que faça parte de seus documentos médicos.
Seguimento
Profissionais de saúde devem preferir laboratórios de citopatologia que utilizem o Sistema Bethesda4 de classificação. Se o resultado da colpocitologia for anormal, a paciente deve ser referida a serviço especializado de patologia cervical uterina. Nestes serviços, a paciente será submetida a colposcopia para orientação de biópsias e tratada conforme o grau de lesão precursora ou se presente o câncer cervical. Em casos que a colpocitologia conclui pela presença de LSIL ou atipias de significado indeterminado em células escamosas (Atypical Squamous Cells of Undeterminated Significance – ASCUS), a indicação da colposcopia pode ser postergada, especialmente quando existir processo inflamatório associado ou o citopatologista sugere que as atipias estão provavelmente relacionadas a processo reacional. Estes casos podem incluir processos inflamatórios, reacionais, LSIL, ou, menos freqüentemente, HSIL e, uma conduta adequada seria tratar possíveis processos inflamatórios associados e repetir a colpocitologia a cada 4 a 6 meses, por 2 anos , até que o resultado de 3 exames consecutivos sejam negativos. Caso persistam atipias ou seja sugerida presença de lesão mais grave, somente então deve ser indicada a colposcopia e a biópsia dirigida. Os casos que persistem com atipias têm maior probabilidade de serem portadores de lesões precursoras do câncer cérvico-uterino. Os demais representam falso-positivos do teste inicial ou casos em que pode ter havido remissão espontânea. Em locais nos quais não exista serviço especializado com colposcopia, uma paciente com lesão intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL) deve ser referida para seguimento adequado pela colpocitologia, colposcopia e biópsia dirigida.
Serviços e profissionais de saúde que se proponham a realizar a colpocitologia devem estabelecer previamente quais serão os serviços para onde serão referidas as mulheres com atipias colpocitológicas. Os mesmos serviços e profissionais devem também estabelecer mecanismos pelos quais as mulheres que não retornem para receber seu resultado ou que, mantidas em seguimento citológico (como as portadoras de LSIL/ASCUS), deixem de comparecer para novas coletas, sejam buscadas ativamente.
Outras considerações importantes
É importante lembrar que:
a colpocitologia não é um teste efetivo para rastreamento de DST;
se a mulher está menstruando, a coleta da colpocitologia deve ser adiada e a mulher aconselhada quanto a submeter-se ao exame tão logo seja possível;
a presença de colpites ou colpocervicites pode comprometer a interpretação da colpocitologia. Nestes casos, a mulher deve ser tratada especificamente e retornar para coleta. Todavia, se for improvável que a mulher retorne, a oportunidade de coleta não deve ser desperdiçada. Neste caso, o excesso de secreção pode ser retirado com algodão ou gaze, embebidos em soro fisiológico;
deve-se observar que numa investigação de DST, quando serão colhidos espécimes para diagnóstico bacteriológico, o material para colpocitologia deve ser colhido por último;
uma mulher portadora de condilomas não necessita de coletas mais freqüentes de colpocitologia do que as demais, salvo nos casos comentados acima de anomalias ao diagnóstico citológico e em pacientes imunossuprimidas;
mulheres histerectomizadas não demandam rastreio rotineiro de câncer cérvico-uterino, a menos que a histerectomia tenha sido sub-total ou realizada por câncer cervical ou seus precursores. Nestas situações, a mulher deve ser aconselhada a manter seu controle no serviço especializado que realizou a cirurgia;
profissionais de saúde treinados e serviços que adotem medidas para assegurar uma boa amostra colpocitológica obtêm poucos esfregaços insatisfatórios. Estas medidas incluem: identificação adequada da(s) lâmina, com iniciais da paciente e seu registro na Unidade de Saúde e, na embalagem, nome completo, registro, data da coleta e nome do profissional que colheu a amostra; coleta ecto e endocervical; uso de escova endocervical; fixação logo após a realização do esfregaço;
apesar de identificarem os tipos de HPV de alto risco para câncer cérvico-uterino, os testes para sua identificação têm discutida aplicação clínica e, por este motivo, não são recomendados.
Situações especiais
Coleta durante a gravidez: mulheres grávidas devem submeter-se como as demais ao exame colpocitológico, incluindo a coleta endocervical cuidadosa, como parte da rotina pré-natal.
Mulheres infectadas pelo HIV: vários estudos demonstraram uma maior prevalência de NIC em portadoras do HIV e, nestas mulheres, observa-se tempos muito curtos (meses) de progressão para lesões pré-invasivas graves e câncer cérvico-uterino. Quando estiverem presentes atipias na colpocitologia de mulheres portadoras do HIV, estas devem ser encaminhadas a serviço especializado, onde serão submetidas à investigação convencional por colposcopia e biópsia dirigida, quando indicado, e tratadas como as demais. Para rastreio de câncer cérvico-uterino e de seus precursores em portadora do HIV, deve-se:
obter história ginecológica prévia sobre doenças do colo uterino;
fazer o exame ginecológico completo com coleta de colpocitologia oncótica;
fazer a colpocitologia após o diagnóstico inicial do HIV e, caso negativa, deve-se repeti-la seis meses depois. Mantida a ausência de evidências de NIC, repetir a colpocitologia anualmente. Somente as portadoras de atipias à colpocitologia devem ser referidas para colposcopia e biópsia dirigida, conforme as orientações já enumeradas.
Observação:
Considerando a maior prevalência de NIC em portadoras do HIV, algumas mulheres portadoras de NIC podem ser portadoras do HIV ainda sem diagnóstico. Dado o benefício que estas mulheres terão pelo diagnóstico sorológico da presença do HIV, este teste deve ser oferecido após aconselhamento a todas as portadoras de HSIL (displasias moderada, acentuada e carcinoma in situ, NIC II ou III).
1 Adaptado de Guidelines for Treatment of Sexually Transmitted Diseases - MMWR, Recomendations and Reports, January 23, 1998 / Vol 47/ nº RR-1
2 Adaptado de Lorincz et alii, 1992
3 São considerados precursores desta neoplasia as neoplasias intraepiteliais cervicais (NIC). Antes denominadas displasias leve, moderada, acentuada ou carcinoma in situ, são alvo de tendência atual de utilização de nova terminologia que agrupa a infecção subclínica pelo HPV no colo uterino e a NIC I (ou displasia leve) como Lesão Intraepitelial Escamosa de Baixo Grau (Low Grade Squamous Intraepithelial Lesion – LSIL) e as NIC II e III (displasias moderada, acentuada e carcinoma in situ) como Lesão Intraepitelial Escamosa de Alto Grau (High Grade Squamous Intraepithelial Lesion – HSIL). As LSIL tem variada população de tipos de HPV, sejam de baixo ou alto risco, enquanto as HSIL têm demonstrado mais uniformemente a presença de tipos de HPV de alto risco. Estas seriam os reais precursores do câncer cervical enquanto as LSIL devem ser consideradas lesões de comportamento incerto (Richart, 1990).
4 O Sistema Bethesda para classificação de diagnósticos citológicos cérvico-vaginais foi resultado de reunião de consenso entre especialistas da área, em 1988, naquela cidade americana. Foi o introdutor dos termos LSIL e HSIL e tem sido alvo de repetidas reuniões de reavaliação e conseqüente aperfeiçoamento. Também incorporou no laudo citopatológico o relato das limitações da amostra e sua adequação para avaliação oncótica. Sua utilização é compatível com a abordagem mais recentes para diagnóstico e tratamento das lesões precursoras do câncer cérvico-uterino.
CONCEITO
1Doença infecciosa, de transmissão freqüentemente sexual, também conhecida como condiloma acuminado, verruga genital ou crista de galo.
AGENTE ETIOLÓGICO
O Papilomavírus humano (HPV) é um DNA-vírus não cultivável do grupo papovavírus. Atualmente são conhecidos mais de 70 tipos, 20 dos quais podem infectar o trato genital. Estão divididos em 3 grupos, de acordo com seu potencial de oncogenicidade. Os tipos de alto risco oncogênico, quando associados a outros co-fatores, tem relação com o desenvolvimento das neoplasias intra-epiteliais e do câncer invasor do colo uterino.
Associação de 15 tipos de HPV às doenças neoplásicas do colo uterino e seus precursores.2
Classificação em função da associação com lesões graves
Tipos de HPV
Associação com lesões cervicais
Baixo risco
6, 11, 42, 43 e 44
20,2% em NIC de baixo grau, praticamente inexistentes em carcinomas invasores
Risco intermediário
31, 33, 35, 51, 52 e 58
23,8% em NIC de alto grau mas em apenas 10,5% dos carcinomas invasores
Alto risco
16
47,1% em NIC de alto grau ou carcinoma invasor
18, 45 e 56
6,5% em NIC de alto grau e 26,8% em carcinoma invasor
QUADRO CLÍNICO
A maioria das infecções são assintomáticas ou inaparentes. Podem apresentar-se clinicamente sob a forma de lesões exofíticas. A infecção pode também assumir uma forma denominada subclínica, visível apenas sob técnicas de magnificação e após aplicação de reagentes, como o ácido acético. Ainda, este vírus é capaz de estabelecer uma infecção latente em que não existem lesões clinicamente identificáveis ou subclínicas, apenas sendo detectável seu DNA por meio de técnicas moleculares em tecidos contaminados. Não é conhecido o tempo em que o vírus pode permanecer nesse estado, e quais fatores são responsáveis pelo desenvolvimento de lesões. Por este motivo, não é possível estabelecer o intervalo mínimo entre a contaminação e o desenvolvimento de lesões, que pode ser de semanas, a décadas.
Algumas estudos prospectivos têm demonstrado que em muitos indivíduos, a infecção terá um caráter transitório, podendo ser detectada ou não. O vírus poderá permanecer por muitos anos no estado latente e, após este período, originar novas lesões. Assim, a recidiva de lesões pelo HPV está muito mais provavelmente relacionada à ativação de "reservatórios" próprios de vírus do que à reinfecção pelo parceiro sexual. Os fatores que determinam a persistência da infecção e sua progressão para neoplasias intraepiteliais de alto grau (displasia moderada, displasia acentuada ou carcinoma in situ) são os tipos virais presentes e co-fatores, entre eles, o estado imunológico, tabagismo e outros de menor importância.
