4.19.2008

Boas Práticas Farmacêuticas: Aquisição de medicamentos no setor público: Qualidade X Custos

Boas Práticas Farmacêuticas: Aquisição de medicamentos no setor público: Qualidade X Custos

Aquisição de medicamentos no setor público: Qualidade X Custos

Vera Lúcia Luiza
Claudia Garcia Serpa Osorio de Castro
Joaquim Moreira Nunes

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Aquisição de medicamentos no setor público: o binômio qualidade - custo

Introdução


A administração de materiais tem-se destacado como um ponto crítico, entre outros, na gestão das unidades de saúde. O setor público, particularmente, vem se preocupando de forma crescente com a questão da eficiência, resultando em uma ampla discussão da necessidade de profissionalização das ações das atividades meio.

Reconhece-se, assim, que a oferta de produtos de qualidade, em quantidades adequadas, adquiridos por um preço razoável são aspectos-chave na viabilização econômica das unidades.

O mercado brasileiro de medicamentos apresenta particularidades que fazem desta discussão um capítulo à parte. O mercado nacional congrega uma grande quantidade de medicamentos. O número total de apresentações registradas não está precisado; estima-se que o total de apresentações disponíveis beire 15 mil (Bermudez, 1992). Assim como farto em variedade de produtos, apresenta-se também bastante lucrativo: segundo o Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (SINDUSFARM, 1998), o faturamento em dólares americanos em 1997 teria crescido 6,7% em relação a 1996, chegando a 10,3 bilhões de dólares, apesar de menor número de unidades vendidas. A explicação da indústria foi o aumento real de preços e a incorporação de novos produtos ao mercado.

Uma competitividade saudável entre empresas que produzem e vendem medicamentos tem tido, nos países desenvolvidos, participação expressiva na redução de custos (Mehl & Santell, 1997), desde que possa ser regulada, do ponto de vista do comprador, particularmente no que concerne à garantia de qualidade. No âmbito do serviço público no Brasil, existe farta legislação que intenta oferecer meios para regulamentação da oferta e dos processos de aquisição (Bermúdez, 1992; Brasil, 1993b; Moreira-Lima et al., 1993). No entanto, defronta-se na prática com grande carência de uniformização das exigências legais e técnicas (Wexman, 1990; Osorio-de-Castro & Ribeiro, 1996) e, ainda, com a insuficiência de meios para sua operacionalização.


Qualidade
Na aquisição de medicamentos, é desejável que estes tenham, antes de tudo, qualidade. Existem, pelos menos, duas dimensões para a qualidade desejada. A primeira diz respeito a questões hoje plenamente reconhecidas e valorizadas, graças à crescente atuação dos epidemiologistas e farmacologistas clínicos, como eficácia, efetividade e adequabilidade ao perfil nosológico do serviço de saúde ou da população a que se pretende atender. Estas exigências devem ser previamente resolvidas por um bom processo de seleção e padronização (Johnson & Bootman, 1994), objeto de uma outra discussão, que nos escapa neste trabalho. A segunda dimensão aqui focalizada trata do estabelecimento do grau de exigência de qualidade pretendido e do que pode ser efetivamente feito durante o processo de aquisição para garanti-lo.

Questões ligadas ao medicamento


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O que se espera de um medicamento (fármaco mais excipientes ou veículos) é que ele tenha, no momento do uso, preservada sua ação farmacológica e que a toxicidade da formulação mantenha-se em níveis aceitáveis, conforme o determinado pelos testes que precedem sua comercialização. Tanto os princípios ativos como os veículos ou excipientes podem contribuir para situações desejáveis ou indesejáveis na terapêutica.

Considere-se, ainda, que a estabilidade da formulação dependa tanto do fármaco per se, quanto da mistura de excipientes ou veículos utilizados, assim como da interação entre ambos face às condições às quais estão submetidos. Essas condições podem se dividir em intrínsecas e extrínsecas. As primeiras, de responsabilidade do fabricante, estão relacionadas à qualidade da matéria prima, do processo produtivo e do material de embalagem. As condições extrínsecas correspondem principalmente a fatores ambientais como luminosidade, temperatura e umidade (Defelipe, 1985).

A estabilidade física se expressa pela integridade da formulação farmacêutica. São exemplos de perda de estabilidade física o amolecimento de cápsulas gelatinosas, o esfarelamento de comprimidos, a formação de caking (formação de depósito endurecido) nas suspensões, a quebra de emulsões, etc. A perda da integridade lesa as características biofarmacêuticas, levando a um inevitável comprometimento de eventos, como a liberação e a absorção do princípio ativo.

A estabilidade química é perdida com a degradação dos componentes, o que significa sempre a formação de produtos de decomposição diferentes dos originais. Disto podem decorrer dois problemas. O primeiro é a perda do efeito farmacológico, dado que a concentração do princípio ativo se distanciará da faixa terapêutica. O outro é que, algumas vezes, o produto de decomposição tem uma toxicidade própria, vindo a comprometer o efeito benéfico desejado.

Finalmente, a perda da estabilidade microbiológica pode significar tanto a contaminação por microorganismos além nos níveis admitidos para uma determinada forma farmacêutica quanto a perda da atividade biológica de um produto.

O tempo de validade de um medicamento é, assim, o período no qual o produto conserva suas propriedades de tal forma que sua estabilidade física, química e microbiológica sejam mantidas. Por fim, admite-se que as estabilidades física, química e microbiológica de um dado medicamento configurem condições mínimas para sua adequada ação farmacológica e o mínimo de ação tóxica.

A inspeção físico-macroscópica é um método que exige pouco ou nenhum equipamento e permite uma primeira triagem dos produtos, principalmente quando se incluem aspectos da rotulagem. Apesar de se poder fazer alguma inferência sobre a qualidade do medicamento a partir de características macroscópicas ou organolépticas (controle físico macroscópico não destrutivo), não se pode esquecer que este tipo de análise não permite qualquer determinação mais apurada sobre a estabilidade ou esterilidade das formas farmacêuticas. Apesar de possibilitar a detecção somente de degradações grosseiras, é bastante útil, tendo em vista a qualidade duvidosa de muito do que é oferecido no mercado farmacêutico brasileiro. Uma degradação química que possivelmente tenha originado um derivado tóxico, uma contaminação microbiológica potencialmente letal (em caso de injetáveis) ou uma concentração de princípio ativo fora da faixa permitida, no entanto, passarão despercebidas na maioria dos casos.

Com o avanço da tecnologia, produzem-se cada vez mais fármacos com estreitas margens terapêuticas, o que exige procedimentos técnicos sofisticados, e, ainda assim, insuficientes para avaliar a qualidade e estimar sua ação farmacológica. De qualquer modo, é possível arbitrar até que ponto pretende-se exigir garantias de qualidade com a inclusão de procedimentos que privilegiem desde a inspeção macroscópica e identificação até a realização de análises para determinação de uniformidade e teor percentual, de testes físico-químicos, de ensaios de bioequivalência.



Questões ligadas ao binômio produto-mercado


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Um dos problemas do mercado brasileiro é a extrema heterogeneidade da qualidade do parque industrial de medicamentos. Em uma tentativa de submeter as indústrias a critérios de qualidade mais uniformes, foi implantado o Programa Nacional de Inspeção das Indústrias Farmacêuticas e Farmoquímicas (PNIIFF) a partir de meados desta década. Reconhece-se o valor da iniciativa, que congregou técnicos de vários estados, mobilizando esforços importantes da Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde e das Secretarias Estaduais de Saúde. Não se dirimiu, entretanto, uma dificuldade antiga dos profissionais que atuam na ponta do sistema, qual seja, o acesso a informações sistematizadas e atualizadas que permitam a orientação segura dos processos licitatórios, principalmente na fase de habilitação dos produtores. A despeito destas dificuldades, através de laboriosas consultas ao Diário Oficial da União e de documentação exigida em processos licitatórios inovadores, sabe-se que várias indústrias foram interditadas total ou parcialmente, enquanto que outras receberam advertências no sentido de atenderem às normas adequadas de fabricação, as chamadas GMP (Good Manufacturing Practices). Não cabe aqui um relato pormenorizado do programa, porém sabe-se ser o PNIIFF, por definição, mais ligado a aspectos estruturais, que não são per se suficientes para a total garantia de qualidade.

Outro problema que há muito tempo vem carecendo de uma abordagem crítica no que tange ao mercado brasileiro é a insegurança de que produtos que contêm iguais componentes químicos, mesma formulação, processo de preparo e dose, administrados em iguais condições, e, portanto, teórica e biofarmaceuticamente equivalentes, sejam também efetivamente bioequivalentes, ou seja, que tenham equivalente ação terapêutica. Produtos bioequivalentes são aqueles que, cumpridos os pré-requisitos já citados, comportam-se da mesma maneira e alcançam os mesmos resultados. Em condições de pouca variabilidade, nos países desenvolvidos, com forte tradição regulatória, essa avaliação já apresenta muitas dificuldades, seja pela indigência das metodologias empregadas, seja pela necessidade de avaliações repetidas através do tempo (Levy, 1995). Como assegurar, então, que uma variação da resposta terapêutica seja conseqüência de condições clínicas peculiares e não passível de ser atribuída à (mais que provável) bioinequivalência entre os produtos utilizados?

Nas aquisições públicas de medicamentos no nosso país, esta questão aflige, pois, dentro do critério de menor preço, cada licitação pode produzir vencedores distintos, entre produtos e fabricantes. É mesmo possível que um tratamento com um mesmo medicamento seja efetivado com produtos de lotes diferentes ou similares de fabricantes diferentes. Desconfianças quanto a marcas, sejam nacionais, de laboratório estrangeiro ou mesmo aquela da antiga CEME (Central de Medicamentos), sempre prevaleceram entre médicos, farmacêuticos e pacientes. Muitos dos produtos assim estigmatizados, entretanto, tinham origem comum: empresas transnacionais. Os testes de bioequivalência, no Brasil, limitam-se a ensaios de dissolução. Os produtos considerados de marca não teriam, desse modo, garantia real de qualidade superior em relação aos seus similares terapêuticos. Esta argumentação, irrefutável e nevrálgica, aliada à constatação das diferenças substanciais e injustificáveis de preços entre produtos similares, suscitou o nascimento da política de medicamentos genéricos, que vem tentando implantar-se no país desde 1993 (Brasil, 1993a; Bermudez, 1995). Em vez de embasar-se no critério marca como diferencial de qualidade, a idéia central que norteia a política dos medicamentos genéricos é a equivalência terapêutica, mediante comparação com especialidade de referência, e a relação custo/efetividade (CADIME, 1997).


Custos
Segundo Nunes, é a escassez de recursos, tanto no setor público quanto no privado, nos países latino-americanos que enseja a formação de melhores e mais eficazes recursos gerenciais. A pressão faz-se por serviços qualitativamente superiores a custos menores. "Pede-se que o Estado seja mais eficaz, gastando menos, exige-se que ele preste mais e melhores serviços, o que significa fazer mais com muito menos recursos" (Nunes, 1996:83).

Os principais criadores de demandas de materiais nas instituições de saúde (clientes internos) são os profissionais da equipe multidisciplinar: médicos, enfermeiros, terapeutas, técnicos de laboratório, etc. Convivendo com a pressão gerada pelo contato direto com o paciente e suas necessidades, não toleram a escassez de materiais. Por outro lado, os profissionais responsáveis pelo suprimento dos materiais, entre eles o farmacêutico, vêem-se na obrigatoriedade de satisfazer os primeiros e ainda conter custos (OPAS, 1987).

A padronização é a forma prática e recomendada pela OMS e pelos teóricos da gestão de qualidade (WHO, 1977) como alternativa segura para uniformizar a qualidade e reduzir custos. Experiências nessa linha incluem a padronização de insumos, de medicamentos e de protocolos de tratamento.

Outro possível meio de lidar com as expectativas do grupo responsável pela demanda é antecipar-se a ela, participando ativamente das discussões sobre os rumos da unidade, a evolução do seu perfil de atendimento e o planejamento das ações de saúde desenvolvidas, de modo a permitir a proposição de alternativas mais racionais de abordagem dos problemas. Por exemplo, citam-se as tentativas de construção de novas relações contratuais entre fornecedores e compradores: contratos de adesão com registros de preços, terceirização, etc.

Diante do conjunto das despesas hospitalares, estima-se que os custos com medicamentos representem parcela mais que substancial. Diversos autores relacionam percentuais entre 5% e 20% (Liaropoulos, 1993; Roark, 1993; Ryan, 1993). A variação pode estar relacionada ao tipo de serviço, nível de assistência e qualidade dos processos decisórios e do sistema de informações envolvendo medicamentos. Questões como pleno conhecimento da oferta, preços e racionalização da terapêutica tornam-se básicos para a sobrevivência das instituições de saúde (Gouveia, 1993; Ryan, 1993). Como citado por Laporte et al. (1997) em relação à Espanha, a despesa com medicamentos tem apresentado, nos últimos anos, um aumento superior à inflação, o que coloca em perigo a oferta eqüitativa de atenção sanitária. Mehl & Santell (1997), examinando os custos de medicamentos nos últimos cinco anos nos Estados Unidos, diagnosticaram um incremento nos preços, junto à entrada de novos e caros agentes terapêuticos, citando uma simultânea tendência de queda no período médio de internação hospitalar e o crescente esforço de contenção dos custos para enfrentar as projeções orçamentárias.

A exigência de fornecer o que há de mais novo no âmbito da terapêutica se contrapõe aos riscos das inovações. Os métodos de monitorização de reações adversas, também chamados de métodos de farmacovigilância, entre eles o sistema de notificação espontânea e o sistema de seguimento intensivo de pacientes internados, podem auxiliar na avaliação dos riscos associados a fármacos recém introduzidos no mercado, porém não redimem os possíveis erros de julgamento por ocasião da aquisição. A morbi-mortalidade relacionada a medicamentos custa muitos bilhões de dólares por ano em países como os Estados Unidos (Classen et al., 1997). O aperfeiçoamento dos sistemas que amparam a utilização de medicamentos em hospitais pode contribuir significativamente para a redução dessas intercorrências, tendo o farmacêutico a oportunidade de introduzir e avaliar intervenções que gerem economia, mantendo e mesmo incrementando a qualidade da assistência (Gitlow & Melby, 1991; Johnson & Bootman, 1994, 1997; Abramowitz et al., 1997; Bates et al., 1997).

Convivendo com o binômio qualidade-custo no serviço público

No Brasil há farta legislação concernente à regulação de mercado, ainda que, no entanto, nem sempre esteja em harmonia com o estágio evolutivo das instituições ou das demandas sociais. Algumas vezes apresenta-se avançada e outras, retrógrada.

