Jornalista da Globo compartilha clique raro ao lado da esposa
Na foto, as duas posam juntas durante uma viagem romântica
Por
O Dia
Rio - A jornalista da
GloboNews, Leilane Neubarth, compartilhou um clique raríssimo ao lado
da companheira, Isabela Bellenzani, diretora-executiva da TV Globo. Na
foto, publicada por ela no Instagram, as duas aparecem em um jardim
florido durante uma viagem romântica.
"Nada como ter ao lado a melhor companhia... tudo
fica mais bonito e divertido! Obrigada por todas as viagens", declarou
ela na legenda da imagem.
Segundo representante da Associação
Brasileira de Juristas pela Democracia, ministro incorreu em abuso de
autoridade, improbidade administrativa, prevaricação e formação de
quadrilha. Ato hoje em São Paulo protesta contra a atuação do ministro
Moro: crimes estão relacionados com a forma como o
ex-juiz conduziu e interferiu nas investigações da operação para depois
julgar e prejudicar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
impedindo-o de participar das eleições
São Paulo – A atuação do ex-juiz e atual
ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, na operação Lava
Jato envolve quatro crimes. É o que afirma a juíza do Trabalho e
integrante da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD)
Raquel Braga, que divulgou hoje (19) vídeo sobre o tema em sua página no
Facebook.
Raquel explica que esses crimes estão
relacionados com a forma como o ex-juiz conduziu e interferiu nas
investigações da operação para depois julgar e prejudicar o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, impedindo-o de participar das
eleições presidenciais do ano passado.
“O primeiro crime é o abuso de autoridade,
quando testemunhas são conduzidas coercitivamente, como no caso do
Lula, sem o convite, sem intimação e não se negam a depor”, diz Raquel.
O outro crime que deve ser apurado, segundo ela, é o de improbidade administrativa.
O funcionário público e o agente político, como é o caso do Moro, não
pode do seu ato de ofício auferir vantagens. “Moro, com o processo
contra o Lula, eivado de nulidades, o afastou das eleições. E Bolsonaro
eleito, escolhe Moro como ministro da Justiça e promete a ele um cargo
para o Supremo Tribunal Federal”, afirma.
Outro crime, ainda, é o de prevaricação.
“No caso João Santana, Moro retarda a denúncia do Ministério Público,
deixando as peças sob o seu controle, sem enviar para o Supremo Tribunal
Federal”, diz a juíza.
E, por fim, também a ser investigada é a formação de quadrilha,
com a constituição de uma instituição que inicialmente tinha capa de
viés pedagógico, mas no fim almejava auferir lucros. “Portanto, a cada
vazamento, essa questão de palestras, de pagamentos se torna mais
grave”, alerta Raquel.
A edição do vídeo faz parte da estratégia de divulgação da campanha #MoroMente,
lançada pela ABJD para chamar a sociedade brasileira para discutir
sobre o comportamento ilegal do ministro, como também dos procuradores
do Ministério Público Federal que atuaram na operação. Na noite desta
segunda-feira, a associação realiza ato de protesto contra o ministro, na Faculdade de Direito da USP, em São Paulo.
Congressistas da Câmara e do Senado estudam a
possibilidade de pedir a prisão preventiva do ministro da Justiça,
Sérgio Moro, junto ao Supremo Tribunal Federal (STF). Eles alegam que
Moro pode utilizar o aparato estatal para destruir provas que o
incriminem, informou o Blog do jornalista Esmael Morais. Enquanto for
ministro, somente o Supremo Tribunal Federal pode decretar sua prisão.
Além disso, as últimas revelações do jornalista Glenn Greenwald
mostram que o juiz da Lava Jato mentiu durante audiência judicial. Ele
afirmou ao réu que não não tinha nada a ver com a acusação, que apenas
julgava, que o réu seria respeitado.
O cientista político Alberto Carlos de Almeida, autor do Livro “A
cabeça do brasileiro” escreveu no Twitter que existem elementos
suficientes para a prisão preventiva do ex-juiz Sérgio Moro. “Neste
momento, ele pode estar destruindo as provas”. A defesa de Lula também estuda
medidas cautelares contra o ex-juiz Sérgio Moro, pois, segundo
dirigentes petista, estão presentes os requisitos para a decretação da
prisão preventiva do ministro da Justiça pelo STF. E mais:
O ministro da Justiça, Sérgio Moro, em entrevista ao Estadão, desafiou o Intercept
a publicar novas matérias sobre a perseguição política e ideológica a
Lula. “Publiquem tudo se quiserem”, provocou o ex-juiz, que logo no
início da noite desta sexta obteve a resposta com mais uma “bomba”
lançada pelo site fundado pelo jornalista Glenn Greenwald.
“Temos áudios deles [Moro e procuradores da Lava Jato] em aplicativos como WhatsApp e Telegram”, adiantou Greenwald. (Veja mais)
Reportagem do UOL traça o perfil do ex-capitão do Bope Adriano
Magalhães da Nóbrega, acusado de ser o chefe do “Escritório do Crime”, a
milícia que comanda a zona oeste do Rio de Janeiro; foi na PM que
Nóbrega fez amizade com Fabrício de Queiroz, o ex-assessor do senador
Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), apontado como o operador do clã Bolsonaro; em
2005, Adriano chegou a ser homenageado por Flávio Bolsonaro com a
Medalha Tiradentes, a mais alta honraria da Assembleia Legislativa; na
época, ele estava preso sob acusação de homicídio; Escritório do Crime é
suspeito de participar das mortes da vereadora Mariele Franco e do
motorista Anderson Gomes
Homenageado pelo então
deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL), o ex-PM Adriano Magalhães da
Nóbrega é acusado pelo Ministério Público de ser o chefe do “Escritório
do Crime”, grupo de matadores de aluguel que tem como clientes
preferenciais chefes do jogo do bicho carioca, e que comanda a zona
oeste do Rio de Janeiro.
Membros do Escritório do
Crime são suspeitos de envolvimento no atentado que resultou nas mortes
da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 14 de
março de 2018.
Os jornalistas Flávio Costa e Sérgio Ramalho, do UOL,
escreveram o perfil de Adriano e lembram que foi na Polícia Militar que
Adriano da Nóbrega fez amizade com Fabrício de Queiroz, que trabalhou
como ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), suspeito de
arrecadar salários dos funcionários do clã Bolsonaro. Por indicação de
Queiroz, a mãe e a mulher de Capitão Adriano foram trabalhar no gabinete
do filho mais velho do presidente da República, Jair Bolsonaro.
Os relatos ouvidos pela
reportagem e documentos de seu processo de expulsão da PM classificam
Capitão Adriano como “caçador de gente”. Ele pode passar dias isolado em
meio à Floresta da Tijuca ou, em busca de aprimoramento, horas em chats
na chamada “deep web” (sites que não estejam indexado em mecanismos de
buscas). É descrito como um aficionado por armas, equipamentos
tecnológicos, treinamentos militares e jogos com simulações de combates.
Adriano chegou a ser
homenageado por Flávio Bolsonaro com a Medalha Tiradentes, a mais alta
honraria da Assembleia Legislativa. Era o ano de 2005, e ele estava
preso sob acusação de cometer homicídio. A ficha de serviços mostra que
Capitão Adriano recebeu treinamento de elite durante sua trajetória como
PM. Entre os cursos em que se formou, estão os de sniper (atirador de
elite), operações táticas especiais e segurança especial para
autoridades.
Na denúncia, os
promotores mostram como a milícia domina os bairros de Rio das Pedras,
Muzema e seus arredores na zona oeste do Rio. Capitão Adriano é chamado
de “patrãozão” pelos milicianos. “Adriano prestava serviços também para
empresários, políticos e até integrantes do Judiciário. Chega uma hora
em que esses matadores querem rivalizar com os patrões. É aí que são
mortos e substituídos por outros”, diz o delegado de polícia ouvido
pelo UOL. Capitão Adriano está foragido desde o dia 22 de janeiro.
Jair Bolsonaro já não é aquele que
assumiu. Os medos e fugas que levaram a dar Paulo Guedes como o
todo-poderoso, carta branca a Sergio Moro, ao general Augusto Heleno a
primeira e a última palavras, e tantas outras fraquezas, não existem
mais.
O rosto, em acelerado envelhecimento,
assume uma firmeza de mandante, o olhar endurecido, nada mais daquela
figura de deslocado em um mundo desconhecido.
Designar o próprio filho, de capacitação
improvada, para falar e agir pelo país no centro de decisão global é
uma atitude que simboliza, por si só, tudo o que é o Bolsonaro agora
possuído por sensações de poder, de hierarquia única e de vontades
impositivas.
Entramos na zona do perigo.
Quando esse Bolsonaro diz que a
imprensa, por criticá-lo, está cometendo suicídio, fala da imprensa, mas
sobretudo fala de si, da sua sensação de poder incontrastável. E de uma
vontade já manifestada por diferentes maneiras.
Está claro que Bolsonaro tem intenções
bem definidas quanto à liberdade de imprensa, assim como antes indicou e
já restringe a criação cultural. O risco causa na imprensa mais
intimidação do que reação. E com a falta de contraditório contribui para
maiores ímpetos da hostilidade à liberdade de expressão.
Prepara-se no Planalto um indulto de
policiais presos por crimes de morte e por envolvimento em atividades
ilegais. Com participação explícita ou velada, muitos desses policiais
são integrantes de milícias.
Em referência ao indulto desses “presos
injustamente”, Bolsonaro chamou-os de “colegas”. Seja qual for a via do
coleguismo, o indulto extemporâneo conjuga-se com as relações pessoais,
familiares e financeiras dos Bolsonaros com aquela próspera atividade e
suas cercanias. No mínimo, o indulto trará a consolidação de disposições
milicianas para o que der e vier.
O fogaréu amazônico lançou a ira da
opinião mundial contra Bolsonaro e, por tabela, o desprezo pelo país
passivo diante de sua tragédia. Mas, para Bolsonaro, todo o fogo é
bem-vindo.
O governo, por meio do ministro do Meio
Ambiente, Ricardo Salles, cortou 30% da verba orçamentária para
prevenção e combate a queimadas em florestas. O resultado dessas
políticas antiambientais, antiamazônicas e anti-indígenas está visível
não só nas chamas e na fumaça.
Para um exemplo: na fogueira que hoje é o
estado de Rondônia, em 2018 as grandes queimadas decresceram 39%,
somando 2.456. Da posse de Bolsonaro até a semana passada, aumentaram
164%, chegando a 6.484, conforme acompanhamento do respeitável Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais. Aí está clara a culpa de Jair
Bolsonaro, por indução verbal e facilitação administrativa, pela ação
incendiária que atinge, inclusive, reservas naturais e reservas
indígenas.
Bolsonaro já se dissera favorável à
abertura da Amazônia para empresas norte-americanas de exploração
mineral. Especificou bem: não empresas brasileiras, muito menos em
geral, mas “americanas”.
As queimadas, portanto, abrem-lhe a
oportunidade de avançar no seu plano. Primeiro, manifestando o desejo de
acordo com os Estados Unidos, e não com europeus, para ação na
Amazônia. Para logo continuar, aliás, repetindo-se: “Reservas indígenas
são prejudiciais ao progresso”.
Era a trilha sonora para o embarque de
Eduardo Bolsonaro e do tradutor-ministro Ernesto Araújo rumo a Trump.
Para uma conversinha fora da agenda presidencial por urgência da
necessidade ou, antes, da oportunidade.
O Bolsonaro que encaminha a entrega da
Amazônia, não quer matadores e milicianos presos “injustamente”, avisa
do “suicídio” da imprensa, indispõe o Brasil pelo mundo afora, não se
mostra temeroso de objeção das chamadas instituições democráticas. De
fato, por sua atitude de espectadoras desinteressadas, não têm por que o
preocupar. São coerentes com a classe socioeconômica que as povoa.
E os militares, responsáveis, por ordem da Constituição, pela legalidade nacional e pela soberania? Ora, a Constituição.
Em resposta a uma entrevista da Alta Comissária da ONU para Direitos
Humanos, Michelle Bachelet, ex-presidente do Chile, Jair Bolsonaro fez o
mais odioso de seus ataques até hoje: elogiou a tortura e morte do pai
de Bachelet pelo regime sanguinário de Augusto Pinochet, afirmou que o
Chile "só não é uma Cuba graças aos que tiveram a coragem de dar um
basta à esquerda em 1973" e disse que a ex-presidente está "seguindo a
linha" do presidente da França, Emmanuel Macron, tentando se "intrometer
nos assuntos internos e na soberania brasileira" ao falar de direitos
humanos
247 - Jair Bolsonaro usou sua conta no Facebook para
atacar a Alta Comissária da ONU para Direitos Humanos, Michelle
Bachelet, após a ex-presidente do Chile fazer duras críticas ao que chamou de “encolhimento do espaço cívico e democrático" no Brasil com o atual governo.
Na postagem Bolsonaro atacou cruelmente a memória do pai da
ex-presidente chilena, o brigadeiro Alberto Bachelet, que após ter sido
acusado de “traição à pátria”, faleceu devido a torturas em 1974, meses
depois do sanguinário golpe de Augusto Pinochet. Para Bolsonaro,
Bachelet está "seguindo a linha" do presidente da França, Emmanuel
Macron, e tenta se "intrometer nos assuntos internos e na soberania
brasileira" ao falar de direitos humanos no Brasil. "Michelle Bachelet, Comissária dos Direitos Humanos da ONU, seguindo a
linha do Macron em se intrometer nos assuntos internos e na soberania
brasileira, investe contra o Brasil na agenda de direitos humanos (de
bandidos), atacando nossos valorosos policiais civis e militares",
escreveu Bolsonaro em seu perfil no Facebook. Junto com o post,
Bolsonaro publicou uma foto em que Bachelet aparece ao lado da
ex-presidente deposta Dilma Rousseff e da ex-presidente argentina
Cristina Kirchner, em sua segunda cerimônia de posse como presidente do
Chile (2006-2018). No outro trecho da postagem Bolsonaro defendeu a tortura e morte do
brigadeiro Alberto Bachelet, pai da Alta Comissária da ONU, por membro
da ditadura militar chilena. “Diz [referindo-se a Bachelet} ainda que o
Brasil perde espaço democrático, mas se esquece que seu país só não é
uma Cuba graças aos que tiveram a coragem de dar um basta à esquerda em
1973, entre esses comunistas o seu pai brigadeiro à época”, escreveu. A
menção faz data do golpe de Estado no Chile que levou Augusto Pinochet
ao poder, em 11 de setembro de 1973. Acusado de “traição", Alberto
faleceu em 12 de março de 1974 em decorrência das torturas a que foi
submetido no Cárcere Público de Santiago. O ataque contra a Alta Comissária da ONU veio na esteira da afirmação
feita por ela de que o espaço democrático no Brasil está encolhendo no
governo Jair Bolsonaro e que isto tem sido evidenciado com os ataques
diretos contra defensores de direitos humanos, instituições de ensino e
pesquisa e na restrição e criminalização de trabalhos e instituições da
sociedade civil, o que inclui as ONGs. O ataque brutal a Bachelet foi feito às vésperas da primeira viagem
de Bolsonaro para participar da Assembleia Geral da ONU, em Nova York.
Na reta final da campanha feita pelo governo brasileiro para conseguir
mais um mandato como membro do Conselho de Direitos Humanos da ONU, o
ataque pode decretar a exclusão do país do fórum.
Em vídeo, afirmou que irá se "empenhar por algumas prefeituras" nas
eleições de 2020 e completou: "Quem vai escolher? Democraticamente, vai
(sic) ser eu". "O partido local vai ter sua participação, mas a palavra
final vai ser nossa", disse ainda Jair Bolsonaro. Com a declaração, ele
praticamente decreta o fim do PSL como partido político e o transforma
na extensão de sua vontade política e pessoa Jair Bolsonaro divulgou em seu perfil no Twitter uma
entrevista concedida a uma jornalista não identificada na qual afirmou
que "irei me empenhar por algumas prefeituras" nas eleições de 2020 e
completou: "Quem vai escolher? Democraticamente, vai (sic) ser eu". Na
sequência, afirmou: "O partido local vai ter sua participação, mas a
palavra final vai ser nossa. Se não quiser não tem problema nenhum, eu
não entro na campanha daquele município". Com a declaração, Bolsonaro
praticamente decreta o fim do PSL como partido político e o transforma
na extensão de sua vontade política e pessoal. “Quero me empenhar por algumas prefeituras e quem vai escolher
democraticamente vai ser eu. O partido local vai ter sua participação,
mas a palavra final vai ser nossa. Quem não quiser não vai ter problema
nenhum, mas eu não entro na campanha daquele município”, disse. “O que
eu quero? Quero alguém que tenha um sentimento igual ao nosso, um
coração verde-amarelo igual ao nosso, não de boca pra fora”, afirmou. Indagado se já teria algum candidato para o Rio de Janeiro, Bolsonaro
recorreu à religião para dizer que não. “Não. Tenho candidato em lugar
zero. Quem porventura se lançou em qualquer lugar já está errando porque
não está usando o João 8:32. Não participei e tenho dito para alguns
que esta precipitação nos atrapalha”, ressaltou.
Já perdoei erros quase imperdoáveis,
tentei substituir pessoas insubstituíveis
e esquecer pessoas inesquecíveis.
Já fiz coisas por impulso,
já me decepcionei com pessoas
que eu nunca pensei que iriam me decepcionar,
mas também já decepcionei alguém.
Já abracei pra proteger,
já dei risada quando não podia,
fiz amigos eternos,
e amigos que eu nunca mais vi.
Amei e fui amado,
mas também já fui rejeitado,
fui amado e não amei.
Já gritei e pulei de tanta felicidade,
já vivi de amor e fiz juras eternas,
e quebrei a cara muitas vezes!
Já chorei ouvindo música e vendo fotos,
já liguei só para escutar uma voz,
me apaixonei por um sorriso,
já pensei que fosse morrer de tanta saudade
e tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo).
Mas vivi!
E ainda vivo!
Não passo pela vida.
E você também não deveria passar!
Viva!
Bom mesmo é ir à luta com determinação,
abraçar a vida com paixão,
perder com classe
e vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve
e a vida é muito para ser insignificante.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comemorou nesta
segunda-feira, 22, a decisão do governo de Jair Bolsonaro de permitir a
importação de 750 milhões de litros de etanol por ano sem tarifas.
"Grande progresso para nossos agricultores (...) Será ainda melhor para o
etanol, e salvamos nossas pequenas refinarias!", disse Trump, que
depois apagou um dos dois tweets sobre o assunto
247 - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump,
comemorou nesta segunda-feira, 22, a decisão do governo de Jair
Bolsonaro de permitir a importação de 750 milhões de litros de etanol
por ano sem tarifas. A medida vai vigorar por 12 meses, segundo
publicação no Diário Oficial da União durante o final de semana (leia
mais no Brasil 247). “'O Brasil permitirá que mais etanol americano entre no país sem
tarifas, uma decisão que as usinas brasileiras estão comemorando. A
reação aparentemente contra-intuitiva decorre do tom das negociações em
andamento entre a nação sul-americana e os EUA por um...", escreveu
Donald Trump pelo Twitter, apagado poucas horas depois. Trump continuou: "Acordo comercial @business @ChuckGrassley
@joniernst @debfisher @BenSasse Fazendo grande progresso para nossos
agricultores. E-15 aprovado, durante todo o ano. Grande lista adicional a
ser submetida e aprovada dentro de duas semanas. Será ainda melhor para
o etanol, e salvamos nossas pequenas refinarias!", escreveu o
presidente americano. A medida, que deve favorecer principalmente os Estados Unidos,
principais exportadores de etanol para o Brasil, veio após reunião do
presidente norte-americano Donald Trump com o chanceler brasileiro
Eduardo Araújo e o deputado federal Eduardo Bolsonaro, indicado por Jair
Bolsonaro para assumir a embaixada do país em Washington. Segundo a agência Reuters, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar
(Unica), que anteriormente chegou a defender o fim das importações sem
tarifa, disse em nota que viu “uma grande vitória do governo brasileiro”
na nova cota, uma vez que havia pressões pela liberalização total do
mercado, com taxa zero para qualquer volume. Segundo a Unica, as condições em troca da cota envolveriam “abertura
do mercado americano de açúcar, um dos mais protegidos do mundo, e a
implementação efetiva do E15 (mistura de 15% de etanol na gasolina,
versus os 10% atuais) nos Estados Unidos”. A associação, no entanto, não
cita prazos para essas medidas. Leia os tweets de Donald Trump:
....Trade Agreement.” @business@ChuckGrassley@joniernst@debfisher@BenSasse
Making great progress for our Farmers. Approved E-15, year round. Big
additional list to be submitted and approved within two weeks. Will be
even better for Ethanol, and we save our small refineries!
Para Carlos
Fernando dos Santos Lima, Jair Bolsonaro (PSL) é hoje uma "fonte de
preocupação". Para ele, atitudes recentes do presidente – como mandar o
antigo Coaf para o Banco Central e trocar nomes-chave da Receita Federal
– podem ter sido motivadas pelo desejo de proteger seu filho, o hoje
senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ).
O senador é investigado na
operação Furna da Onça, que apura se políticos de vários partidos teriam
se apropriado dos salários de assessores na Assembleia Legislativa do
Rio (Alerj). "Infelizmente, uma questão menor, um crime dos mais
banais envolvendo políticos – a 'rachadinha' dos salários no gabinete –
está inviabilizando o combate à corrupção no Brasil", disse Carlos
Fernando em entrevista exclusiva à BBC News Brasil, por telefone. "Com este Coaf no Banco Central e sem liberdade de se comunicar
com o Ministério Público; e com a Receita também ameaçada de diminuição
da sua independência, nós temos realmente uma situação dramática." Carlos
Fernando, que teve uma suposta mensagem hackeada de seu telefone entre
as publicadas em reportagens do site The Intercept Brasil, relativiza a
importância da conversa. No trecho, ele teria dito que seus "vazamentos
objetivam sempre fazer com que pensem que as investigações são
inevitáveis e incentivar a colaboração". À
BBC News Brasil, ele diz que tudo o que fez foi antecipar informações
não protegidas por sigilo, com o único objetivo de criar uma "corrida
pela delação" entre os investigados. Ele também classifica as
supostas conversas de procuradores acerca da morte da ex-primeira dama
Marisa Letícia (1950-2017), mulher do ex-presidente Lula (PT), de
"conversa de botequim" dos procuradores. "Poucas pessoas
suportariam a revelação de cinco anos de mensagens trocadas em grupos de
WhatsApp. Sejam jornalistas, sejam funcionários públicos, sejam membros
do Vaticano. Nem mesmo o Papa não resistiria", diz.
'Entre o diabo e o coisa ruim'
No
2º turno das eleições de 2018, diz Carlos Fernando, o país ficou "entre
o diabo e o coisa ruim", referindo-se aos então candidatos Fernando
Haddad (PT) e Bolsonaro. Muitos procuradores tinham a percepção de que
um governo petista "acabaria sendo mais agressivo com a Lava Jato",
segundo ele. Por outro lado, não havia muito entusiasmo com o candidato
eleito. Bolsonaro acabou frustrando expectativas quando não deu o
devido apoio, na opinião de Carlos Fernando, ao pacote anticrime do
ministro da Justiça, Sergio Moro, que hoje tramita a passos lentos no
Congresso. Neste caso, o presidente "acabou realmente se revelando uma
decepção", diz o procurador aposentado. Ele ressalta ainda que a
decisão de Moro de integrar o governo é uma escolha pessoal e não da
Lava Jato. Mas avalia que a permanência dele no ministério ainda é "uma
garantia" para o país. O procurador também diz que Bolsonaro erra
ao retardar a escolha do próximo procurador-geral da República. O
mandato da atual PGR, Raquel Dodge, acaba no dia 17 deste mês, mas uma
eventual indicação de um procurador "alinhado" não teria os efeitos
desejados pelo presidente, segundo Carlos Fernando. "Querer um
procurador alinhado com a visão do Bolsonaro em questões de meio
ambiente, ou indígenas, é pouco produtivo, porque os procuradores dessas
áreas são independentes da opinião do PGR. No final das contas, acabará
possivelmente acirrando mais os ânimos dentro da categoria", afirma
ele. Aos 55 anos, Carlos Fernando deixou a força-tarefa da Lava
Jato em Curitiba em setembro de 2018. Em 18 de março deste ano,
aposentou-se no Ministério Público. Hoje atua como advogado,
palestrante e professor na área de compliance corporativo – uma área do
direito que busca implementar boas práticas e prevenir casos de
corrupção em empresas. Quando falou com a reportagem, ainda buscava um
espaço para montar seu escritório, em Curitiba (PR).