Os condilomas, dependendo do tamanho e localização anatômica, podem ser dolorosos, friáveis e/ou pruriginosos. Quando presentes no colo uterino, vagina, uretra e ânus, também podem ser sintomáticos. As verrugas intra-anais são predominantes em pacientes que tenham tido coito anal receptivo. Já as perianais podem ocorrer em homens e mulheres que não têm história de penetração anal. Menos freqüentemente podem estar presentes em áreas extragenitais como conjuntivas, mucosa nasal, oral e laríngea.
Na forma clinica as lesões podem ser únicas ou múltiplas, localizadas ou difusas e de tamanho variável, localizando-se mais freqüentemente no homem, na glande, sulco bálano-prepucial e região perianal, e na mulher, na vulva, períneo, região perianal, vagina e colo.
Os tipos 16, 18, 31, 33, 35, 45, 51, 52, 56 e 58, são encontrados ocasionalmente na forma clínica da infecção (verrugas genitais) e tem sido associados com lesões externas (vulva, pênis e ânus), com neoplasias intra-epiteliais ou invasivas no colo uterino e vagina. Quando na genitália externa, estão associados a carcinoma in situ de células escamosas, Papulose Bowenoide, Eritroplasia de Queyrat e Doença de Bowen da genitália. Pacientes que tem verrugas genitais podem estar infectados simultaneamente com vários tipos de HPV. Os tipos 6 e 11 raramente se associam com carcinoma invasivo de células escamosas da genitália externa.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico do condiloma é basicamente clínico, podendo ser confirmado por biópsia, embora isto raramente seja necessário. Este procedimento está indicado quando:
existir dúvida diagnóstica ou suspeita de neoplasia (lesões pigmentadas, endurecidas, fixas ou ulceradas);
as lesões não responderem ao tratamento convencional;
as lesões aumentarem de tamanho durante ou após o tratamento;
o paciente for imunodeficiente.
Nesses casos recomenda-se a realização de várias biópsias, com material retirado de vários locais diferentes da lesão. As lesões cervicais, subclínicas, são geralmente detectadas pela citologia oncótica, devendo ser avaliadas pela colposcopia e biópsias dirigidas.
O diagnóstico definitivo da infecção pelo HPV é feito pela identificação da presença do DNA viral por meio de testes de hibridização molecular (hibridização in situ, PCR, Captura Híbrida). O diagnóstico por colpocitologia nem sempre está correlacionado com a identificação do DNA do HPV. As alterações celulares causadas pelo HPV no colo uterino têm o mesmo significado clínico que as observadas nas displasias leves ou neoplasia intra-epitelial de grau I. Mais recentemente, ambas as condições têm sido denominadas indistintamente como lesão intra-epitelial escamosa de baixo grau (Low Grade Squamous Intraepithelial Lesion – LSIL), com grande chance de regressão sem tratamento. Existem testes que identificam vários tipos de HPV mas não está claro seu valor na prática clínica e as decisões quanto a condutas clínicas não devem ser feitas com base nestes testes. Também não é recomendável o rastreio de infecção subclínica pelo HPV por meio desses testes.
TRATAMENTO
O objetivo principal do tratamento da infecção pelo HPV é a remoção das verrugas sintomáticas, levando a períodos livres de lesões em muitos pacientes. Verrugas genitais freqüentemente são assintomáticas. Nenhuma evidência indica que os tratamentos atualmente disponíveis erradicam ou afetam a história da infecção natural do HPV. A remoção da verruga pode ou não diminuir sua infectividade. Se deixados sem tratamento, os condilomas podem desaparecer, permanecer inalterados, ou aumentar em tamanho ou número. Nenhuma evidência indica que o tratamento do condiloma prevenirá o desenvolvimento de câncer cervical.
Os tratamentos disponíveis para condilomas são: crioterapia, eletrocoagulação, podofilina, ácido tricloroacético (ATA) e exérese cirúrgica.
A maioria dos pacientes tem de 1 a 10 verrugas, que respondem à maioria das modalidades de tratamento.
Com o método escolhido, nenhum dos tratamentos disponíveis é superior aos outros, e nenhum tratamento será o ideal para todos os pacientes nem para todas as verrugas.
Fatores que podem influenciar a escolha do tratamento são o tamanho, número e local da lesão, além de sua morfologia e preferência do paciente, custos, disponibilidade de recursos conveniência, efeitos adversos, e a experiência do profissional de saúde.
Em geral, verrugas localizadas em superfícies úmidas e/ou nas áreas intertriginosas respondem melhor a terapêutica tópica (ATA, podofilina) que as verrugas em superfícies secas.
Planejar o tratamento juntamente com o paciente é importante porque muitos pacientes necessitarão de mais de uma sessão terapêutica. Deve-se mudar de opção terapêutica quando um paciente não melhorar substancialmente depois de três aplicações, ou se as verrugas não desaparecerem completamente após seis sessões. O balanço entre risco e benefício do tratamento deverá ser analisado no decorrer do processo para evitar tratamento excessivo.
Raramente ocorrem complicações se os tratamentos são utilizados corretamente. Os pacientes deverão ser advertidos da possibilidade de cicatrizes hipo ou hipercrômicas quando são utilizados métodos destrutivos. Também podem resultar, embora raramente, em áreas deprimidas ou hipertróficas, especialmente se o paciente não teve tempo suficiente para cicatrização total antes de uma nova sessão terapêutica. Mais raramente, o tratamento pode resultar em síndromes dolorosas incapacitantes, como vulvodínia ou hiperestesia do local tratado.
Lesões na genitália externa
Podofilina 10-25% em solução alcoólica ou em tintura de Benjoim: deve-se aplicar uma pequena quantidade em cada verruga, e deixar secar. Para evitar a possibilidade de complicações associadas com sua absorção sistêmica e toxicidade, alguns especialistas recomendam que se utilize até 0,5 ml em cada aplicação ou que se limite a área tratada em até 10 cm2 por sessão. Outros sugerem que a solução seja retirada por lavagem da área tratada em 1-4 horas depois da aplicação para reduzir a irritação no local. Repetir semanalmente se necessário. Nunca usar durante a gravidez. A podofilina contêm uma série de substâncias com ação antimitótica. Todavia, a proporção dessas substâncias varia consideravelmente entre os preparados. A validade e estabilidade dos preparados são desconhecidas. O descuido em permitir que o paciente vista-se antes da completa secagem da solução pode espalhá-la em áreas vizinhas levando a uma extensa área de irritação local. Sua absorção em grandes quantidades pode ser tóxica para o coração, rins e sistema nervoso.
Ácido tricloroacético (ATA) a 80-90% em solução alcoólica: aplicar pequena quantidade somente nos condilomas e deixar secar, após o que a lesão assumirá aspecto branco. Caso seja aplicada quantidade excessiva, pode-se remover o excesso polvilhando talco ou bicarbonato de sódio. Repetir semanalmente se necessário. O ATA é um agente cáustico que promove destruição dos condilomas pela coagulação química de seu conteúdo protéico. Apesar de sua larga utilização, não foi investigado exaustivamente. As soluções de ATA são muito fluidas, comparáveis à água, e podem se espalhar rapidamente, se aplicadas em excesso, causando dano às áreas adjacentes às lesões. Deve ser aplicada com cuidado, deixando-a secar antes mesmo do paciente mudar sua posição, para que a solução não "escorra" para outros locais. Se a dor for intensa, o ácido pode ser neutralizado com sabão ou bicarbonato de sódio. Este método poderá ser usado durante a gestação, quando a área lesionada não for muito extensa. Do contrario, este deverá ser associado a exérese cirúrgica (ver item específico)
Eletrocauterização ou Eletrocoagulação ou Eletrofulguração: este método utiliza um eletrocautério para remover ou fulgurar lesões isoladas. Exige equipamento específico e anestesia local. Não se aplica nas lesões vaginais, cervicais e anais, visto que o controle da profundidade do efeito é difícil, podendo levar à necrose tecidual extensa e estenose em estruturas tubulares, como canal anal e vagina.
Criocauterização ou Crioterapia ou Criocoagulação: este método promove a destruição térmica por dispositivos metálicos resfriados por CO2 (criocautérios). A crioterapia depende de equipamento específico e elimina as verrugas por induzir citólise térmica. É útil quando há poucas lesões ou nas lesões muito ceratinizadas e raramente necessita de anestesia. Pode ser necessária mais de uma sessão terapêutica, respeitando um intervalo de 1 a 2 semanas. Sua maior desvantagem está em exigir razoável nível de treinamento sem o qual os condilomas são freqüentemente tratados excessivamente ou de forma insuficiente, resultando em diminuição de sua eficácia e maior chance de complicações. Apesar da anestesia local não ser necessária rotineiramente, poderá facilitar o tratamento se existirem muitas lesões ou uma extensa área envolvida.
Exérese cirúrgica: é método apropriado para o tratamento de poucas lesões a nível ambulatorial, especialmente quando é desejável exame histopatológico do espécime. A exérese cirúrgica têm a vantagem de, assim como na eletrocauterização, eliminar as lesões em apenas uma sessão de tratamento. Todavia, é necessário treinamento, anestesia local e equipamento específico, além de alongar o tempo de consulta. Os condilomas podem ser retirados por meio de uma incisão tangencial com tesoura delicada, bisturi ou cureta. Como a maioria das lesões são exofíticas, estes métodos resultam em uma ferida que envolve a porção superficial da derme. A hemostasia pode ser obtida por eletrocoagulação. Normalmente a sutura não é necessária. Esse método traz maiores benefícios aos pacientes que tenham grande número de lesões ou extensa área acometida, ou ainda, em casos resistentes a outras formas de tratamento.
Lesões vegetantes do colo uterino
Na presença de lesão vegetante no colo uterino deve-se excluir a possibilidade de tratar-se de uma neoplasia intra-epitelial antes de iniciar o tratamento. Estas pacientes devem ser referidas a um serviço de colposcopia para diagnóstico diferencial e tratamento.
Lesões vaginais
ATA a 80-90%: aplicar somente sobre as lesões. Deixar secar antes de retirar o espéculo vaginal. Não aplicar sobre área extensa em uma única sessão para evitar estenose vaginal. Pode ser aplicado semanalmente, se necessário. Para remoção do acido quando aplicado em excesso, recomenda-se a aplicação de bicarbonato de sódio ou talco.
Podofilina 10-25%: aplicar sobre as lesões e deixar secar antes de retirar o espéculo. Tratar, no máximo, 2 cm2 por sessão, repetindo a aplicação em intervalos semanais, se necessário. Alguns especialistas são contrários ao seu uso em lesões vaginais devido aos seus efeitos tóxicos e à capacidade aumentada de absorção vaginal. Não utilizar durante a gestação.
Observação: a crioterapia não se aplica para lesões vaginais, em virtude do risco de perfuração vaginal e formação de fístulas.
Lesões no meato uretral
ATA a 80-90%: aplicar somente sobre as lesões. Deixar secar antes de permitir o contato da área tratada com a mucosa normal. Não aplicar sobre área extensa em uma única sessão para evitar estenose. Pode ser aplicado semanalmente, se necessário. Para remoção do acido quando aplicado em excesso, recomenda-se a aplicação de bicarbonato de sódio ou talco.
Podofilina 10-25%: aplicar sobre as lesões e deixar secar antes de permitir o contato da área tratada com a mucosa normal. Pode ser aplicado semanalmente, se necessário. Não utilizar durante a gestação.
Lesões anais
ATA a 80-90%. Aplicar somente sobre as lesões. Deixar secar antes de permitir o contato da área tratada com a mucosa normal. Não aplicar sobre área extensa em uma única sessão para evitar estenose. Pode ser aplicado semanalmente, se necessário. Para remoção do acido quando aplicado em excesso, recomenda-se a aplicação de bicarbonato de sódio ou talco.
Exérese cirúrgica.
Observação: a conduta frente a lesões em mucosa anal deve ser decidida por um especialista.
Lesões orais
Exérese cirúrgica.
SEGUIMENTO
Após o desaparecimento dos condilomas, não é necessário controle. Os pacientes devem ser notificados da possibilidades de recorrência, que freqüentemente ocorre nos três primeiros meses. Como não se conhece a sensibilidade e a especificidade do auto-diagnóstico, os pacientes devem ser examinados três meses após o final do tratamento. Novos exames em intervalos menores, podem ser úteis para:
documentar a inexistência de condilomas;
controlar ou tratar complicações do tratamento; e
reforçar a orientação e aconselhamento quanto à prevenção do HIV e de outras DST.
As mulheres devem ser aconselhadas quanto à necessidade de submeterem-se ao rastreio de doenças pré-invasivas do colo uterino, na mesma freqüência que as mulheres não contaminadas pelo HPV. A presença de condilomas genitais sem lesão macroscópica cervical ou suspeita colpocitológica (Papanicolaou) de lesão pré-invasiva, não é indicação para colposcopia.
As mulheres tratadas por lesões cervicais devem ser seguidas de rotina após tratamento pelo exame ginecológico e citologia oncótica a cada 3 meses, por 6 meses; em seguida, a cada 6 meses, por 12 meses e após este período, anualmente, se não houver evidência de recorrência.
CONDUTA PARA PARCEIROS SEXUAIS
O exame dos parceiros sexuais não tem utilidade prática para o manejo dos condilomas, porque o papel da reinfecção na persistência ou recidiva de lesões é mínimo, ainda que na ausência de tratamento que erradique o vírus. Sendo assim, o tratamento do parceiro com objetivo de reduzir sua transmissão, não é necessário. Todavia, como o auto-exame tem valor desconhecido, os parceiros sexuais de pacientes com condilomas devem ser buscados, uma vez que poderão se beneficiar de exame médico para avaliação da presença de condilomas não suspeitados, ou de outras DST. Esses parceiros também podem ser beneficiados pela orientação quanto às implicações de terem um parceiro sexual portador de condiloma, especialmente no caso das mulheres, ou seja, as parceiras devem ser aconselhadas a submeterem-se regularmente ao rastreio de doenças pré-invasivas do colo uterino, como qualquer mulher sexualmente ativa. Como o tratamento de condilomas não elimina o HPV, os pacientes e seus parceiros devem ser cientificados de que podem ser infectantes, mesmo na ausência de lesões visíveis. O uso de preservativos pode reduzir, mas não eliminar, o risco de transmissão para parceiros não contaminados.
GESTANTES
Na gestação, as lesões condilomatosas poderão atingir grandes proporções, seja pelo aumento da vascularização, seja pelas alterações hormonais e imunológicas que ocorrem neste período.
Como as lesões durante a gestação podem proliferar e tornar-se friáveis, muitos especialistas indicam a sua remoção nesta fase.
Os tipos 6 e 11 podem causar papilomatose laringeal em recém-nascidos e crianças.
Não se sabe, até o momento, se a via de transmissão é transplacentária, perinatal ou pós-natal.
Não está estabelecido o valor preventivo da operação cesariana; portanto, esta não deve ser realizada baseando-se apenas na prevenção da transmissão do HPV para o recém-nascido. Apenas em raros casos, quando as lesões estão causando obstrução do canal de parto, ou quando o parto vaginal possa ocasionar sangramento excessivo, a operação cesariana poderá ser indicada.
A escolha do tratamento vai se basear no tamanho e número das lesões:
Nunca usar Podofilina durante qualquer fase da gravidez.
Lesões pequenas, isoladas e externas: eletro ou criocauterização em qualquer fase da gravidez.
Lesões grandes e externas: ressecção com eletrocautério ou cirurgia de alta freqüência ou exérese por alça diatérmica ou LEEP (Loop Excison Electrosurgical Procedure), em qualquer fase da gravidez. Pode resultar em sangramento importante e deve restringir-se à lesão propriamente dita, além de limitar-se ao uso por profissional habilitado.
Lesões pequenas, colo, vagina e vulva: eletro ou criocauterização, apenas a partir do 2º trimestre.
Se o tamanho e localização das lesões forem suficientes para provocar obstrução e/ou hemorragias vaginais, deve-se indicar o parto cesáreo.
Embora os tipos 6 e 11 possam causar papilomatose laríngea em crianças, o risco da infecção nasofaríngea no feto é tão baixa que não se justifica a indicação eletiva de parto cesáreo.
Mulheres com condilomatose durante a gravidez deverão ser seguidas com citologia oncológica após o parto.
PORTADORES DO HIV
Pessoas imunossuprimidas em decorrência da infecção pelo HIV, ou por outras razões, podem não responder ao tratamento para o HPV como as imunocompetentes e podem acontecer recidivas mais freqüentes. O carcinoma escamoso pode surgir mais freqüentemente em imunossuprimidos, valorizando a biópsia de lesões neste grupo de pacientes. O tratamento para esses pacientes, deve basear-se nos mesmos princípios referidos para os HIV negativos.
NEOPLASIAS INTRAEPITELIAIS DE ALTO GRAU
Pacientes com lesões intraepiteliais de alto grau (High Grade Squamous Intraepithelial Lesion - HSIL) ou displasias moderada ou acentuada, ou carcinoma in situ NIC II ou NIC III, devem ser referidos a serviço especializado para confirmação diagnóstica, afastar possibilidade de carcinoma invasivo e realização de tratamento especializado. Os tratamentos ablativos são efetivos mas o controle pós-tratamento é importante. O risco destas lesões progredirem para carcinoma invasivo em pacientes imunocompetentes, após tratamento efetivo, é muito baixo.
INFECÇÃO SUBCLÍNICA PELO HPV NA GENITÁLIA (SEM LESÃO MACROSCÓPICA)
A infecção subclínica pelo HPV é mais freqüente do que as lesões macroscópicas, tanto em homens quanto em mulheres. O diagnóstico, quase sempre, ocorre de forma indireta pela observação de áreas que se tornam brancas após aplicação do ácido acético sob visão colposcópica ou outras técnicas de magnificação, e que, biopsiadas, apresentam alterações citológicas compatíveis com infecção pelo HPV. Podem ser encontradas em qualquer local da genitália masculina ou feminina. Todavia, a aplicação de técnicas de magnificação e uso do ácido acético exclusivamente para rastreio da infecção subclínica pelo HPV não é recomendável. A reação ao ácido acético não é um indicador específico da infecção pelo HPV e, desta forma, muitos testes falso-positivos podem ser encontrados em populações de baixo risco. Em situações especiais, alguns clínicos acham este teste útil para identificar lesões planas pelo HPV.
Na ausência de neoplasia intra-epitelial, não é recomendável tratar as lesões subclínicas pelo HPV diagnosticadas por colpocitologia, colposcopia, biópsia, testes com ácido acético ou testes de identificação do DNA viral. Freqüentemente seu diagnóstico é questionável, e nenhuma terapia foi capaz de erradicar o vírus. O HPV foi identificado em áreas adjacentes a neoplasias intra-epiteliais tratadas por laser e vaporizadas, com o objetivo de eliminar a infecção.
Na presença de neoplasia intra-epitelial, o paciente deve ser referido a serviço especializado e o tratamento será feito em função do grau da doença.
Não existe um teste simples e prático para detectar a infecção subclínica pelo HPV. O uso de preservativos pode reduzir a chance de transmissão do HPV para parceiros provavelmente não infectados (novos parceiros). Não se sabe se a contagiosidade desta forma de infecção é igual à das lesões exofíticas.
RASTREIO DE CÂNCER CÉRVICO-UTERINO PARA MULHERES QUE TÊM OU TIVERAM DST
Mulheres com história ou portadoras de DST apresentam risco maior para câncer cérvico-uterino e para outros fatores que aumentam este risco, como a infecção pelo HPV. Estudos de prevalência mostram que as lesões precursoras do câncer cérvico-uterino são cinco vezes mais freqüentes em mulheres portadoras de DST do que naquelas que procuram outros serviços médicos, como, por exemplo, para planejamento familiar.
A colpocitologia oncótica ("preventivo" ou exame de Papanicolaou) é um teste efetivo e de baixo custo para rastreio do câncer cérvico-uterino e de seus precursores.3 Apesar do consenso brasileiro que recomenda a realização da colpocitologia a cada três anos após duas colpocitologias consecutivas negativas com intervalo de um ano em mulheres sexualmente ativas, é razoável que mulheres portadoras de DST sejam submetidas à colpocitologia mais freqüentemente pelo seu maior risco de serem portadoras de câncer cérvico-uterino ou de seus precursores. Esta recomendação é reforçada por dados obtidos em inquéritos e que mostraram que estas mulheres não compreendem a real importância da colpocitologia e que, muitas vezes, acreditavam terem sido submetidas a este exame quando haviam sido apenas submetidas ao exame ginecológico (toque bimanual).
Recomendações
Ao atender a portadora de DST, o profissional de saúde deve perguntar sobre o resultado de sua última colpocitologia e a época em que foi realizada. A seguir deve informá-la sobre:
a importância e o objetivo da colpocitologia;
a necessidade de sua realização periódica; e
os locais onde são realizadas as coletas de colpocitologia, quando este material não puder ser colhido na própria consulta.
Se a paciente portadora de DST não se submeteu a uma colpocitologia nos últimos 12 meses:
a coleta deverá ser realizada tão logo a DST seja controlada;
se a DST é uma infecção pelo HPV, a coleta deve fazer parte do exame ginecológico rotineiro;
o exame ginecológico deve ser feito quando existe dúvida, pois a paciente pode acreditar que submeteu-se a este teste quando isto na verdade não ocorreu. Isto também será recomendável quando a paciente não souber informar quanto ao resultado do teste, seja por desinformação ou por não ter buscado seu resultado, como freqüentemente ocorre em nosso meio. Qualquer mulher será beneficiada pelo recebimento por escrito do resultado de sua colpocitologia e da conduta posterior. Se possível, forneça cópia ou transcrição do resultado deste teste à própria paciente para que faça parte de seus documentos médicos.
Seguimento
Profissionais de saúde devem preferir laboratórios de citopatologia que utilizem o Sistema Bethesda4 de classificação. Se o resultado da colpocitologia for anormal, a paciente deve ser referida a serviço especializado de patologia cervical uterina. Nestes serviços, a paciente será submetida a colposcopia para orientação de biópsias e tratada conforme o grau de lesão precursora ou se presente o câncer cervical. Em casos que a colpocitologia conclui pela presença de LSIL ou atipias de significado indeterminado em células escamosas (Atypical Squamous Cells of Undeterminated Significance – ASCUS), a indicação da colposcopia pode ser postergada, especialmente quando existir processo inflamatório associado ou o citopatologista sugere que as atipias estão provavelmente relacionadas a processo reacional. Estes casos podem incluir processos inflamatórios, reacionais, LSIL, ou, menos freqüentemente, HSIL e, uma conduta adequada seria tratar possíveis processos inflamatórios associados e repetir a colpocitologia a cada 4 a 6 meses, por 2 anos , até que o resultado de 3 exames consecutivos sejam negativos. Caso persistam atipias ou seja sugerida presença de lesão mais grave, somente então deve ser indicada a colposcopia e a biópsia dirigida. Os casos que persistem com atipias têm maior probabilidade de serem portadores de lesões precursoras do câncer cérvico-uterino. Os demais representam falso-positivos do teste inicial ou casos em que pode ter havido remissão espontânea. Em locais nos quais não exista serviço especializado com colposcopia, uma paciente com lesão intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL) deve ser referida para seguimento adequado pela colpocitologia, colposcopia e biópsia dirigida.
Serviços e profissionais de saúde que se proponham a realizar a colpocitologia devem estabelecer previamente quais serão os serviços para onde serão referidas as mulheres com atipias colpocitológicas. Os mesmos serviços e profissionais devem também estabelecer mecanismos pelos quais as mulheres que não retornem para receber seu resultado ou que, mantidas em seguimento citológico (como as portadoras de LSIL/ASCUS), deixem de comparecer para novas coletas, sejam buscadas ativamente.
Outras considerações importantes
É importante lembrar que:
a colpocitologia não é um teste efetivo para rastreamento de DST;
se a mulher está menstruando, a coleta da colpocitologia deve ser adiada e a mulher aconselhada quanto a submeter-se ao exame tão logo seja possível;
a presença de colpites ou colpocervicites pode comprometer a interpretação da colpocitologia. Nestes casos, a mulher deve ser tratada especificamente e retornar para coleta. Todavia, se for improvável que a mulher retorne, a oportunidade de coleta não deve ser desperdiçada. Neste caso, o excesso de secreção pode ser retirado com algodão ou gaze, embebidos em soro fisiológico;
deve-se observar que numa investigação de DST, quando serão colhidos espécimes para diagnóstico bacteriológico, o material para colpocitologia deve ser colhido por último;
uma mulher portadora de condilomas não necessita de coletas mais freqüentes de colpocitologia do que as demais, salvo nos casos comentados acima de anomalias ao diagnóstico citológico e em pacientes imunossuprimidas;
mulheres histerectomizadas não demandam rastreio rotineiro de câncer cérvico-uterino, a menos que a histerectomia tenha sido sub-total ou realizada por câncer cervical ou seus precursores. Nestas situações, a mulher deve ser aconselhada a manter seu controle no serviço especializado que realizou a cirurgia;
profissionais de saúde treinados e serviços que adotem medidas para assegurar uma boa amostra colpocitológica obtêm poucos esfregaços insatisfatórios. Estas medidas incluem: identificação adequada da(s) lâmina, com iniciais da paciente e seu registro na Unidade de Saúde e, na embalagem, nome completo, registro, data da coleta e nome do profissional que colheu a amostra; coleta ecto e endocervical; uso de escova endocervical; fixação logo após a realização do esfregaço;
apesar de identificarem os tipos de HPV de alto risco para câncer cérvico-uterino, os testes para sua identificação têm discutida aplicação clínica e, por este motivo, não são recomendados.
Situações especiais
Coleta durante a gravidez: mulheres grávidas devem submeter-se como as demais ao exame colpocitológico, incluindo a coleta endocervical cuidadosa, como parte da rotina pré-natal.
Mulheres infectadas pelo HIV: vários estudos demonstraram uma maior prevalência de NIC em portadoras do HIV e, nestas mulheres, observa-se tempos muito curtos (meses) de progressão para lesões pré-invasivas graves e câncer cérvico-uterino. Quando estiverem presentes atipias na colpocitologia de mulheres portadoras do HIV, estas devem ser encaminhadas a serviço especializado, onde serão submetidas à investigação convencional por colposcopia e biópsia dirigida, quando indicado, e tratadas como as demais. Para rastreio de câncer cérvico-uterino e de seus precursores em portadora do HIV, deve-se:
obter história ginecológica prévia sobre doenças do colo uterino;
fazer o exame ginecológico completo com coleta de colpocitologia oncótica;
fazer a colpocitologia após o diagnóstico inicial do HIV e, caso negativa, deve-se repeti-la seis meses depois. Mantida a ausência de evidências de NIC, repetir a colpocitologia anualmente. Somente as portadoras de atipias à colpocitologia devem ser referidas para colposcopia e biópsia dirigida, conforme as orientações já enumeradas.
Observação:
Considerando a maior prevalência de NIC em portadoras do HIV, algumas mulheres portadoras de NIC podem ser portadoras do HIV ainda sem diagnóstico. Dado o benefício que estas mulheres terão pelo diagnóstico sorológico da presença do HIV, este teste deve ser oferecido após aconselhamento a todas as portadoras de HSIL (displasias moderada, acentuada e carcinoma in situ, NIC II ou III).
1 Adaptado de Guidelines for Treatment of Sexually Transmitted Diseases - MMWR, Recomendations and Reports, January 23, 1998 / Vol 47/ nº RR-1
2 Adaptado de Lorincz et alii, 1992
3 São considerados precursores desta neoplasia as neoplasias intraepiteliais cervicais (NIC). Antes denominadas displasias leve, moderada, acentuada ou carcinoma in situ, são alvo de tendência atual de utilização de nova terminologia que agrupa a infecção subclínica pelo HPV no colo uterino e a NIC I (ou displasia leve) como Lesão Intraepitelial Escamosa de Baixo Grau (Low Grade Squamous Intraepithelial Lesion – LSIL) e as NIC II e III (displasias moderada, acentuada e carcinoma in situ) como Lesão Intraepitelial Escamosa de Alto Grau (High Grade Squamous Intraepithelial Lesion – HSIL). As LSIL tem variada população de tipos de HPV, sejam de baixo ou alto risco, enquanto as HSIL têm demonstrado mais uniformemente a presença de tipos de HPV de alto risco. Estas seriam os reais precursores do câncer cervical enquanto as LSIL devem ser consideradas lesões de comportamento incerto (Richart, 1990).
4 O Sistema Bethesda para classificação de diagnósticos citológicos cérvico-vaginais foi resultado de reunião de consenso entre especialistas da área, em 1988, naquela cidade americana. Foi o introdutor dos termos LSIL e HSIL e tem sido alvo de repetidas reuniões de reavaliação e conseqüente aperfeiçoamento. Também incorporou no laudo citopatológico o relato das limitações da amostra e sua adequação para avaliação oncótica. Sua utilização é compatível com a abordagem mais recentes para diagnóstico e tratamento das lesões precursoras do câncer cérvico-uterino.