A tentativa de equacionar o binômio qualidade-custo tem como contexto a Lei 8666/93 (Brasil, 1993b). Também chamada de lei do menor preço, por indicar critério básico de julgamento, no entanto permite a inserção de critérios de exigências de qualidade, a partir da submissão de especificações no texto do edital, em fases distintas. A primeira delas diz respeito à habilitação do licitante e sua comprovada aptidão para desempenho de suas atividades, seja produtor ou tão somente distribuidor, o que, em última análise, dá margem ao contratante de solicitar, no documento editalício, uma série de documentos pelos quais se espera inferir a idoneidade técnica. Como exemplo, pode-se citar licença de funcionamento expedida pela Vigilância Sanitária, comprovação de regularidade para com o Conselho de Farmácia, laudo do PNIIFF, documentação específica para caso de medicamentos importados, etc. A segunda diz respeito ao produto em si e pode ser exemplificada pelo registro do produto em Diário Oficial da União e pelos laudos de qualidade.

A interpretação pouco criativa da legislação, entretanto, não libertou os contratantes do serviço público da compra de produtos de qualidade duvidosa, restritos sempre ao critério de menor preço. Algumas instituições tomaram, então, medidas no sentido de sanar suas dificuldades e, nos últimos anos, têm procurado abordar de forma comprometida a construção de editais de compra. Três exemplos são relatados a seguir.

A preocupação em fornecer produtos de qualidade a preços compatíveis com o orçamento da instituição não é recente e tem merecido esforços isolados dentro da Fundação Oswaldo Cruz desde 1995. Objetivou-se dar continuidade às atividades de normatização de compras de medicamentos, sob uma ótica experimental e com propósito avaliador (Drummond, 1991), através de um trabalho integrado das diversas unidades assistenciais, ambulatoriais e hospitalares da instituição. Foi planejado um processo de compra único, gerido por uma unidade produtora, tendo como bases o fluxograma de compra e o edital especialmente elaborado pela equipe envolvida. Primeiramente foi elaborado um edital completo, constando de exigências legais, técnicas e contratuais, e em conformidade com a legislação, por grupo composto por representantes de diversas unidades assistenciais. A unidade centralizadora elaborou e desenvolveu o processo licitatório, em conformidade com os itens discriminados no edital. Os documentos técnicos foram analisados na fase de habilitação dos licitantes. Os que não submeteram documentação completa foram inabilitados. No ato do recebimento do material foi verificada a conformidade às exigências quanto ao prazo de validade, laudo-número de lote, acondicionamento dos produtos. A chegada do material correspondeu à entrega dos laudos, que foram analisados. Uma vez aprovados os laudos, os produtos foram distribuídos às unidades assistenciais.

O edital incluiu aspectos da habilitação técnica dos licitantes, como citado anteriormente e de qualificação dos produtos, com a padronização dos laudos de qualidade, conforme proposto pela Organização Panamericana de Saúde/Organização Mundial da Saúde (Wexman, 1990).

Considera-se que a experiência mostrou-se: a) eficaz em efetivar o suprimento de muitos itens nos serviços de farmácia das unidades assistenciais da instituição, deixando mais tempo alocado, nesses setores, para atividades de assistência farmacêutica propriamente dita; a participação dos farmacêuticos na compra se deu nos momentos em que foi necessária uma intervenção de cunho técnico; b) interessante do ponto de vista institucional, promovendo a integração de unidades assistenciais sob um objetivo comum: comprar medicamentos de qualidade a preços compatíveis aos habitualmente praticados pelo mercado atacadista e, finalmente, c) moralizadora, já que todos os concorrentes submeteram-se às mesmas regras de participação e exigências, tendo como referência a legislação sanitária vigente. O edital, elaborado pela equipe, trouxe incremento à qualidade dos processos licitatórios da instituição. Vários itens do edital foram adaptados pelo setor jurídico da instituição, de modo a condicionar toda e qualquer compra a critérios mínimos de qualidade. Municípios em outros estados brasileiros, como Fortaleza e Porto Alegre têm adotado itens do edital nas compras de medicamentos.

No Instituto Nacional do Câncer, uma iniciativa corrente e diferenciada é o fato de que, caso o produto apresente problemas durante sua utilização, o ônus da análise é imputado ao licitante. Isto parece resolver um problema da maioria dos setores assistenciais, que buscam por seus próprios meios obter os laudos, sempre demorados, de laboratórios de referência, arcando não somente com esse custo como também com o ônus de um possível desabastecimento durante o tempo de quarentena do produto.

No município do Rio de Janeiro, além da inserção de alguns requisitos técnicos nos editais, o procedimento de compra caracteriza-se pelo sistema de adesão e registro de preços. Assim, os contratos são efetivados de forma centralizada, com entrega descentralizada, nas unidades assistenciais. Nesses contratos, os fornecedores se obrigam, durante o período da vigência, a cobrar como valor máximo o correspondente a 70% do preço de cada item constante das listas do fabricante.

Discussão

No nosso país a compra de medicamentos no setor público vem agora encontrar uma pressão popular a favor de uma gestão mais comprometida e responsável (Antunes, 1998), o que alia necessariamente o quesito qualidade ao custo.

Recentemente, a Secretaria de Vigilância Sanitária pronunciou-se através de legislação específica sobre a questão da qualidade no ato da compra de medicamentos. Foram publicadas as Portarias 1.818 (Brasil, 1997), 2.814 (Brasil, 1998a) e 3.765 (Brasil, 1998b), que fazem recomendações gerais quanto às exigências mínimas em edital, conjugando-se à recente e ruidosa exposição pela mídia de casos de medicamentos falsificados à venda em estabelecimentos comerciais e comprados por hospitais (CRF-RJ, 1998; Werneck et al., 1998). Apesar do exemplo extremado que ações criminosas configuram, entende-se que, para o paciente, para o farmacêutico e para as instituições, as conseqüências oriundas da compra de medicamentos falsificados equivalem na prática às conseqüências geradas pela compra de medicamentos de baixa qualidade: riscos incalculáveis para a saúde do paciente, prejuízos financeiros às unidades e, para o farmacêutico, além de problemas de ordem legal e até o possível impedimento de seu exercício profissional, o descrédito de seu ofício perante a comunidade e demais profissionais de saúde. Felizmente, tanto a compra de medicamentos falsificados quanto a de medicamentos de qualidade duvidosa estão sujeitas a mecanismos de prevenção.

O cenário dessa discussão contempla aspectos relativos ao sistema de abastecimento de organizações prestadoras de cuidados à saúde, com pontuação no mercado de medicamentos, sendo permeada pela relação entre dois segmentos eminentemente distintos. De um lado estão organizações voltadas para vender, constituídas por profissionais treinados, usualmente bem pagos por volume de vendas - os fornecedores. Já as organizações compradoras, nesse caso, organizações públicas de saúde, são empresas onde, via de regra, a missão institucional não está bem definida, as atividades meio são pouco profissionalizadas e os funcionários, conseqüentemente, mal treinados.

Os fornecedores são os detentores de um bem que se deseja adquirir, mas devem também ser percebidos como aqueles que, na realidade, precisam vender. A importância está em que não deve existir relação de submissão ao fornecedor.

O quadro é deveras desfavorável ao serviço público: de um lado fornecedores bem equipados; de outro, uma organização constituída de servidores mal treinados e freqüentemente desmotivados, atendendo não aos interesses de seus clientes/usuários, mas sim exclusivamente a interpretações da legislação. Muito possivelmente, um dos motivos que têm levado ao surgimento de alternativas administrativas, como fundações de apoio, organizações sociais, cooperativas de gestão, entre outras, é a baixa resolutividade das atividades meio. Nas organizações de saúde, pela natureza do objeto de trabalho, as contradições e o distanciamento entre o desejo do gestor e a realidade institucional são capazes de produzir malefícios incalculáveis à saúde dos clientes/usuários do sistema. Quantos pacientes deixam de ser adequadamente tratados ou diagnosticados por falta de produtos indicados para tal finalidade?

Sugestões

Finalmente, que ações podem ser encetadas no serviço público para melhorar o quadro vigente no que tange às relações com fornecedores de materiais ou mesmo dos serviços com seus sistemas de abastecimento?



Conhecer o fornecedor

Constituir cadastro qualificado de fornecedores de medicamentos, com base na construção de um sistema de informações que aborde: capacidade jurídica, idoneidade, capacidade financeira e adequação técnica.



Conhecer o produto

Os medicamentos constituem um grupo de produtos com grande número de especificidades técnicas. É importante que no processo de logística estejam envolvidos profissionais capacitados - farmacêuticos e profissionais técnicos adequadamente treinados. As observações fundamentadas, de quem utiliza o produto nas organizações, devem ser utilizadas como balizadores adicionais da qualidades dos insumos.



Estabelecer regras claras com os fornecedores e cumpri-las

O processo de compras deve ser permeado por compromissos claramente estabelecidos entre comprador e fornecedor. Se a organização não cumpre as suas obrigações, não deve esperar ter bons fornecedores. Pagar em dia é importante.
Constituir um sistema de compras em que os compradores sejam facilmente identificados

Os processos de compras usualmente praticados pelo serviço público são muito burocratizados. É praticamente impossível imputar responsabilidade por uma compra mal feita. O comprador adequadamente selecionado e treinado deve ser o responsável pelas compras.

Comentários finais
Um grande desafio que é colocado ao setor público de saúde hoje é o suprimento adequado das necessidades de medicamentos, compreendendo-se os critérios de qualidade e preço.

Apesar das dificuldades que a heterogeneidade do parque industrial de medicamentos no Brasil apresenta, resultando em produtos de toda sorte, a legislação brasileira oferece opções que permitem ao farmacêutico interessado uma saída para o impasse. É possível efetivar a compra de medicamentos providos de qualidade a preços de mercado. É ainda possível especificar as características desejáveis no produto comprado, trazendo ao processo de compra o peso da experiência técnica do profissional farmacêutico. A este cabe empenhar-se ao máximo para proteger o paciente do uso de medicamentos de qualidade espúria, ao mesmo tempo em que também protege os interesses econômicos da instituição, o que, em última análise, reverterá no uso mais racional dos medicamentos. À instituição cabe apoiar e incentivar seus esforços, resguardando o paciente e os interesses do Estado.


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WHO (World Health Organization), 1977. The Selection of Essential Drugs: First Report of the WHO Expert Committee. WHO Technical Report Series 615. Geneva: WHO. [ Links ]

FIOCRUZ Lança um novo medicamento contra a malária: artesunato de mefloquina(ASMQ)

Novo Medicamento Contra a Malária

Parceria internacional lança medicamento contra a malária

A Fiocruz, por meio de sua unidade de produção e desenvolvimento de medicamentos, o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos), e a organização de pesquisa e desenvolvimento de medicamentos sem fins lucrativos, a iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi), lançaram nesta quinta-feira (17/4) o ASMQ, a nova combinação em dose fixa do artesunato (AS) e mefloquina (MQ), para o controle da malária, já registrado e disponível no Brasil. O ASMQ, que combina dois medicamentos (AS e MQ) em um pequeno comprimido azul, simplifica o tratamento de adultos e crianças com uma dose diária de um a dois comprimidos por três dias, garantindo que os dois medicamentos sejam tomados juntos e na proporção correta. As necessidades das crianças, principais vítimas da malária, são atendidas pelo ASMQ, que oferece três apresentações para as crianças.

O ASMQ é o primeiro ACT em dose fixa que pode ser armazenado por até três anos em clima tropical (Foto: Peter Ilicciev)

As combinações contendo derivados de artemisinina (ACTs) são consideradas os melhores tratamentos disponíveis contra a malária falciparum não complicada e são um elemento decisivo na estratégia de luta contra a malária. Segura, rápida e eficaz, a combinação de AS e MQ é recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), desde 2001, como um dos quatro ACTs para o tratamento antimalárico de primeira linha.

Embalagens com indicações em cores facilitam não apenas a administração do medicamento pelos pacientes, mas também a prescrição feita por profissionais de saúde. O ASMQ é o primeiro ACT em dose fixa que pode ser armazenado por três anos em clima tropical.

ASMQ é o primeiro novo produto para doenças negligenciadas desenvolvido e registrado no Brasil e o segundo disponibilizado pelos parceiros públicos do projeto FACT da DNDi (terapia combinada em dose fixa à base de artemisinina). O ASMQ é uma formulação em dose fixa da combinação do AS e da MQ, amplamente utilizada em países da América Latina e do Sudeste Asiático ao longo da última década.

Graças à colaboração de parceiros públicos no Brasil e no sudeste da Ásia, dentro do projeto Fact de DNDi, esta inovadora formulação está agora disponível no Brasil. As autoridades brasileiras do Programa de Controle da Malária observaram, em resultados preliminares que, após um ano de tratamento de 17 mil pacientes com ASMQ em uso programático, a nova formulação foi essencial para a redução dos casos de malária e do número de hospitalizações relacionadas à doença.

“Em 2006, o Ministério da Saúde (MS) registrou 145 mil casos de malária falciparum, a mais grave, sendo 99% deles na Amazônia Legal. Em 2007, houve redução para 93 mil casos. As hospitalizações de pacientes com malária também caíram de 9,5 mil em 2006 para pouco mais de 6 mil em 2007. A expansão da rede de atenção básica, o diagnóstico precoce e o emprego da nova terapêutica – ASMQ - desempenharam papel significativo para estes resultados”, afirmou o secretário de Vigilância em Saúde do MS, Gerson Penna.

Para o presidente da Fiocruz, Paulo Buss, o alcance do novo produto e a contribuição científica são os destaques do projeto. "O papel da Fiocruz é desenvolver conhecimentos, bens, produtos e serviços que sirvam à sociedade brasileira e ao seu sistema de saúde. Desta vez, além de cumprirmos com este objetivo, também estamos colaborando, junto com a DNDi, para que outros países do mundo se beneficiem da ciência feita por brasileiros. Este medicamento servirá ao Brasil e a muitos países da América Latina e do sudeste da Ásia", diz Buss.

Como bem público, o ASMQ estará disponível a preço de custo para os setores públicos dos países endêmicos, tendo como preço-alvo U$ 2,50 (R$ 4,25) para o tratamento completo em adultos. Este novo tratamento será disponibilizado a pacientes adultos e crianças em toda a América Latina e nos países do Sudeste Asiático em 2008 e 2009. Com a intermediação da DNDi, um acordo de transferência de tecnologia será firmado entre Farmanguinhos e a empresa farmacêutica de genéricos da Índia, a Cipla, para que os pacientes no Sudeste Asiático contem com um produtor local do medicamento.

De acordo com o diretor de Farmanguinhos, Eduardo Costa, “este projeto demonstra que é possível desenvolver tecnologias inovadoras de P&D de medicamentos direcionadas para o social. Conseguimos compatibilizar estruturas diversas de diferentes países dentro de uma grande parceria público-privada intercontinental. E vamos transferir a tecnologia deste produto para um laboratório privado na Índia (Cipla)”, afirma Costa.

“Esta nova combinação em dose fixa é um bem público desenvolvido para atender às necessidades dos pacientes: fácil de usar, mais acessível financeiramente e de boa qualidade”, diz o diretor-executivo da DNDi, Bernard Pécoul. “O fato de o ASMQ ser bem sucedido, com o desenvolvimento, o financiamento e a produção realizados por parceiros públicos no Brasil, Europa e Sudeste Asiático, como parte do projeto FACT de DNDi, revela uma forma alternativa para se desenvolver medicamentos para as doenças negligenciadas”.

O ASMQ é um tratamento de primeira linha para crianças e adultos afetados pela malária P. falciparum na América Latina e Ásia. Por ano, há aproximadamente 1 milhão de casos de malária na América Latina (25% por P. falciparum, e a maioria no Brasil), e 3 milhões de casos na Ásia, onde se localiza 30% da mortalidade por malária no mundo.

“Uma boa notícia para os pacientes em todo o mundo, uma vez que o tratamento da malária precisa de medicamentos mais baratos, mais fáceis de tomar e em dose fixa”, disse Nick White, professor de Doenças Tropicais da Universidade de Oxford. “Com a eficácia, a segurança e a facilidade no uso, e com melhores e mais toleráveis tratamentos, como este, é ainda mais urgente garantirmos que esses tratamentos cheguem aos pacientes que, de fato, precisem dele”.

Malária em números

· A malaria é a maior causa de morbidade e mortalidade no mundo: reduz o crescimento econômico das áreas endêmicas em 1,3% ao ano
· Presente em mais de 100 países e ameaça metade da população mundial
· Por ano, ocorrem de 350 a 500 milhões de casos de malaria no mundo, e mais de 1 milhão de mortes
· 99% dos casos de malária no Brasil se encontram na bacia Amazônica, onde as autoridades brasileiras do Programa do Controle da Malária realizaram um estudo de intervenção com o uso programático do ASMQ

Farmanguinhos

Uma unidade da Fiocruz, Farmanguinhos é um dos maiores laboratórios farmacêuticos do país e tem larga experiência na produção de medicamentos para doenças negligenciadas, especialmente para o tratamento do HIV/Aids. Farmanguinhos produz mais de 2 milhões de unidades farmacêuticas por ano, não apenas para o HIV/Aids, mas também para o tratamento de doenças endêmicas como a malária (ASMQ; primaquina e cloroquina), hanseníase, tuberculose e filariose.


A iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi) é uma parceria para desenvolvimento de produto (PDP) independente, sem fins lucrativos e trabalha na pesquisa e no desenvolvimento de novos e melhores tratamentos para doenças negligenciadas como a malária, a doença de Chagas, o calazar (leishmaniose visceral) e a doença do sono (tripanossomíases humana africana). Com o objetivo de atender às necessidades dos pacientes destas doenças, DNDi foi criada em 2003 pelo Instituto Pasteur e Médicos Sem Fronteiras (MSF) juntamente com quatro organizações públicas de pesquisa de doenças negligenciadas em países endêmicos. Em parceria com o setor industrial e os meios acadêmicos, DNDi tem o maior portfólio de P&D para doenças de parasitas cinetoplastidas e atualmente tem seis estudos clínicos e quatro pré-clínicos. Em 2007, DNDi lançou em parceria com Sanofi-Aventis seu primeiro produto, uma combinação em dose fixa do antimalárico ASAQ.



O projeto Terapia Combinada em Dose Fixa à base de Artesunato (FACT), iniciado em 2002, comprova a eficácia das parcerias públicas na área de P&D de medicamentos para doenças negligenciadas. Desenvolvimento, testes e registro das duas doses fixas da combinação artesunato-amodiaquina (ASAQ) e artesunato-mefloquina (ASMQ) eram os objetivos iniciais do projeto e já foram alcançados.



O consórcio de parcerias do projeto FACT é formado por DNDi; Fiocruz; Tropival da Universidade de Bordeaux 2, França; Universidade de Oxford; Universidade Sains, Malásia; Universidade Mahidol, Tailândia; TDR, Suíça; e Centro Nacional de Pesquisa e Treinamento sobre o Paludismo (CNRFP), em Burkina Faso. O FACT capitaliza o talento e o conhecimento adquirido de um grande número de parceiros nos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Além disso, recebe apoio financeiro da União Européia, Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), dos governos da Holanda, da Espanha e do Reino Unido e de MSF.


Fonte: Portal Fiocruz

4.18.2008

Saiba como evitar a dependência do álcool

Saiba como evitar a dependência do álcool

Prof. Doutor Daniel Serrão


Em artigo anterior anunciei que responderia à seguinte questão: beber vinho às refeições é benéfico para a saúde; porquê o abuso que atinge, tragicamente, uma parte das pessoas que consomem bebidas com álcool?

A esta pergunta radical têm sido dadas respostas várias, quase todas baseadas num argumento social que é assim desenvolvido: uma família de alcoólicos gera filhos alcoólicos e num ambiente profissional e social, onde o abuso de bebidas com álcool é uma regra de convivência, os que chegam de novo são naturalmente integrados numa cultura de abusadores de bebidas com álcool; nestes ambientes a embriaguez é socialmente tolerada, é aceite como banal, é até aplaudida como ritual de entrada no grupo profissional e social.

Noutros tempos, os podadores de vinhas no Douro recebiam, como parte do seu salário, que era baixo, um garrafão de cinco litros de vinho maduro tinto de gradua­ção alcoólica elevada (12 a 14º) e acabavam dependentes de álcool.

Estas respostas, porém, não tinham carácter científico e nem sequer eram suportadas por averiguações, empíricas ou epidemiológicas, conclusivas. Sabíamos, sim, que nos hospitais da Região Duriense era sempre elevado o número de homens que acabavam os seus dias com a descompensação da cirrose hepática alcoólica. Como tinham ascite e eram picados para aspirar um líquido, levemente amarelado, mas límpido, a situação era conhe­cida, na zona, como «barriga de água» e o povo já sabia que viveriam pouco tempo; mas não relacionavam a doença com o abuso de bebidas com álcool, em especial a aguardente em jejum, mais cinco litros de vinho por dia.

Actualmente, a investigação científica traz-nos novas vias para o entendimento desta questão.

1 - O período da adolescência, definido como o intervalo de tempo entre o início das alterações físicas da puberdade e a assunção de rôles sociais de adulto, ou seja, entre os 9-12 anos e os primeiros anos da década de vinte, é o período crítico. Sabe-se, hoje, que o cérebro humano vai apresentar certas alte­rações de maturação estrutural e funcional que precedem as modificações dependentes das acções hormonais, masculinas ou femininas. Outras, porém, são consequência da impregnação hormonal do tecido cerebral, como, por exemplo, as motivações românticas, o interesse sexual, a intensidade emocional, o risco de doenças dos afectos nas raparigas e a procura de riscos (a adrenalina...) nos rapazes.


2 - A região do hipocampo e da amígdala cerebral completam, neste período, a sua maturação, que pos­sibilitará a aprendizagem emocional do adolescente, pelo que, no plano emocional, há risco de mau funciona­mento das estruturas cerebrais referidas. De facto, está demons­trado que um defeito geneticamente provocado, nestas estruturas cerebrais, predispõe para a transição do uso em abuso. A causa está no défice da aprendizagem emocional, com pouca ou nenhuma compensação afectiva, com o uso, e na procura desta compensação, no abuso.

Já em 2000, no Journal of Psychoactive Drugs, Kenneth Blum e colaboradores tinham apresentado o seu conceito de «Síndrome de Deficiência Compensatória» como um modelo biogenético dos comportamentos de dependência. Em particular da dependência do álcool.

A convicção mais popular é a de que o alcoolismo é um comportamento «aprendido» e expresso como sintoma ou consequência de um defeito de carácter subjacente à pessoa que, deste modo, manifesta uma vontade destrutiva em resposta a problemas psicológicos ou sociais.

Mas os defensores do novo conceito, RDS (do inglês Reward Deficiency Syndrome), consideram que o alcoolismo é, primariamente, uma consequência de uma alteração biogénica que condiciona uma resposta aditiva primária num consumidor que é biologicamente susceptível, independentemente do seu carácter e da sua personalidade. Este novo conceito surgiu da descoberta da associação de uma anomalia genética específica com os comportamentos impulsivos, aditivos e compulsivos. As pessoas com estes comportamentos tinham mutações do gene responsável pela produção, por certas células cerebrais, do receptor D2 para a dopamina que é colocado na membrana celular.

A mutação impede que a pessoa controle ou modifique comportamentos baseados em desejos aberrantes.

O desejo excessivo de álcool pode, portanto, resultar de «mau» funcionamento de um conjunto de genes que promovem a sensação de bem-estar por meio de interacções dos neurotransmissores no sistema mesolímbico que condicionam uma normal circulação de dopamina e sua captura por grupos de células neuronais especializadas e com o receptor adequado.

Em muitos estudos experimentais, no rato, provou-se que o álcool, em doses excessivas, aumenta a quantidade de dopamina e serotonina extracelular no cérebro, «corrigindo» o défice destes neurotransmissores nas pessoas com defeito genético. Este defeito pode ser demonstrado a partir dos estudos de polimorfismo genético do lócus do receptor D2 situado no cromossoma 11.


3 – Tal como em quase todas as doenças de causa genética o gene contribui com a informação, mas o efeito final depende muito das acções epigenéticas, ou seja, do ambiente bioquímico das células e, mais tarde, do ambiente fami­liar e social que envolve a pessoa. Portanto, mesmo as pessoas com defeito genético, embora te­nham uma «síndrome de deficiência compensatória», podem não se tornar bebedores compulsivos e excessivos, se o meio familiar e social os proteger particularmente, conseguindo que recebam, por outras vias, a compensação afectiva que lhes falta. Nas pessoas sem defeito genético mesmo um ambiente familiar e social propenso ao abuso de álcool pode não conseguir criar bebedores excessivos desde que, na adolescência, que é um período de deficiente compensação afectiva de natureza funcional, não genética, haja uma adequada acção educativa.

Por isso a LASVIN, que tem no seu programa de acção a luta contra os malefícios do álcool, acredita fortemente na força da educação do beber para a protecção do abuso, mesmo nas pessoas com predisposição genética.

Assim, no dia 13 de Dezembro irá realizar um grande encontro com a Juventude, numa discoteca do Porto, conhecida por ser «limpa», com o slogan: Aprenda a beber, beba e fique feliz. Nesse encontro serão apresentados os fundamentos científicos do benefício para a saúde do uso moderado de vinho às refeições, ao longo da vida, e os malefícios do abuso de bebidas alcoólicas. Será ainda ensinado como distinguir e escolher os diversos vinhos portugueses usando os nossos órgãos sensoriais. Finalmente, haverá uma aula prática do uso do vinho a uma refeição, seguindo-se a festa com alegria e sem embriaguês.

Esta reunião festiva com a juventude servirá de pre­tex­to para a apresentação de um livro traduzido do original Inglês com o título: Éduc’Álcool, que é um manual para guia dos pais e professores que queiram proteger os adolescentes do risco de ficarem dependentes de álcool. Contém regras simples, objectivas e claras para que pais e professores saibam como falar aos jovens sobre o uso e o abuso das bebidas com álcool.

Os números estatísticos que são referidos no livro são do que se passa no Canadá, onde o livro foi publicado originalmente; mas a situação em Portugal não será muito diferente e começa a ser tema preocupante de saúde pública e de prevenção do risco de morte na estrada dos nossos adolescentes, em especial em veículos de duas rodas.

Sei bem que o adolescente adora o risco, porque é no risco que completa e activa as estruturais neuronais da compensação afectiva. Dar-lhes a conhecer em que medida o desejo exagerado da compensação afectiva pelo álcool em excesso é um marcador de imaturidade biológico-estrutural do seu cérebro emocional e provan­do-lhes que o abuso de álcool vai impedir que a maturação aconteça e que possam vir a ter uma vida afectiva e sexual compensadora é caminho seguro para uma utilização inteligente das bebidas com álcool e para a escolha do vinho que vale muito mais do que o álcool que contém.

Antiinflamatórios

Antiinflamatórios

Os medicamentos conhecidos como antiinflamatórios (que geralmente são antipiréticos- abaixam a febre, e também analgésicos combatem a dor) são divididos em 2 grandes grupos:
a) os derivados da cortisona, corticóides ou esteróides, que é um grande grupo de substâncias, que tem uma ação intensa sobre a inflamação, mas traz inúmeros efeitos colaterais e nunca pode ser o medicamento de primeira escolha;

b)antiinflamatórios não-hormonais ou não-esteroidais, que também se constituem em uma enorme série de medicamentos, que tem na aspirina o seu modelo básico. O mecanismo de ação dos antiinflamatórios não-esteroidais (AINES), ou não hormonais (AINH) ocorre pela inibição de um sistema enzimático denominado cicloxigenase (COX), ou prostaglandina-H-síntase, responsável pela síntese dos diferentes tipos de prostaglandinas.
Existem duas isoformas da COX, denominadas COX-1 e COX-2.
A inibição da COX-1 seria responsável pelos efeitos colaterais dos AINES (irritação e hemorragia gástrica), o que fez os pesquisadores procurarem a síntese de
medicamentos seletivos para COX-2, que seria a isoforma responsável pela síntese de prostaglandinas que combateria especificamente a inflamação. Dessa forma, os inibidores seletivos para COX-2 evitam a irritação gástrica induzida por inibidores não-seletivos ou os seletivos para COX-1.
Vários estudos demonstraram que a COX-2 possui outras funções fisiológicas; nos rins a COX-2 regula a excreção de sal através da renina, o volume circulante e a homeostasia da pressão arterial, mas inibem significativamente a produção de prostaciclina de outros locais como no sangue a produção plaquetária de tromboxana que podem predispor um indivíduo suscetível, e mais idoso a um evento trombótico (acidente vascular cerebral) ou a um quadro hipertensivo. Em certas mulheres
essas medicações podem inibir o ciclo menstrual causando amenórreias secundárias. De qualquer forma, os inibidores seletivos de COX-2 são os antiinflamatórios, mais indicados para pacientes com problemas gástricos e que sejam da terceira idade. G.A Fitz Gerald, farmacêutico da Universidade de Pennsylvania, no Estado de Philadelphia, faz uma extensa revisão dos efeitos terapêuticos relacionados com essa medicação no alívio da dor e da inflamação. Uma das novas ações estudadas é a quimioprevenção do câncer do cólon, e a sua ação sobre doenças neurológicas no combate da arterioesclerose.


