Janio de Freitas
A íntegra da coluna está transcrita abaixo.
Grande queima
Janio de Freitas, FSP, 1/9/19
Jair Bolsonaro já não é aquele que
assumiu. Os medos e fugas que levaram a dar Paulo Guedes como o
todo-poderoso, carta branca a Sergio Moro, ao general Augusto Heleno a
primeira e a última palavras, e tantas outras fraquezas, não existem
mais.
O rosto, em acelerado envelhecimento,
assume uma firmeza de mandante, o olhar endurecido, nada mais daquela
figura de deslocado em um mundo desconhecido.
Designar o próprio filho, de capacitação
improvada, para falar e agir pelo país no centro de decisão global é
uma atitude que simboliza, por si só, tudo o que é o Bolsonaro agora
possuído por sensações de poder, de hierarquia única e de vontades
impositivas.
Entramos na zona do perigo.
Quando esse Bolsonaro diz que a
imprensa, por criticá-lo, está cometendo suicídio, fala da imprensa, mas
sobretudo fala de si, da sua sensação de poder incontrastável. E de uma
vontade já manifestada por diferentes maneiras.
Está claro que Bolsonaro tem intenções
bem definidas quanto à liberdade de imprensa, assim como antes indicou e
já restringe a criação cultural. O risco causa na imprensa mais
intimidação do que reação. E com a falta de contraditório contribui para
maiores ímpetos da hostilidade à liberdade de expressão.
Prepara-se no Planalto um indulto de
policiais presos por crimes de morte e por envolvimento em atividades
ilegais. Com participação explícita ou velada, muitos desses policiais
são integrantes de milícias.
Em referência ao indulto desses “presos
injustamente”, Bolsonaro chamou-os de “colegas”. Seja qual for a via do
coleguismo, o indulto extemporâneo conjuga-se com as relações pessoais,
familiares e financeiras dos Bolsonaros com aquela próspera atividade e
suas cercanias. No mínimo, o indulto trará a consolidação de disposições
milicianas para o que der e vier.
O fogaréu amazônico lançou a ira da
opinião mundial contra Bolsonaro e, por tabela, o desprezo pelo país
passivo diante de sua tragédia. Mas, para Bolsonaro, todo o fogo é
bem-vindo.
O governo, por meio do ministro do Meio
Ambiente, Ricardo Salles, cortou 30% da verba orçamentária para
prevenção e combate a queimadas em florestas. O resultado dessas
políticas antiambientais, antiamazônicas e anti-indígenas está visível
não só nas chamas e na fumaça.
Para um exemplo: na fogueira que hoje é o
estado de Rondônia, em 2018 as grandes queimadas decresceram 39%,
somando 2.456. Da posse de Bolsonaro até a semana passada, aumentaram
164%, chegando a 6.484, conforme acompanhamento do respeitável Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais. Aí está clara a culpa de Jair
Bolsonaro, por indução verbal e facilitação administrativa, pela ação
incendiária que atinge, inclusive, reservas naturais e reservas
indígenas.
Bolsonaro já se dissera favorável à
abertura da Amazônia para empresas norte-americanas de exploração
mineral. Especificou bem: não empresas brasileiras, muito menos em
geral, mas “americanas”.
As queimadas, portanto, abrem-lhe a
oportunidade de avançar no seu plano. Primeiro, manifestando o desejo de
acordo com os Estados Unidos, e não com europeus, para ação na
Amazônia. Para logo continuar, aliás, repetindo-se: “Reservas indígenas
são prejudiciais ao progresso”.
Era a trilha sonora para o embarque de
Eduardo Bolsonaro e do tradutor-ministro Ernesto Araújo rumo a Trump.
Para uma conversinha fora da agenda presidencial por urgência da
necessidade ou, antes, da oportunidade.
O Bolsonaro que encaminha a entrega da
Amazônia, não quer matadores e milicianos presos “injustamente”, avisa
do “suicídio” da imprensa, indispõe o Brasil pelo mundo afora, não se
mostra temeroso de objeção das chamadas instituições democráticas. De
fato, por sua atitude de espectadoras desinteressadas, não têm por que o
preocupar. São coerentes com a classe socioeconômica que as povoa.
E os militares, responsáveis, por ordem da Constituição, pela legalidade nacional e pela soberania? Ora, a Constituição.
Um comentário:
As Forças Armadas, infelizmente, estão se vendendo, ou melhor, estão se rendendo à exploração estrangeira, de acordo com os planos secretos da máfia chamada Maçonaria. Ridiculamente, no 7 de Setembro, os maçons mais famosos do país estavam de mãos dadas, ao lado de supostos "pastores" (na verdade, impostores, que pregam e fazem tudo o que é proibido na Bíblia), e visam, em primeiro lugar, o enriquecimento abusivo (que, por uma interpretação equivocada da Constituição, apoiam-se na "liberdade de culto"), e, como consequência, o condicionamento mental da população, que, confusa, rende-se, em muitos casos, à lavagem cerebral que lhe é imposta.
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