Foi só nesse segundo e-mail que me dei conta que, na verdade, a "equipe de curadoria" é um algoritmo, e que o Google Notícias não usa editores humanos para decidir como selecionar e classificar as notícias que apresenta a você diariamente. Ou seja: não importa a qualidade e nem quem é a fonte primária. Qualquer bom SEO – sigla em inglês para otimização para mecanismos de busca – é suficiente para promover conteúdos duvidosos e ocultar as fontes primárias de um determinado assunto.
Você pode comprovar isso na prática agora. Acesse o
Google Notícias e procure por "Vaza Jato". Provavelmente o TIB não estará nos primeiros resultados. Você pode argumentar, então, que os resultados que vê são as notícias mais recentes. Te desafio então a clicar em "ver cobertura completa" e procurar novamente por alguma notícia nossa. Aos cinco primeiros que encontrarem uma ocorrência do TIB nesta seção prometemos um brinde.
A Vaza Jato, você sabe, foi um furo de reportagem espetacular do TIB. Nós não apenas publicamos os primeiros vazamentos, como também inventamos o termo "Vaza Jato". Ainda assim, nenhum dos resultados aponta para nós. Os robôs da 'equipe de curadoria' do Google preferem recomendar outras coisas – e não ligam se o conteúdo é falso.
Isso acontece porque, assim como os outros serviços do Google – e de outras empresas, como o Facebook –, o agregador de notícias é alimentado por um algoritmo baseado nas supostas preferências da pessoa. Para aumentar a audiência e o engajamento, o algoritmo "aprende" o que supostamente você quer, e passa a te bombardear com aquela informação. "Vaza Jato" ou Glenn Greenwald, por exemplo, e não importa se a fonte é um site que espalha mentiras. O que importa é a sua atenção.
Já falamos dessa lógica. É assim que o YouTube
alimenta a extrema-direita, que as redes sociais
radicalizam as pessoas e
contribuem para espalhar notícias falsas.
No final das contas, se consumirmos informação por meio desse tipo de serviço acreditando na ladainha de que o conteúdo é verificado por uma "equipe de curadoria", não somos assim tão diferentes das tias de WhatsApp encaminhando notícias sem checar as fontes. Duvide do que o Google recomenda para você, porque a conveniência ainda não é tão segura quanto parece.
No Intercept, trabalhamos para fazer frente às corporações, políticos e poderosos e contar as histórias que precisam ser contadas. Isso envolve muitos desafios, inclusive cortar um dobrado para fazer a informação chegar até você. O seu apoio é muito importante para a gente continuar aumentando o nosso alcance. Se você ainda não faz parte da nossa comunidade, junte-se a nós e ajude o TIB a chegar mais longe!
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