Com 107 quilos, a britânica Aly Gilardoni decidiu impedir a todo custo que sua filha, Corleigh, ficasse acima do peso. Estabeleceu uma dieta desde que a criança tinha 2 anos de idade e, mesmo quando ela precisava comer 1700 calorias diárias para se desenvolver, limitava sua alimentação a apenas 700 . “Estar acima do peso dominou a minha vida. Não quero que Corleigh seja como eu”, teria dito Aly, segundo reportagem do tabloide britânico Daily Mail.
A mãe está sendo acusada de descontar seus problemas na filha, que hoje tem 8 anos, e submetê-la a uma dieta de fome. Aly defende-se dizendo que fez o que fez para proteger a filha. “Não quero uma criança gorda. Sou obcecada por sua aparência. Quero que ela seja bonita e popular, algo que ela não seria se estivesse acima do peso”, afirma.
Corleigh já aderiu à obsessão da mãe: está sempre olhando para o espelho. Aly Gilardoni até se sente culpada pelo que faz com a filha, mas coloca a aparência acima de tudo.
O psiquiatra Christian Jessen alertou para o perigo de Corleigh ter deficiências nutricionais e problemas como osteoporose. Ela também corre o risco de desenvolver anorexia.
Aly demonstra não ter ideia do risco a que está expondo sua filha: “Você pode superar um transtorno alimentar com terapia. Mas, se você é gordo, vai ser gordo a vida toda”, disse.
É fato que a obesidade apresenta riscos para a saúde por aumentar as chances de desenvolver doenças cardíacas e diabetes, entre outras. Mas a anorexia é um problema gravíssimo: 20% dos pacientes morrem por complicações da doença. E seu tratamento não é nada simples, como Harriet Brown, cuja filha teve anorexia, contou ao Mulher 7×7.
Mas antes de tachar Aly de louca ou desnaturada por se preocupar tanto com a dieta da filha talvez valha a pena perguntar: que pai ou mãe nunca se preocupou que o filho/filha anda comendo demais e pode ficar obeso?
O tempo em que criança “fofinha” era criança “saudável” realmente ficou para trás e agora os pais lutam para encontrar um equilíbrio entre incentivar os filhos a se alimentar bem – e evitar a anorexia e a desnutrição – e incentivar os filhos a controlar o apetite – e evitar a obesidade e os problemas dela decorrentes. Comecei a pensar sobre o assunto depois de ler o comentário de Cátia, uma leitora do 7×7. Ela conta o seguinte:
“Estou acima do peso há sete anos. Após um acidente de carro fiquei na cama por muito tempo e ganhei muito peso. Não quero que minha filha passe por isso e às vezes a proíbo de comer. Não comida, claro, mas pão, essas coisas, principalmente à noite. Digo para ela não comer porque, senão, vai ficar enorme. Mas tenho medo que, diante disso, ela pare de comer. Preciso de ajuda.”
Cátia, espero que este post a ajude. Criar os filhos dentro de uma dieta restritiva, como fez a britânica, realmente não é uma boa saída. Tampouco ajuda ensiná-los a contar calorias ou ficar se olhando no espelho. Isso pode aumentar a preocupação das crianças com relação à aparência – o que pode gerar problemas, a anorexia entre eles.
Talvez a estratégia mais eficiente seja incentivar os filhos a ter uma vida ativa, cheia de brincadeiras que gastam energia de forma divertida, e ensiná-los a gostar de alimentos saudáveis, como frutas, verduras e legumes. Imagino que será mais fácil fazê-los brincar do que comer brócolis, mas buscar um estilo de vida saudável parece ser a melhor forma de deixar de lado o medo da obesidade sem cair numa obsessão pela aparência. Brincar com as crianças e incentivá-las a praticar esportes é mais divertido e tem menos riscos do que ensiná-las a se preocupar com qualquer coisa que se assemelhe com um pneuzinho ou com as calorias que estão ingerindo.
Um ponto importante para fazer o plano dar certo é dar o exemplo. Não é fácil, é verdade. Aly, por exemplo, confessou ao jornal inglês que, enquanto dava saladinhas para a filha, comia o que tinha vontade. Mas servir de exemplo, mesmo que derrapando lá e aqui, é bem mais honesto – com você e com seu filho – do que esperar as crianças dormirem para atacar aquele hambúrguer com milkshake.
E você, como conversa com seu filho sobre alimentação e aparência? Você tem alguma dica para ajudar a nossa leitora Cátia?
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