5.03.2013

Adoção: relação entre pais e filhos deve ser de honestidade





Cerca de 5 mil crianças esperam por uma família no Brasil Foto: Shutterstock
Cerca de 5 mil crianças esperam por uma família no Brasil
Foto: Shutterstock

Quase 5 mil crianças e adolescentes esperam por uma família no Brasil. Dados divulgados pelo Conselho Nacional de Justiça em 2011 mostram, ainda, que mais de 27 mil pessoas aguardam a sua vez de adotar um filho. Esses números demonstram uma situação que, na prática, é ainda mais complicada do que no papel. As grandes expectativas criadas na hora da adoção de crianças geram conflitos e dificuldades que, muitas vezes, não são esclarecidos, criando um ambiente familiar cada vez menos afetivo.

A adaptação a essa nova etapa precisa ser recíproca. Tanto os pais, quanto a criança, carregam costumes, personalidades e histórias já vividas e depositam um no outro suas expectativas. Em muitos casos de adoção, os interessados são casais que passaram anos tentando gerar um filho e que, agora, procuram por alguém que se assemelhe às suas vontades. A criança, no entanto, já tem um histórico familiar - muitas vezes violento - e sonha com uma família completamente diferente daquela em que nasceu.

Acompanhamento

Para que essa trajetória não sobrecarregue nenhum dos lados, é preciso acontecer um acompanhamento psicológico antes mesmo do processo de adoção se concretizar. “Não existe uma receita, cada um tem a sua. Mas, para auxiliar nesse convívio, a família precisa ter a ajuda de especialistas para trabalhar os 'fantasmas' e saber lidar com essa nova realidade”, ressalta a conselheira do Conselho Federal de Psicologia e Professora da Universidade Federal do Pará, Flávia Lemos.

Conforme a especialista, os abrigos também têm um grande papel nesse processo. É lá que a criança deveria ter o primeiro contato com psicólogos a fim de compreender e aceitar a nova situação. No Brasil, porém, nem sempre há essa preocupação. “O processo de encaminhamento para os abrigos é muito complicado. Na teoria, precisaríamos de profissionais para atender a essas demandas, o que não acontece na prática. Por isso, é possível que os jovens sofram novas violações dentro dessas casas”, declara Flávia Lemos.

Segundo a conselheira Flávia Lemos, um ambiente familiar agradável se dá baseado na confiança. Para que isso ocorra, é preciso saber lidar com a verdade. Também é importante saber que nenhuma família é mais importante que a outra. “Os pais precisam entender que o filho adotivo não é uma propriedade e que ele tem direito à informação. Além de criar uma relação sustentada em mentiras, negar o passado dela também pode acarretar em uma série de problemas emocionais”, afirma. 







Nenhum comentário: