11.11.2011

O efeito – devastador – das lágrimas no trabalho. (C/ comentários)


Recentemente, todo mundo ficou sabendo do poder das lágrimas femininas: diminuir o nível de testosterona dos homens e desejo sexual deles. Os cientistas já desconfiavam que o choro passava uma mensagem bioquímica para as pessoas que estão em volta e os cientistas do Instituto Weizmann em Israel chegaram mais perto de comprovar a hipótese.
E todas as notícias refletiram sobre o efeito das lágrimas na vida dos casais. Mas e se a mulher chorar no trabalho? Que mensagem vai passar para seus colegas de trabalho e para a chefia?
Um post da Forbes discutiu essa questão e revela o que todo mundo já desconfiava, mas agora está cientificamente comprovado: chorar no trabalho tem efeitos devastadores na carreira das mulheres.
“Quando uma mulher chora na presença de um colega de trabalho, é como uma ameaça hormonal. Os estudos associaram níveis mais baixos de testosterona a um sentimento de fracasso entre os homens”, diz a psiquiatra Judith Orloff. Ou seja: o choro é da mulher, mas eles é que sentem o fracasso – e não gostam nada disso.
Kim Elsbach, professora de administração na Universidade da Califórnia, que estuda o choro no trabalho há três anos, concluiu o seguinte:
- as mulheres correm mais risco de chorar no trabalho do que os homens (nem precisava de pesquisa para dizer!). Para a pesquisadora, isso acontece porque, desde cedo, os homens são treinados para não demonstrar esse tipo de emoção, não ensinados a não chorar;
- as piores situações para deixar o choro aflorar são as que envolvem estresse (como um prazo muito apertado para entregar uma tarefa ou uma discussão com um colega) e reuniões. Chorar em reuniões de avaliação privadas também é ruim porque pode ser visto como uma tentativa de manipular a chefia;
- entre as poucas situações em que as lágrimas são “aceitáveis” estão o divórcio e a perda de algum parente. E mesmo assim não convém abusar: chorar pode ser visto como demonstração de fraqueza e fragilidade, duas características que não são bem-vindas no mundo corporativo.
É especialmente interessante como as lágrimas são vistas de forma ambígua: como arma – podem servir até para manipular o outro! – e como fragilidade.
Acho que essa ambiguidade só existe para os homens: para as mulheres que já deixaram suas lágrimas escapar no mundo do trabalho – entre as quais eu me incluo – só tem o lado ruim. Segundo Kim Elsbach, as mulheres que já passaram por essa situação se sentiram envergonhadas e extremamente desapontadas consigo. Se pudessem voltar atrás e controlar as emoções, teriam engolido o choro.
Em seus estudos, Kim topou com mulheres que disseram ter perdido chances de promoção e até vagas na diretoria por causa de algumas lágrimas derramadas. É difícil dizer até que ponto elas têm razão mas, por via das dúvidas, o conselho é claro: evite a todo custo derramar suas lágrimas no escritório.
A psiquiatra Judith Orloff diz que não chorar é ainda mais difícil numa cultura em que as lágrimas são absolutamente inaceitáveis, e que liberdade é escolher como responder às situações, e não reagir no momento sem controle. Faz sentido, mas não é assim fácil, principalmente para quem cresceu manteiga derretida!
Ando usando a seguinte estratégia: respirar fundo e fazer cara de paisagem. Mas não é infalível. Qual a sua?

Comentários:

  • Me desculpem, mas chorar é fundamental para me sentir feliz, depois um momento difício. Quando estou triste, choro, choro e chooooro...O coração fica ótimo!
  • Quem trabalha em colégios, povoado de mulheres professoras de Ed. Fundamental 1, sabe que há sempre rivalidades, puxadas brabas de tapete e muita, muita fofoca e maledicência. Nunca cheguei a ponto de chorar no trabalho, porque injustiças, fofocas e disse-me-disse sempre me deixam mais nervosa do que chorosa, então... precisava mesmo era de calmante para não voar no pescoço das "colegas" de trabalho. O jeito é dizer que vai sair pra fumar, beber ou comer e se recompor. Passar recibo de fraca (mesmo que choro nãos eja sinal de fraqueza, os colegas da onça detonam logo) porque chorou é a pior coisa que pode acontecer. Creio que achem a chorosa incompetente, volúvel, desestabilizada e pior, despreparada para assumir cargos pesados. Problemas pessoais todos costumam a colaborar e sensibilizar-se, mas chorar por conta problemas no trabalho, de "bronca" e afins, é suicídio profissional. Sacode a poeira e dê a volta por cima; em casa se esparrama na cama e chora.
  • O processo é o seguinte: Uma discussão ou situação complicada se avizinham. E logo surge aquele nó na garganta. Impossível não senti-lo. Mas, ainda estamos lá, firmes como uma fortaleza, por fora. A sensação é de controle total da situação. Em seugundos, uma palavra fora de lugar, cai indigesta. Não engolimos. Em frações mínimas de tempo: vem o choro. Toda a confiança e credibilidade que conquistamos em um bom tempo naquele trabalho, vai por água a baixo. A vontade é de irmos até nossa sala, apanharmos nossas coisas e esquecermos que um dia passamos por ali. Em vez disso, vamos até o banheiro, lavamos o rosto, retocamos a maquiagem. E logo reaparecemos, reerguidas. E assim, começamos tudo novamente. Do zero. Porque somos assim. Manteigas. Gelatinas. Mas, vencedoras que somos, não estamos acostumadas a perder. Vamos à luta. Nem que isso signifique ter que conquistarmos tudo novamente.
  • Estou deprimida!!! Sou sagitariana até a morte!!!Não quero nem saber...
  • Engraçado, quando eu ouvi falar dessa pesquisa sobre o choro feminino (eu não a li), eu não vi nada de errado. Pelo contrário, lembrei de uma cena de um filme na qual uma personagem não era estuprada porque começava a chorar antes da violência e o homem desistia(brochava). Apesar do exemplo extremo, eu não vejo porque o alvoroço ou o burburinho em torno da diminuição da libido masculina ao ver uma mulher chorar. Alguém preferiria que fosse o contrário? Os homens ficassem excitados quando uma mulher chorasse? Se a mulher está triste e arrasada , com certeza, não deve estar a fim de transar. Se isto desistimula um homem a transar é melhor, não? É o cúmulo da falta de empatia, um parceiro querer sexo ou ficar excitado com a tristeza do outro. Eu, pelo menos, não me excito com a tristeza do meu namorado e não forço uma relação sexual nestes momentos. Minha libido também vai para o pé( ei, nós também temos testosterona). O que me faz perguntar: por que será que a pesquisa sobre o choro feminino e a queda da libido masculino ganhou repercussão? Será que teremos que reprimir emoções, lágrimas em momentos de tristeza, só para não prejudicar a libido dos nossos parceiros naquele momento? A libido dos nossos parceiros é tão mais importante assim que aquelas lágrimas que lavam a alma? De qualquer forma, repito, não li a pesquisa, acho que a diminuição da testosterona é temporária. Se fosse permanente não existiria mais testosterona no mundo. Rs. Enfim achei esta "descoberta" super normal. Acho que até humanizou mais os homens. Saber que eles tem um mecanismo que bloqueia os desejos sexuais quando a mulher não está emocionalmente bem é um alívio. Inclusive se fosse um mecanismo infalível, iria evitar muita violência. A natureza é sábia. Sobre choro e trabalho: homens estão a mais tempo no mercado de trabalho, as características masculinas são mais valorizadas que as femininas porque o ambiente coorporativo foi talhado nos moldes masculinos e eles são criados para não chorar o que no mundo deles é simplesmente uma demonstração de fraqueza. Enfim, não temos escolha. É conter o choro para não perder o emprego. Rs. Mas que umas lágrimas de vez em quando lavam a alma e desafogam qualquer tristeza é verdade, não? Sou outra pessoa depois de extravasar um pouco. Subo na tamanca e vou em frente, firme de que aquelas lágrimas me deixaram mais forte e limparam, lavaram qualquer fraqueza temporária.
  • Esse mundo corporativo às vezes me irrita.
  • Já chorei no trabalho, mas não foi na frente do meu chefe, entrei numa sala vazia e lá desabafei com um colega de confiança. Mas é difícil desfarçar o carão de choro, a minha fica nítida. Já estava perto da hora de sair e logo depois fui embora sem cruzar com meu chefe. Acho que nesses casos é melhor sair do escritório e inventar algo pra resolver na rua.
  • Não sei porque o choro da mulher é visto como fraqueza, tenho visto muita mulher chorar e ter atitudes muito mais corretas e arrojadas que muitos homens. Apenas somos mais sensíveis e não fracas.
  • A Martha Medeiros tem um crônica bárbara e que, se não me engano, se chama "O choro deles vale mais" em que fala da diferença de como o visto o choro masculino e o feminino, usando como ponto de partida a absolvição de policiais que mataram um imigrante africano em Nova York por achar que ele ia sacar uma arma quando, na verdade, ia pegar sua carteira. A absolvição aconteceu porque um deles chorou durante seu interrogatório e isso foi visto como arrependimento - porque homem não chora por qualquer coisa. Já as mulheres, como são tidas por chorar sempre, quando choram são histéricas, descontroladas. Eu sou chorona, mas nunca chorei no serviço - aliás, chorei por causa de cliente, mas fui fazer isso no banheiro, escondida - e acho que, sim, é ponto negativo para nós mulheres se assim agirmos porque os homens não sabem lidar com o choro feminino. Quem já chorou e desarmou/desconcertou o marido ou o namorado, sabe do que tô falando!
  • . Qdo nivel de stress é grande e vejo que não vou segurar a onda, vou a banheiro me \"afogar\" um pouco... Depois volto para sala e fico na minha. Se alguém percebeu, não tem coragem de falar, se não viu - melhor ainda... Mas por outro lado, esses dias vi o vídeo daquela senhora sendo salva da enchente - não abri o berreiro, mas me emocionei diante da brutalidade das águas e da fragilidade da vida. São situações, né?! manteiga derretida é boa... Essa semana mesmo chamei meu filho de manteiguinha... rsrsrsrs
  • Ultimamente, com essa tragédia no Rio tá difícil segurar...mas aí não se aplica a teoria, né Lê? É tristeza demais. Agora, se eu trabalhasse na televisão, talvez tivesse problemas para relatar histórias
  •  E tem também o passo a passo do "se recompor": passar base no nariz para cobrir o vermelhão, dar aquela checada no rímel... rs
  • Minha tatica (quando vejo que não vou conseguir segurar) eh ir ao banheiro, ter meu "surto" silenciosamente, me recompor e voltar.
     Letícia Sorg  repórter especial de ÉPOCA em São Paulo

