2.27.2010

Atual geração de crianças pode viver menos do que seus pais

Na abertura da primeira reunião da rede mundial contra as doenças não contagiosas, Margaret Chan, diretora-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), afirmou que a atual geração de crianças pode ser a primeira, em muito tempo, cuja expectativa de vida é menor do que a de seus pais.

De acordo com Chan, das 35 milhões de mortes anuais por doenças não contagiosas, cerca de 40% são mortes prematuras causadas por infarto, diabetes e asma. Ela lembrou que a incidência dessas doenças é cada vez maior em jovens e crianças -que atualmente desenvolvem hipertensão e diabetes, doenças comumente associadas ao envelhecimento.

"No Brasil, estamos vendo crianças e adolescentes com hipertensão e diabetes tipo 2, algo que não imaginávamos há uma ou duas gerações. Esta geração está desenvolvendo mais fatores de risco, e um dos mais importantes é o aumento de obesidade e sobrepeso em crianças", diz a endocrinologista Claudia Cozer, diretora da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica).

"Temos um problema. Um grande problema que parece destinado a crescer ainda mais. As doenças não contagiosas, por muito tempo consideradas companheiras próximas das sociedades ricas, mudaram de lugar. Doenças cardiovasculares, câncer, diabetes, doenças respiratórias crônicas e distúrbios mentais agora impõem o seu alto ônus aos países de renda média e baixa. Doenças antes associadas com abundância agora estão fortemente concentradas em grupos pobres e desfavorecidos", afirmou Margaret Chan em seu discurso na abertura da reunião.

Segundo Cozer, cerca de 24% das crianças brasileiras estão acima do peso. A diretora-geral da OMS também alertou para o problema, apontando que, no mundo todo, 43 milhões de crianças em idade pré-escolar são obesas ou apresentam sobrepeso. "Pensem no que isso significa no decorrer da vida em termos de riscos para sua saúde e de custos com os cuidados durante toda a vida", disse.

Cozer diz que 80% dos obesos obesidade têm a síndrome metabólica, conjunto de sintomas que levam ao desenvolvimento de diabetes, hipertensão, colesterol alto etc. "Isso aumenta diretamente o risco de infartos, derrames, tromboses e outras doenças cardiovasculares. Além disso, a obesidade está associada ao aumento do risco para alguns tipos de câncer, como o de mama e o de próstata, e de depressão, entre outros problemas."

Folha de São Paulo

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