Nações Unidas – O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, afirmou nesta quarta-feira, em seu primeiro discurso na Assembleia Geral da ONU, que dará continuidade às ideias políticas de Fidel Castro, defendeu o fim do embargo dos Estados Unidos e criticou a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Denunciamos o encarceramento com fins políticos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a decisão de impedir o povo de voltar a eleger para a presidência o líder mais popular do Brasil”, disse o presidente cubano no discurso.
A defesa ao petista, preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba após ser condenado por corrupção e impedido de disputar as eleições de outubro com base na Ficha Limpa, fez parte de uma série acusações feitas por Díaz-Canel sobre intervenções que estariam ocorrendo em países latino-americanos. O presidente cubano citou, especificamente, os casos de Venezuela e Nicarágua.
“Neste contexto ameaçador, queremos reiterar nosso absoluto apoio à revolução bolivariana chavista, à união cívico-militar do povo venezuelano e ao seu governo legítimo e democrático, conduzido pelo presidente constitucional Nicolás Maduro. Rechaçamos as tentativas de intervenção contra a Venezuela, que buscam asfixiá-la economicamente e prejudicar as famílias venezuelanas”, afirmou Díaz-Canel.
Emocionado por discursar na mesma tribuna em que Fidel Castro falou pela primeira vez ao mundo há 58 anos, Díaz-Canel ressaltou que a maioria da população cubana quer dar sequência à obra do líder revolucionário. Por isso, o novo presidente do país disse estar convencido de que a reforma da Constituição, que será votada em referendo, ratificará o “caráter irrevogável” do socialismo na ilha.
“Somos a continuidade, não a ruptura. Agradeço aos líderes mundiais pela rejeição quase unânime, todos os anos, ao bloqueio econômico, comercial e financeiro de nosso país”, afirmou.
“Apesar do bloqueio, da hostilidade e das ações executadas pelos EUA para impor uma mudança de regime em Cuba, aqui está a Revolução Cuba, viva e pujante, fiel aos seus princípios”, destacou.
Díaz-Canel também analisou os retrocessos nas relações entre os EUA e Cuba, colocando a culpa na postura assumida por Donald Trump depois de chegar ao poder e nos ataques sofridos por diplomatas americanos na ilha, caso que ainda é investigado.
“O governo dos EUA se dedicou a fabricar artificialmente, sob falsos pretextos, cenários de tensão e hostilidade que não beneficiam ninguém”, afirmou o presidente cubano, criticando o contraste entre a retórica agressiva de Trump e a cooperação entre os dois países em algumas áreas específicas.
Para Díaz-Canel, o embargo continua sendo o elemento que define a relação entre Cuba e EUA. No entanto, segundo o presidente cubano, a atuação americana está indo mais longe, promovendo também programas públicos e secretos para tentar intervir nos assuntos da ilha.
Os EUA seguiram como principal alvo das críticas de Díaz-Canel ao abordar questões comerciais. O presidente cubano criticou as “medidas punitivas” de Trump contra China, União Europeia e outros governos, alertando que elas prejudicarão especialmente os países em desenvolvimento.
Além disso, o presidente cubano denunciou o uso da ameaça, da força, do unilateralismo, das pressões e das sanções que caracterizam cada vez mais as ações do governo americano. Além disso, Díaz-Canel acusou Trump de usar o “poder abusivo” de veto no Conselho de Segurança da ONU para tentar impor sua agenda ao mundo.
Díaz-Canel também aproveitou a estreia na Assembleia Geral da ONU para responder um comentário feito por Trump em seu discurso. Ontem, o presidente americano atribuiu a fome e a pobreza ao socialismo, uma avaliação equivocada na avaliação do presidente cubano.
“Elas são consequência do capitalismo. Que ninguém se engane que a humanidade não tem recursos para materiais, financeiros e tecnológicos para erradicar a pobreza, a fome, as doenças que podem ser prevenidas e outros flagelos”, disse o novo presidente de Cuba, apontando que as principais economias do mundo gastaram US$ 1,74 trilhão em despesas militares, maior valor desde o fim da Guerra Fria.
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