Nat Rev Drug Discov. 2003 Nov;2(11):879-90

Medicamentos de alto custo

Medicamentos de alto custo

Esclarecimentos sobre Medicamentos Excepcionais
Sobre o Programa de Medicamentos Excepcionais - desenvolvido com recursos e responsabilidades da União, estados e municípios - o Ministério da Saúde esclarece que:

1 - A lista de medicamentos de alto custo ou uso continuado - os chamados medicamentos excepcionais - inclui 226 itens para diversas patologias, como insuficiência renal crônica, hepatite viral B e C, osteoporose, problemas de crescimento, doença de Alzheimer, doença de Parkinson, doença de Gaucher e imunossupressores para pacientes transplantados, entre outras;

2 - Esta relação leva em conta, principalmente, a demanda social combinada com a efetividade do medicamento, atestada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e com os custos para os cofres públicos;

3 - A lista de medicamentos excepcionais e todas as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) são definidas pelos três níveis de governo que compõem, financiam e administram o SUS - União, estados e municípios - em conformidade com a Lei 8080/90, que rege o sistema;

4 - No decorrer deste ano, representantes das três esferas de governo participaram de reuniões das chamadas Comissões Intergestores Tripartite (realizadas mensalmente) e nenhuma sugestão de readequação da lista de medicamentos excepcionais foi apresentada pelos representantes das secretarias de saúde;

5 - Essa relação de medicamentos define o elenco que o Ministério da Saúde paga, sem limite de atendimentos a pacientes. Estados e municípios podem e devem ampliar a lista, conforme a demanda regional, e adquirir outros tipos de medicamentos excepcionais de forma complementar, tendo em vista que o financiamento da saúde é, obrigatoriamente, responsabilidade dos três níveis de governo;

6 - Do total de recursos aplicados pelo governo federal na assistência farmacêutica (mais de R$ 4,2 bilhões previstos para este ano), um terço (R$ 1,4 bilhão) é investido no financiamento de medicamentos excepcionais, adquiridos e distribuídos pelas secretarias de saúde, que também devem direcionar recursos para este e outros serviços oferecidos pelo SUS;

7 - O Programa de Medicamentos Excepcionais é co-financiado pela União e os estados. Esses medicamentos são adquiridos pelas secretarias de saúde e o "ressarcimento" a elas, pelo governo federal, é feito mediante comprovação de entrega do medicamento ao paciente;

8 - Além de comprometer-se com o co-financiamento dos medicamentos, as secretarias de Saúde devem aprimorar os procedimentos de aquisição desses produtos como também a gestão da saúde de forma a garantir a melhor e mais adequada aplicação dos recursos públicos;

9 - Em média, o governo federal "cobre" 80% do valor dos medicamentos excepcionais, dependendo dos preços conseguidos pelas secretarias de saúde nos processos licitatórios;

10 - A tabela de preços de medicamentos excepcionais que o Ministério da Saúde utiliza como referência para o repasse de recursos aos estados assegura valores equilibrados com o objetivo de também garantir o equilíbrio financeiro entre os gastos do governo federal e das secretarias de saúde;

11 - Constantemente, essa tabela é revisada pelo Ministério da Saúde e adequada conforme a flutuação de preços do mercado;

12 - Este ano, o Ministério da Saúde acordou com as secretarias estaduais de Saúde a revisão dos critérios do Programa de Medicamentos Excepcionais com vistas a redefinir valores de tabela;

13 - Para se ter uma idéia, nos últimos 12 meses, só para o estado de São Paulo, o governo federal repassou R$ 650 milhões para o co-financiamento de medicamentos excepcionais; uma média de R$ 54,6 milhões/mês em recursos federais (Veja tabela);

14 - Todo o processo de absorção de novas tecnologias e medicamentos no SUS deve obedecer à relação demanda X eficácia X custos como forma de abranger o maior número possível de pacientes com a oferta de medicamentos comprovadamente eficazes e seguros e, ainda, utilizar os recursos públicos em saúde de forma responsável;

15 - Existem vários grupos de discussão dentro do Ministério da Saúde - inclusive com a participação de técnicos e estudiosos de outras áreas afins e também da sociedade civil - responsáveis pelo acompanhamento de estudos/pesquisas cujos resultados possam ser inseridos no SUS;

16 - O Programa de Medicamentos Excepcionais - assim como as demais medidas inseridas na política de assistência farmacêutica gratuita - possui objetivos e orçamento distintos dos recursos aplicados no Programa Farmácia Popular do Brasil. Este último fornece medicamentos básicos a preço de custo, com desconto médio de 90% em relação ao preço de mercado, e o orçamento previsto para este ano é de R$ 72 milhões (correspondente a 1,7% do orçamento do SUS para a assistência farmacêutica gratuita, que é de R$ 4,2 bilhões para 2006);

17 - Especificamente para pacientes com hepatite B ou C, o Programa de Medicamentos Excepcionais oferece a ribavirina e oito apresentações comerciais do interferon;

18 - É importante lembrar que, além de co-financiar o Programa de Medicamentos Excepcionais, o Ministério da Saúde cobre 100% dos gastos com a compra e distribuição (para as secretarias de saúde) de quatro medicamentos de alto custo ou uso continuado: imiglucerase (indicado para o tratamento da doença de Gaucher), eritropoetina (para insuficiência renal crônica), interferon alfa (para hepatite C) e imunoglobulina (para doenças de imunodeficiência). Para esses quatro medicamentos, o investimento do governo federal é de R$ 500 milhões por ano.

Mais informações
Assessoria de Imprensa do Ministério da Saúde
Tel.: (61) 3224-3860/3315-3580
Fax: (61) 3225-7338
Plantão: (61) 9962-3752
E-mail: imprensa@saude.gov.br

4.17.2008

O FDA APROVA O PRIMEIRO MEDICAMENTO PARA ARTRITE REUMATÓIDE JUVENIL

MEDICAMENTO PARA ARTRITE REUMATÓIDE JUVENIL
13/04 - O FDA aprovou o primeiro medicamento biológico para artrite reumatóide juvenil em 9 anos. Trata-se do Humira (adalimumabe), o anticorpo monoclonal totalmente humano desenvolvido e comercializado pela Abbott. A artrite idiopática juvenil ou artrite reumatóide juvenil é uma doença inflamatória crônica, que afeta as articulações e outros órgãos, como a pele, olhos e coração. Ainda de causa desconhecida, surge, geralmente, antes dos 16 anos de idade. No Brasil, o Humira é aprovado para artrite reumatóide, espondilite anquilosante, artrite psoriásica e doença de Crohn. Para artrite reumatóide faz parte dos medicamentos distribuídos pelo SUS. Recentemente, a Abbott anunciou os dados de acompanhamento de dois anos de pacientes com fístulas decorrentes da Doença de Crohn, que demonstram que mais da metade dos pacientes em tratamento com adalimumabe manteve o fechamento das fístulas. Fonte: Jornal de Brasília


Mais notícias

Alertas Clínicos e Epidemiológicos do CDC, FDA, WHO, Anvisa, MCA-UK, ADRAC, EMEA e AGEMED

Alertas de Farmacovigilância (ANO 2006)

Alertas Clínicos e Epidemiológicos do CDC, FDA, WHO, Anvisa, MCA-UK, ADRAC, EMEA e AGEMED

MedWatch - FDA (Food and Drug Administration - EUA)
ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
WHO Drug Information
MCA-UK - Agência de Controle de Medicamentos do Reino Unido
ADRAC - Boletim Australiano sobre Efeitos Adversos de Medicamentos
EMEA - Agência Européia para Avaliação de Produtos Medicinais
AGEMED - Agência Espanhola de Medicamentos

Alertas sobre para efeitos, eventos adversos, modificações nas bulas dos medicamentos e em outros produtos de consumo humano,
a partir de pesquisas no FDA, no MCA-UK britânico, no WHO Drug Information da OMS, no Boletim Australiano sobre efeitos
adversos de medicamentos, no CDC, na Agência Européia para Avaliação de Produtos Medicinais (EMEA) e na Agência Espanhola
de medicamentos e produtos sanitários (AGEMED), além da nacional ANVISA. Publicamos de forma condensada, com notas sobre
os principais produtos em uso no nosso mercado, mas com todas as informações de importância.



Rosiglitazona (Avandia®), rosiglitazona/metformina (Avandamet®) - Janeiro 05, 2006 - FDA - GlaxoSmithKline e o FDA
notificaram os profissionais da saúde acerca de relatos pós-marketing de nova crise ou piora do edema macular diabético em
pacientes recebendo rosiglitazona. Na maioria dos casos, os pacientes também apresentaram edema periférico concomitante. Em
alguns casos, o edema macular resolveu ou melhorou após a descontinuação do tratamento e em um caso, o edema resolveu após a
redução da dose.

Pílulas dietéticas Brasileiras (Emagrece Sim, Herbathin®) - Janeiro 13, 2006 - FDA - O FDA aconselha os consumidores a não
usarem dois produtos não aprovados que estão sendo comercializados como suplementos dietéticos para perda de peso. Emagrece
Sim Suplemento Dietético, também conhecido como Pílulas Dietéticas Brasileiras e Herbathin® Suplemento Dietético podem conter
vários ingredientes ativos, incluindo substâncias controladas, que poderiam provocar sérios efeitos colaterais ou lesões. Eles contêm
clordiazepóxido, fluoxetina e femproporex (um estimulante que não é aprovado para comercialização nos EUA).

Pimecrolimus (Elidel®), tacrolimus (Protopic® pomada) - Janeiro 20, 2006 - FDA - O FDA anunciou a aprovação da atualização
de bula de dois medicamentos para uso tópico em eczemas, o Elidel® creme e Protopic® pomada. A atualização adverte para um
possível risco de câncer de pele, além de confirmar que essas drogas são recomendadas para uso como tratamento de segunda
linha. Isso significa que outras medicações tópicas deveriam ser tentadas primeiro. O uso dessas drogas não é recomendado em
crianças abaixo de 2 anos de idade.

Telitromicina (Ketek®) - Janeiro 20, 2006 - FDA - O Annals of Internal Medicine publicou um artigo relatando 3 pacientes que
experimentaram séria toxicidade hepática seguindo a administração de Ketek® (telitromicina). Esses casos também foram relatados
ao FDA MedWatch. Telitromicina é comercializada e usada extensivamente em muitos outros países (inclusive no Brasil), incluindo
países na Europa e Japão. Enquanto é difícil determinar a freqüência real dos eventos adversos a partir de sistemas de relatos
voluntários, o FDA continuará avaliando os casos de problemas hepáticos associados com o uso da telitromicina no sentido de
determinar se ações de precauções devam ser tomadas.

Hidroxiuréia (Hydrea®) - Janeiro 20, 2006 - FDA - Bristol-Myers Squibb notificou os profissionais da saúde sobre revisões nas
informações para prescrição para descrever toxicidade vascular cutâneas, incluindo ulcerações vasculares e gangrena, em pacientes
com desordens mieloproliferativas durante o tratamento com hidroxiuréia, mais frequentemente relatados em pacientes com história
de ou uso concomitante de interferon.

Flextome Cutting Balloon® Device Monorail® Delivery System - 02 Fevereiro 2006 - FDA - Boston Scientific e o FDA
notificaram os profissionais da saúde de um recall classe 1 do Flextome Cutting Balloon system, usado para abrir artérias obstruídas.
Consiste de um balão cirúrgico com lâminas microcirúrgicas instaladas nas laterais. O balão é inserido dentro da artéria com um
cateter e então dilatado. Ao expandir, as microlâminas cortam placas ateroscleróticas, abrindo a artéria bloqueada. O cateter usado
para colocar o balão na artéria pode se separar durante a retirada do dispositivo do paciente. Se isso acontece, o procedimento pode
ser prolongado ou cirurgia a céu aberto pode ser necessária para remover a peça quebrada da artéria.

Implantes cocleares com um posicionador - 06 de Fevereiro 2006 - FDA - O FDA notificou os profissionais da saúde e pacientes
acerca de uma notificação pública sobre o risco continuado de meningite bacteriana em crianças com implantes cocleares. Um novo
estudo do CDC/FDA tem mostrado que crianças com implantes cocleares com posicionador permanecem em alto risco de meningite
bacteriana causada por Streptococcus pneumoniae mesmo após 24 meses desde a implantação. Esses implantes, fabricados pela
Advanced Bionics Corporation já foram retirados do mercado.
Esses achados enfatizam a importância de continuar a monitorar e instituir rápido tratamento de infecções bacterianas em crianças
com implantes cocleares além de 2 anos pós-implantação, particularmente entre crianças que tem um posicionador. Ainda não se
sabe se a retirada ou substituição com modelos mais modernos reduz o risco de meningite.

Aprotinina (Trasylol®) - 08 de Fevereiro 2006 - FDA - O FDA notificou os profissionais da saúde de recentes estudos publicados
de séria toxicidade renal e cardiovascular seguindo a administração de Trasylol® para pacientes submetidos à cirurgia de
revascularização coronariana por by-pass. Um estudo observacional publicado no The New England Journal of Medicine relatou que
Trasylol® pode estar associado com aumentado risco de infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e disfunção renal. Outra
publicação (Transfusion, edição on-line, Janeiro 20, 2006) tem relatado que a administração de Trasylol® pode aumentar o risco de
toxicidade renal.
O FDA está trabalhando com os autores dessas publicações e o fabricante do Trasylol para cuidadosamente avaliar o risco e
benefícios associados com o uso de Trasylol em (CABG).

Benzocaína em spray - 13 de Fevereiro 2006 - FDA - O FDA notificou os profissionais da saúde e pacientes acerca de eventos
adversos, incluindo metahemoglobinemia, associados com o uso de sprays de benzocaína usados na boca e garganta. Sprays de
benzocaína são usados na prática médica para anestesiar as membranas mucosas da boca e garganta para procedimentos
cirúrgicos menores ou quando um tubo precisa ser inserido dentro do estomago ou das vias aéreas. O FDA está consciente dos
eventos adversos relatados e está revisando todos os dados disponíveis de segurança, mas até o momento não está planejando
retirar a droga do mercado.

Nimodipina (Nimotop®, Oxigen®) - 15 de Fevereiro 2006 - FDA - A Bayer e o FDA notificaram os profissionais da saúde acerca
de mudanças nas informações para prescrição da nimodipina, incluindo quadro de advertência para notificar os prescritores sobre
erros na administração da medicação com nimodipina (em pacientes no pós-operatório de cirurgia de aneurisma cerebral ou pós
hemorragia subaracnóide é comum aspirar o conteúdo da cápsula em uma seringa para administração via sonda, mas podem
eventualmente serem aplicadas parenteralmente).
Nimodipina é aprovada para administração por via oral para melhora da evolução neurológica após hemorragia subaracnóidea.
Quando administrado por via intravenosa ou parenteral pode causar eventos adversos sérios, incluindo morte. Nimodipina não deve
ser administrada por via intravenosa ou qualquer outro via parenteral.

Gatifloxacina (Tequin®) - 16 de Fevereiro 2006 - FDA - A Bristol Myers Squibb notificou o FDA e os profissionais da saúde acerca
de mudanças nas informações para prescrição de Tequin®, incluindo uma atualização do item Precauções sobre hipoglicemia e
hiperglicemia e uma contra-indicação para uso em diabéticos.
Distúrbios da glicemia, incluindo hipoglicemia sintomática e hiperglicemia, têm sido relatados com Tequin®, usualmente em pacientes
diabéticos. Entretanto, distúrbios da glicemia, particularmente hiperglicemia, têm ocorrido em pacientes sem história de diabetes. Em
adição ao diabetes, outros fatores de risco associados com distúrbios da glicemia, enquanto tomando Tequin®, incluíram idade
avançada, insuficiência renal e medicamentos que concomitantemente alteram a glicemia.

Bosentan (Tracleer®) - 02 de Março 2006 - FDA - Actelion e FDA notificaram os profissionais da saúde de mudanças nas
informações de prescrições baseados em casos relatados de toxicidade hepática. A notificação enfatiza a necessidade de
monitorização mensal contínua da função hepática ao longo da duração do tratamento com bosentan e a necessidade de aderir aos
ajustamentos recomendados e as monitorizações assinaladas nos guidelines descritos nas informações de prescrição.

Esteróides ilegais vendidos como suplementos dietéticos - 10 de Março 2006 - FDA - O FDA preveniu vários produtores e
distribuidores de drogas não aprovadas contendo esteróides, os quais são vendidos como suplementos dietéticos e promovidas para
o desenvolvimento muscular e aumento da força física. Esses produtos podem causar sérias conseqüências adversas de longo prazo
em homens, mulheres e crianças. Esses produtos afirmam ser anabólicos e problemas associados com esteróides anabólicos
incluem toxicidade hepática, atrofia testicular e infertilidade masculina, masculinização da mulher, aumento das mamas em homens e
baixa estatura em crianças. Esteróides anabólicos são também associados com efeitos adversos nos níveis dos lipídios sanguíneos e
um potencial para aumentar o risco de ataque cardíaco e acidente vascular cerebral.
Alguns exemplos são os seguintes: Anabolic Xtreme Superdrol (Anabolic Resources LLC, Gilbert, Arizona) e Methyl-1-P (Legal Gear,
Brighton, MI). Essas têm sido vendidas pela internet e distribuídas mundialmente.

Denileukin diftitox (Ontak®) - 03 de Março 2006 - FDA - Ligand Pharmaceuticals e o FDA notificaram os profissionais da saúde
sobre revisões nas informações para prescrição do Ontak®, indicado para o tratamento de pacientes com linfoma cutâneo de células
T persistente ou recorrente. Perda de acuidade visual, usualmente com perda da visão em cores, tem sido relatada seguindo a
administração de Ontak®. Embora a recuperação tenha sido relatada em alguns dos pacientes afetados, a maioria dos pacientes
relatou comprometimento visual permanente.

Mifepristone (Mifeprex®) - 17 de Março 2006 - FDA - O FDA notificou os profissionais da saúde de duas mortes adicionais
seguindo aborto médico com mifepristone. A Agência recebeu notificação verbal das mortes nos EUA do fabricante, Danço
Laboratories. Nesse momento o FDA está investigando todas as circunstâncias associadas com esses casos e não está em
condições de confirmar as causas de morte. Entretanto, todos os médicos que disponibilizam aborto médico e seus pacientes
necessitam estar conscientes das circunstâncias específicas e instruções de uso dessa droga e de todos os riscos, incluindo sepsis,
quando considerando o seu uso. Particularmente, médicos e seus pacientes deveriam discutir amplamente os potenciais sinais e
sintomas precoces que podem justificar imediata avaliação médica.

Mortes com galantamina em estudos de comprometimento cognitivo leve - Fevereiro 2006 - ADRAC - Galantamina
(Reminyl®), donepezil (Eranz®) e rivastigmina (Exelon) estão aprovadas na Austrália para o tratamento da demência de Alzheimer de
leve a moderadamente severa. Arritmias cardíacas com esses inibidores da colinesterase já haviam sido descritas em Outubro de
2004.
A galantamina também tem sido investigada em pacientes com comprometimento cognitivo leve, uma indicação não aprovada na
Austrália. Em dois ensaios placebo controlados (total de 2.048 pacientes), houve uma maior mortalidade com a galantamina (n= 13)
do que com o placebo (n= 1, risco relativo 6,19, 95% intervalo de confiança 2,17, 17,68) e a galantamina não foi efetiva. As mortes
foram devidas a várias causas que poderiam ser esperadas em uma população de idosos.
A descrição dos resultados desses estudos foi recentemente adicionada à secção Precauções da bula, junto com aconselhamento
adicional para usar com cautela em pacientes com condições cardiovasculares ou pulmonares, particularmente imediatamente após
infarto do miocárdio e início recente de fibrilação atrial, bloqueio cardíaco de 2º ou 3º grau, angina instável ou pneumonia.

Pegaptanib sódico injetável (Macugen®) - 07 Abril 2006 - FDA - (OSI)Eyetech/Pfizer e o FDA notificaram os profissionais da
saúde de importantes modificações nas informações para prescrição do Macugen®. Foram descritos raros relatos de reações de
anafilaxia / anafilactóides, incluindo angioedema, seguindo a administração do Macugen® junto com vários medicamentos
administrados como parte da preparação da injeção. Esse produto é indicado para o tratamento da degeneração macular
neovascular relacionada à idade e é administrado uma vez a cada seis semanas por injeção intravítreo. Os profissionais da saúde
devem avaliar a história médica para reações de hipersensibilidade ao Macugen® ou outros fármacos antes de usar esse produto.

Ceratite infecciosa por fungos relacionada ao uso de lentes de contato - 17 de Abril 2006 - FDA - O FDA e o CDC notificaram
os profissionais da saúde e os consumidores de um aumento no número de relatos nos EUA de uma rara, porém séria infecção por
fungo do olho em usuários de lentes de contato flexível. A infecção, uma ceratite causada pelo fungo Fusarium, pode causar perda da
visão necessitando de transplante de córnea.
Ambos o FDA e o CDC estão investigando essas ocorrências. O CDC recebeu relatos de 109 casos de ceratite com suspeita de
fungos em 17 diferentes Estados. Em uma série de 30 casos, 28 relataram o uso de lentes de contato flexível. A maioria dos
indivíduos (26) relataram que estavam usando uma solução para lentes de contato da marca Bausch & Lomb ReNu no mês anterior ao
início da infecção.
Profissionais da saúde deveriam encaminhar pacientes que apresentem ceratite microbiana imediatamente a um oftalmologista para
pronto tratamento e relato de casos de ceratite por fungos em usuários de lentes de contato. Portadores de lentes de contato
deveriam usar as boas práticas de higiene, quais sejam, lavar as mãos com sabão e água e secá-las (com método livre de felpas de
tecido) antes de manipular as lentes; colocar e retirar as lentes de acordo com a programação prescrita; seguir os guidelines
específicos das lentes de limpeza e armazenamento indicados pelo médico e o fabricante da solução; manter as lentes de contato
limpas e substituí-las a cada 3-6 meses; e remover as lentes e consultar um médico imediatamente se experimentar sintomas como
olhos vermelhos, dor, lacrimejamento, sensibilidade aumentada à luz, visão borrada, secreção ocular ou inchaço.

Antibióticos fluoroquinolonas e interações com varfarina - Fevereiro 2006 - ADRAC - A interação potencial entre varfarina e
fluoroquinolonas (ciprofloxacina, norfloxacina, moxifloxacina, gatifloxacina) foi relatada em uma revisão de 1993. O ADRAC recebeu a
seguir 20 relatos dessa interação, implicando ciprofloxacina (9 relatos), norfloxacina (11) e moxifloxacina (1). Um dos relatos envolveu
ambos ciprofloxacina e norfloxacina. Até o momento, nenhum relato foi recebido com a gatifloxacina, a qual tem sido pouco usada.
Dos vinte relatos do ADRAC, um paciente teve hemorragia vaginal; para os outros pacientes a desordem de coagulação foi detectada
em testes laboratoriais. Em oito casos foram relatados INRs superiores a 7. Em um caso, o INR do paciente subiu de um basal estável
ao redor de 2,0 para mais de 10, 4 dias após ter iniciado com moxifloxacina. Dois dias depois da suspensão de varfarina e
moxifloxacina, junto com a administração de vitamina K, o INR caiu para 1,2. Nenhum evento sintomático ocorreu.
O sistema de saúde do Canadá relatou 57 casos dessa interação até Janeiro de 2004. Gatifloxacina também foi implicada nos casos
Canadenses. Em 16 dos 57 casos, os pacientes foram hospitalizados e 4 deles, com idades entre 70 e 90 anos, com condições
médicas complexas morreram.
Possíveis mecanismos para essa interação incluem a redução do metabolismo da varfarina mediada pelo citocromo P450 e a
redução na flora intestinal que produz vitamina K.
O ADRAC aconselha os profissionais da saúde a considerar a possibilidade dessa interação e monitorar o INR quando
fluoroquinolonas e varfarina são usados concomitantemente.

Antibióticos fluoroquinolonas e lesões tendinosas - Fevereiro 2006 - ADRAC - Desde o início de 2005, o ADRAC tem recebido
16 casos de lesões tendinosas, predominantemente tendinite Aquiliana. Desses casos, 11 tinham envolvimento das fluoroquinolonas.
O ADRAC lembra os médicos que prescrevem essa classe de antibióticos que há um risco aumentado de tendinite ou mesmo ruptura
de tendão com todas as fluoroquinolonas. Dos 213 casos de tendinites ou ruptura de tendão relatados ao ADRAC, mais de 80%
deles tinham envolvimento das fluoroquinolonas. Adicionalmente ao uso dessa classe, idade avançada e uso concomitante de
corticosteróides são fatores de risco já estabelecidos.
Os pacientes deveriam ser avisados para ficarem alertas para dor ou desconforto no tendão de Aquiles ou panturrilha e informar seus
médicos e parar a medicação se isso ocorrer.

Derivados do Ergot e reações fibróticas - Fevereiro 2006 - ADRAC - Atualmente, os derivados do Ergot são os mais comumente
agonistas da dopamina usados no tratamento da doença de Parkinson na Austrália. Em 2005, o número de prescrições dispensadas
pelo serviço de saúde foi de 92.000 para cabergolina (Dostinex®) e 36.000 para bromocriptina (Parlodel®) e pergolida (Celance®)
combinados.
Importantes reações adversas potenciais associadas com os derivados do Ergot, tais como cabergolina, bromocriptina e pergolida,
são complicações fibróticas, incluindo pericardite e fibrose pleural e retroperitoneal. Desde a comercialização em 1997 até Dezembro
de 2005, o ADRAC recebeu 86 relatos de reações adversas suspeitas em associação com a cabergolina. Desses, 15 tiveram fibrose
/ derrame pleural ou pulmonar ou pneumonite, envolvendo 11 homens e 3 mulheres. O tempo de início variou de 1 mês até 3 anos
(média de 4 meses). Recuperaram-se 8 dos pacientes, dois estavam melhorando e os 5 restantes não tinham se recuperado até o
momento do relato.
Os médicos que prescrevem essa classe de medicamentos deveriam estar cientes da possibilidade de alterações fibróticas
associadas com o longo tempo de administração desses derivados do Ergot e deveriam instruir os pacientes a relatarem dispnéia ou
tosse.

Hepatotoxicidade com black cohosh (Cimicifuga racemosa) (Cimicifuga®) - Abril 2006 - ADRAC - Preparações de black
cohosh (Cimicifuga racemosa) são usadas comumente para alívio dos sintomas da menopausa. Recentemente, relatos têm sido
recebidos na Austrália e em outros países de sérias reações hepáticas ocorrendo em associação com o uso desse fitoterápico, e em
4 casos os pacientes experimentaram insuficiência hepática necessitando de transplante de fígado.
Atualmente, o ADRAC está informado de 49 casos de hepatotoxicidade com Cimicifuga racemosa em todo o mundo, incluindo 11
relatos Australianos. Os detalhes de cinco casos já foram publicados. Um foi de hepatite autoimune, mas os outros tiveram necrose
maciça e submaciça. Casos sérios têm ocorrido com menos de 1 mês de uso.
Muitos desses relatos não são capazes de incriminar diretamente a Cimicifuga racemosa por causa do uso de outras medicações
concomitantemente e pela ampla variação de ingredientes na formulação herbária usada. Entretanto, a ausência de outras
substâncias causais identificáveis e a exclusão de infecção viral nos casos sérios sugere que pode haver uma associação causal
entre Cimicifuga racemosa e hepatite séria.
Pacientes apresentando-se com disfunção hepática deveriam ser questionados acerca do uso de medicina alternativa, incluindo
fitoterápicos e outras terapias complementares, assim como álcool e medicamentos convencionais.

Interações com macrolídeos - Abril 2006 - ADRAC - Os antibióticos macrolídeos (eritromicina, roxitromicina, claritromicina e
azitromicina) são bem conhecidos em interagir com outros medicamentos. Em 10 anos, de 1995 a 2004, o ADRAC recebeu 31
relatos de uma interação suspeita dentre os 597 relatos envolvendo a eritromicina. Os medicamentos mais frequentemente relatados
nessas interações foram varfarina, estatinas, cisaprida, anticonvulsivantes e derivados do Ergot. Considera-se que a base dessas
interações seja o citocromo P4503A, particularmente 3A4 e também a glicoproteína-p, particularmente para a digoxina.
A roxitromicina é frequentemente considerada como tendo menor potencial para interações do que a eritromicina devido a sua menor
afinidade pelo CYP3A4, mas os relatos para o ADRAC sugerem de outra forma. Dos 737 relatos para roxitromicina nos últimos 10
anos, 80 foram de interações. A maioria delas foi com a varfarina, mas também há interações com anticonvulsivantes, estatinas,
digoxina e ciclosporina.
A claritromicina, um potente inibidor do CYP3A4, tem um nível similar de interações relatadas, com 18 dentre 193 relatos. Varfarina é
novamente a interação mais freqüente, além das estatinas e anticonvulsivantes.
A azitromicina é considerada como de baixa interação medicamentosa, mas dos 111 relatos recebidos desse medicamento, 6 são
de interações com ou varfarina ou tacrolimus.
Médicos que prescrevem esses medicamentos deveriam estar cientes do potencial para interações de todos os macrolídeos,
especialmente aquelas medicações conhecidas como sujeitas a interações, como a varfarina, digoxina, anticonvulsivantes, estatinas
e imunossupressores.

