Publicamos
muita coisa e algumas dessas matérias fizeram mais do que levar
informação: causaram impactos reais na vida de muita gente.
Nossas
denúncias revelaram exploração e abusos que colocam em risco a vida de
centenas de trabalhadores, como os da rede de frigoríficos JBS, em que
os funcionários eram orientados a guardar e reutilizar por cinco dias as
máscaras da empresa — depois da reportagem, a Justiça determinou que a
JBS fornecesse máscaras para troca diária aos trabalhadores. Outro caso
em que metemos o bedelho e deu certo foi quando a Alicerce, startup de
educação em que Luciano Huck é investidor, dispensou professores sem
qualquer ajuda financeira em plena pandemia. Quando jogamos no
ventilador, a Alicerce voltou atrás e anunciou que manteria os
funcionários.
Denunciamos
a situação na moradia estudantil da USP, documentamos o cotidiano da
pandemia na favela de Paraisópolis (São Paulo), onde moradores se uniram
e contornaram a ausência do atendimento público de saúde, mostramos a
dura realidade enfrentada pelos coveiros, trabalhadores que também estão
na linha de frente. Foram dezenas de reportagens que expuseram a tensa
rotina de grupos vulneráveis, de entregadores de aplicativo a empregadas
domésticas, além dos profissionais precarizados que lidam diretamente
com pessoas infectadas, como técnicos de enfermagem e caixas de
supermercado. Tudo isso sem deixar de dar furos sobre os negócios da
família Bolsonaro e os acordos políticos que eles querem manter ocultos.
Em
Santa Catarina, nossa série de reportagens sobre a compra de
respiradores fantasmas que custou R$ 33 milhões gerou uma CPI; o
afastamento dos secretários da Casa Civil e de Saúde do estado; pedidos
formais de impeachment do governador e uma operação com buscas e
apreensões em quatro estados, entre outros desdobramentos. Foi uma das investigações com maiores impactos da nossa história.
Esse
número, 140 matérias, pode não parecer muito, tomando como parâmetro
grandes jornais que fazem uma cobertura factual. Mas para entender a
dimensão disso é preciso olhar para a missão do TIB. Nós não existimos
para fazer jornalismo perfumaria, existimos para causar impacto,
provocar mudança, incomodar o poder de verdade. Não fazemos matérias
para reproduzir aspas absurdas do presidente e ganhar cliques, ou só
para mencionar estatísticas. Nosso papel é outro e você sabe o
significado dele: é o jornalismo que muda o mundo, que mobiliza, que é
regido por valores, não pelo lucro.
Esse
jornalismo custa caro e não é do interesse de governos ou empresas
investirem nesse trabalho. Ora, por que investiriam em um veículo que só
lhes causa problemas?
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