Leia abaixo os principais trechos da entrevista. BBC News Brasil – O senhor disse recentemente que a Lava Jato vive o seu pior momento. A que atribui as adversidades recentes da operação? Carlos Fernando dos Santos Lima
– Neste momento, nós estamos com uma situação em que o poder político, o
sistema político que a Lava Jato acabou revelando o método de fazer
dinheiro, de se financiar, ele se uniu contra a Lava Jato. Anteriormente
a isso, nós tínhamos os políticos agindo isoladamente contra a Lava
Jato, mas não em grupo, o sistema agindo coletivamente. Hoje não: nós
vemos o Congresso Nacional, nós vemos parte do Supremo Tribunal Federal,
nós vemos instituições diversas agindo contra a força-tarefa. Infelizmente
isso se revela bastante difícil de lidar. Então, esse é o momento mais
difícil que a Lava Jato tem passado nestes cinco anos. BBC News Brasil –
Segundo o senhor, esses reveses se deram em várias frentes: no
Congresso, com a aprovação do projeto de lei contra o abuso de
autoridade; no STF, com a decisão da 2ª Turma relativa ao Bendine; e no
Executivo… Carlos Fernando – O próprio
presidente da República (Jair Bolsonaro, do PSL) com algumas decisões,
como a transferência do Coaf para o Banco Central. Nós temos também
questões relativas à Receita Federal. Não sei se por conta das
investigações sobre o filho (o senador Flávio Bolsonaro, do PSL-RJ), o
presidente tem tentado essas medidas. Que na verdade tiram um dos
pilares básicos da operação Lava Jato, a relação entre instituições e
agentes se auxiliando mutuamente. Agora, com este Coaf no Banco
Central (o órgão mudou de nome para Unidade de Inteligência Financeira) e
sem liberdade de se comunicar com o Ministério Público; e com a Receita
também ameaçada de diminuição da sua independência, nós temos realmente
uma situação dramática. Eu tenho que o próprio presidente da República é
fonte de preocupação hoje. BBC News Brasil – Acredita então que as mudanças no Coaf e as propostas de alteração na Receita podem ter por objetivo blindar Flávio Bolsonaro? Carlos Fernando
– Para tentar dificultar as investigações em relação ao Flávio
Bolsonaro. Infelizmente, uma questão menor, um crime dos mais banais
envolvendo políticos, a "rachadinha" dos salários no gabinete, está
inviabilizando o combate à corrupção no Brasil. BBC News Brasil – O senhor
disse, em entrevista recente à GloboNews, que parte dos apoiadores e
pessoas que trabalharam na Lava Jato apoiaram Bolsonaro no 2º turno das
eleições de 2018. Carlos Fernando –
Sim, é uma escolha que todo cidadão tem que fazer na hora do 2º turno
(das eleições). Infelizmente o Brasil fica sempre entre o diabo e o
coisa ruim no 2º turno. E cada um de nós teve que fazer essa escolha.
Mas houve votos para os dois candidatos, dentro da operação Lava Jato.
Entre os diversos procuradores. BBC News Brasil – Mas de qualquer forma havia a percepção de que o Fernando Haddad seria pior para a operação. Carlos Fernando
– É. Isso é uma decisão individual, como eu falei. Nunca houve uma
decisão nem uma orientação (coletivas), mesmo porque nós somos dezenas
de funcionários públicos, de todos os níveis, e centenas de servidores
em várias instituições (...). Mas nas conversas, é claro, a impressão
que se tinha é de que o Partido dos Trabalhadores, até mesmo porque,
obviamente, foi o mais atingido pelas investigações, acabaria sendo
mais agressivo com a Lava Jato. Mas isso, repito, é a avaliação
individual que nós, cada um dos membros da Lava Jato, fez. BBC News Brasil – Agora, o presidente da República toma atitudes que, segundo o senhor mesmo disse, enfraquecem o poder de investigação. Há frustração com Bolsonaro? Carlos Fernando
– Como eu mesmo disse, a opção por um ou outro candidato não era, em
nenhum momento, me parece, entusiástica. A maior parte de nós tinha
restrições a ambos os candidatos. Existe aquela velha do Barão de
Itararé (o jornalista e escritor gaúcho Apparício Fernando de
Brinkerhoff Torelly, 1895-1971). "De onde menos se espera é que não sai
nada mesmo". Conhece? Então, não se esperava muita coisa do Bolsonaro.
Mas quando ele montou o ministério, chamou o (ex-juiz Sergio) Moro
(Justiça), chamou alguns militares, chamou o (ministro da Economia,
Paulo) Guedes, se esperava que, com esse time, se ele deixasse realmente
este time fazer o que se propunha, nós tínhamos alguma esperança. O
Moro, com o projeto de lei anticorrupção, que é até tímido, na minha
opinião; muito menor que as Dez Medidas contra a Corrupção, muito menor
que as Novas Medidas contra a Corrupção, mas pelo menos era uma
tentativa de mudança. Mas infelizmente o presidente (Bolsonaro) não
apoiou o Moro efetivamente nesse projeto, e acabou realmente se
revelando uma decepção. BBC News Brasil – Durante a campanha eleitoral, Bolsonaro prometeu o "fortalecimento da Lava Jato". O senhor acha que essa promessa está sendo cumprida? Carlos Fernando –
Veja bem: eu não espero do presidente um "fortalecimento da Lava Jato",
porque isso não é tarefa do Presidente da República. Não esperava isso.