3 comentários:

Anônimo disse...

Agora é FODA não podemos nem mais chorar senão somos acusadas de castradoras!!!? Que tal começar tratando as mulheres com mais respeito e igualdade? E dêem graças a Deus que não temos testosterona no mesmo nível de vocês HOMENS, porque se fosse assim a gente não chorava, a gente partia pra PORRADA mesmo!!!

Anônimo disse...

Essa ai de cima está de TPM

Antonio Celso da Costa Brandão disse...

Aí Tem

As coisas são como são. Se alguém diz que está calmo, é porque está calmo. Se alguém diz que te ama, é porque te ama. Se alguém diz que não vai poder sair à noite porque precisa estudar, está explicado. Mas a gente não escuta só as palavras: a gente ouve também os sinais.
Ele telefonou na hora que disse que ia ligar, mas estava frio como um iglu. Você falava, falava, e ele quieto, monossilábico. Até que você o coloca contra a parede: "O que é que está havendo?". "Nada, tô na minha, só isso." Só isso???? Aí tem.
Ele telefonou na hora que disse que ia ligar, mas estava exaltado demais. Não parava de tagarelar. Um entusiasmo fora do comum. Você pergunta à queima-roupa: "Que alegria é essa?" "Ué, tô feliz, só isso". Só isso????? Aí tem.
Os tais sinais. Ansiedade fora de hora, mudez estranha, olhar perdido, mudança no jeito de se vestir, olheiras e bocejos de quem dormiu pouco à noite: aí tem. Somos doutoras em traduzir gestos, silêncios e atitudes incomuns. Se ele está calado demais, é porque está pensando na melhor maneira de nos dar uma má notícia. Se está esfuziante demais, é porque andou rolando novidades que você não está sabendo. Se ele está carinhoso demais, é porque não quer que você perceba que está com a cabeça em outra. Se manda flores, é porque está querendo que a gente facilite alguma coisa pra ele. Se vai viajar com os amigos, é porque não nos ama mais. Se parou de fumar, é uma promessa que ele não contou pra você. Enfim, o cara não pode respirar diferente que aí tem.

Às vezes não tem. O cara pode estar calado porque leu um troço que mexeu com ele, ou está falando muito porque o time dele venceu. Pode estar mais carinhoso porque conversou sobre isso na terapia e pode estar mais produzido porque teve um aumento de salário. Por que tudo o que eles fazem tem que ser um recado pra gente?
É uma generalização, mas as mulheres costumam ser mais inseguras que os homens no quesito relacionamento. Qualquer mudança de rota nos deixa em estado de alerta, qualquer outra mulher que cruze o caminho dele pode ser uma concorrente, qualquer rispidez não justificada pode ser um cartão amarelo. O que ele diz importa menos do que sua conduta. Pobres homens. Se não estão babando por nós, se tiram o dia para meditar ou para assistir um jogo de vôlei na tevê sem avisar com duas semanas de antecedência, danou-se: aí tem.
Martha Medeiros