4.03.2008

INSULINA INALÁVEL

INSULINA INALÁVEL PROMETE REVOLUCIONAR TRATAMENTO DA DIABETE
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Desde a década de 1920, quando foi criada, a insulina vem sendo manipulada para o controle da diabete através da via intravenosa. Mas após 15 anos de pesquisas, um novo medicamento promete facilitar a vida das vítimas da doença e revolucionar o tratamento da doença: o Exubera, desenvolvido pelo laboratório Pfizer, é a primeira insulina humana inalável. A droga foi aprovada pelo Food and Drug Administration (FDA, na sigla em inglês), órgão regulador de medicamentos dos Estados Unidos, e pela comissão da União Européia (EMEA) no final de janeiro.

No Brasil, o processo ainda tramita na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas deve ser aprovado no final do primeiro semestre deste ano, acredita o diretor médico da Pfizer, João Fittipaldi.

Insuficiência renal, problemas cardíacos e vasculares e até amputação e cegueira são algumas das dezenas das complicações à saúde causadas em decorrência da diabete - doença que de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) afeta cerca de 200 milhões de pessoas no mundo. Mas segundo Fittipaldi, a maioria desses problemas seria evitada caso a insulina fosse mais usada. "A insulina é o 'verdadeiro tratamento', mas muita gente resiste e acaba adiando pelo fato de ser injetável."

O médico explica que dificilmente o paciente aceita usar a insulina logo após ter a doença diagnosticada. "O que é uma grande pena porque apenas com
a insulina a glicemia pode ser mais controlada, evitando toda a gama de problemas decorrentes."

No entanto, a Pfizer acredita que a aceitação do remédio deve aumentar com a chegada do Exubera ao mercado. A empresa investiu mais de US$ 1 bilhão no
produto, que nasceu de uma parceria com a Safoni-Aventis e a Nektar Therapeutics. Apesar do valor, o custo é ínfimo se considerado que os gastos mundiais diretos da saúde associados a diabete são da ordem de US$ 286 bilhões por ano, de acordo com a OMS.

De acordo com o laboratório, os testes clínicos com o Exubera foram feitos em 2.500 pacientes em 25 países. Só no Brasil, 372 pacientes participam do estudo que segue até hoje e já dura quase seis anos. Segundo pesquisa publicada na revista "Diabetes Cares", em junho de 2004, entre o grupo que usou a insulina na forma inalável, 85% aprovou e deseja continuar usando. Já entre os usuários da insulina injetável, 75% optaram por mudar para a inalável.

O médico João Fittipaldi acredita que a preferência também se deve à grande facilidade de manuseio da nova medicação. Ele a descreve como "um aparelhinho mais ou menos do tamanho de uma caixa de creme dental, só que arredondado e com uma abertura por onde se coloca a cápsula com a insulina em pó". Para inalar, aperta-se um gatilho. Uma lâmina dentro do aparelho abre a cápsula e o paciente aspira a substância. "É simples porque não precisa de pilha ou eletricidade, é manual", explica o médico. Ele ressalta que há um período de vida útil dessa lâmina, que deve ser trocada.

Porém, o médico alerta que o Exubera não substitui a insulina de longa duração, e que neste caso, os pacientes continuarão usando o hormônio na forma injetável. "O Exubera é indicado para a insulina de ação rápida, de curta duração. A dosagem é diferente da convencional, mas o médico vai adaptar o tratamento para cada paciente, de acordo com o conteúdo presente em cada cápsula e com o número de aspirações. Por exemplo, determinado paciente pode ser orientado a usar uma, duas ou três aspirações antes do almoço ou jantar", exemplifica. Assim como as unidades injetáveis, as cápsulas da insulina em pó estarão disponíveis em diferentes dosagens.

A presidente do departamento de Diabetes da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Vivian Ellinger, do Rio de Janeiro, percebe que há grande ansiedade entre os diabéticos pela chegada da nova medicação.

No entanto, ela destaca que o Exubera não vai livrar totalmente os pacientes das 'picadas' por ser indicado apenas para os casos em que a insulina de
ação rápida é necessária. "Eles vão continuar tendo que se picar ao usar a insulina de longa duração e na realização dos testes de glicemia." Mas Vivian enfatiza que a medicação é um grande avanço justamente por diminuir o número das injeções.

A médica acredita também que o novo remédio talvez ajude a desmistificar a insulina. "Existe um mito em torno do uso da insulina. Muitos pacientes apresentam resistência em usá-la por ela ser injetável ou porque a associam à dependência ou até a algumas complicações da doença, não do tratamento.

Tem gente que acha que com a insulina pode ficar cego", conta a médica, ao destacar ainda que a insulina é apenas um hormônio natural e não uma droga estranha, e a necessidade de consumi-la ocorre do fato de o organismo não estar produzindo a quantidade suficiente.

Assim como Vivian, grande parte da comunidade médica tem discutido e aguardado com expectativa o lançamento da insulina inalável. O diretor médico da Pfizer afirma que desde o ano passado os profissionais da saúde têm sido submetidos a um programa de educação e capacitação sobre o novo tratamento e que esse treinamento deve ser intensificado neste ano.

Fittipaldi acredita que o Exubera deve entrar nos mercados americano e europeu no segundo semestre deste ano. Ele também prevê que se a Anvisa aprovar o produto no Brasil até o final do primeiro semestre, os brasileiros

já devem poder comprá-lo no final deste ano ou no início de 2007. Ainda não há previsão de quanto custará a nova droga.

Preconceito com as seringas

Uma viagem de ônibus entre São Paulo e Rio de Janeiro ficará para sempre na memória do empresário de Curitiba, Aécio Flávio Lemos Júnior, de 33 anos. Nesta noite, o motorista parou e solicitou que ele descesse para dar explicações sobre suas ações. A senhora sentada no banco ao lado de Lemos havia reclamado que ele estava usando drogas injetáveis. "É impressionante como há o 'tabu da seringa' no Brasil", conta o empresário, que na fatídica noite havia apenas aplicado na veia uma das doses diárias de insulina que necessita.

Lemos conta que desde que descobriu que tinha diabete do tipo 1 - aos 18 anos - já passou por várias situações constrangedoras por causa da aplicação
da insulina. O empresário aplica a medicação duas vezes por dia e queixa-se que o uso contínuo se torna desconfortável porque a pele fica sensível. "Muitas coisas melhoraram desde que eu descobri que era diabético.

Hoje em dia, há mais opções de produtos diet, como chocolates e sorvetes, mas a aplicação da insulina ainda é bem desagradável."

Engajado, Aécio já fez parte de uma ONG pró-diabéticos e atualmente ministra palestras promovidas por lojas de produtos dietéticos e nutricionistas, nas
quais tenta humanizar a doença e falar de sua experiência como diabético. O empresário diz que está aguardando ansiosamente o lançamento da insulina na
forma inalável. (R.L./AE)

COMO RECONHECER A DOENÇA

- Muita sede, boca seca, urina em abundância (especialmente à noite), cansaço, visão turva, perda de peso, coceira nos órgãos genitais, fome excessiva, tontura, retardamento de cicatrização, coceiras e infeções na pele.

- A diabete do tipo 2 pode não ser percebida até que haja uma complicação mais séria, como enfarte ou derrame. Mas, enquanto isso não ocorre, a doença
pode ir afetando o coração, os vasos sangüíneos, os nervos, os rins e outros órgãos. Assim, os especialistas recomendam que adultos com mais de 45 anos
façam exames periódicos para medir o nível de açúcar no sangue.

ORIENTAÇÃO ALIMENTAR

- Consuma alimentos amiláceos ricos em fibra nas refeições principais. As fibras ideais estão presentes no feijão, ervilha, lentilha, legumes, frutas e aveia.

- Evite comer frituras de imersão e alimentos gordurosos, tais como manteiga, toucinho, maionese, creme de leite, margarina, carnes gordas, queijos gordurosos e coco.

- Reduza a quantidade de açúcar, evitando comer alimentos e bebidas doces.

- Diminua o consumo de cereais integrais, que podem diminuir a absorção de ferro, zinco e outros minerais.

- Informe-se sobre qual é o peso ideal para você e procure mantê-lo.

- Tome cuidado para não exagerar no sal.

- Modere

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