5.02.2013

Verdades e mentiras sobre parto normal. Benefícios do parto normal

Os benefícios do parto normal
Descubra por que especialistas ainda defendem tanto esta técnica!

No mês das mães, nada melhor do que acabar com alguns mitos que envolvem a maternidade. Para isso, nada melhor do que começar pelo início e falar sobre o parto. Afinal, o parto normal é mesmo a melhor escolha?



No Brasil, o parto transformou-se em sinônimo de cirurgia, a conhecida cesárea. Mas o recomendado pelo Ministério da Saúde é o parto normal. Normalmente, a mulher associa o parto normal à dor. Porém, existe outro lado deste tipo de parto que somente as mulheres com visão mais ampla têm o prazer de vivenciar: o vínculo entre a mãe e o bebê.

O Ministério da Saúde determina que os estabelecimentos que prestam serviço ao Sistema Único de Saúde (SUS) devem ter apenas 30% dos partos operatórios. Relatório global do UNICEF (Situação Mundial da Infância 2011) mostrou que a taxa de cesárea no Brasil é a maior do mundo, de 44% (de 2005 a 2009).

A supervisora de enfermagem do Amparo Maternal (SP), Camila Bellão, defende que o parto normal é uma forma da mulher ser a protagonista do próprio parto. Mais do que um momento mágico, a especialista em obstetrícia acredita que este tipo de parto é um processo natural do organismo da mulher e possui menor risco de infecção, hemorragias, além de trazer benefícios para a mãe e bebê.

“O parto normal, na maioria das vezes, ocorre quando o bebê já está preparado para nascer, ou seja, já possui maturidade pulmonar adequada. Mais do que isso, o processo normal aumenta o vínculo entre mãe e bebê, que é aumentado ainda mais após o nascimento”, conta.

De acordo com Camila, ainda existem muitos medos e mitos em relação ao parto normal que favorecem o aumento do número de cesáreas, principalmente no que tange a dor. “Mas existem métodos não farmacológicos para o alívio da dor, como por exemplo, banho terapêutico, massagens, entre outros”, contrapõe.

Entretanto, a enfermeira avalia que a melhor forma da gestante se preparar para o parto normal é se informar sobre o assunto. “Uma forma interessante e adequada é através da realização de um curso de gestantes, onde são abordados todos os temas sensíveis. No Amparo Maternal, são oferecidos cursos gratuitos mensais”, reforça.

Um dos principais medos das gestantes que chegam ao Amparo Maternal é se o parto normal alarga o canal vaginal e a recuperação do corte de períneo. “A episiotomia, conhecida como corte no períneo, é feita na minoria dos casos, quando se faz necessário para a passagem do bebê. Sua recuperação é rápida e não impede as atividades e rotinas diárias. Assim como o corpo da mulher se adapta à gestação, o canal vaginal também se prepara para o momento do parto com sua elasticidade e retorna à sua anatomia após este processo”, esclarece.

Vantagens do parto normal

O parto normal é a maneira mais natural do bebê vir ao mundo e muitas mulheres tem medo dele devido a dor mas hoje em dia já é possível ter um parto normal sem dor, através da anestesia e de outros métodos não farmacológicos como banho de imersão, caminhar, massagens, acupuntura e outros.

Vantagens do parto normal para a mãe

  • Menor risco de infecção;
  • Recuperação mais rápida:
  • Favorece a produção de leite materno;
  • Estreita os laços sentimentais com o bebê;
  • É mais econômico;
  • Menor tempo de internamento hospitalar;
  • Melhor recuperação no pós-parto;
  • Útero volta ao seu tamanho normal mais rapidamente;
  • A cada parto normal, o tempo de trabalho de parto fica mais curto.

Vantagens do parto normal para o bebê

  • Diminuição do desconforto respiratório pois ao passar pelo canal vaginal, seu tórax é comprimido e isso faz com que os líquidos de dentro do pulmão sejam expelidos com mais facilidade;
  • O bebê também se beneficia das alterações hormonais que ocorrem no corpo da mãe durante o trabalho de parto, fazendo com que ele seja mais ativo e responsivo ao nascer;
  • Durante a passagem pelo canal vaginal o corpo do bebê é massageado, fazendo com que ele desperte para o toque e não estranhe tanto ao ser manipulado ao nascer;
  • Ao nascer pode ser imediatamente colocado em cima da mãe, o que acalma mãe e filho;
  • Após estar limpo e vestido pode permanecer todo o tempo junto da mãe, se ambos estiverem saudáveis, pois não precisa ficar de observação.
O parto normal não pode ser realizado com dia marcado na agenda, mas o obstetra é capaz de apontar uma semana de maior propensão para o nascimento do bebê.

Parto normal dói

O parto normal dói mas a dor é suportável e existem muitas maneiras de combatê-la, tais como:
  • Anestesia epidural;
  • Respirar lenta e profundamente durante as contrações;
  • Confiança na equipe médica;
  • Presença de um familiar ou amigo durante o trabalho de parto;
  • Poder movimentar-se e receber massagens durante as contrações.
Além disso é muito importante que a mulher faça o acompanhamento pré-natal para que ela e o médico saibam se existe algo que impeça o parto normal, como por exemplo alguma infecção ou alteração no bebê. Se estiver tudo bem, não existem contraindicações para o parto normal, basta deixar a natureza agir.

Link útil:


Verdades e mentiras sobre parto normal

Site reúne depoimentos de mulheres que receberam explicações duvidosas de ginecologistas e obstetras. Veja o que é verdade ou mentira

Danielle Nordi, iG São Paulo |


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Relatos de mães e gestantes sobre respostas curiosas ouvidas na sala de exame fazem sucesso no "Seu GO disse o quê?"
O tumblr “Seu G.O. disse o quê?” ficou bastante popular nas redes sociais nas últimas semanas. O conteúdo é, no mínimo, curioso: os relatos, supostamente verídicos, são enviados por mães ou gestantes que ouviram justificativas suspeitas de seus médicos para não tentarem o parto normal.

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Frases como “um novo estudo indica que as mulheres que nasceram de cesárea dificilmente conseguem ter parto normal” ou “eu faço parto normal, mas só espero quatro horas porque depois disso o bebê entra em sofrimento fetal” teriam sido ditas por médicos durante consulta pré-natal. A reportagem do Delas pediu que ginecologistas e obstetras analisassem algumas frases retiradas do “Seu G.O. disse o quê?” e esclarecessem o que tem de verdade ou mentira nas explicações que teriam sido dadas por colegas de profissão.

Tal mãe, tal filha?
- Doutora, quero parto normal se estiver tudo bem
- Ótimo! A gravidez está indo bem, acho que não teremos problemas, mas me diz uma coisa, você nasceu de parto normal ou cesárea?
- Cesárea.
- Ah, então não sei não. Sabe, tem um novo estudo que indica que as mulheres que nasceram de cesárea dificilmente conseguem ter parto normal.

“Não condiz com a realidade. Essa ideia surgiu porque algumas mulheres têm a bacia um pouco estreita, o que impediria um parto normal. Mas se a mãe tem essa característica não significa que a filha terá”, observa Rogério Leão, ginecologista e obstetra membro do corpo clínico do Centro de Reprodução Humana do IPGO (Instituto Paulista de Ginecologia e Obstetrícia).
A ginecologista e obstetra Flavia Fairbanks completa: “muitas variáveis são levadas em consideração na indicação de um parto normal. Além da bacia, vemos se o tamanho do bebê é compatível, a sua posição, a idade da paciente e outros itens. É uma combinação de fatores favoráveis que vai determinar o parto normal.”



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Sedentarismo e falta de sol são alguns dos fatores erroneamente indicados como impeditivos do parto normal
Força na barriga

- Doutor, posso ter um parto normal, certo?
- Lamento informar que não, minha filha. Lamentavelmente você não tem músculos na barriga então não vai conseguir empurrar seu bebê. E vamos falar a verdade, parto normal é coisa do passado, não é mesmo? Cesárea é bem melhor!
“Um bom preparo físico ajuda bastante, mas não é um fator definitivo. O obstetra realmente precisa do auxílio da mãe durante o parto normal”, afirma Flavia.
“Se a mulher tem uma boa musculatura abdominal pode ajudar durante o parto. Mas quem não tem também pode estar apta para o parto normal. A ausência de uma boa musculatura por si só não é indicação de cesárea”, esclarece o ginecologista e obstetra Alberto Jorge Guimarães.

Sinceridade a toda prova

- Doutora, a senhora faz parto normal?
- Claro! Se for de dia. De noite não vou.

“O obstetra precisa ter consciência que o momento do parto depende do bebê e não de seus próprios compromissos. Se a pessoa se propõe a fazer obstetrícia tem que estar preparada para isso”, afirma Alberto.
Mas a opinião não é unânime e gera discordância entre médicos. “Muitos médicos não se dispõem a ficar a disposição das pacientes 24 horas por dia. O que importa é que tudo fique claro durante o pré-natal para que a paciente não fique na mão. A transparência não pode ser criticada”, opina Flavia.

Sofrimento com hora marcada

- Doutor, posso ter um parto normal?
- Ah, eu faço sim! Precisa três coisas: paciência, paciência e paciência. Mas eu só espero 4 horas porque depois disso o bebê entra em sofrimento fetal.


“Chamamos sofrimento fetal uma situação onde a oxigenação do bebê está prejudicada. O feto tem reservas e mecanismos de compensar uma oxigenação insuficiente, mas às vezes chega a uma situação tão severa que pode levar ao óbito fetal ou causar déficits por anóxia”, explica Rogério. Mas, segundo o médido, não existe um tempo específico que se possa aguardar durante o parto normal. Tudo depende da avaliação e monitoração do bebê e da progressão do trabalho de parto.

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Sofrimento fetal só pode ser determinado por acompanhamento e não tem "hora marcada"
Sem marido

- Doutora, o que você acha do parto normal?
- Se escorregar, tudo bem, eu faço. Mas eu nunca deixaria uma filha passar por uma coisa dessa! E você vai ficar toda alargada e seu marido vai te largar. Além disso, você vai ter bexiga caída, que é inoperável, sem solução para o resto da vida. Aí o marido, você sabe.


“Mulheres que tiveram vários partos normais ou não assistidos podem ter maior tendência a roturas perineais, que deixam a sensação de frouxidão, distopias - útero ou bexiga ‘caída’, que às vezes se exterioriza pela vagina - e incontinência urinária. Entretanto, isso não é observado em partos bem assistidos”, afirma Rogério.

“A mulher não fica ‘larga’. O parto normal pode mudar a estática pélvica, mas não quer dizer que para pior. Tem mulheres que sentiam dor durante a relação sexual e depois do parto melhorou”, conta Flavia Fairbanks.

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Falta de sol

- Doutora, quais são minhas opções para o parto?
- Veja bem, o parto normal seria melhor, mas o sedentarismo, a falta de sol nas mulheres de hoje prejudicam este tipo de parto. Além disso, a miscigenação (mistura de raças) causa desproporção céfalo-pélvica.
“Não existe relação direta entre falta de sol e parto normal. O sedentarismo pode ser um problema, mas não para todas as mulheres. Com relação à miscigenação, isso pode também acontecer. Em alguns casos os ossos do crânio da criança não são proporcionais à bacia da mãe, mas isso não é uma regra”, afirma Flavia.

“Não dá para descartar a possibilidade de um parto normal apenas pela miscigenação. Uma das melhores maneiras de saber se o parto normal pode acontecer é respeitar a data do nascimento e acompanhar a evolução do trabalho”, enfatiza Alberto Jorge Guimarães.

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24 horas de vida

- Doutora, meu streptococcus deu positivo.
- Então não pode ser mais parto normal. Seu bebê pode pegar a bactéria e morrer em 24 horas!

“Isso é mentira. Infecção por strepto B na criança realmente é muito séria e pode levar a infecção generalizada e óbito neonatal rapidamente. Entretanto, o fato da mulher estar colonizada pelo streptococcus b não significa que o bebê terá a infecção. Neste caso, indica-se antibiótico antes e durante o trabalho de parto, evitando-se assim a infecção neonatal”, afirma Rogério Leão.


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