Dispositivos de alerta médico - Abril 2006 - ADRAC - Pacientes com condições clínicas sérias incluindo alergias, diabetes,
epilepsia, doenças cardíacas específicas, tratamento com anticoagulante oral e asma, poderiam se beneficiar do uso de um
dispositivo de identificação médica em forma de um bracelete, colar ou cartão de carteira. Exemplos de dispositivos disponíveis na
Austrália incluem 'Medic-Alert', 'Medic Tag' 'SOS Talisman' e 'Vial of Life'. Eles são impressos com uma identidade pessoal, condição
médica relevante, incluindo alergias e outros detalhes tais como medicamentos necessários ou contato médico especializado.
Pessoas com uma condição clínica séria que necessite imediata atenção médica em caso de acidentes e emergências são
encorajadas a usar ou carregar alguma forma de identificação médica.

Prometazina (Fenergan®, genéricos) - 25 de Abril 2006 - FDA - O FDA notificou os profissionais da saúde e pacientes que casos
de problemas respiratórios, alguns causando morte, têm sido relatados ao FDA quando a prometazina foi usada em crianças com
menos de dois anos de idade. Pais e atendentes de cuidados da saúde deveriam ser cuidadosos e buscar aconselhamento médico
acerca da administração da prometazina em qualquer das suas formas para crianças com menos de dois anos ou mesmo com mais
idade. As bulas de todos os produtos, nome de marca e genéricos, têm sido modificadas para incluir essas recomendações.

Bombas de infusão volumétrica Colleague® - Baxter® Healthcare Corporation - 28 de Abril 2006 - FDA - O FDA está
recomendando que todos os serviços de saúde tomem importantes cuidados de segurança quando usando as bombas de infusão
volumétrica Colleague® fabricadas pela Baxter® Healthcare Corporation. Essa bomba tem apresentado uma variedade de
problemas, incluindo baixa infusão, falha de baterias, falsos alarmes e falha em alarmar. Ao longo do último ano, a Baxter® enviou 4
notas urgentes de segurança e recalls para as bombas de infusão Colleague®.
Além das recomendações feitas pela Baxter®, o FDA fortemente recomenda as seguintes medidas: não use as bombas Colleague®
em situações onde o retardo ou interrupção do tratamento para fazer a reprogramação ou substituição de uma bomba em mau
funcionamento possa ser potencialmente fatal; tenha um plano de contingência para suavizar qualquer distúrbio na infusão do
tratamento (como uma outra bomba disponível); monitore e verifique as bombas frequentemente; relate qualquer problema tão logo
possível para a Baxter® e o órgão de vigilância de dispositivos médicos; considere avaliar outras opções para infusão de tratamento
se apenas estão disponíveis as bombas Colleague®.

NeutraGard® 0.05% e NeutraGard Plus® 0.2% Neutral Sodium Fluoride Anticavity Treatment Rinse - 28 de Abril 2006 - FDA
- A Pascal Company, Inc. está recolhendo todos os lotes dos produtos acima, os quais foram distribuídos para todo o mundo desde
2001, porque eles podem estar contaminados pelas bactérias Burkholderia cepacia e Pseudomonas aeruginosa.
A bactéria Burkholderia cepacia (B. cepacia) possui pouco risco médico para pessoas saudáveis. Entretanto, a bactéria pode afetar
indivíduos com certos problemas de saúde como comprometimento do sistema imune ou doenças pulmonares crônicas, tais como a
fibrose cística. O espectro de efeitos da B. cepacia varia de nenhum sintoma a sérias infecções respiratórias, especialmente em
pacientes com fibrose cística.
A Pseudomonas aeruginosa pode causar infecções do trato urinário, infecções do sistema respiratório, dermatites, infecções dos
tecidos moles, bacteriemia, infecções nas articulações e ossos, infecções gastrintestinais e uma variedade de infecções sistêmicas,
particularmente em pacientes com queimaduras severas, câncer ou AIDS.
Consultórios dentários e consumidores que tenham esses produtos devem descontinuar o seu uso e destruí-los ou retornar para o
local de compra para posterior processamento.

Produtos orais para limpeza intestinal contendo Fosfato de Sódio - 05 de Maio 2006 - FDA - O FDA notificou os profissionais
da saúde e consumidores de relatos de nefropatia aguda por fosfato, um tipo de insuficiência renal aguda, rara, mas um evento
adverso sério associado com o uso de fosfatos de sódio oral para limpeza intestinal. Casos documentados de nefropatia aguda por
fosfato incluíram 21 pacientes que usaram uma solução oral de fosfato de sódio e um paciente que usou tabletes de fosfato de sódio.
Indivíduos em alto risco para nefropatia aguda por fosfato incluem: aqueles com idade avançada, aqueles com doença renal prévia ou
reduzido volume intravascular e aqueles usando medicações que afetam a perfusão ou função renal (diuréticos, inibidores da enzima
de conversão da angiotensina, bloqueadores do receptor da angiotensina e possivelmente antiinflamatórios não hormonais).
Recomendações devem ser feitas aos serviços de saúde e pacientes quando escolhendo e usando produtos para limpeza intestinal.

Hidrocloreto de paroxetina (Aropax®, Paxil CR®, similares e genéricos) - 12 de Maio 2006 - FDA - A GlaxoSmithKline (GSK) e
o FDA notificaram os profissionais da saúde acerca de mudanças nas informações para prescrição dos produtos Aropax® e Paxil
CR®, relacionadas aos pacientes adultos, particularmente aqueles que são adultos jovens.
Uma meta-análise recente avaliou o comportamento e ideação suicida em ensaios clínicos controlados contra placebo do uso da
paroxetina em pacientes adultos com desordens psiquiátricas incluindo Desordem Depressiva Maior, outras depressões e desordens
não depressivas. Resultados dessa análise mostraram uma alta freqüência de comportamento suicida em adultos jovens tratados
com paroxetina comparado com placebo. Essa diferença foi estatisticamente significativa; entretanto, como o número absoluto e a
incidência de eventos são pequenos, esses dados devem ser interpretados com cautela. Todos os relatos de eventos de
comportamento suicida em pacientes adultos com Depressão Maior foram tentativas não fatais e a maioria (8 de 11) foram em
adultos jovens com idades entre 18 e 30 anos.
É importante que todos os pacientes, especialmente adultos jovens e aqueles que estão melhorando, recebam cuidadosa
monitorização durante o tratamento com paroxetina independente da condição para qual estão sendo tratados.

Ingrediente farmacêutico ativo Tacrolimus - 18 de Maio 2006 - FDA - Spectrum Laboratory Products e o FDA notificaram os
profissionais da saúde acerca do recolhimento do ingrediente farmacêutico ativo tacrolimus, uma medicação imunossupressiva usada
para prevenir rejeições de órgãos transplantados sólidos, tais como rim e coração, após detectar que alguns lotes do ingrediente têm
baixa potência. O tacrolimus da Spectrum tem sido usado por farmácias para manipulação. O uso de baixas doses de tacrolimus em
drogas manipuladas para receptores de transplantes pode levar a níveis sanguíneos não terapêuticos e um risco inaceitável de
rejeição de órgãos sólidos transplantados. Esse recall não se aplica ao tacrolimus comercializado na sua forma final (Prograf®).
Apesar de não existir no Brasil, aparentemente, especificamente o produto assinalado acima, ele foi incluído para alertar acerca dos
inúmeros ingredientes ativos comercializados para farmácias de manipulação, as quais não têm como identificar se o que estão
recebendo é o ingrediente ativo e qual o grau de pureza do sal. Os médicos deveriam aconselhar seus pacientes a não usarem
medicamentos manipulados, já que não se tem confirmação nem da pureza e nem da identidade do medicamento adquirido.

Natalizumab (Tysabri®) - 05 de Junho 2006 - FDA - O FDA notificou os profissionais da saúde sobre o retorno da comercialização,
com um programa especial de distribuição restrita do Tysabri®, um anticorpo monoclonal para o tratamento de pacientes com formas
recidivantes de esclerose múltipla. Esse medicamento foi inicialmente aprovado pelo FDA em Novembro de 2004, mas foi retirado
pelo fabricante em Fevereiro de 2005 após três pacientes, nos ensaios clínicos do medicamento, terem desenvolvido
leucoencefalopatia multifocal progressiva, uma séria infecção viral cerebral. Tysabri® estará disponível somente através do Plano de
Manejo de Risco, denominado Programa de Prescrição TOUCH. Para receberem Tysabri®, os pacientes devem conversar com seus
médicos e entenderem os riscos e benefícios do produto e concordarem com todas as instruções do Programa de Prescrição
TOUCH.

Classe medicamentosa dos inibidores da enzima de conversão da angiotensina (Inibidores ECA) - 07 de Junho 2006 - FDA
- O New England Journal of Medicine publicou um artigo relatando que bebês, cujas mães tinham tomado um inibidor da enzima de
conversão da angiotensina (inibidores da ECA) durante o primeiro trimestre da gestação, tiveram um risco aumentado de
malformações congênitas maiores, comparados com bebês que não foram expostos aos inibidores da ECA no primeiro trimestre. O
FDA aprovou recomendações em bula aconselhando a descontinuação dos inibidores da ECA tão logo quanto possível se a paciente
engravidar.
Os inibidores da ECA são rotulados de categoria gestacional C para o primeiro trimestre de gravidez e categoria D para o segundo e
terceiro trimestres. Os profissionais da saúde deveriam levar esses achados em consideração junto com outras informações acerca
da situação médica da paciente, quando prescrevendo inibidores da ECA.
Até o momento, baseado nesse estudo observacional, o FDA não planeja mudar as categorias gestacionais dos inibidores da ECA,
entretanto continuará a trabalhar junto com a Agency for Healthcare Quality and Research para identificar outras origens potenciais de
dados que ajudarão a determinar o grau de risco associado com a exposição no primeiro trimestre a essa classe de medicamentos.

Agentes de contraste contendo gadolinium para ressonância nuclear magnética (RNM) - 08 de Junho 2006 - FDA - O FDA
notificou os profissionais da saúde e consumidores que está avaliando uma importante informação de segurança acerca dos agentes
de contraste contendo gadolinium e uma doença conhecida como Fibrose Sistêmica Nefrogênica ou Dermopatia Fibrosante
Nefrogênica (FSN/DFN) que ocorre em pacientes com insuficiência renal. Novos relatos têm identificado uma possível ligação entre
FSN/DFN e exposição aos agentes de contraste contendo gadolinium usado em altas doses em exames de ressonância nuclear
magnética (RNM). O FDA tem informações de 25 casos de FSN/DFN em pacientes com insuficiência renal que receberam um agente
de contraste contendo gadolinium e foram submetidos ao exame de RNM.
O FDA esta obtendo informações adicionais acerca da FSN/DFN e está ativamente investigando se exposição ao agente de
contraste gadolinium para RNM é associada com o desenvolvimento da FSN/DFN. O FDA ainda não determinou se a exposição a
pacientes com insuficiência renal a esses produtos durante um teste de RNM causa FSN/DFN.

Reprocessamento de transdutores montados reusáveis de ultra-sonografia usados para procedimentos de biópsias - 20
de Junho 2006 - FDA - O FDA publicou uma notificação de saúde pública com respeito a limpeza adequada e esterilização de
transdutores montados reusáveis para biópsias por ultra-som (o dispositivo transdutor e acessórios associados). Se esses
dispositivos não são corretamente reprocessados entre pacientes, material residual de pacientes prévios pode contaminar a agulha
de biópsia e o guia da agulha, quando o sistema é reusado para biópsias. Isso pode determinar infecções no paciente. Portanto, a
agulha de biópsia e sua guia devem sempre ser esterilizadas. Isto deveria ser aplicado mesmo se uma barreira estéril é usada sobre
a montagem do transdutor durante o procedimento da biópsia, já que a barreira é comprometida pela penetração da agulha. A
notificação de saúde pública também fornece recomendações para limpeza dos dispositivos.

Sibutramina - 4 anos de experiência - Junho 2006 - ADRAC - Sibutramina é um inibidor da recaptação da serotonina e
noradrenalina indicado para perda de peso. Ele está disponível na Austrália desde Janeiro de 2002. Até o momento, o ADRAC tem
recebido 138 relatos (404 reações adversas) associados com o uso da sibutramina.
Reações psiquiátricas têm sido relatadas em ambos os extremos do espectro, especificamente depressão e mania. Sibutramina foi a
única medicação suspeitada em 11 dos 12 casos de depressão. O tempo de início foi relativamente curto, variando de 1 a 13 dias. A
maioria dos pacientes (11) recuperou-se após suspender a sibutramina. Os 12 relatos incluíram 2 ideações suicidas e 2 tentativas de
suicídio.
Sibutramina foi a única medicação suspeitada em 2 de 3 casos de mania. Ambos os pacientes recuperaram-se após suspender a
sibutramina. O outro evento maníaco ocorreu em um paciente com uma história de previamente bem controlada desordem bipolar.
Reações adversas do sistema cardiovascular relatadas têm incluído desordens do ritmo cardíaco, palpitações e dor torácica.
Sibutramina foi a única medicação suspeitada em 27 casos. As duas reações adversas mais sérias foram fibrilação ventricular com
parada cardíaca e infarto agudo do miocárdio. Também houve 8 relatos de hipertensão.
Síndrome serotoninérgica foi relatada em 5 casos, com tempo de início variando de 1 a 22 dias. Sibutramina foi usada com tramadol
em 2 casos, com sertralina em 1 caso e foi a única medicação em outros 2 casos.
Sibutramina não deveria ser usada em combinação com outras drogas ativas no SNC, tais como inibidores da MAO e inibidores
seletivos da recaptação da serotonina, devido a possível interação e o risco da síndrome serotoninérgica. Sibutramina não é
recomendada para uso em pacientes com uma história de doença cardíaca, já que tende a aumentar a freqüência cardíaca e a
pressão arterial.

Problemas com colóides na ressuscitação com fluidos - Junho 2006 - ADRAC - O estudo Australian and New Zealand Saline
versus Albumin Fluid Evaluation (SAFE) comparou os resultados após 28 dias da administração de solução salina ou albumina a 4%
para ressuscitação com fluidos intravascular de pacientes em unidades de tratamento intensivo. Em geral, o estudo não encontrou
benefício clinicamente significativo da albumina sobre a solução salina. Embora o estudo SAFE tenha sido desenhado como um
estudo de segurança e não indicado para examinar eficácia em subgrupos de populações, os achados sugerem que os riscos dos
colóides disponíveis, particularmente o risco de anafilaxia, deveriam ser considerados cuidadosamente.
Gelatina succinilada é um substituto plasmático coloidal usado no tratamento e prevenção da hipovolemia quase que exclusivamente
em ambientes hospitalares. Desde que foi primeiramente registrado em 1998, o ADRAC recebeu 83 relatos de reações adversas, 70
das quais foram de hipotensão e / ou reações de hipersensibilidade. Hipotensão ou reações anafilactóides foram as únicas
características listadas em 27 desses relatos, enquanto que os remanescentes 43 mencionaram sinais e sintomas consistentes com
reações anafilactóides, incluindo manifestações cutâneas (35), respiratórias (18) ou cardíacas (10). Recuperação foi documentada
em 60 desses relatos, mas um paciente morreu seguindo parada cardíaca.
O ADRAC tem recebido relatos de reações similares com outros expansores plasmáticos, tais como Haemacell®, albumina e
dextran. Em todos os casos, o número de relatos de reações anafilactóides, como uma proporção dos relatos totais, é similar a
proporção dos relatos dessas reações ocorridas com a gelatina succinilada.
Considerando que solução salina e albumina têm eficácia equivalente, a segurança dos colóides tais como as gelatinas deveriam ser
cuidadosamente consideradas na escolha inicial de ressuscitação com fluidos.

Telitromicina (Ketek®) - 29 de Junho 2006 - FDA - O FDA notificou os profissionais da saúde que completou a avaliação de
segurança da telitromicina (Ketek®), indicada para o tratamento de exacerbações agudas de bronquite crônica, sinusite bacteriana
aguda e pneumonia adquirida na comunidade de leve a moderada severidade, incluindo pneumonias causadas por estreptococos
resistentes. Esse medicamento tem sido associado com raros casos de séria lesão hepática e insuficiência hepática, com 4 relatos
de morte e um transplante de fígado, após a administração desse fármaco. O FDA determinou que avisos adicionais são necessários
e o fabricante está revisando as informações de prescrição para manifestar essa preocupação de segurança. O FDA está
aconselhando que médicos e pacientes tomando telitromicina estejam alertas para sinais e sintomas de problemas hepáticos.
Pacientes experimentando tais sinais e sintomas deveriam descontinuar a telitromicina e buscar avaliação médica, a qual deve incluir
testes de função hepática.

Tipranavir (Aptivus®) - 30 de Junho 2006 - FDA - A Boehringer Ingelheim e o FDA informaram aos profissionais da saúde de
importantes e novas informações de segurança do tipranavir (Aptivus®) cápsulas, co-administrado com ritonavir (500mg/200mg), que
inclui um quadro de advertência com respeito aos relatos de ambos fatal e não fatal hemorragia intracraniana (HIC). A Boehringer
Ingelheim identificou 14 relatos de eventos de hemorragia intracraniana, incluindo 8 mortes, em 6.840 indivíduos infectados pelo HIV-1
recebendo tipranavir em combinação de tratamento antiretroviral em ensaios clínicos.
A maioria dos pacientes que experimentou HIC no programa de desenvolvimento clínico do tipranavir tinha outras condições médicas
(lesões do SNC, trauma craniano, neurocirurgia recente, coagulopatia, hipertensão ou abuso de álcool) ou estavam recebendo
medicações concomitantes, incluindo anticoagulantes e agentes antiplaquetários, que poderiam causar ou contribuir para esses
eventos.
Nenhum padrão de parâmetros de coagulação anormal foi observado em paciente recebendo tipranavir em geral, ou precedendo o
desenvolvimento de HIC. Verificações de rotina dos parâmetros de coagulação não são atualmente indicadas no manejo de pacientes
com tipranavir. Um risco aumentado de HIC foi previamente observado em pacientes com doença HIV-1/AIDS avançada.
Investigações estão em andamento para avaliar o papel do tipranavir na HIC.

Suplementos dietéticos promovidos para melhora sexual - 13 de Julho 2006 - FDA - O FDA notificou os profissionais da saúde
e consumidores de uma advertência para não comprarem ou consumirem Zimaxx, Libidus, Neophase, Nasutra, Vigor-25, Actra-Rx, ou
4EVERON, drogas ilegais com ingredientes não declarados que são promovidos e vendidos em websites como suplementos
alimentares para tratamento de disfunção erétil e melhora da performance sexual. Esses produtos não têm sido aprovados pelo FDA
e não há garantias da sua segurança e efetividade ou da pureza dos seus ingredientes. Eles representam uma ameaça aos
consumidores porque ingredientes não declarados podem interagir com nitratos encontrados em algumas medicações de prescrição
e reduzir a pressão arterial a níveis perigosos, além de provocar danos desconhecidos.

Agonistas do receptor 5-hidroxitriptamina (Triptanos), Inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRSs), Inibidores
seletivos da recaptação da serotonina e noradrenalina (ISRNs), Síndrome serotoninérgica - 19 de Julho 2006 - FDA - O FDA
notificou os profissionais da saúde e consumidores de novas informações de segurança com respeito ao uso de medicações para o
tratamento de enxaqueca (triptanos) junto com certos tipos de antidepressivos e medicações para desordem do humor (ISRSs e
ISRNs). Uma condição clínica potencialmente fatal, chamada de síndrome serotoninérgica, pode ocorrer quando triptanos são usados
junto com um ISRS ou um ISRN.
A síndrome serotoninérgica ocorre quando há um excesso de serotonina no sistema nervoso. Cada uma das medicações acima
(triptanos, ISRSs, ISRNs) causam um aumento nos níveis da serotonina. Sintomas da síndrome serotoninérgica podem incluir
inquietação, alucinações, perda de coordenação, taquicardia, rápidas mudanças na pressão arterial, aumento da temperatura
corporal, reflexos hiperativos, náuseas, vômitos e diarréia.
Profissionais da saúde prescrevendo um triptano, ISRS ou ISRN deveriam ter em mente que triptanos frequentemente são usados
intermitentemente e ou triptanos ISRS ou ISRN podem ser prescritos por um médico diferente; deveriam pesar o risco potencial da
síndrome serotoninérgica com o benefício esperado de usar a combinação acima; discutir a possibilidade da síndrome
serotoninérgica com pacientes se um triptano e um ISRS ou ISRN for usado junto; e seguir os pacientes cuidadosamente durante o
tratamento se essa combinação for usada.

Inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRSs) e os desafios do tratamento da depressão na gestação - 19 de
Julho 2006 - FDA - O FDA notificou os profissionais da saúde e consumidores de importantes informações de dois recentes estudos
que deveriam ser considerados quando tomando decisões sobre tratamento em mulheres grávidas que estão em uso de
antidepressivos. Esses estudos incluíram mulheres grávidas que estavam sendo tratadas com inibidores da recaptação da serotonina
(ISRSs), ou em poucos casos outros medicamentos antidepressivos.
Um estudo ilustrou o risco potencial de recaída da depressão após a parada da medicação antidepressiva durante a gestação. Nesse
estudo, mulheres que pararam seus medicamentos foram 5 vezes mais prováveis de terem uma recaída da depressão durante suas
gestações do que as mulheres que continuaram a tomar seus antidepressivos enquanto grávidas.
O segundo estudo sugere que pode haver, embora raro, riscos de tomar ISRSs durante a gestação. O estudo foca-se sobre bebês
recém-nascidos com hipertensão pulmonar persistente (HPP), a qual é uma série e potencialmente fatal condição pulmonar que
ocorre logo após o nascimento. Bebês nascidos com HPP têm alta pressão em seus vasos sanguíneos pulmonares e não conseguem
captar oxigênio suficiente para a sua corrente sanguínea. Nesse estudo, HPP foi 6 vezes mais comum em bebês cujas mães tomaram
um antidepressivo ISRS após a vigésima semana de gestação do que aqueles bebês de mães que não tomaram um antidepressivo.
O estudo foi muito pequeno para comparar o risco de uma droga comparada com outra. O achado de HPP em bebês de mães que
usaram um antidepressivo ISRS na segunda metade da gestação adiciona preocupação à prévios relatos de bebês de mães
tomando ISRSs tardiamente na gestação que apresentaram irritabilidade, dificuldade de alimentação e em casos muito raros,
dificuldade de respiração.
Adicionalmente, recentemente a paroxetina denominada Paxil® adicionou informações sobre os achados de um estudo
epidemiológico que sugere que a exposição a essa droga no primeiro trimestre da gestação pode ser associada com um risco
aumentado de defeitos cardíacos ao nascer.
Mulheres que estão grávidas ou pensando em engravidar não deveriam parar qualquer medicação antidepressiva sem primeiro
consultar seus médicos. O FDA está buscando informações adicionais acerca do possível risco de HPP em bebês recém-nascidos
de mães que tomaram antidepressivos ISRS na gestação.

Bismacine®/Chromacine® - 21 de Julho 2006 - FDA - O FDA notificou os profissionais da saúde e consumidores para não usarem
um produto injetável chamado Bismacine®, também conhecido como Chromacine®. Bismacine® não é um produto farmacêutico e
não tem sido aprovado para tratar qualquer condição; entretanto, ela tem sido prescrita ou administrada por doutores de medicina
alternativa para tratar doença de Lyme.
Esse produto contém altas quantidades de bismuto, um metal pesado usado em algumas medicações tomadas por via oral para tratar
Helicobacter pylori, uma bactéria que pode causar úlceras gástricas. Entretanto, Bismacine® não é aprovada em qualquer forma para
uso injetável. O FDA está investigando um relato de morte e vários relatos de lesões relatadas pela administração da Bismacine®.
Possíveis efeitos da intoxicação por bismuto incluem colapso cardiovascular e insuficiência renal.

Peróxido de hidrogênio extra-forte - 27 de Julho 2006 - FDA - O FDA preveniu os consumidores a não comprar ou usar produtos
com peróxido de hidrogênio extra-forte, incluindo um produto comercializado como "35 Percent Food Grade Hydrogen Peroxide" para
propósitos medicinais (tratamento auxiliar para câncer e AIDS, segundo os fabricantes) porque eles podem causar sérios danos ou
morte quando ingeridos. O FDA recomenda que consumidores que estão atualmente usando peróxido de hidrogênio de alta
concentração que suspendam o uso imediatamente e consultem seus serviços de saúde.
O FDA jamais aprovou o peróxido de hidrogênio de alta concentração para ser tomado internamente e considera o peróxido de
hidrogênio na concentração de 35% perigoso, mesmo se manipulado de acordo com as orientações dos fabricantes. Peróxido de
hidrogênio extra-forte - mais do que 10x mais concentrado do que as soluções usadas em medicamentos para tratar pequenos cortes
- é altamente corrosivo. Sua ingesta pode causar irritação ou ulcerações gastrintestinais. Administração intravenosa de peróxido de
hidrogênio pode causar inflamação dos vasos sanguíneos no local da injeção, embolia gasosa e reações alérgicas potencialmente
fatais.

Composição de drogas para inalação não aprovadas - 10 de Agosto 2006 - FDA - O FDA notificou consumidores e
profissionais da saúde que RoTech Healthcare, Inc., CCS Medical e Reliant Pharmacy Services estão fabricando e distribuindo
nacionalmente (e para outros países, via comércio eletrônico) compostos de drogas inaladas não aprovadas. Esses medicamentos,
manipulados por farmacêuticos, são usados para tratar condições potencialmente fatais, tais como asma, enfisema, bronquite crônica
e fibrose cística. Esses compostos de drogas para inalação não foram revisadas pelo FDA quanto à segurança e efetividade e
frequentemente não são produzidas de acordo com as boas práticas de fabricação, o que pode expor os pacientes a riscos
desnecessários. O FDA encoraja os consumidores usando medicamentos inalados que discuta suas medicações com seus médicos
e verifiquem com seus farmacêuticos se as medicações que eles estão recebendo são aquelas prescritas pelos seus médicos. O
FDA recomenda aos pacientes usarem apenas os medicamentos aprovados pelo FDA sempre que possível.

Sulfato de dextroanfetamina (Dexedrine®) - 21 de Agosto 2006 - FDA - O FDA e a GlaxoSmithKline notificaram os profissionais
da saúde de mudanças nas informações de prescrição da Dexedrine®, aprovado para tratamento da desordem do déficit de atenção
- hiperatividade e narcolepsia. As advertências descrevem relatos de morte súbita em associação com tratamento com estimulantes
do sistema nervoso central em doses usuais, em crianças e adolescentes com anormalidades cardíacas estruturais ou outros
problemas cardíacos sérios.

Osteonecrose de maxilares com bifosfonados - Agosto 2006 - ADRAC - O ADRAC tem previamente chamado atenção para o
problema da osteonecrose de maxilares (maxila ou mandíbula) ocorrendo no contexto do tratamento com bifosfonados. Casos
adicionais têm sido publicados e até Junho de 2006, o ADRAC recebeu 106 relatos desses casos.
Uma revisão recente de 368 casos publicados de osteonecrose de mandíbula encontrou que 94% envolviam pacientes com mieloma
múltiplo ou metástases ósseas que estavam recebendo bifosfonados por via intravenosa. Uma pequena proporção, entretanto,
envolveu pacientes recebendo bifosfonados por via oral para osteoporose (alendronato, risedronato, clodronato e ibandronato). Essa
revisão também indicou que 60% dos casos foram precedidos por um procedimento cirúrgico dentário, usualmente extração dentária.
Os profissionais da saúde deveriam estar atentos para as características clínicas dessa condição, em pacientes usando bifosfonados,
as quais incluem sensação local alterada (hiperestesia ou hipoestesia), dor maxilofacial, "dor de dente", perda dentária, exposição
óssea na cavidade bucal, infecção dos tecidos moles da cavidade bucal persistente ou recorrente e marcado mau hálito.
Pacientes em uso de bifosfonados, ou antes de iniciarem o seu uso, devem fazer uma revisão dentária e informar aos seus dentistas
que estão ou usarão essa classe de medicamentos.

Redução da dose de heparina de baixo peso molecular (enoxaparina - Clexane®) em doença renal crônica - Agosto 2006 -
ADRAC - Embora as heparinas de baixo peso molecular (LMWH) sejam uma alternativa conveniente e efetiva às heparinas não
fracionadas, é importante lembrar que as LMWH tais como a enoxaparina também têm riscos associados. As LMWH têm uma meia
vida mais longa que as heparinas não fracionadas, seu efeito anticoagulante não é rotineiramente monitorado e seus efeitos são
difíceis de reverter em casos de sangramento. O clearance da enoxaparina é reduzido na doença renal crônica, logo a dose de
enoxaparina deveria ser diminuída nessa situação.
Em 2005-2006, o ADRAC recebeu 10 relatos de morte associados com hemorragia após o uso da enoxaparina, trazendo o total para
46 casos desde 1997. Em 3 dos relatos recebidos em 2005, pacientes com doença renal crônica receberam doses inapropriadas.
Dois dos relatos também implicaram uma dose incorreta para o peso do paciente. Outros fatores de risco incluíram o uso de outros
anticoagulantes, idade (neonatos, crianças e idosos), gestação e pesos extremos (< 40Kg ou > 100Kg).
Antes de iniciar o tratamento com uma LMWH, a função renal do paciente deve ser avaliada. Em pacientes com doença renal crônica
severa (TFG < 30mL/min), necessitando de doses terapêuticas de anticoagulante, a dose de enoxaparina deveria ser reduzida de 1
mg/kg 2x ao dia ou 1,5 mg/kg 1x ao dia para 1 mg/kg 1x ao dia. Uma alternativa é usar heparina não fracionada com dose
monitorizada pelo KTTP. Da mesma forma, em pacientes com função renal instável ou em deterioração, heparina não fracionada é
preferida. Quando há um risco alto de sangramento, tais como no período pós-operatório, heparina não fracionada é preferida, desde
que rápida e completa reversão da anticoagulação pode ser obtida. Se há uma alta probabilidade de procedimento cirúrgico nos
próximos 5 dias (incluindo angioplastia coronariana), heparina não fracionada com monitorização usual do KTTP é recomendada.

Discrasias sanguíneas potencialmente fatais com terbinafina oral (Lamisil®) - Agosto 2006 - ADRAC - Terbinafina oral
(Lamisil®) é indicado para infecções fúngicas cutâneas severas, não responsivas ao tratamento tópico, e onicomicose em adultos. Os
médicos deveriam estar cientes que há três sérias reações, embora raras, associadas com terbinafina oral - desordens leucocitárias,
reações cutâneas severas e grave hepatotoxicidade. Essas reações não têm sido relatadas com as formas tópicas da terbinafina.
O ADRAC já havia avisado os profissionais da saúde sobre a associação da terbinafina oral e discrasias sanguíneas em Outubro de
2004. O ADRAC recebeu desde lá 16 relatos de discrasias leucocitárias com terbinafina oral, incluindo agranulocitose (7),
neutropenia (7) e pancitopenia (2) de um total de 663 relatos.
O tempo de início dessas reações ocorre entre 4 a 6 semanas, usualmente com sinais de infecção. A recuperação é geralmente
rápida seguindo a suspensão da terbinafina e apropriado tratamento. A recuperação foi documentada em 11 dos 16 pacientes,
embora em um caso uma mulher com 79 anos de idade que desenvolveu agranulocitose após cerca de 2 meses do início da
terbinafina, morreu de choque séptico apesar do tratamento com antibióticos e GCSF. Outra característica desses relatos é a
severidade da neutropenia. Nos 12 casos quando os valores foram relatados, eles variaram de 0,0 a 0,9 x 109/L.
Pacientes tomando terbinafina por mais de um mês deveriam ser avisados para estarem alertas para qualquer sintoma de possível
infecção/neutropenia, tais como febre, dor de garganta ou úlceras bucais. Hemograma completo imediato deveria ser conferido se
aparecerem sintomas, já que um retardo no diagnóstico é provável que seja associado com um aumento na morbidade e mortalidade.

Formoterol e dipropionato de beclometasona em combinação fixa com tecnologia Modulite hidrofluoralcano - 29 de Agosto
2006 - EMEA - A Chiesi Farmaceutici S.p.A. anunciou que foi recebida a aprovação na Alemanha para o medicamento FOSTER®,
uma nova combinação fixa do formoterol e dipropionato de beclometasona usando a tecnologia Modulite® HFA (hidrofluoralcano),
para o tratamento regular da asma. Um Procedimento de Reconhecimento Mútuo (MRP) está planejado para submissão em vários
Estados membros da União Européia.
O Foster® apresentado como inalador dosimetrado é uma combinação fixa do formoterol e beclometasona desenvolvida no sentido
de garantir uma deposição pulmonar otimizada, devido as características da tecnologia Modulite® e a formulação extrafina, com uma
conseqüente redução na dosagem do componente esteróide (beclometasona) e uma melhora esperada na razão risco/benefício.
Um extenso programa de ensaios clínicos com Foster® tem sido realizado, confirmando a eficácia e tolerabilidade em pacientes com
asma moderada a severa. Estudos comparativos com outras combinações fixas comercializadas têm sido conduzidos e os resultados
chaves confirmam que o Foster® é dotado de eficácia comparável.
A tecnologia Modulite®, desenvolvida pela Chiesi, já tem obtido importante sucesso na reformulação do tratamento principal da asma
e DPOC, tanto com os beta2-agonistas de longa ação quanto com os corticosteróides. Adicionalmente, essa tecnologia tem
contribuído para posicionar a Chiese como parceira nos produtos respiratórios com as principais companhias farmacêuticas, tais
como a GSK e a Novartis.

Suplementos dietéticos contendo alcalóides da efedrina - 22 de Agosto 2006 - FDA - O FDA informou aos consumidores e
profissionais da saúde que todos os suplementos dietéticos contendo alcalóides da efedrina são ilegais para comercialização nos
EUA. Suplementos dietéticos contendo alcalóides da efedrina, independentemente da dosagem, são considerados adulterados e
possuem um risco inaceitável de doença ou lesões em usuários, especialmente aqueles sofrendo de doença cardíaca e pressão
arterial elevada. O FDA conduziu uma exaustiva avaliação dos dados científicos relevantes sobre as evidências dos alcalóides da
efedrina antes de publicar essa decisão em uma regra final em 2004.
No Brasil, são encontradas algumas ervas (como o Ma-Huang de origem Chinesa) e compostos manipulados contendo alcalóides de
efedrina, mas é provável que uma parcela de aquisição de suplementos dietéticos contendo efedrina ocorra via internet.

Ibuprofeno e Aspirina® tomadas juntas - 08 de Setembro 2006 - FDA - O FDA notificou consumidores e profissionais da saúde
que o uso do ibuprofeno para alívio da dor e aspirina ao mesmo tempo pode interferir com os benefícios da aspirina tomada como
antiagregante plaquetário. O ibuprofeno pode interferir com o efeito antiplaquetário de baixa dose da aspirina (81 mg / dia), tornando
a aspirina menos efetiva quando usada para cardioproteção e prevenção de acidente vascular encefálico. Embora ibuprofeno e
aspirina possam ser tomadas concomitantemente, o FDA recomenda que os consumidores contatem seus profissionais dos serviços
de saúde para mais informações sobre o momento de quando tomar esses dois medicamentos, de forma que ambas as drogas
possam ser efetivas.

Norelgestromin/etinil estradiol (Ortho Evra®, Evra®) 20 de Setembro 2006 - FDA - A Ortho-McNeil e o FDA notificaram os
profissionais da saúde e pacientes acerca da revisão das informações para prescrição em função de dois estudos independentes
que avaliaram o risco de desenvolvimento de trombose vascular em mulheres usando esse produto em adesivo cutâneo comparado
com mulheres usando um anticoncepcional oral diferente. O primeiro estudo encontrou que o risco de tromboembolismo não fatal
associado com esse produto era similar ao risco associado com o uso de pílulas anticoncepcionais contendo 35 microgramas de
etinil estradiol e norgestimate. O segundo estudo encontrou um aumento de 2x no risco de tromboembolismo, verificado por médico,
em usuárias do Evra® comparado com usuárias de anticoncepcionais orais contendo norgestimate e 35 microgramas de estrógeno.
Embora os resultados dos dois estudos sejam diferentes, o resultado do segundo estudo suporta o conselho do FDA com respeito ao
uso potencial do Evra® em aumentar o risco de trombose vascular em algumas mulheres.
As informações para prescrição do Evra® continuam a recomendar que mulheres com preocupações ou fatores de risco para
doença tromboembólica conversem com seus profissionais da saúde a respeito de usar Evra® versus outras opções de
contraceptivos.

Bevacizumab (Avastin®) - 25 de Setembro 2006 - FDA - A Genentech e o FDA notificaram os profissionais da saúde acerca de
revisões nas informações para prescrição no sentido de alertar para 1) casos de uma rara síndrome de quebra da barreira
hematoencefálica (síndrome de leucoencefalopatia posterior reversível [RPLS]) e 2) relatos pós-marketing de perfuração do septo
nasal.
A RPLS é uma desordem neurológica associada com hipertensão, retenção de líquidos e efeitos citotóxicos de drogas
imunossupressivas sobre o endotélio vascular. A síndrome pode apresentar cefaléia, crises convulsivas, letargia, confusão, cegueira e
outros distúrbios visuais e neurológicos. Moderada a severa hipertensão pode estar presente, mas não é necessária para o
diagnóstico. O início dos sintomas tem sido relatado ocorrer de 16hs para até 1 ano após início do Avastin®. Ressonância nuclear
magnética é necessária para confirmar o diagnóstico.

Lamotrigina (Lamictal®) - 29 de Setembro 2006 - FDA - O FDA notificou os profissionais da saúde e pacientes de novas
informações preliminares do North American Antiepileptic Drug Pregnancy Registry que sugere que bebês expostos ao lamictal®,
indicado para tratamento de crises convulsivas e desordem bipolar, durante os três primeiros meses da gestação podem ter uma alta
chance de nascerem com fenda labial ou fenda palatina. Mais pesquisas são necessárias para assegurar a possibilidade de aumento
da chance de fenda labial ou fenda palatina em bebês de gestantes que recebem Lamictal®. Mulheres que estão usando Lamictal® e
estão grávidas ou pensando em engravidar deveriam consultar seus médicos. Pacientes não deveriam parar ou iniciar Lamictal® sem
falar com seus médicos.

Cuidado com associações de drogas - Outubro 2006 - ADRAC - O ADRAC tem previamente prevenido os médicos acerca do
"triplo efeito" - a combinação de um inibidor da ECA ou um antagonista do receptor da angiotensina II (ARAII), um diurético e um
antiinflamatório não hormonal (AINH) (incluindo os AINH seletivos COX-2), os quais podem predispor pacientes vulneráveis à
insuficiência renal.
Os fatores de risco incluem idade avançada, comprometimento renal pré-existente e desidratação. Em 2005, o ADRAC recebeu 21
relatos de insuficiência renal em pacientes que foram expostos ao triplo azar. Em vários casos, os fatores precipitantes incluíram
doença aguda, desidratação, toxicidade à digoxina ou recente adição de um AINH a um paciente que já estava usando um inibidor da
ECA ou um ARAII e um diurético.
Deve-se lembrar que atualmente há muitas combinações disponíveis que contem ambos inibidor da ECA ou um ARAII e um diurético.
O ADRAC aconselha que os médicos evitem essa tripla combinação quando possível. Entretanto, se essas drogas são necessárias,
os médicos deveriam ficar alertas para situações como doenças agudas, desidratação ou início de um AINH, as quais podem
predispor os pacientes usando essa combinação para insuficiência renal e avisar os pacientes a procurarem aconselhamento médico
durante tais episódios.

Leflunomida (Arava®) e neuropatia periférica - Outubro 2006 - ADRAC - A leflunomida é uma pró-droga anti-reumática
modificadora da doença, com propriedades imunossupressoras. Está disponível na Austrália (e Brasil) desde 2000 para o tratamento
da artrite reumatóide ativa.
Até o momento, o ADRAC tem recebido 659 relatos associados com leflunomida, 30 dos quais descrevem neuropatia ou neuropatia
periférica. Leflunomida foi a única droga suspeitada em 24 desses casos. As idades variaram de 33 a 90 anos. A dose diária foi de
20mg em 24 casos, 10mg em 1, 30 mg em 1 e não definida nos restantes. O tempo de início variou de 2 semanas a 20 meses.
A maioria dos relatos descreveu início insidioso de alterações sensoriais tais como entorpecimento, hipoestesia, paraestesia ou
sensação de queimação afetando os pés e (em poucos casos) as mãos. Achados clínicos variadamente incluíram redução da
sensibilidade superficial e profunda, redução da sensibilidade vibratória distalmente e casos de redução ou ausência de reflexos
tendinosos.
Recuperação foi documentada após suspensão da leflunomida em 6 pacientes, 3 dos quais foram tratados com colestiramina (a qual
reduz a eliminação do metabólito ativo da leflunomida de mais do que uma semana para cerca de um dia). Ao tempo do relato, 15
pacientes não tinham recuperado e os resultados dos demais não são conhecidos.
A associação temporal da leflunomida com neuropatia periférica e recuperação após descontinuação sugere uma relação causal. As
características clínicas lembram a neuropatia periférica sensorial atribuível ao componente vasculítico da própria doença reumatóide.
Assim sendo, a associação pode ser difícil de reconhecer, mas os médicos deveriam considerar a possibilidade da leflunomida em
pacientes que reclamam de problemas sensoriais nos pés, porque em tais casos, a condição é potencialmente reversível se a droga
for suspensa.

Ezetimibe (Ezetrol®, Zetia®) e depressão - Um possível sinal - Outubro 2006 - ADRAC - O ezetimibe foi registrado na Austrália
em Junho de 2003 para tratamento da hipercolesterolemia. Desde então, o ADRAC tem recebido 265 relatos de reações adversas
suspeitas associadas com o uso dessa droga. Dentre os relatos, 12 descrevem depressão (9) ou humor deprimido (3) em pacientes
com idades entre 60 e 82 anos. Em todos os casos, ezetimibe foi a única droga suspeita. Uma característica incomum foi o rápido
início dos sintomas - dentro de 4 dias em 7 relatos e entre 4 a 7 semanas em outros 3. Em um relato, os sintomas melhoraram após a
dose ser reduzida de 10mg para 5mg/dia e outro relato descreveu exacerbação de depressão pré-existente após a segunda dose.
Em 5 pacientes, os sintomas melhoraram após a suspensão do ezetimibe e retornaram após nova tentativa de uso. Um desses dois
casos documentados de recidiva ocorreu com tempo idêntico de início e observou-se ideação suicida após o uso continuado do
ezetimibe. Adicionalmente aos 5 relatos de reativação após uso do ezetimibe, 4 pacientes se recuperaram após cessar a droga e um
paciente necessitou o uso de medicação antidepressiva depois de suspender o ezetimibe.
Relatos de depressão ou humor deprimido, como uma proporção do total dos relatos recebidos, são maiores para ezetimibe (4,5%)
do que para outras agentes hipolipidêmicos: 3% para pravastatina e simvastatina; 2,4% para atorvastatina e fluvastatina; 1,9% para
gemfibrozila e para o banco de dados como um todo.
As informações dos produtos contendo ezetimibe não mencionam depressão como um achado em ensaios clínicos. Claro que
depressão ocorre comumente por outras causas. Entretanto, o padrão de relatos sugere uma possível associação causal entre
ezetimibe e depressão, particularmente em indivíduos idosos na fase inicial de tratamento, quando cuidadosa monitorização é
aconselhável. O ADRAC continuará a monitorar os relatos de depressão em associação com ezetimibe.