Eduardo Bolsonaro, filho do novo presidente da República, não parece satisfeito com o cargo de deputado federal. Depois da eleição do pai, ele tem se empenhado em externar suas vontades em todos os campos da administração pública.
Por isso, nos bastidores do poder, em Brasília, já é chamado de "príncipe regente".
Nesta quinta-feira, ele publicou no Twitter mensagens em que defende a Ditadura Militar e critica os livros didáticos que apresentam a verdade histórica.
Afirmou:
- Se continuarmos no nosso marasmo os livros escolares seguirão botando assassinos como heróis e militares como facínoras. (...) Os militares saíram em 1985 e até hoje vejo matérias na imprensa mentido sobre o que foi aquele período, só p/ enaltecer a PTzada".
Na verdade, o deputado desconsidera centenas de estudos acadêmicos e farto material jornalístico que provam as atrocidades cometidas pelos militares que tomaram o poder por meio de um golpe, em 1964.
Segundo as comissões da verdade, mais de 200 mil brasileiros foram perseguidos durante os 21 anos de vigência do regime de terror.
Foram prisões arbitrárias, sessões de torturas, estupros e assassinatos. Oficialmente, 434 brasileiros foram mortos pelas forças de repressão. Entre os presos e torturados há dezenas de crianças, como prova o livro "Infância Roubada". Link abaixo.
O deputado Bolsonaro, um amante de armas, segue a visão extravagante de seu pai acerca do regime de exceção. Em diversas entrevistas, o capitão reformado afirmou que a "Ditadura matou pouco" e defendeu a prática da tortura.
Pai e filho consideram que a manifestação da verdade histórica se constituiu em doutrinação comunista.
No processo de desconstrução dos métodos educativos baseados no humanismo e nas relações solidárias, o governo de extrema-direita publicou no dia 2 de janeiro um edital que orienta a publicação de livros escolares.
Nesta versão, suprimiu exigências como o compromisso com a agenda da não violência contra as mulheres e a promoção das culturas quilombolas e dos povos do campo. Também eliminou a exigência de referências bibliográficas.
A repercussão foi tremendamente negativa e o Ministério da Educação decidiu anular a nova versão do edital. Procurando safar-se da responsabilidade, o ministro colombiano Ricardo Vélez-Rodriguez afirmou que o polêmico documento era obra da gestão Temer.
SÃO PAULO - Os cabelos acastanhados desciam pelas costas estreitas até a cintura. Eram a expressão de vaidade da menina Zuleide Aparecida do Nascimento, de quatro anos. E uma das poucas coisas — além de uma boneca de plástico — que Zuleide supunha lhe pertencer quando foi presa por agentes da ditadura militar, em 1970. Talvez por isso a lembrança do corte de cabelo forçado que sofreu no Juizado de Menores seja uma das mais marcantes memórias de Zuleide
Zuleide e os irmãos de 2, 6 e 9 anos foram “capturados” no Vale do Ribeira, onde sua família se engajara na luta armada contra o regime. Ali, Carlos Lamarca comandava quadros da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Quando o grupo foi preso, as crianças também o foram.
Acabaram fotografadas (Zuleide, na imagem acima, à esquerda, já com o cabelo cortado), fichadas e tachadas como “miniterroristas” no temido Dops (Departamento de Ordem Política e Social). E foram banidas do Brasil. Ao lado de 40 presos políticos, embarcaram em um avião em direção à Argélia, e depois a Cuba, em uma negociação da esquerda com o governo militar que envolveu o sequestro do então embaixador alemão Ehrenfried von Holleben. O retorno de Zuleide ao Brasil só seria possível 16 anos mais tarde.
— Sou uma pessoa sem identidade. Fui alfabetizada em espanhol. Meus documentos foram cassados, nem sei que dia nasci. Me sinto mais cubana do que brasileira — diz.