Aneurisma: Patologia afecta mais de 700 mil na Europa
A Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular (SPACV) em parceria com a Sociedade Portuguesa de Cirurgia Cardio-Torácica e Vascular (SPCCTV) lançou esta terça-feira a primeira campanha de sensibilização contra o aneurisma da aorta abdominal, uma patologia que afecta mais de 700 mil pessoas na Europa, com uma prevalência de 70/80 casos por 100 mil habitantes.
A campanha irá ser desenvolvida em Hospitais e Centros de Saúde, assim em Universidades Seniores já que se trata de uma patologia com maior incidência no sexo masculino com mais de 65 anos. Para além de alertar a população para os factores de risco como o tabagismo, a aterosclerose, o colesterol, diabetes, hipertensão e o sedentarismo, a ‘Aorta é Vida’ pretende alertar a sociedade civil, desmistificando uma doença aparentemente silenciosa.
De acordo com Joaquim Barbosa, presidente da SPACV, “o aneurisma da aorta abdominal é o mais frequente dos aneurismas arteriais e cursa sob uma forma silenciosa. A aorta vai aumentando progressivamente de calibre e esse aumento termina em várias complicações, nomeadamente a ruptura que ocorre em cerca de 80 por cento dos doentes”.
Joana Nogueira
A campanha irá ser desenvolvida em Hospitais e Centros de Saúde, assim em Universidades Seniores já que se trata de uma patologia com maior incidência no sexo masculino com mais de 65 anos. Para além de alertar a população para os factores de risco como o tabagismo, a aterosclerose, o colesterol, diabetes, hipertensão e o sedentarismo, a ‘Aorta é Vida’ pretende alertar a sociedade civil, desmistificando uma doença aparentemente silenciosa.
De acordo com Joaquim Barbosa, presidente da SPACV, “o aneurisma da aorta abdominal é o mais frequente dos aneurismas arteriais e cursa sob uma forma silenciosa. A aorta vai aumentando progressivamente de calibre e esse aumento termina em várias complicações, nomeadamente a ruptura que ocorre em cerca de 80 por cento dos doentes”.
Joana Nogueira
Comprovada eficácia de medicamento contra câncer no pulmão
Comprovada eficácia de medicamento contra câncer no pulmão
Londres (Inglaterra) - Um grupo de cientistas britânicos comprovou que um medicamento desenvolvido em 1998 consegue reduzir o tamanho de tumores inoperáveis em pulmões de ratos, informou nesta quarta-feira. A equipe do Imperial College de Londres agora quer testar a droga em humanos.
A esperança é que os efeitos sejam os mesmos vistos nos roedores. Em metade deles, o tumor regrediu e as células deixaram de desenvolver resistência à quimioterapia. O chamado câncer de pulmão de pequenas células representa 20% de todos os casos da doença. Considerado altamente letal, já que apenas 3% dos pacientes conseguem uma sobrevida de mais de cinco anos, ele se espalha rapidamente, inviabilizando a cirurgia como uma opção de tratamento.
Apesar de a quimioterapia, às vezes complementada com uma radioterapia, conseguir diminuir o tamanho do tumor, este costuma voltar a crescer rápido demais e desenvolver certa resistência ao tratamento. Aparentemente, o hormônio de crescimento FGF-2 acelera a divisão das células cancerígenas e estimula um mecanismo de sobrevivência que as torna resistente à quimioterapia.
O composto PD173074 utilizado pelos cientistas britânicos, inicialmente desenvolvido em 1998 para impedir a formação de vasos sanguíneos ao redor dos tumores, impede que o FGF-2 se associe às células tumorais. O professor Michael Seckl está otimista em relação à descoberta. Mas é preciso aguardar o resultado dos experimentos com humanos.
"Esperamos testar este remédio ou outro similar que impeça a ação do FGF-2 no ano que vem, para ver se funcionam no tratamento do câncer de pulmão em seres humanos", declarou.
As informações são da EFE
Londres (Inglaterra) - Um grupo de cientistas britânicos comprovou que um medicamento desenvolvido em 1998 consegue reduzir o tamanho de tumores inoperáveis em pulmões de ratos, informou nesta quarta-feira. A equipe do Imperial College de Londres agora quer testar a droga em humanos.
A esperança é que os efeitos sejam os mesmos vistos nos roedores. Em metade deles, o tumor regrediu e as células deixaram de desenvolver resistência à quimioterapia. O chamado câncer de pulmão de pequenas células representa 20% de todos os casos da doença. Considerado altamente letal, já que apenas 3% dos pacientes conseguem uma sobrevida de mais de cinco anos, ele se espalha rapidamente, inviabilizando a cirurgia como uma opção de tratamento.
Apesar de a quimioterapia, às vezes complementada com uma radioterapia, conseguir diminuir o tamanho do tumor, este costuma voltar a crescer rápido demais e desenvolver certa resistência ao tratamento. Aparentemente, o hormônio de crescimento FGF-2 acelera a divisão das células cancerígenas e estimula um mecanismo de sobrevivência que as torna resistente à quimioterapia.
O composto PD173074 utilizado pelos cientistas britânicos, inicialmente desenvolvido em 1998 para impedir a formação de vasos sanguíneos ao redor dos tumores, impede que o FGF-2 se associe às células tumorais. O professor Michael Seckl está otimista em relação à descoberta. Mas é preciso aguardar o resultado dos experimentos com humanos.
"Esperamos testar este remédio ou outro similar que impeça a ação do FGF-2 no ano que vem, para ver se funcionam no tratamento do câncer de pulmão em seres humanos", declarou.
As informações são da EFE
Genoma e impacto do ambiente abrem novos rumos para teoria da evolução
Genoma e impacto do ambiente abrem novos rumos para teoria da evolução
Publicação de 'A Origem das Espécies' completa 150 anos nesta terça .
Talvez a mudança mais conceitual proposta pelas novas pesquisas seja sobre o papel do ambiente no processo evolutivo. Em vez de atuar como mero filtro sobre as características, como proposto por Charles Darwin, o ambiente teria o poder de causá-las .
Neste novembro as comemorações do bicentenário de nascimento de Charles Darwin (1809-1882) atingem seu ponto máximo. Foi neste mês, há 150 anos, que ocorreu a publicação da primeira edição de "A Origem das Espécies", o livro que inscreveu o naturalista no hall dos grandes gênios da ciência.
Embora ninguém questione a grandiosidade do feito intelectual de Darwin – afinal, conceitos como adaptação, evolução e seleção são alguns dos fundamentos da biologia moderna –, são cada vez mais expressivas as vozes que defendem que "A Origem..." não é a última palavra na tentativa de explicar os mecanismos pelos quais a vida se reinventa e se diversifica. Observações feitas em novas áreas de investigação, como a genômica e a epigenética, não encontram paralelo no pensamento de Darwin. E há quem proponha que talvez seja necessária uma nova revolução conceitual na biologia.
Antes da genômica, havia poucas formas de pesquisar a evolução experimentalmente. Ficava-se restrito ao estudo de fósseis, a experimentos de reprodução dirigida e a pouca coisa mais"
Na verdade, o que se ensina hoje sobre evolução já é uma versão expandida e melhorada do pensamento do naturalista inglês. Darwin não conhecia, por exemplo, o trabalho do monge austríaco Gregor Mendel (1822-1884), apesar de eles terem sido contemporâneos.
Foi somente no início do século 20 que biólogos do Ocidente tiveram contato com os estudos de Mendel sobre hereditariedade, o que levou ao conceito de gene e ao surgimento da genética. A fusão das ideias propostas pelos dois pensadores começou a ser elaborada na década de 1930 e recebeu o nome de Síntese Evolutiva ou neodarwinista. Em suas elaborações, os biólogos neodarwinistas reservaram para o gene um lugar central.
Mutações na sua estrutura levariam ao aparecimento da grande diversidade de características dos seres vivos, sobre as quais atua a seleção natural. A maior ou menor vantagem adaptativa conferida ao organismo por uma mutação resultaria na variação da frequência da mutação em uma população. Traços como o comportamento social e cooperativo em insetos, animais e até em humanos seriam apenas esforços dos organismos para assegurar a transmissão de suas fitinhas de DNA, mantendo elevadas as frequências daqueles genes.
Essa visão, que muitos taxaram de “genecêntrica”, foi radicalizada pelo inglês Richard Dawkins, que afirmou nos anos 1970 que a preservação das sequências de bases nitrogenadas “é a razão última de nossa existência”, e que todos os organismos são só grandes “máquinas de sobrevivência” do próprio material genético.
Papel dos genes
Provêm justamente do estudo dos genes – mais especialmente da genômica, a disciplina que estuda os mecanismos do genoma (o conjunto de genes) – as novidades que estão pondo em xeque algumas das ideias mais tradicionais sobre evolução. “Antes da genômica, havia poucas formas de pesquisar a evolução experimentalmente”, lembra Ney Lemke, professor do Instituto de Biociências da Unesp de Botucatu e pesquisador na área de redes biológicas. “Ficava-se restrito ao estudo de fósseis, a experimentos de reprodução dirigida e a pouca coisa mais.”
Hoje há várias formas de observar em tempo real o processo de variação e seleção que leva ao surgimento de novas variedades de organismos, como exemplifica o pesquisador. “Alguns experimentos cultivam colônias de bactérias tipo Escherichia coli [comumente encontrada no intestino humano] em laboratório por décadas, monitorando o aparecimento das mutações no genoma e as consequências que elas acarretam para as sucessivas gerações. Isso permite acompanhar a evolução passo a passo e testar modelos para refutá-los ou confirmá-los. A pesquisa sobre evolução passa de um debate qualitativo e abstrato para o âmbito da avaliação quantitativa.”
A pesquisa genômica abriu os olhos dos pesquisadores para uma série de fenômenos de cuja existência nem Darwin nem seus seguidores suspeitavam. São mecanismos como a transmissão horizontal de genes (THG), que consiste na troca de sequências de bases e de pedaços inteiros de genoma entre seres tão diferentes como vírus, bactérias, plantas e animais, incluindo o homem. Ou a metilação de DNA, que permite que indivíduos portadores das mesmas características genéticas apresentem aspectos bem diferentes.
Quando o Projeto Genoma Humano foi iniciado, em 1990, acreditava-se que ele traria a chave para a compreensão do Homo sapiens. “Na época havia a crença de que a maior parte dos genes se destinava a codificar proteínas. Por isso, uma vez descoberto esse código, esperava-se que seria possível prever o desenvolvimento do indivíduo”, explica Gustavo Maia Souza, professor-colaborador da Unesp de Rio Claro.
Ao longo dos anos 1990 foram anunciadas descobertas de genes supostamente responsáveis por originar as mais diversas características, do alcoolismo à homossexualidade. O projeto chegou ao fim em 2003, e até 2008 resultados mais acurados continuavam sendo divulgados.
Mas, ao longo desses anos, uma reviravolta aconteceu. Em vez dos cerca de 100 mil genes estimados, os biólogos encontraram menos de 30 mil. Descobriu-se que mais da metade não codificava nenhuma proteína, sendo por isso batizada de “DNA lixo”. E mesmo a parte “funcional” do genoma se comportava de modo estranho, com alguns genes se mostrando capazes de codificar mais de uma proteína.
Hoje sabemos que até a posição do gene pode influenciar sua capacidade de dar origem a uma proteína. E que o tal do DNA lixo tem o poder de regular os mecanismos de síntese proteica, estabelecendo os momentos e circunstâncias em que ela vai ocorrer.
“Hoje os geneticistas falam na ação combinada de dezenas ou centenas de genes que interagem simultaneamente para afetar a expressão de uma única característica”, escreve a bióloga israelense Eva Jablonka em seu livro "Evolution in four Dimensions". “Ficou para trás a época em que o genoma era visto como uma biblioteca de genes individuais – unidades autônomas que produzem sempre o mesmo efeito. E se o genoma é um sistema organizado, em vez de apenas uma coleção de genes, então o processo que gera variação pode ser uma propriedade do próprio sistema, que é regulada e modulada pelo genoma e pela célula”, diz ela.
Árvore redesenhada
Tais descobertas estão sendo lentamente assimiladas ao repertório de noções sobre evolução. Uma das primeiras formulações esboçadas é uma crítica à chamada “árvore da vida” – o clássico gráfico que o inglês esboçou para explicar seu pensamento. Acontece que a colocação das espécies distintas em “galhos” divergentes sugere uma transmissão de genes apenas da espécie ancestral para a sucessora, pressupondo um isolamento entre os organismos que não é compatível com o que sabemos agora a respeito da troca horizontal de genes.
“Com certeza, no primeiro bilhão de anos após o surgimento da vida, a transferência horizontal de genes era algo muito frequente entre os seres vivos”, explica Aldo Mellender, geneticista e professor de História das Ideias sobre Evolução Biológica na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. “E mesmo hoje continua havendo grande troca de material por essa via”, diz. “Fenômenos como o aumento de resistência entre bactérias do tipo E. coli se devem à capacidade que elas têm de trocar genes entre si”, complementa Lemke.
“A transmissão horizontal de genes implica que certas características de um organismo são oriundas de outras espécies que vivam no mesmo ambiente. A ideia da árvore da vida não se sustenta”, diz. Mellender concorda: “A imagem da árvore [original] ficou comprometida. Mais adequado é imaginar uma figura onde os vários galhos estejam ligados uns aos outros.”
Outro conceito visado é o de que as transformações nos organismos são gradativas. Em sete oportunidades, Darwin escreveu que "natura non facit saltum" (a natureza não dá saltos). Os seres vivos passariam por pequenas mudanças. Se elas conferissem alguma vantagem adaptativa, seriam acumuladas ao longo do tempo, e o processo eventualmente levaria ao surgimento de novas espécies.
Essa perspectiva foi questionada ainda no século 19 por ninguém menos do que T. H. Huxley, na época o mais destacado defensor das ideias de Darwin. Mas no século 20 o gradualismo foi abraçado pela síntese neodarwinista
de proporem algumas mudanças aos preceitos de Darwin e seus seguidores, as críticas não dão suporte aos adversários do evolucionismo, como os adeptos do criacionismo. Pelo contrário, elas reforçam as previsões da seleção natural (Foto: Collection Roger-Viollet/France Presse)
Somente nos anos 1970 o paleontólogo americano Stephen J. Gould (1941-2002) chamaria a atenção para o fato de que há poucos fósseis que retratam a transição entre espécies. Ele procurou formular uma nova teoria, denominada Equilíbrio Pontuado, que sugere que o surgimento de novas espécies ocorre de forma mais rápida. Hoje o argumento fóssil de Gould é complementado pelas evidências genômicas.
A transmissão horizontal faz com que alguns seres vivos subitamente incorporem ao seu genoma genes inteiros de uma espécie diferente. “Também são comuns episódios onde se vê toda a reorganização da estrutura de DNA de um organismo”, diz Lemke. “A evolução embaralha o genoma, reorganiza, faz rearranjos complexos que podem ser comparados a saltos. É um processo muito maior do que só o acúmulo de pequenas mutações”.
Mellender afirma que mesmo a síntese neodarwinista já falava na possibilidade de eventos rápidos de especiação. E a genômica só tem reforçado a possibilidade. “Um exemplo que vemos de salto é o fenômeno da poliploidia entre os vegetais”, explica. Ele cita o trigo. Os ancestrais da planta tinham 14 cromossomos. Nas gerações seguintes, por problemas de divisão celular e hibridizações, acabaram surgindo indivíduos com 42 cromossomos, configurando uma espécie nova.
Talvez a mudança conceitual mais significativa esteja no papel desempenhado pelo ambiente no processo de evolução. Para Darwin, as condições ambientais atuariam como uma peneira sobre os seres vivos em perpétua transformação, favorecendo algumas características surgidas e descartando outras. Mas os estudos em epigenética têm mostrado que, além de selecionar modificações em organismos, os fatores ambientais têm o poder de causá-las.
Um dos primeiros defensores desta ideia foi o biólogo inglês Conrad Waddington (1905-1975), que cunhou o termo epigenética. Em série de experimentos feitos nos anos 1940, ele expôs larvas de moscas drosófilas a elevadas temperaturas. Como resultado do choque térmico, 40% das moscas, ao se tornarem adultas, demonstravam uma diferença na aparência: não apresentavam mais o característico desenho de veias nas asas. Waddington então fazia com que as moscas com a modificação cruzassem entre si, e submetia a prole ao mesmo tratamento de exposição ao calor. A seguir, repetia o processo de selecionar os espécimes sem sinais de veias e de fazê-los cruzar entre si.
O resultado é que, em cada etapa, crescia o número de indivíduos que, embora possuíssem a configuração genética para tal, não exibiam veias. Em menos de 20 gerações, eles chegaram a constituir 90% da população. Mais impressionante foi constatar que, a partir da 14ª geração, algumas moscas começaram a apresentar a modificação sem nem passarem pela exposição ao calor. Apenas pelo cruzamento, o biólogo obteve uma população com quase 100% dos indivíduos sem marcas nas asas. Em outras palavras, um traço adquirido havia sido assimilado e incorporado pelo mecanismo de hereditariedade, sem que houvesse mutações nos genes. Há ocorrências disso inclusive em humanos.
“Reabilitação” de Lamarck
Essas descobertas de certo modo reabilitam ideias do francês Jean Baptiste de Lamarck (1744-1829), que afirmava que características adquiridas por indivíduos em suas interações com o ambiente podiam ser transmitidas à prole. Ele propunha, por exemplo, que girafas têm pescoço comprido porque seus pais tiveram de se esticar para alcançar alimento nas árvores. Quando Darwin propôs que o ambiente era apenas uma instância de seleção de variações, Lamarck foi posto de escanteio.
O pensamento neodarwinista estabeleceu uma profunda separação entre os processos internos que geram o organismo e o mundo exterior. Reunir esses dois elementos é o desafio para os teóricos da evolução do século 21, que poderiam, num gesto surpreendente, adaptar algumas das ideias lamarckistas para a era genômica. “É possível que existam mecanismos lamarckistas que permitam a herança de mudanças genômicas induzidas por fatores ambientais. Mas até recentemente a afirmação de que variações adquiridas poderiam ser herdáveis constituía uma heresia grave que não deveria ter lugar na teoria evolutiva”, escreve Eva Jablonka.
“Para o neodarwinismo, o organismo era um sistema fechado. Tudo o que acontecia nele era decorrência de um código informacional, o genoma”, diz Gustavo Maia Souza. “A epigenética abre o sistema, pois reconhece que os seres vivos, mesmo possuindo uma base genética, dependem também do contexto ambiental. O contexto onde aquele genoma está vai refletir em leituras distintas daquela informação.”
Talvez por fruto da herança de Darwin, tenhamos dado ênfase demais a uma visão do ambiente agindo apenas como um filtro. Não está sendo fácil aceitar que ele possa ter um papel muito mais importante do que se pensava anteriormente"
Souza acredita que as novas descobertas irão fazer crescer na biologia os estudos de sistemas complexos, justamente o tema da disciplina que ele ministra em Rio Claro. “Os estudos em epigenética chegam a ser revolucionários”, avalia Mellender. “Estão trazendo uma evidência tão forte que é difícil negar. Talvez por fruto da herança de Darwin, tenhamos dado ênfase demais a uma visão do ambiente agindo apenas como um filtro. Não está sendo fácil aceitar que ele possa ter um papel muito mais importante do que se pensava anteriormente.”
Para Souza, a mudança que se avizinha deverá ser ainda maior. “O pensamento clássico via os genomas como sistemas fechados, é determinista e reducionista: tal gene gera tal proteína”, diz. “A epigenética mostra que os sistemas biológicos, mesmo tendo uma base genética, são dependentes do contexto ambiental.” Com base nisso, ele defende a adoção de uma descrição dos organismos na qual eles sejam vistos como sistemas auto-organizados, de modo que a variabilidade de características dos seres vivos não se deveria à aleatoriedade, mas a propriedades físico-químicas intrínsecas dos organismos.
Ponto contra o criacionismo
É importante ressaltar que tais propostas de revisão crítica das ideias de Darwin em nada beneficiam adversários do pensamento evolucionista como os adeptos do criacionismo ou do Design Inteligente. Muito pelo contrário. Mellender explica que um dos argumentos do DI é que fenômenos como o movimento dos flagelos em micro-organismos se baseiam em interações moleculares tão complexas que não poderiam ter se formado gradualmente. Já teriam surgido “prontos”. Dá-se a este argumento o nome de complexidade irredutível.
Mas pesquisadores da genômica já conseguiram formar redes de interação metabólicas altamente complexas, envolvendo mais de 20 mil proteínas. E elas foram formadas por pequenos acréscimos e perdas, exatamente da maneira prevista pelo princípio da seleção natural.
Lemke diz que mesmo a nossa visão sobre o funcionamento dos flagelos mudou. “A genômica mostra de forma bastante clara que esse processo ocorreu ao longo de muito tempo. Temos inclusive uma ideia dos passos evolutivos. No caso da E. coli, por exemplo, podemos mostrar que as proteínas que compõem o flagelo ocorrem em outras espécies de bactérias, em muitos casos com funções levemente diferentes”, explica. “A ideia de complexidade irredutível não encontra comprovação empírica”, diz Mellender.
Há quem sustente, porém, que nenhuma grande revisão da síntese neodarwinista seja necessária, pelo menos por enquanto. É o que pensa Guaracy Rocha, coordenador do curso de Ciências Biológicas da Unesp em Botucatu, que há 20 anos ministra a disciplina de evolução. “A essência do pensamento darwinista consiste em afirmar que os organismos se modificam, que essas modificações acontecem por um processo de seleção que atua entre as diversas variantes e que essas variações não ocorrem com fins específicos. Nada disso é contestado pelas descobertas feitas na genômica e na epigenética”,
Quanto à árvore da vida, Rocha concorda que a imagem não mais representa o conhecimento que temos hoje, embora ressalte que ela traduzia, e bem, o que se sabia na época em que foi proposta. Ele acredita que a principal contribuição trazida pelas pesquisas efetuadas nos últimos anos é a possibilidade de compreender melhor os mecanismos que levam à formação de novas espécies entre as várias formas de seres vivos – um problema, aliás, que Darwin não chegou a solucionar, apesar do título de seu livro.
“Estamos vendo que o processo de surgimento de espécies novas entre os vegetais é totalmente diferente do que se pode observar em bactérias ou em vírus. Essa nova variante da gripe suína, por exemplo, surgiu da recombinação de três espécies anteriores de vírus, através de um mecanismo que décadas atrás a gente nem sequer suspeitava que existisse.”
Ele afirma que Darwin tinha mais interesse por Lamarck do que se pensa hoje em dia, mas contesta a visão de que a epigenética possa levar a uma retomada das ideias do francês. “Já se sabia antes que a expressão do genoma resulta da interação entre este e o ambiente. Mas as mutações nos genes, que podem ou não ser inibidas por fatores ambientais, não surgiram especificamente para atender a nenhuma função. Elas foram produzidas e descartadas pela ação da seleção. E isso não é lamarckismo, é darwinismo”, diz.
Para os defensores de uma revisão da teoria, o problema é que ainda há lacunas a serem preenchidas, como afirma Souza: “Darwin demonstrou de uma forma muito bonita que existe um processo evolutivo. A questão é se ele é geral. As evidências da paleontologia demonstram isso. Agora como isso acontece é que é complicado. A seleção natural é um mecanismo forte, mas não de criação de espécies”.
Diante dessa diversidade de visões, é de se esperar, pelos próximos anos, discussões vigorosas entre as várias correntes, que talvez venham a culminar em uma teoria da evolução 2.0. Mas, independentemente de qual venha a se mostrar predominante daqui a 20 ou 30 anos, tanto umas quanto outras, na verdade, são expressões do profundo valor científico da obra de Darwin.
G1.com
Humor: jogador leva cartão amarelo por causa de gases no rosto do árbitro
Levi Foster foi punido pelo juiz Bunny Reid antes do jogo entre AFC e Apsley, na Inglaterra
O árbitro inglês Bunny Reid ameaçou expulsar o jogador Levi Foster após o meia flatular em sua cara enquanto verificava as chuteiras dos atletas antes do começo da partida. Reid optou pelo cartão amarelo depois de Foster se desculpar no jogo entre AFC GOP e Apsley House, por uma divisão inferior na Inglaterra. A equipe de Foster, o AFC, goleou por 5 a 0. Ele foi considerado o melhor em campo
globo.com
O árbitro inglês Bunny Reid ameaçou expulsar o jogador Levi Foster após o meia flatular em sua cara enquanto verificava as chuteiras dos atletas antes do começo da partida. Reid optou pelo cartão amarelo depois de Foster se desculpar no jogo entre AFC GOP e Apsley House, por uma divisão inferior na Inglaterra. A equipe de Foster, o AFC, goleou por 5 a 0. Ele foi considerado o melhor em campo
globo.com
Teorias de motivação
A motivação sem dúvida é intrínseca a cada indivíduo e pode-se afirmar que ninguém motiva ninguém. Hoje até se reforça a noção de que pode haver animação, estímulo, atribuindo-se aos chefes de unidades pequenas a atividade, se não a denominação, de "animador". Mais provável que motivar é desmotivar. No entanto, há alguns aspectos a lembrar quando se trata desse assunto. Um deles é que motivação não garante desempenho.
Na melhor das hipóteses, desempenho (D) pode ser traduzido por uma fórmula que associa competência (c) e motivação (m) como categorias diretamente proporcionais: D = f (c x m). Se um dos fatores for igual a zero, o resultado final da equação também será zero. Existe um limite para a potencialização dos dois fatores considerados, mas pode-se afirmar que, quando não há competência, por mais entusiasmo que esteja presente, os resultados serão menos satisfatórios do que poderiam e, sem motivação, a competência por si só não supre tudo. De qualquer forma, competência sem motivação costuma ter mais resultado do que a relação oposta.
Existem áreas para as quais não basta ter interesse e conhecimento; é necessário ter também aptidão. Nem todos sabem trabalhar com as mãos, embora possa haver desenvolvimento de habilidade motora específica, talvez até com bons resultados, mesmo à custa de muito esforço e até sofrimento.
Se não estiver em jogo a eficiência do recurso empregado no chamado desenvolvimento pessoal, pode ser tentado. As características pessoais necessitam ser levadas em conta, sob pena de se ver o esforço voltado a animar os trabalhadores redundar em desmotivação. Se essa categoria for encerrada mais como um continuum, será possível verificar que o oposto de motivação não é desmotivação, mas sim não-motivação. Da mesma forma, o oposto de desmotivação é não-desmotivação.
Essas duas condições, caracterizadas pela negação de seu oposto (não-motivação e não-desmotivação), podem ser confundidas com um estado muito difícil de trabalhar: a indiferença.
Um trabalhador motivado tem vontade de fazer as coisas, aprender novos conhecimentos, aumentar seu vínculo com a organização, aprimorar seu desempenho etc. Essa situação-limite é oposta a não querer sair de casa para ir trabalhar, chegar ao trabalho e não se importar com o que faz ou não faz com o resultado do trabalho, com o tipo de tarefa a ser executada. Um trabalhador desmotivado é aquele que, no limite, chega a pensar em sabotar a organização: quebrar máquinas, revelar segredos, trabalhar pela sua falência. Mais uma vez, o indiferente nem teria ânimo de se dar o trabalho de tomar qualquer dessas atitudes.
Indiferença é um estado próximo da depressão, mas, às vezes, chegar a ela já é um grande avanço, se for a partir da desmotivação.
Um trabalhador absolutamente desmotivado numa dada unidade, ao mudar de local e de condições de trabalho, passa a fazer o que lhe é pedido na maioria das vezes. Isso é, sem dúvida, insuficiente, mas já permite que se consiga viabilizar a relação entre as partes, que parecia impossível, investindo na lealdade da organização para com seus membros - outro dos ditames da administração da qualidade. É necessário haver gerência para que isso ocorra, sem o que ninguém perceberá a inadequação do trabalhador à tarefa ou seu estado de desmotivação.
Motivação é algo que a organização espera a priori do trabalhador, como apresentam pelo menos duas teorias clássicas.
1. A hierarquia de necessidades de Maslow - divide as necessidades dos indivíduos em cinco grandes categorias: fisiológicas (comer, beber, dormir, abrigar-se etc.), de segurança (sentir-se seguro em termos físicos e até de vínculo de emprego), sociais (fazer parte de algo e de um grupo), reconhecimento (ver reconhecido por outros o seu trabalho) e auto-reconhecimento (satisfazer-se com o próprio trabalho). Estas representam as necessidades dos indivíduos, embora não de maneira exaustiva e não com essa conotação estanque, de que é necessário satisfazê-las de acordo com sua "hierarquia". Afinal, a hierarquia presume que alguém contratado por salário mínimo jamais estará preocupado com auto-realização e que, a rigor, quem está no estágio de auto-realização desconsiderará eventuais dores de dentes e até dificuldades financeiras diante da sua satisfação com o trabalho.
2. Os fatores higiênicos e motivacionais de Herzberg - presume que a maioria das questões usualmente tratadas sob o grande rótulo de motivação pode ser dividida em dois grupos: fatores higiênicos e motivacionais. Os primeiros são aqueles relacionados a condições de trabalho, salário, tipo de chefia etc. Fica definido que, na ausência destes, a probabilidade de o individuo se motivar diminui. As características relativas às tarefas seriam colocadas sob a denominação "motivacionais". Na verdade, à luz do que vinha sendo discutido, verifica-se que os fatores higiênicos seriam aqueles cuja ausência "atrapalharia" a motivação e, a rigor, empurraria os trabalhadores para além da indiferença, na direção da desmotivação, e cuja presença os deixaria próximos da indiferença, mas sem qualquer conotação negativa.
