Advogada da família da criança concedeu entrevistaReprodução/Daily Mail

La Paz - Uma menina de 11 anos, que engravidou após ser estuprada pelo avô,
 de 61 anos, não poderá interromper a gestação por decisão da família. 
Ela estaria grávida de cinco meses.
O homem, pai do padrasto da criança, está preso acusado de estupro qualificado.
 O caso aconteceu na cidade de Yapacaní, perto de Santa Cruz, na Bolívia. 
Segundo informações de jornais locais, no início da gravidez, os familiares teriam concordado com o aborto, mas mudaram de ideia por questões religiosas.
A legislação boliviana permite que abortos sejam realizados em casos de 
estupro e agressão sexual desde 1970, mas só uma decisão de 2014 permitiu que o procedimento seja feito sem decisões judiciais. É preciso, portanto, 
apenas um documento assinado pela vítima.
Como neste caso, se trata de uma criança, a decisão é da família. A mudança 
de ideia teria sido influenciada pela Igreja Católica da Bolívia. Ao site Pagina
 Siete, a advogada da família afirmou que a criança está recebendo "todos 
os cuidados necessários". A escolha por manter a gestação estaria indo 
contra a vontade dos médicos que atuam no caso e das autoridades locais.

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O caso foi denunciado à polícia por uma tia da menina. Ela contou para uma
 prima que tinha sentido "movimentos estranhos" na barriga. Tanto ela
 quanto a irmã, de 15 anos, estavam sob os cuidados do avô enquanto 
os pais trabalhavam em La Paz.
Chefe da Casa da Mulher na Bolívia, Ana Paola García afirmou que a menina 
chegou a receber uma dose do medicamento para interromper a gestação, 
e que "não quer ser mãe". "O que está sendo feito com ela é um crime", 
disse à EFE. "Não é possível para nós forçar uma menina de 11 anos 
a estar em um processo de gestação de nove meses, isso é uma tortura",
 completou. Em 2020, 40 mil crianças menores de 18 anos engravidaram na 
Eduardo del Castillo, ministro do Interior da Bolívia, também se posicionou
 a favor do aborto. "Imagine uma menina de 11 anos que tem que ver seu 
filho ou filha como resultado de um estupro todos os dias. Não podemos
 tolerar esse tipo de comportamento em nosso país e não podemos destruir
 a vida de uma menina de 11 anos. Devemos gerar as condições materiais
 para que essa gravidez seja interrompida se assim for definida".