"Infância roubada"
A história de Zuleide e de outras 39 pessoas que hoje têm entre 40 e 60 anos e foram crianças durante o regime militar estão contadas no livro “Infância roubada”, recém-lançado pela Comissão da Verdade do Estado de São Paulo Rubens Paiva. O material é uma tentativa de rememorar, a partir dos relatos das vítimas, como o Estado militar tratou os filhos de seus inimigos. São narrativas inéditas de um dos trechos menos conhecidos da história nacional. Em pouco mais de 300 páginas, ilustradas com fotografias e documentos históricos, há depoimentos e contextualizações dos casos.
“Infância roubada” tem valor historiográfico por sugerir um certo padrão de tratamento dispensado pelos militares às crianças. Além de serem banidas, ficaram presas com os pais, participaram de sessões de tortura das mães, como espectadores ou como alvos das sevícias. E tiveram a própria existência ameaçada.
É o que relata Paulo Fonteles Filho, nascido em 1972, em um hospital militar. Seus pais foram presos por atividades comunistas. Fonteles conta que o pai assistiu a torturas da mãe, Hecilda, grávida de cinco meses. Antes do nascimento da criança, os agentes teriam dito a ela que “filho dessa raça não deve nascer”.
Depois do parto, os militares teriam demorado a entregar o bebê para a família de Hecilda porque não encontravam algemas que coubessem nos pulsos do recém-nascido. “Eles deviam me achar bastante perigoso!”, ironizou Fonteles em seu depoimento.
Zuleide partilha com Fonteles a mesma impressão:
— Tratavam-nos como se o comunismo fosse uma doença hereditária, sem cura. Como se fosse uma praga que pudesse se espalhar pela sociedade. Éramos um risco.
Bebês entregues a famílias da elite militar
Apesar das semelhanças entre os regimes militares brasileiro e argentino, as narrativas sugerem uma diferença fundamental entre eles no tratamento dispensado às crianças. Se, na Argentina, os militares entendiam os filhos de inimigos como uma espécie de riqueza nacional, uma matéria bruta valiosa a ser moldada para a construção da sociedade que desejavam, no Brasil, o Estado, de inspiração fortemente positivista, foi para o lado oposto.
As argentinas presas grávidas eram tratadas com cuidado até o nascimento da criança. Casos de aborto eram raros e acidentais. Depois de nascidos, os bebês eram entregues a famílias da elite militar ou a seus apoiadores. O resultado foi mais de 500 crianças sequestradas e adotadas ilegalmente.
Já as forças repressivas brasileiras parecem ter revivido uma inspiração lombrosiana. O cientista italiano Cesare Lombroso fez sucesso entre a polícia nacional nos séculos XIX e XX ao defender que características físicas hereditárias — tais como o formato da orelha — eram capazes de predizer se um sujeito era louco ou bandido.
Ao tratar o comunismo quase como doença congênita, os militares parecem ter flertado com a estapafúrdia teoria. Esta hipótese, discutida por especialistas, ainda demanda estudos mais profundos para ser comprovada ou descartada. A tarefa deve ser facilitada quando forem publicados os relatórios das comissões da verdade em curso.
— Conforme o tempo passava, os agentes diminuíram a agressividade no interrogatório. Intuí que meu pai já estava morto — conta.
Sua prisão, o desaparecimento do pai e o sofrimento contínuo da mãe marcaram sua vida:
— Nunca tinha conseguido contar tudo sobre a prisão. Nem para marido, nem para terapeuta. Mas, aos 59 anos, quero resolver algumas coisas. Falar pode ajudar.
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ASSIM COMO QUEIROZ E FAMÍLIA, FLÁVIO BOLSONARO TAMBÉM NÃO VAI DEPOR
Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) avisou hoje em seu Facebook que não vai depor no Ministério Público do Rio de Janeiro nesta quinta-feira, 10, sobre a movimentação suspeita de R$ 1,28 milhão de seu ex-assessor Fabricio Queiroz; senador eleito disse que "não é investigado" e "não teve acesso aos autos" para justificar a ausência no depoimento; com nenhum dos envolvidos no bolsogate prestou algum esclarecimento sobre o caso; nesta semana, tanto Queiroz quanto Márcia Aguiar, Nathalia Melo de Queiroz e Evelyn Queiroz, respectivamente esposa e filhas, também não compareceram ao depoimento marcado no MP-RJ
10 DE JANEIRO DE 2019
247 - O deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) avisou em seu Facebook que não vai depor no Ministério Público do Rio de Janeiro nesta quinta-feira, 10, sobre o caso das movimentações atípicas de seu ex-assessor Fabricio Queiroz, detectatadas pelo Coaf.
O senador eleito disse que não teve "acesso aos autos" e se comprometeu a "agendar dia e horário para apresentar os esclarecimentos" assim que se informar melhor sobre os fatos.
"Como não sou investigado, ainda não tive acesso aos autos, já que fui notificado do convite do MP/RJ apenas no dia 7/Jan, às 12:19. No intuito de melhor ajudar a esclarecer os fatos, pedi agora uma cópia do mesmo para que eu tome ciência de seu inteiro teor", disse Flávio.
"Ato contínuo, comprometo-me a agendar dia e horário para apresentar os esclarecimentos, devidamente fundamentados, ao MP/RJ para que não restem dúvidas sobre minha conduta. Reafirmo que não posso ser responsabilizado por atos de terceiros, como parte da grande mídia tenta, a todo custo, induzir a opinião pública", acrescenta.
Com a ausência de Flávio Bolsonaro, nenhum dos envolvidos no bolsogate prestou algum esclarecimentos sobre o R$ 1,28 milhão identificados pelo Coaf em movimentações suspeitas na conta de Fabricio Queiroz. Nesta semana, tanto Queiroz quanto Márcia Aguiar, Nathalia Melo de Queiroz e Evelyn Queiroz, respectivamente esposa e filhas, não compareceram ao depoimento marcado no MP-RJ.
De acordo com o advogado da família, todas mudaram-se para São Paulo, onde ficarão até o final do tratamento médico de Queiroz, que foi submetido a cirurgia no hospital Albert Einstein para retirada de tumor (leia mais).
Gleisi participa nesta semana da posse do presidente da Venezuela e rechaça o intervencionismo e a posição agressiva do atual governo brasileiro contra o país
09/01/2019 15h58
PT no Senado
Gleisi Hoffman
1. Para mostrar que a posição agressiva do governo Bolsonaro contra a Venezuela tem forte oposição no Brasil e contraria nossa tradição diplomática.Estarei em Caracas esta semana participando da posse de Maduro:
2. Para deixar claro que não concordamos com a política intervencionista e golpista incentivada pelos Estados Unidos, com a adesão do atual governo brasileiro e outros governos reacionários. Bloqueios, sanções e manobras de sabotagem ferem o direito internacional, levando o povo venezuelano a sofrimentos brutais.
3. Porque é inaceitável que se vire as costas ou se tente tirar proveito político quando uma nação enfrenta dificuldades. Trata-se de um país que tem relações diplomáticas e comerciais importantes com o Brasil. Impor castigos ideológicos aos venezuelanos também resultará em graves problemas imigratórios, comerciais e financeiros para os brasileiros.
4. Porque o PT defende, como é próprio da melhor história diplomática de nosso país, o princípio inalienável da autodeterminação dos povos. Nossa Constituição se posiciona pela não-intervenção e a solução pacífica dos conflitos. Os governos liderados por nosso partido sempre foram protagonistas de mediações e negociações para buscar soluções pacíficas e marcadas pelo respeito à autonomia de todas as nações.
5. Porque somos solidários à posição do governo mexicano e de outros Estados latino-americanos que recusaram claramente a posição do chamado Grupo de Lima, abertamente alinhada com a postura belicista da Casa Branca.
6. Porque reconhecemos o voto popular pelo qual Nicolas Maduro foi eleito, conforme regras constitucionais vigentes, enfrentando candidaturas legítimas da oposição democrática.
7. Em qualquer país em que os direitos do povo estiverem ameaçados, por interesses das elites e dos interesses econômicos externos, o PT estará sempre solidário ao povo, aos que mais precisam de apoio. O respeito à soberania dos países e a solidariedade internacional são princípios dos quais não vamos abrir mão.