Resolvidos os fatores higiênicos, seria possível discutir motivação. No entanto, mesmo aceitar essa afirmativa significa uma linearidade que não faz justiça ao ser humano, que por vezes se motiva, apesar das piores condições, "pela causa" ou por qualquer outra razão. O problema é que pode haver prazo para a aceitação dessas situações menos favoráveis.
Motivação tem uma importante e generalizada conotação positiva. Esse termo costuma ser associado a prazer no trabalho, desafio na tarefa, respeito à individualidade. No entanto, não é possível desconsiderar o papel dos estímulos do autoritarismo, da punição e do medo como fatores motivacionais.
Talvez de duração mais curta e certamente menos aceitável nos dias de hoje, é inegável que esses fatores têm influência importante no produto do trabalho, se não no envolvimento do trabalhador em sua tarefa. Mesmo se o órgão e/ou os responsáveis por recursos humanos da organização defendem o respeito pelo trabalhador segundo a política geral da área, freqüentemente é necessário buscar argumentos para refutar os gerentes que mencionam seus sucessos enquanto "algozes".
Tudo isso reflete modelos de homem que os administradores têm em mente e, por isso, todos tendem a ser aceitáveis. Existem dois limites para isso: as chamadas teoria X e teoria Y.
A primeira vê o homem como um ser a priori descomprometido com o trabalho, cujo objetivo primordial é a recompensa financeira e que, sempre que puder, evitará esforçar-se no cumprimento de suas tarefas. A segunda presume que o ser humano pode tirar prazer do próprio trabalho, é responsável como característica intrínseca e pode prescindir de muito controle. Cada um adota o modelo que quiser, mas inadmissível é utilizar o modelo X para certo tipo de trabalhador (em geral, os não-especializados e de escolaridade mais baixa) e o Y para outros (na área da saúde, os universitários, quando não só os médicos e pesquisadores). Nesse caso, a maneira pela qual se oferecem incentivos e condições de trabalho varia conforme o trabalhador.
Ainda como lembrança importante, cabe mencionar que as diferenças entre os trabalhadores precisam ser levadas em conta quando se tratar de oferecer estímulos, pois aspectos que seriam fortemente positivos para algumas pessoas deixariam outras absolutamente indiferentes. A mesma coisa não é vista de maneira igual por todos os trabalhadores, pois estes são pessoas e as pessoas são imprevisíveis e inconstantes. Um fator a considerar é que as pessoas mudam de opinião e de necessidades. Algo que era motivador antes de satisfeito deixa de sê-lo uma vez resolvido e pode voltar a ter peso em novas situações.
Saúde e Cidadania/Anvisa
Na melhor das hipóteses, desempenho (D) pode ser traduzido por uma fórmula que associa competência (c) e motivação (m) como categorias diretamente proporcionais: D = f (c x m). Se um dos fatores for igual a zero, o resultado final da equação também será zero. Existe um limite para a potencialização dos dois fatores considerados, mas pode-se afirmar que, quando não há competência, por mais entusiasmo que esteja presente, os resultados serão menos satisfatórios do que poderiam e, sem motivação, a competência por si só não supre tudo. De qualquer forma, competência sem motivação costuma ter mais resultado do que a relação oposta.
Existem áreas para as quais não basta ter interesse e conhecimento; é necessário ter também aptidão. Nem todos sabem trabalhar com as mãos, embora possa haver desenvolvimento de habilidade motora específica, talvez até com bons resultados, mesmo à custa de muito esforço e até sofrimento.
Se não estiver em jogo a eficiência do recurso empregado no chamado desenvolvimento pessoal, pode ser tentado. As características pessoais necessitam ser levadas em conta, sob pena de se ver o esforço voltado a animar os trabalhadores redundar em desmotivação. Se essa categoria for encerrada mais como um continuum, será possível verificar que o oposto de motivação não é desmotivação, mas sim não-motivação. Da mesma forma, o oposto de desmotivação é não-desmotivação.
Essas duas condições, caracterizadas pela negação de seu oposto (não-motivação e não-desmotivação), podem ser confundidas com um estado muito difícil de trabalhar: a indiferença.
Um trabalhador motivado tem vontade de fazer as coisas, aprender novos conhecimentos, aumentar seu vínculo com a organização, aprimorar seu desempenho etc. Essa situação-limite é oposta a não querer sair de casa para ir trabalhar, chegar ao trabalho e não se importar com o que faz ou não faz com o resultado do trabalho, com o tipo de tarefa a ser executada. Um trabalhador desmotivado é aquele que, no limite, chega a pensar em sabotar a organização: quebrar máquinas, revelar segredos, trabalhar pela sua falência. Mais uma vez, o indiferente nem teria ânimo de se dar o trabalho de tomar qualquer dessas atitudes.
Indiferença é um estado próximo da depressão, mas, às vezes, chegar a ela já é um grande avanço, se for a partir da desmotivação.
Um trabalhador absolutamente desmotivado numa dada unidade, ao mudar de local e de condições de trabalho, passa a fazer o que lhe é pedido na maioria das vezes. Isso é, sem dúvida, insuficiente, mas já permite que se consiga viabilizar a relação entre as partes, que parecia impossível, investindo na lealdade da organização para com seus membros - outro dos ditames da administração da qualidade. É necessário haver gerência para que isso ocorra, sem o que ninguém perceberá a inadequação do trabalhador à tarefa ou seu estado de desmotivação.
Motivação é algo que a organização espera a priori do trabalhador, como apresentam pelo menos duas teorias clássicas.
1. A hierarquia de necessidades de Maslow - divide as necessidades dos indivíduos em cinco grandes categorias: fisiológicas (comer, beber, dormir, abrigar-se etc.), de segurança (sentir-se seguro em termos físicos e até de vínculo de emprego), sociais (fazer parte de algo e de um grupo), reconhecimento (ver reconhecido por outros o seu trabalho) e auto-reconhecimento (satisfazer-se com o próprio trabalho). Estas representam as necessidades dos indivíduos, embora não de maneira exaustiva e não com essa conotação estanque, de que é necessário satisfazê-las de acordo com sua "hierarquia". Afinal, a hierarquia presume que alguém contratado por salário mínimo jamais estará preocupado com auto-realização e que, a rigor, quem está no estágio de auto-realização desconsiderará eventuais dores de dentes e até dificuldades financeiras diante da sua satisfação com o trabalho.
2. Os fatores higiênicos e motivacionais de Herzberg - presume que a maioria das questões usualmente tratadas sob o grande rótulo de motivação pode ser dividida em dois grupos: fatores higiênicos e motivacionais. Os primeiros são aqueles relacionados a condições de trabalho, salário, tipo de chefia etc. Fica definido que, na ausência destes, a probabilidade de o individuo se motivar diminui. As características relativas às tarefas seriam colocadas sob a denominação "motivacionais". Na verdade, à luz do que vinha sendo discutido, verifica-se que os fatores higiênicos seriam aqueles cuja ausência "atrapalharia" a motivação e, a rigor, empurraria os trabalhadores para além da indiferença, na direção da desmotivação, e cuja presença os deixaria próximos da indiferença, mas sem qualquer conotação negativa.
Resolvidos os fatores higiênicos, seria possível discutir motivação. No entanto, mesmo aceitar essa afirmativa significa uma linearidade que não faz justiça ao ser humano, que por vezes se motiva, apesar das piores condições, "pela causa" ou por qualquer outra razão. O problema é que pode haver prazo para a aceitação dessas situações menos favoráveis.
Motivação tem uma importante e generalizada conotação positiva. Esse termo costuma ser associado a prazer no trabalho, desafio na tarefa, respeito à individualidade. No entanto, não é possível desconsiderar o papel dos estímulos do autoritarismo, da punição e do medo como fatores motivacionais.
Talvez de duração mais curta e certamente menos aceitável nos dias de hoje, é inegável que esses fatores têm influência importante no produto do trabalho, se não no envolvimento do trabalhador em sua tarefa. Mesmo se o órgão e/ou os responsáveis por recursos humanos da organização defendem o respeito pelo trabalhador segundo a política geral da área, freqüentemente é necessário buscar argumentos para refutar os gerentes que mencionam seus sucessos enquanto "algozes".
Tudo isso reflete modelos de homem que os administradores têm em mente e, por isso, todos tendem a ser aceitáveis. Existem dois limites para isso: as chamadas teoria X e teoria Y.
A primeira vê o homem como um ser a priori descomprometido com o trabalho, cujo objetivo primordial é a recompensa financeira e que, sempre que puder, evitará esforçar-se no cumprimento de suas tarefas. A segunda presume que o ser humano pode tirar prazer do próprio trabalho, é responsável como característica intrínseca e pode prescindir de muito controle. Cada um adota o modelo que quiser, mas inadmissível é utilizar o modelo X para certo tipo de trabalhador (em geral, os não-especializados e de escolaridade mais baixa) e o Y para outros (na área da saúde, os universitários, quando não só os médicos e pesquisadores). Nesse caso, a maneira pela qual se oferecem incentivos e condições de trabalho varia conforme o trabalhador.
Ainda como lembrança importante, cabe mencionar que as diferenças entre os trabalhadores precisam ser levadas em conta quando se tratar de oferecer estímulos, pois aspectos que seriam fortemente positivos para algumas pessoas deixariam outras absolutamente indiferentes. A mesma coisa não é vista de maneira igual por todos os trabalhadores, pois estes são pessoas e as pessoas são imprevisíveis e inconstantes. Um fator a considerar é que as pessoas mudam de opinião e de necessidades. Algo que era motivador antes de satisfeito deixa de sê-lo uma vez resolvido e pode voltar a ter peso em novas situações.
Saúde e Cidadania/Anvisa
Assinar:
Postagens (Atom)