Elas
começam a se preocupar mais com beleza e garotos. Eles ainda esperneiam
e passam a brigar para ajudar nas tarefas da casa. Em comum, a idade:
oito anos. Nesta fase, em que os filhos ainda não chegaram à
adolescência, mas também já cresceram para ser tratados como bebês, é
normal que os pais se sintam em dúvida em como tratá-los. Equilíbrio,
diálogo e bom senso são os principais aliados nessa etapa.
Quando eles são pequenos, o mundo detêm um vocabulário
próprio. As pessoas, os animais e os objetos passam a ser chamados por
onomatopeias, diminutivos e apelidos. Sem contar a dicção, que ainda
está em pleno desenvolvimento. Segunda a gerente de psicologia do
Hospital Albert Einstein, de São Paulo, Ana Merzel, é normal e positivo
que os bebês se expressem e respondam ao chamado "manhês", em que a fala
é mais aguda, mais engraçadinha e o vocabulário é ainda bastante
limitado. Afinal, o mais importante na primeira infância é estabelecer
um vínculo com a criança. Conforme se desenvolve, necessidades e
possibilidades mudam. Os adultos devem estar atentos a isso e se
adaptar. Com o tempo, a linguagem vai se tornar mais complexa.
Já quando as crianças crescem, os pais podem ter dúvidas
em relação ao desenvolvimento do filho, daí a importância de conhecê-lo
melhor e se informar com um pediatra. Fazer comparações ou suposições
não ajuda. Segundo a psicóloga do Hospital São Camilo, de São Paulo,
Rita Calegari, a família precisa entender que cada criança tem um ritmo
próprio de amadurecimento, assim como diferentes habilidades. Comparar
com um familiar ou um colega pode ser muito negativo, pois desvaloriza o
pequeno e ainda pode soar como uma acusação injusta, ainda mais porque
em muitos casos não se leva em conta a idade, apenas o exemplo.
Já cobrar é um ato que não deve virar rotina na vida das
crianças. Em alguns casos, isso precisará ser empregado, mas sempre de
forma paciente e respeitável. Incentivar e conversar geralmente são a
melhor opção. No entanto, crianças muito novas tendem a se dispersar em
meio à conversa. Se um bebê de três anos costuma gaguejar, o que é comum
nessa faixa etária, é errado que os pais digam toda a hora para que ele
fale corretamente. A família pode corrigi-lo, às vezes, e tentar
ajudar, mas é preciso ser coerente. Exigir demais, apontar e envergonhar
podem causar, em casos extremos, quadros de estresse, ansiedade,
depressão ou distúrbio comportamental.
Pequenas frustrações têm um saldo positivo
Da mesma forma que é errado cobrar demais, também não se
deve assentir a tudo que a criança desejar. É ruim criar com mimos em
excesso. Os pequenos precisam entender que não podem tudo e que os
outros também têm as suas próprias vontades, que devem ser respeitadas.
Afinal, lidar com a frustração faz parte da vida. Se não estiverem
preparados e viverem em uma espécie de redoma, eles vão sofrer muito
mais quando entrarem na escola, por exemplo. Uma criança mimada terá
muito mais dificuldade para lidar com os professores e os colegas,
inclusive pelo simples fato de que precisarão dividir os materiais e a
atenção. Ela precisa entender que não poderão vencer em tudo e que terá
que lidar e aceitar algumas derrotas.
Segundo Rita, permitir que os pequenos tenham tudo o que
desejarem também impede que possam desfrutar dos prazeres das
descobertas. É positivo que eles aproveitem todas as possibilidades da
infância em vez de desviarem as atenções para assuntos de adulto.
Afinal, trata-se de um período tão curto e tão importante da vida, que
precisa ser bem usufruído. O melhor é deixar que tudo ocorra no seu
devido tempo. Portanto, não há problema em se vestir de adulto, se for
brincadeira. A questão é quando a criança começa a portar como se fosse
gente grande, descaracterizando-se.
Da mesma forma, não há problema em tratar um criança
como uma. Só há erros se houver uma infantilização ou inferiorização da
mesma. O que os pais precisam deixar evidente é que há diferenças entre
estar na infância, na adolescência e na idade adulta, e que cada fase
tem seus direitos e deveres. Portanto, a família pode, e às vezes até
deve, explicar que um menino não pode fazer alguma coisa porque é
pequeno demais. No entanto, é importante ter coerência. Rita cita o
exemplo de uma família que vai sair à noite no final de semana. Os pais
não podem dizer durante a semana que a criança tem que dormir cedo
porque ainda é muito nova, mas exigir que ela vá para cama tarde no
sábado porque já é uma mocinha.
Ser criança não é, no entanto, desculpa para a
estagnação. É necessário aproveitar as possibilidades da faixa etária,
mas também estar aberto para aprender. Da mesma forma, o amadurecimento
também requer novos desafios e tarefas, o que começa dentro de casa e
desde cedo. A família pode ajudar e deve orientar, mas não entregar tudo
pronto. Afinal, as crianças precisam entender que é importante
colaborar com a harmonia da casa e, para isso, é necessário realizar
algumas tarefas, como guardar os brinquedos e arrumar a cama.
Criar os filhos podem não ser simples, mas também não é
um exercício de totalitarismo. Permitir uma certa independência e
iniciativa das crianças é importante, assim como impor alguns limites. A
infância é tão curta e tão relevante para o desenvolvimento humano que
usufrui-la é a melhor opção.
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