Em
manifestação no julgamento da presidente Dilma Rousseff, nesta
segunda-feira (29), no Senado Federal, o senador Aécio Neves (PSDB-MG),
principal opositor da presidente afastada e derrotado nas eleições
presidenciais de 2014, resgatou falas usadas pela petista desde a
disputa eleitoral e criticou o argumento usado pela defesa de que o
processo é um golpe e a petista foi eleita legitimamente em 2014 com 54
milhões de votos. “Vossa Excelência recorre aos votos que recebeu
como justificativa. Não é salvo-conduto. É delegação que pressupõe
deveres e direitos. O maior dos deveres de quem recebe votos é o
respeito a leis e à Constituição", provocou o tucano. >> Acompanhe ao vivo >> Confira a íntegra do discurso de Dilma >> Dilma: impeachment resultará na eleição indireta de um governo usurpador >> Dilma: “cassar meu mandato é como me submeter a uma pena de morte política”
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Aécio lembrou que, em setembro de 2014, em um debate televisivo, Dilma disse que a inflação estava próximo de zero, mas sempre tinham os pessimistas de plantão. “Não foi o que 2015 mostrou”, afirmou. Em tom duro, o tucano criticou Dilma por “apontar” o PSDB e “esquecer” que são as contas de sua campanha
que estão sendo investigadas pela Justiça. Segundo ele, a perda de uma
eleição não desonra uma legenda, enquanto causa desonra vencer “as
eleições faltando com a verdade”. Em resposta às declarações de
Aécio Neves, Dilma lembrou que, após sua reeleição, uma série de medidas
para desestabilizar seu governo foram adotadas. Como exemplo, citou o
pedido do PSDB ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que houvesse
auditoria nas urnas eletrônicas e nas contas da campanha petista. Questionada
sobre a situação da economia do país, com a inflação que ultrapassou os
10%, a presidente afastada atribuiu a crise à queda no preço das commodities – como petróleo e minério de ferro – que impactaram na queda de arrecadação. Ela
também destacou o cenário internacional afetado, pouco depois de sua
reeleição, pela decisão norte-americana de abandonar a politica de
expansão fiscal, levando à elevação dos juros americanos e do valor das
moedas. “Não foi só o real. Todas as moedas foram atingidas”, afirmou. Além de Aécio, outros 38 senadores se inscreveram para fazer
perguntas. Cada parlamentar tem cinco minutos para se manifestar e
Dilma não tem limite de tempo para as respostas. Até o intervalo, dez
senadores haviam usado a palavra, sendo duas manifestações de apoio
vindas de parlamentares do mesmo partido de Temer. O primeiro apoio veio
da senadora Kátia Abreu (TO), que foi ministra da Agricultura no
governo Dilma, e o segundo de Roberto Requião (PR). Na primeira
parte da sessão (das 9h40 às 13h), a petista respondeu perguntas de dez
senadores. Dilma não trouxe novidades e, em quase todas as respostas,
reforçou os argumentos de que é vítima de um “golpe parlamentar”,
rechaçando a tese da acusação de que ela cometeu crime de
responsabilidade fiscal. "Se me julgarem sem crime de
responsabilidade, senador, é golpe. Um golpe integral", afirmou Dilma em
resposta ao senador tucano Aloysio Nunes (SP). Sobre o fato de
não ter recorrido ao STF (Supremo Tribunal Federal) até o momento, ela
disse que não o fez porque ainda não esgotou a participação no Senado.
"Eu não recorri porque respeito essa instituição. Eu disse na minha fala
que respeito meus julgadores porque chegaram aqui com os mesmos votos
que me elegeram nas urnas." Regime de exceção Ainda
segundo a presidenta afastada, quando qualquer sistema político aceita
condenar um inocente é criado um nível de exceção com consequências
políticas. "Não estou aqui dizendo que hoje está tendo um golpe de
Estado. Estou dizendo 'me condenem que este golpe será irreversível'. E
aí uma das maiores instituições do país, o Senado da República, terá
cometido um crime contra uma pessoa inocente”, concluiu. A
presidente afastada Dilma Rousseff fez seu discurso de defesa no Senado
em seu julgamento do impeachment, nesta segunda-feira (29). "Ao
exercer a Presidência, respeitei fielmente o compromisso que assumi
perante a nação e me orgulho disso. Sempre acreditei na democracia e no
estado de direito. Jamais praticaria atos contrários àqueles que me
elegeram", disse a mandatária afastada. "Nessa jornada do
impeachment, me aproximei ainda mais do povo e ouvi também críticas
duras a meu governo a erros que foram cometidos e políticas que não
foram adotas. Acolho criticas com humildade. Como todos, cometo erros.
Entre meus defeitos, não está deslealdade e covardia", ressaltou. "Por
isso, diante das acusações, não posso deixar de sentir na boca novamente
o gosto áspero e amargo da injustiça. Por isso, como no passado
resisto. Não esperem de mim o silêncio dos covardes, disse ainda Dilma. Com Agência Brasil
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