Homenageado pelo então
deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL), o ex-PM Adriano Magalhães da
Nóbrega é acusado pelo Ministério Público de ser o chefe do “Escritório
do Crime”, grupo de matadores de aluguel que tem como clientes
preferenciais chefes do jogo do bicho carioca, e que comanda a zona
oeste do Rio de Janeiro.
Membros do Escritório do
Crime são suspeitos de envolvimento no atentado que resultou nas mortes
da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 14 de
março de 2018.
Os jornalistas Flávio Costa e Sérgio Ramalho, do UOL,
escreveram o perfil de Adriano e lembram que foi na Polícia Militar que
Adriano da Nóbrega fez amizade com Fabrício de Queiroz, que trabalhou
como ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), suspeito de
arrecadar salários dos funcionários do clã Bolsonaro. Por indicação de
Queiroz, a mãe e a mulher de Capitão Adriano foram trabalhar no gabinete
do filho mais velho do presidente da República, Jair Bolsonaro.
Os relatos ouvidos pela
reportagem e documentos de seu processo de expulsão da PM classificam
Capitão Adriano como “caçador de gente”. Ele pode passar dias isolado em
meio à Floresta da Tijuca ou, em busca de aprimoramento, horas em chats
na chamada “deep web” (sites que não estejam indexado em mecanismos de
buscas). É descrito como um aficionado por armas, equipamentos
tecnológicos, treinamentos militares e jogos com simulações de combates.
Adriano chegou a ser
homenageado por Flávio Bolsonaro com a Medalha Tiradentes, a mais alta
honraria da Assembleia Legislativa. Era o ano de 2005, e ele estava
preso sob acusação de cometer homicídio. A ficha de serviços mostra que
Capitão Adriano recebeu treinamento de elite durante sua trajetória como
PM. Entre os cursos em que se formou, estão os de sniper (atirador de
elite), operações táticas especiais e segurança especial para
autoridades.
Na denúncia, os
promotores mostram como a milícia domina os bairros de Rio das Pedras,
Muzema e seus arredores na zona oeste do Rio. Capitão Adriano é chamado
de “patrãozão” pelos milicianos. “Adriano prestava serviços também para
empresários, políticos e até integrantes do Judiciário. Chega uma hora
em que esses matadores querem rivalizar com os patrões. É aí que são
mortos e substituídos por outros”, diz o delegado de polícia ouvido
pelo UOL. Capitão Adriano está foragido desde o dia 22 de janeiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário