6.10.2009

DORES NO PEITO


Motivos mais freqüentes
Um dos freqüentes motivos que levam uma pessoa a buscar ajuda médica é a dor torácica. Todos conhecem a possível relação entre dor no peito e doenças cardiológicas.
Ou conhecem a história de alguém que teve dor, e faleceu abruptamente. Dessa forma, os pacientes muitas vezes chegam aflitos e ansiosos ao atendimento.

Como em toda a avaliação, inicialmente devemos enxergar quem é a pessoa, considerando idade, sexo, co-morbidades (doenças associadas, como gastrite ou esofagite), uso de tabaco, atividade física e nível de estresse.
Freqüentemente nos deparamos com pessoas submetidas a situações de estresss extremo, em que a ansiedade, angústia ou depressão acabam por gerar desconforto torácico.

Ainda há os casos em que o esportista teve um treino mais pesado há algum tempo, e desenvolve inflamação, estiramento ou contratura muscular na região, tratando-se, portanto de situação de natureza ortopédica.

Como a incidência de doenças do aparelho cardiovascular é bastante elevada, e sua morbi-mortalidade idem, torna-se fundamental a exclusão de isquemia miocárdica como desencadeante da queixa. Portanto, toda dor torácica deve ser investigada. Seja por se tratar de situação com risco de vida eminente, seja pelo desconforto físico e emocional que causa.

A obstrução coronariana tem na angina estável sua principal característica clínica, representando a manifestação inicial de 50% dos pacientes.

A abordagem do paciente deve ser feita de acordo com as seguintes etapas:

- Classificar a dor torácica (angina típica, atípica ou não cardíaca);

- Estimar a probabilidade de obstrução coronariana significativa;

- Apresentação clínica da doença arterial coronariana (angina estável ou instável);

- Estimar a graduação da angina (I, II, III ou IV) conforme a Sociedade Canadense de Cardiologia).

Ressaltamos ainda que a dor torácica pode ter outras causas, como descrito na tabela abaixo:

Diagnóstico diferencial da doença arterial coronária em pacientes com dor torácica

Sistemas Etiologias
Cardiovascular Estenose aórtica, cardiomiopatia hipertrófica, hipertensão arterial sistêmica (pressão alta), espasmo coronário, aneurisma dissecante da aorta, pericardite.
Pulmonar Embolia, pleurite, pneumonia, pneumotórax.
Gastrointestinal Esofagite, espasmo de esôfago, gastrite, úlcera péptica, pancreatite, colecistite, hepatopatias.
Tórax Osteocondrites, herpes zoster, fratura de costela.
Psíquicas Distúrbios de ansiedade, pânico, hiperventilação.

Concluindo, como as possibilidades são várias, em caso de dúvida nunca é demais consultar seu médico.

Fonte: Tratado de Cardiologia Socesp

Um comentário:

Anônimo disse...

Diagnosticando a dor no peito por meio de exame radionuclear:
O infarto do miocárdio pode ocorrer sem sintomas prévios (o chamado “infarto do miocárdio silencioso”), o que é mais comum em idosos. Porém, cerca de 80% dos casos de infarto do miocárdio sintomáticos são acompanhados de dores no peito. Se um paciente apresentar dor torácica e for portador de fatores de risco cardiovascular, a hipótese de um infarto do miocárdio deve sempre ser considerada. No entanto, vários outros distúrbios podem provocar dor semelhante, de modo que exames mais acurados devem ser utilizados. Um recente estudo demonstrou que o teste de cintilografia de perfusão miocárdica pode ser usado para determinar o diagnóstico, afastando ou concluindo a presença da doença em quase 100% dos casos. Este estudo teve como objetivo avaliar a utilidade da cintilografia, realizada com o elemento radiativo 99mTc-Tetrofosmin, durante um episódio de dor torácica para descartar o diagnóstico de infarto do miocárdio. Geralmente a realização do eletrocardiograma e a dosagem seriada de enzimas cardíacas no sangue podem confirmar o diagnóstico de um infarto do miocárdio. Contudo, o eletrocardiograma inicial pode apresentar dados normais, e as enzimas cardíacas demoram algumas horas para se mostrarem elevadas no sangue. Um total de 108 pacientes admitidos com dor torácica ou até quatro horas após o término dos sintomas, com diagnóstico não determinado pelo eletrocardiograma, realizaram cintilografia em repouso e dosagens enzimas cardíacas (troponina I). A troponina I foi dosada na chegada do paciente e seis horas após. Os médicos analisaram as imagens sem saber a identidade dos pacientes. Inicialmente, o infarto do miocárdio foi confirmado apenas nos pacientes que apresentavam o nível de troponina I três vezes maior que os valores-controle. Porém, a imagem perfusional de repouso foi anormal em todos os seis pacientes com infarto do miocárdio. Apenas um paciente apresentou imagem normal e elevação da troponina. Outros 55 pacientes apresentaram imagem positiva sem infarto e 46 pacientes tiveram imagens e nível de troponina normais. A prevalência da doença foi 6,5%. A sensibilidade da imagem de repouso durante a dor torácica para a evidência de infarto foi 85,7% com especificidade de 45,5%. O valor preditivo negativo foi 97,7% (capacidade do exame de afastar o diagnóstico de infarto do miocárdio). Os autores do estudo concluíram que, em pacientes com dor torácica, a cintilografia de perfusão miocárdica pode ser um excelente exame para determinar o diagnóstico de infarto do miocárdio. Fonte: (2009 Arq Bras Cardiol). http://portaldocoracao.uol.com.br/infarto-do-miocardio.php?id=2953#