Eu esperava que ele não tomasse medidas que atrapalhassem a Lava Jato. Agora,
por exemplo, o que nos preocupa é a escolha de um PGR (Procurador-Geral
da República) contrário à Lava Jato. Nós tivemos dias atrás um
candidato, um nome que voltou da aposentadoria irregular que lhe tinha
sido deferida, dizendo já de cara sobre a ilegalidade da operação Lava
Jato (refere-se ao subprocurador-geral Antônio Carlos Simões Martins
Soares). A Lava Jato não precisa de ninguém para ajudar, mas se
não atrapalhar já seria muito bom. Então, escolher um PGR que seja
reconhecido pela classe (dos procuradores) dentro da Lista Tríplice
(elaborada pela Associação Nacional dos Procuradores da República, a
ANPR) já seria um fortalecimento da Lava Jato, porque ela se baseia na
independência do Ministério Público. Não mexendo com a independência do
MP, já estaria muito bom. BBC News Brasil –
Que balanço o senhor faz da atuação de Sergio Moro até o momento, como
ministro da Justiça? O fato de Moro estar no governo significa o apoio
da Lava Jato a Bolsonaro? Carlos Fernando
– Bom, primeiro que o Moro, ou eu, ou o Deltan, ou qualquer pessoa
individualmente não é "a Lava Jato", obviamente. Então, a decisão do
Sergio Moro de sair da magistratura e ir para o ministério é uma decisão
individual dele. É claro que ele tem uma representatividade muito
grande, mas não é uma decisão da Lava Jato. De qualquer maneira, dentro
da realidade política, ele está fazendo, acho, um bom trabalho. Montou
uma equipe muito boa.
Infelizmente nós vimos o sacrifício de uma pessoa
excepcional, o dr. Roberto Leonel (ex-presidente do Coaf), sacrificado
por conta de ter dito o óbvio. Que a decisão do (presidente do STF,
ministro Dias) Toffoli (relativa a um pedido de Flávio Bolsonaro, em 16
de julho) atrapalha todo o combate à corrupção. Por isso, e por ter o
Coaf sido a origem das informações relativas a Flávio Bolsonaro,
acabaram tirando o Coaf do Ministério da Economia, e indo para o Banco
Central. Apesar de tudo, apesar do pacote (anticrime) que o Moro
ofereceu ser tímido, nas medidas administrativas que ele vêm tomando, o
MJ têm mostrado uma eficiência muito grande. Mas essa eficiência vai
acabar sendo perdida se não for aprovada nenhuma medida contra a
corrupção. Pelo contrário: o que nós temos visto agora é um pacote a
favor da corrupção, que está tramitando no Congresso. E uma delas (das
medidas do pacote) já foi até aprovada, que é a lei do abuso (de
autoridade). BBC News Brasil – O que o presidente deve fazer se quiser fortalecer as investigações contra a corrupção? Carlos Fernando
– Neste momento, as duas medidas mais importantes que ele vai ter que
tomar são em relação à escolha da PGR; e o veto, parcial ou não, da lei
de abuso (de autoridade). Isso aí, eu acho imprescindível que sejam
tomadas nessa primeira ou segunda semanas de setembro. Então, eu creio
que essas são as duas decisões mais importantes. BBC News Brasil –
Bolsonaro tem dado sinais de que pode não indicar o próximo PGR antes
do dia 17 de setembro, quando termina o mandato de Raquel Dodge. Nesse
caso, assumiria o subprocurador Alcides Martins. Que tipo de impacto
isto poderia ter sobre a Lava Jato e o futuro do MP? O que o senhor acha dessa demora? Carlos Fernando
– Se você já tem problemas para fazer alguma coisa, não vejo porque
criar mais um. Porque, na verdade, ultrapassar o prazo, em nada ajuda a
resolver o problema da escolha do nome. E acrescenta mais uma questão de
indefinição, ou até mesmo um desrespeito pela instituição. Não acredito que haja qualquer utilidade para o presidente em deixar de apresentar um nome dentro do prazo. BBC News Brasil –
Ainda sobre a PGR, o presidente tem dado mostras de que quer alguém
alinhado com ele. Porém, os procuradores da República têm autonomia
funcional para trabalhar. O que significa essa autonomia e o que poderia
acontecer se tivermos um PGR "alinhado"? Carlos Fernando
– O MP é uma instituição muito interessante, porque ela não é uma
instituição hierarquizada, no sentido de que haja ordens vindas de cima
para baixo. Cada procurador é titular de uma atribuição na sua área.
Então, naqueles processos, naqueles assuntos: índios, meio ambiente,
consumidor, seja qual for, o procurador é titular da sua área e decide
independente de qualquer outra pessoa. Então, o procurador-geral da
República ele tem uma função muito importante, mas ele realmente tem
pouco poder para influenciar, por exemplo, decisões dos procuradores da
Lava Jato. É claro que um PGR pode acabar atrapalhando na
montagem de equipes, na manutenção da própria operação, porque ele tem o
poder da caneta e do orçamento do MP. Fora isso, tem muito pouco poder
nas investigações individuais. Querer um procurador alinhado com a
visão do Bolsonaro em questões de meio ambiente, ou indígenas, é pouco
produtivo, porque os procuradores dessas áreas são independentes da
opinião do PGR. No final das contas, acabará possivelmente acirrando mais os ânimos dentro da categoria. A
classe dos procuradores é muito ciosa dessa independência. Então, é
melhor um procurador que consiga conversar com a classe do que um
imposto de cima para baixo, que acabe não tendo diálogo nenhum.
BBC News Brasil –
A procuradora Jerusa Viecili pediu desculpas publicamente ao
ex-presidente Lula na semana passada, no Twitter, por causa de supostas
mensagens que foram divulgadas na série jornalística iniciada pelo site
The Intercept. Numa das mensagens, ela teria feito comentários
depreciativos sobre a morte da ex-primeira-dama Marisa Letícia, em 2017.
Não houve excessos nesse caso? Carlos Fernando
– Eu não vou ser hipócrita em relação a esses fatos. Poucas pessoas
suportariam a revelação de cinco anos de mensagens trocadas em grupos de
WhatsApp. Sejam jornalistas, sejam funcionários públicos, sejam membros
do Vaticano. Nem mesmo o Papa não resistiria a cinco anos de mensagens
trocadas no WhatsApp, creio eu. Muitas dessas coisas decorrem de
uma liberdade de grupos privados, de conversa de botequim, vamos dizer
assim, do que realmente uma opinião que a pessoa falaria se estivesse
numa situação pública, ou que ela pudesse refletir um pouco mais. Não
dou tanta importância para essas fofoquinhas ou esses comentários
maldosos. A Lava Jato tem sido objeto de comentários bastante
maldosos feitos, por exemplo, em sessão, acusando a Lava Jato de ser uma
organização criminosa, pelo ministro Gilmar Mendes (do STF). Eu não
vejo, por boa parte da imprensa, por exemplo, a mesma indignação. Eu
não gosto de falar sobre pessoas que faleceram porque eu sei o que é
isto, pessoalmente, de você ter uma pessoa querida que falece. Entendo
a dor da pessoa, mas também não vou ficar com uma hipocrisia de fazer
crítica às pessoas que falam. Acho que naquele momento foi um pequeno
deslize, feito absolutamente num ambiente privado (...). BBC News Brasil – Uma outra reportagem do Intercept atribui ao senhor
a seguinte frase: 'Meus vazamentos objetivam sempre fazer com que
pensem que as investigações são inevitáveis e incentivar a colaboração'.
O que tem a dizer sobre isto? Há bons motivos para algumas informações
serem sigilosas. Carlos Fernando – Tem
duas coisas que tem que deixar claro. Primeiro, o que é proibido é
passar informações que estão sob sigilo. Então, o que me parece que há
uma confusão é quando se usa informações que não estão sob sigilo,
passadas para a imprensa, conforme uma estratégia de investigação. É
isto que, eventualmente, pode ter sido dito. Jamais a operação Lava
Jato, ou pelo que eu tenha tido conhecimento, passou uma informação
sigilosa, uma informação que está coberta por sigilo. Agora,
tanto a colaboração premiada (de pessoas físicas) quanto a leniência (de
empresas) partem de uma teoria chamada 'Teoria dos Jogos'. Dentro dessa
teoria, e eu dou aula disso inclusive, é necessário criar expectativas
nas pessoas que estão envolvidas. Essas expectativas são sempre no
sentido de atraí-las para o acordo. É fazer crer que as investigações
estão se aproximando delas. BBC News Brasil – É preciso criar uma corrida pela delação. Carlos Fernando
– Exatamente. Criar uma corrida pelas delações. É esta a técnica. Esta
técnica exige então uma estratégia de comunicação muito ativa, muito
clara, no sentido de fazer crer que as investigações estão chegando e
têm sucesso, inclusive. Porque se uma investigação, como era no Brasil
no passado, não tem risco de ter sucesso, não tem porque os
colaboradores aparecerem. A operação Lava Jato só teve sucesso
porque as pessoas passaram a acreditar que ela era um sucesso
efetivamente. É aquela profecia que se autocumpre. Então, neste caso a
estratégia de comunicação passava também por essa forma de comunicar o
sucesso (das apurações), e o risco de continuar combatendo a operação
pelos métodos tradicionais. Oferecendo uma alternativa para eventuais
colaboradores. O máximo que a frase pode significar é isto. BBC News Brasil – Mas o senhor usou, ou teria usado, a palavra "vazamentos", especificamente. Carlos Fernando
– A palavra vazamento não significa vazamento de material sigiloso. Em
nenhum momento me é imputado nenhum vazamento de material sigiloso. Esse
é o equívoco. Agora, não existe nada de errado, como eu estou
fazendo com você agora, inclusive, uma conversa com jornalistas. Para
repassar uma informação que não está coberta por sigilo. Desde que isto
me interesse, e não interesse só ao jornalista. Interesse também ao
objetivo de alcançar o resultado público, que é atrair os colaboradores.
BBC News Brasil – Lava Jato: cinco anos depois, que saldo o senhor
faz dela? Por um lado, mostrou que a política no Brasil foi financiada
com base na corrupção. Por outro, muitos corruptores estão hoje livres;
muitos políticos envolvidos, também. E milhares de empregos nas empresas
atingidas foram perdidos. Carlos Fernando –
A Lava Jato descobriu, reiterou para o país, um sentimento que já havia
no país, de que havia alguma coisa errada na política, que gastava
milhões em campanhas caríssimas, e não se sabia de onde vinha o
dinheiro. Ela revelou um sistema político viciado em dinheiro ilícito.
De corrupção, ou no mínimo caixa dois (dinheiro que não é ilícito, mas
não é declarado à Justiça Eleitoral). Esse sistema ele vem se
fortalecendo durante toda a Nova República (de 1988 até hoje). Eu
não gosto da palavra "mecanismo" ou "sistema", mas ele é realmente isso
quando nós pensamos que ele vem, nos últimos 40 anos (...) com nomes
sendo substituídos, mas o sistema funcionando igualmente (...). E
dentro disso, parte importante são as empreiteiras. Estar envolvido
nesse sistema trouxe a elas muito lucro nesses últimos 40 anos. Agora,
estamos vendo elas pagarem o preço da verdade, da revelação dos fatos.
Os fatos são estes. Muitas delas tiveram que admitir, inclusive através
de acordos (de leniência). Envolver-se em crimes tem o seu preço, e esse
é o preço que elas estão pagando hoje. Elas não chegaram a ser
totalmente desmanteladas, porque a própria Lava Jato, ao fazer os
acordos, procurou preservá-las da melhor forma possível. BBC News Brasil – E no entanto a Odebrecht, por exemplo, pediu recuperação judicial, aceita em junho deste ano. Carlos Fernando
– Mas infelizmente essa é a realidade do mercado. Não tenho como tentar
salvar as empresas. O objetivo do Ministério Público é fazer
investigações e revelar a verdade. E aliás não me é dado esse poder de
salvar ninguém. Nós fazemos acordos onde haja o interesse público da
revelação dos fatos. Uma vez revelados os fatos, é óbvio que se paga o
preço por estar envolvidos em crimes. Todos pagam, fazendo acordo
ou não fazendo. Todos vão pagar um preço reputacional. Todos vão ter,
por exemplo, dificuldade em acessar o mercado financeiro. Qual seria a
opção? Não existe outra opção. Revelado o crime, sempre vai acontecer
esse tipo de problema (...). Quem tem que buscar uma solução são
os legisladores. Eu acho que é possível salvar as empresas, só que não
podemos é salvar o capital da família Odebrecht. Eu tenho que pensar
numa alternativa, como desapropriar as cotas, ou as ações das empresas;
transferir esse valor para um depósito judicial para que sejam
ressarcidas as vítimas dos crimes. Depois, se sobrar, devolve para a
família. E coloca-se essa empresa no mercado acionário, com uma abertura
de capital, para torná-la pública efetivamente. Mas a solução não está
na mão da Lava Jato. A Lava Jato só releva o fato criminoso (...). O
Ministério Público só tem uma função: descobrir a verdade numa
investigação e fazer as acusações. Não é dado a eles fazer essas
considerações do tipo: "vou salvar esta empresa", "vou salvar essa
pessoa".
Por mais que se busque trincheiras distintas na geografia política do país, uma curiosa inquietação define o governo, tragédia! É a maneira que todos encontram para dar definição objetiva ao elefante dourado que subiu a rampa do Palácio do Planalto. Essa concordância unânime de opiniões é daquelas que rompem todos os
esconjuros que se pode ter de uma administração pública com a diabólica e
assombrosa gestão Bolsonaro que, hoje, estarrece o planeta depois do
incêndio criminoso na Amazônia, orquestrado de dentro do Palácio do
Planalto. Bolsonaro, em momento algum se comportou como um presidente, e sim
como um moleque que se diverte com suas vinganças espalhadas nos
terrenos que ele sempre odiou. Na garupa de Bolsonaro veio o que existe de mais sombrio na sociedade
brasileira. Ele produziu a cada dia uma nova treva no país, um novo
pesadelo, traindo a soberania do Brasil e arrotando patriotismo. Esse é
Bolsonaro, o espelho abundante de um projeto nascido na ponte entre Rio e
Curitiba, entre Moro e os Marinho, engrossado por toda a escória da
classe dominante, formando uma legião de golpistas para asfixiar o povo
pobre, os negros, os índios, os gays, a educação, a cultura, a ciência
e, sobretudo roubar a alegria e a esperança dos brasileiros e o futuro
do país. Ao contrário do que interpretou Dallagnol, em sua mais recente
entrevista, Bolsonaro não se apropriou indevidamente da pauta
anticorrupção que a Lava Jato dizia carregar em sua tarefa, ele é a
grandiosa tragédia que assistimos ao vivo extraída desse projeto que
farejou espaço político na mídia para produzir um sentimento coletivo de
apoio a todas as ações ilegais e criminosas de Moro e procuradores. Bolsonaro é uma mentira do tamanho da Lava jato, sem tirar nem por.
Evidentemente que, como tal, o castelo de cartas está desmoronando, seja
pelo lado da Lava Jato com o Intercept, seja pela própria sobrevivência
do clã Bolsonaro, desonrado pelo caldo de crimes que vem na esteira do
personagem Queiroz. Bolsonaro não se importa em ser desmentido diariamente, ele zomba da
sociedade com mais uma mentira para desmaterializar a última. E quanto
mais é repudiado, mais parece querer sublinhar a asneira que praticou,
produzindo mais asneira. É a forma com que ele imagina que vai se sustentar debaixo dos
escombros do seu próprio governo, não vai, porque ele está se
desmanchando a cada dia. E, sem terra firme para se sustentar, o seu
pescoço, enfeitado com rosário de capim, tende a ser entregue à
guilhotina num tempo mais curto do que se imagina. Este, na realidade, é o sentimento que trazem todos os que observam
Bolsonaro. Seu mandato está em posição avançada no corredor da morte. *Por Carlos Henrique Machado Freitas
“A depressão pede o remédio do trabalho; a pessoa triste necessita ser motivada para as pequeninas tarefas, tarefas que consiga executar. Na depressão, o médico pode ajudar muito, mas se o deprimido não estiver disposto a se ajudar... Quem sofre de depressão deve fugir da cama, do sofá...”* Chico Xavier nos traz uma receita espiritual para a cura da depressão, enfermidade que a cada dia vem se alastrando em todo mundo. Sem desprezar o concurso da medicina, Chico fala da importância do trabalho para o deprimido. Comenta a respeito do perigo da ociosidade, da inércia, da inatividade, do excesso de cama e sofá. Muitas depressões estão ligadas à nossa rebeldia frente às portas que a vida fechou para nós. Esquecemos de que as portas fechadas nos conduziriam aos mesmos desequilíbrios do passado. A rebeldia pode nos levar ao desencanto pela vida, como a criança que não quer mais brincar porque foi contrariada em algum interesse. O deprimido não está mais vendo graça na vida e por isso não tem mais gosto pelas coisas, porque foi contrariado em algum ponto de seus interesses. Por essa razão, entendemos as advertências do médium a respeito do perigo em manter o deprimido na ociosidade, pois isso alimentará ainda mais seu desgosto pela vida. O trabalho interrompe o circuito depressivo, pois interfere na cadeia dos pensamentos doentios que geram e alimentam a própria depressão. Quando fala em trabalho, Chico se refere à necessidade de movimento. A cura é um movimento. E o movimento que geralmente se pede ao depressivo é o movimento de sair das valas de sua grande inconformação interior. O depressivo precisa sair da faixa da tristeza e encontrar algo, por mais insignificante que lhe pareça, mas que lhe dê alguma motivação, que lhe ensine, trabalhando, a reinterpretar o mal sucedido e a reagir de maneira saudável, frente aos reveses que a vida lhe trouxe. Nunca se viu alguém morrer por trabalhar. Mas, não há dúvida de que a falta de trabalho ou de alguma ocupação útil nos leva mais depressa para a desencarnação. É no espírito do trabalho que o homem encontrará forças para se curar, pois o serviço pode cansar o corpo, mas descansa a alma do tédio e da rebeldia. É nesse sentido que Chico Xavier recebeu do mundo espiritual a seguinte trova do poeta Cristóvão Barreto: Para as tristezas da vida, Trabalho é o grande remédio.