CIRURGIA LIGHT DE ESTÔMAGO: MENOS RISCO E BOM RESULTADO
21/07/2008
Procedimento cirúrgico para obeso se torna menos invasivo e arriscado. Revolução na vida de pessoas com obesidade mórbida, a cirurgia bariátrica, hoje, é um procedimento cirúrgico menos invasivo e arriscado para o paciente. A redução do estômago, técnica by pass, em que parte do órgão é mutilado e descartado, deve se tornar em breve coisa do passado. As cirurgias modernas não cortam o estômago, são feitas por videolaparoscopia ou endoscopia e descartam internação em UTI, além de serem reversíveis e ajustáveis durante o tratamento. É o caso das técnicas de banda gástrica ajustável e de implante de balão inflado no estômago. A primeira consiste na instalação de um anel de silicone na primeira porção do estômago, reduzindo a quantidade de alimentos ingeridos pelo paciente. Ainda pouco divulgada, em comparação com a by pass técnica mais utilizada pelos cirurgiões brasileiros -, ela é a preferida dos especialistas europeus e australianos. O risco da banda sair do lugar ou ser englobada pelo estômago é de apenas 2%. Nesses casos, uma nova intervenção resolve o problema. O balão inflado é uma peça de silicone preenchida com soro fisiológico e anilina. Introduzida por endoscopia, a bola ocupa até 50% do estômago, fazendo com que a sensação de saciedade chegue antes que o paciente se empanturre de comida.O balão é retirado após seis meses, período em que o paciente se submete a uma reeducação alimentar para não voltar a engordar, após a retirada do implante. Se o balão furar, o que representa 2% dos casos, a anilina contida no invólucro alerta o paciente, que é submetido a uma endoscopia. Como é de pouco impacto sobre o organismo, pode ser adotado até por quem precisa perder pouco peso, entre oito e 25 quilos. Mas é preciso arcar com os custos, em torno de R$ 9 mil, não cobertos pelos convênios por ser considerado tratamento estético. SOBRECARGA PERIGOSA - As cirurgias bariátricas são in- dicadas para pacientes que atingem o estágio em que a obesidade traz riscos à saúde, como o desenvolvimento de diabetes, hipertensão arterial, gordura no fígado e apnéia do sono, entre outros males. A obesidade mórbida - quando o índice de massa corpórea (IMC) ultrapassa 40 - pode levar à morte. Por isso, os planos de saúde foram obrigados pela resolução nº 82 da Agência Nacional de Saúde (ANS) a arcar com os custos da cirurgia, que pode ser indicada pelos médicos para pessoas com IMC a partir de 35. Essas cirurgias são classificadas em três tipos: restritivas - restringem a quantidade de alimento que entra no estômago - como a técnica que usa banda gástrica regulável; desabsortivas - impedem a absorção de nutrientes como a técnica by pass; e as mistas, que mesclam as duas técnicas. Com a evolução nas técnicas, a redução do estômago hoje é recomendada para pessoas muito obesas, que precisam perder muito peso, como os pacientes acima de 160 kg, sobretudo mulheres, que perdem menos peso com a banda gástrica, por causa do estilo de alimentação. Segundo o cirurgião Walter Pires Júnior, especialista em cirurgias pelo método de banda gástrica regulável, o problema da redução é que, após alguns anos, há uma tendência a ganhar peso, pois o pedaço de estômago que restou tende a dilatar. Para ele, a reversibilidade é uma das grandes vantagens da banda gástrica. E há ainda a possibilidade de ajustes. Após colocada, a banda pode ser regulada por um dispositivo implantado sob a pele do paciente, chamado portal de acesso.
EFEITOS COLATERAIS -
Por essa peça, ligada a um duto que transporta soro fisiológico para a banda, o médico pode inflar ou desinflar o dispositivo, permitindo a passagem de maior ou menor quantidade de comida. Se a pessoa está emagrecendo menos do que o desejado, pode-se injetar mais soro fisiológico, inflando assim o anel de silicone e estreitando a passagem para alimentos. O aspecto emocional de quem se submete à cirurgia merece cuidados. Segundo o cirurgião, são comuns os casos de pacientes que desenvolvem problemas psiquiátricos após uma cirurgia bariátrica. Entre os mais comuns estão o alcoolismo, a depressão e distúrbios alimentares. ANOREXIA NERVOSA - Walter Pires Júnior cita o caso de uma paciente que desenvolveu anorexia nervosa, emagrecendo excessivamente. Graças à possibilidade de reversão propiciada pela banda, o problema foi solucionado apenas com a remoção do dispositivo. - Era um caso psicológico. Felizmente, foi resolvido apenas com a retirada da banda. Se fosse uma cirurgia pelo método by pass, isso não seria possível - compara o cirurgião.
UM EMPURRÃO QUE PROPORCIONOU VIA NOVA -
Com o ponteiro da balança ba- tendo em 120 kg, a vida da psicóloga Andréa Pepino da Silva, 38 anos, havia se tornado penosa por causa da obesidade. Com um quadro clínico preocupante, causado pelo excesso de peso, ela ouviu da cardiologista um ultimato assustador: ou emagrecia ou corria o risco de morrer. Foi aconselhada a fazer a cirurgia de redução de estômago. Mas o medo da intervenção cirúrgica e a idéia de ter um órgão do corpo mutilado assustavam-na. Foi quando tomou conhecimento da banda gástrica regulável. Foi o empurrão que faltava a Andréa para começar uma nova vida. - Eu não saía mais de casa. Chorava toda vez que tentava comprar roupas. Sentia dores e tive uma depressão grave - relembra Andréa. DEZ QUILOS EM UM MÊS - Um mês após a cirurgia, ela perdeu 10 kg. Parece pouco, para quem pesava 120 kg, mas foi decisivo para a adesão da psicóloga ao tratamento, que exige grandes doses de sacrifício e disciplina. De refeições em torno de 700 gramas, Andréa passou a ingerir porções de 50 ml de alimento líquido ou pastoso. - Durante uma semana, tive delírios visuais e auditivos, via comida nas paredes - conta. - Tive que descobrir como me saciar, pois eu não tinha fome, mas vontade de comer. Para Andréa, a maior dificuldade enfrentada pelos ex-gordos é emocional. É preciso vencer a compulsão e aderir à reeducação alimentar, essencial para não voltar a engordar. Um ano após a cirurgia, Andréa deixou o manequim 56 para entrar em calças número 42, as quais usa até hoje, dois anos depois e 55 kg a menos. A adesão ao tratamento é primordial para o sucesso de qualquer cirurgia bariátrica, não importa a técnica utilizada pelo médico. Prova disso é a consultora técnica Silvana Aguiar Franco, 44 anos. Há quase dois meses ela se submeteu à redução de estômago pela técnica by pass. META A CUMPRIR - Dos quase 134 kg distribuídos em 1,62 m, Silvana já perdeu 21 kg. A meta é perder 60 kg, e deixar para trás todas as dificuldades enfrentadas por quem tem peso a mais do que o necessário para levar uma vida saudável. - O gordo precisa de ajuda para tudo. Amarrar um sapato e até fazer a higiene pessoal são difíceis - revela Silvana. - Eu vivia escravizando meu marido. Mas não era por preguiça, e sim por causa do cansaço que a gente sente. Hoje, sou outra pessoa. Recebo até elogios, algo que, há muito tempo, eu não sabia o que era. As duas pacientes ressaltam a importância de estar segura da decisão de se submeter à cirurgia. - É importante ter consciência de que seus hábitos alimentares vão mudar. Por isso, a decisão deve ser pessoal, e não porque a família quer. E ficar atento para não criar novos tipos de compulsão ensina Silvana. comida. - Ingrid Nalu -
Fonte: Jornal do Brasil
3 comentários:
Lí o depoimento da Adriana e Silvana q operaram,gostaria de saber se posso fazer essa cirurgia..,gostaria de saber o nome do médico que operou-as,pois preciso emagrecer 8 kilos...e cada vez engordo mais...e nao quero ficar fazendo regimes..quero um jeito mais fácil,como as cirurgias..pq nao gosto de academias..malhacoes em geral..gosto mto de comer..assim como uma delas.que nao sentem fome..procuravam comer por prazer..é assim q me sinto,nem remédios de regimes acabam não funcionando..pq mesmo sem fome,quero comer..eu amo comer..mas nao quero engordar..!! Espero respostas...meu e-mail é : estrelaangel@hotmail.com, agradeco desde de já se alguém puder me ajudar..até..
Viviane
Procure um médico de sua confiança e peça para ajudar na sua escolha de emagrecimento.
Boa sorte e seja feliz.
Ataque ao efeito sanfona
Mais da metade dos obesos que fazem cirurgia de redução de estômago volta a engordar. Uma nova técnica pode ajudá-los
Cristiane Segatto
SATISFEITA
Aparecida em sua casa, um mês depois de passar pela nova técnica de redução de estômago.
"As roupas já começaram a ficar folgadas"Até os 36 anos, a paulistana Aparecida de Lourdes Oliveira vivia em paz com a balança. Seu peso variava entre 70 quilos e 74 quilos. Nada absurdo para a altura de 1,66 metro. Nos anos seguintes, ela diz que turbulências no trabalho a deixaram ansiosa. Passou a devorar um pacote inteiro de biscoito recheado sem perceber se o sabor valia a pena. Dietas malucas – da sopa, da lua, da maçã – e anfetaminas a faziam emagrecer 10 quilos e depois engordar 15 quilos. Chegou aos 120 quilos. Em 2004, aos 51 anos, partiu para uma solução radical. Enfrentou a cirurgia de redução de estômago, recurso adotado por 25 mil brasileiros a cada ano. O resultado foi espetacular (48 quilos eliminados em quatro meses ), mas passageiro. Aparecida voltou a engordar.
O desfecho não era inesperado. Mais da metade dos obesos que fazem a cirurgia de redução de estômago engorda novamente depois de alguns meses ou anos. Vários fatores contribuem para isso. O principal é a falta de acompanhamento psicológico e nutricional. Se a pessoa tiver compulsão por comida, vai continuar se entupindo de alimentos calóricos mesmo depois da cirurgia, em que o estômago é grampeado e apenas 10% dele fica ativo. Com tão pouco espaço para armazenar comida, é difícil comer dois pedaços de pizza sem sentir desconforto. Mas o indivíduo compulsivo encontra outras formas de burlar a limitação anatômica. Pode bebericar goles de leite condensado.
Outra razão que faz alguém voltar a engordar é cirúrgica. Pelo método mais comum, o “novo” estômago é ligado diretamente ao intestino, onde o alimento passa a ser digerido. Com o tempo, essa junção pode alargar. O paciente sente que o alimento passa com facilidade e começa a comer mais. Há um terceiro fator. Freqüentemente, os médicos instalam um anel de silicone na junção entre o estômago e o intestino. Ele produz um estreitamento que dificulta ainda mais a passagem dos alimentos. Em alguns casos, porém, ocorre uma erosão nessa área. O anel entra no novo estômago ou na alça intestinal. Quando isso acontece, a pessoa começa a sentir ânsia de vômito e mal-estar. O jeito é retirar o anel. Aí o paciente volta a engordar.
Tudo o que costuma ser oferecido a esses pacientes é outra cirurgia. É uma tentativa de preservar a vida dos obesos mórbidos, pessoas com índice de massa corpórea (IMC) acima de 40 (para calcular o índice, divida o peso pelo quadrado da altura). Para eles, o risco de morte por diabetes ou infarto é até sete vezes superior ao dos magros. Outros problemas reduzem sua expectativa de vida: osteoartrite, dificuldades respiratórias, depressão, hipertensão intracraniana, colesterol elevado, embolia pulmonar. Por isso, muitos médicos optam por reoperar os pacientes quando eles voltam a engordar. Não é uma decisão fácil. A operação dura três horas e o índice de mortalidade pode chegar a 10%.
Agora, parece ter surgido uma alternativa. Uma técnica menos arriscada de revisão da cirurgia de redução de estômago foi aprovada no ano passado pela FDA, a agência americana que regula remédios, procedimentos médicos e alimentos. O método, chamado Stomaphyx, acaba de ser lançado no Brasil pela empresa Orcimed.
Por meio de uma simples endoscopia, o cirurgião leva um aparelho até o novo estômago. Por sucção, a máquina produz pregas no interior do órgão e as costura com dezenas de minúsculos grampos de plástico. O material é inofensivo. Caso alguns grampos se desprendam com o passar do tempo, eles são eliminados do organismo sem causar problemas. Uma das vantagens do novo método é a rapidez: 20 minutos. Mas a principal é o fato de não produzir cortes. A recuperação é bem mais rápida. No dia seguinte, o paciente pode voltar ao trabalho. “A cirurgia está passando por uma nova revolução. Estamos entrando na era das operações feitas pelos orifícios naturais”, diz o cirurgião Sergio Roll, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Essa é uma tendência mundial. Já existe cirurgia sem cortes de apêndice ou vesícula biliar. Os instrumentos cirúrgicos são introduzidos pela boca ou pela vagina. “A nova técnica de revisão da cirurgia de redução de estômago não faz mágica”, diz Roll. “É uma forma menos agressiva de produzir a restrição gástrica que funciona como estímulo para comer menos e emagrecer.” A técnica é novidade no mundo todo. Apenas 500 pacientes foram submetidos a ela, 98% nos EUA. Para seu sucesso, é fundamental o apoio de médicos, psicólogos e nutricionistas. Quatro meses depois da operação, os pacientes perdem em média 30% do peso. Não é possível prever se o efeito será duradouro.
As duas primeiras brasileiras submetidas ao tratamento foram atendidas no fim de junho no Einstein. O método também está disponível em outros hospitais, como o Sírio-Libanês e o Oswaldo Cruz, em São Paulo, e o Vita Batel, em Curitiba. Dois meses depois da cirurgia, Aparecida está satisfeita. Evita subir na balança para não desencadear a ansiedade, que pode frustrar o emagrecimento. Percebe, no entanto, que as roupas ficaram folgadas. Come muito pouco e afirma não sentir fome. Está feliz por poder saborear um cardápio variado, embora em porções mínimas, sem passar mal. “Um mês depois da primeira cirurgia, era difícil comer. Desta vez foi mais fácil.”
A cirurgia por endoscopia custa R$ 10 mil. É indicada apenas para os pacientes que já fizeram a redução de estômago e voltaram a engordar. Mas o método está sendo aprimorado. No futuro, talvez possa ser a primeira escolha dos obesos mórbidos. Seja qual for a técnica adotada, a redução de estômago envolve mudanças radicais e deveria ser realizada apenas em obesos mórbidos – e não em pessoas com graus mais brandos de obesidade.
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