Matéria publicada pelo Financial Times nesta sexta-feira (9) fala sobre o modo como o Brasil encara (ou não) seus problemas políticos e econômicos mais sérios. A
reportagem diz que o clima de incertezas políticas após o impeachment
da presidente Dilma Rousseff causa revolta a alguns grupos e indiferença
a outros. Economistas e cientistas políticos procuram não se posicionar quanto ao cenário até a próxima eleição presidencial em 2018. Financial
Times acrescenta que os aliados de Dilma têm encenado violentos
protestos nacionais, denunciando o que eles chamam de um "golpe". No
entanto, ao conversar com alguns brasileiros
percebe-se um verdadeiro desprezo pela classe política em geral.
Existem também os brasileiros que simplesmente não têm ideia do que está
acontecendo. O jornal britânico entrevistou aleatoriamente dez pessoas: um varredor de rua, um estudante,
um engenheiro, um fazendeiro, um analista de sistemas, um operador de
elevador, um prestador de cuidados para idosos, um engraxate, uma
executiva de sucesso e um vendedor de rua (camelô). Ninguém soube dar
uma explicação correta sobre o afastamento da presidente do Brasil. Três
falaram que sabiam que a presidente Dilma havia desrespeitado "leis
fiscais", mas depois admitiram que não sabiam o que isso significava.
Cinco deles disseram que a presidente foi cassada por causa da
corrupção, um disse que era por causa da alta taxa de inflação do Brasil
e outro confessou que não sabia de nada. Financial Times fala sobre a falta de interesse político do brasileiro após tantas desilusõesO
Financial Times aponta que três não sabiam quem era a presidente. "Seu
nome começa com" R "eu acho", disse um, acrescentando com um sorriso:
"Eu gostaria de ser presidente, aí eu poderia ficar rico". Grande
maioria dos cidadãos que vive em um país democrático considera perda de
tempo questionar a política, pois não acredita que pode mudar nada com
seu voto. "Por que tentar participar de um processo que não pode
influenciar?", Diz Schüler. Em países como o Brasil, onde a corrupção é
comum, os incentivos são ainda mais baixos. Além disso, aprender sobre
as leis de responsabilidade fiscal complicadas que Dilma supostamente
quebrou é particularmente desagradável e incompatível com a vida dura de
um trabalhador comum, comenta o Financial Times. Segundo a reportagem, a crescente apatia política levanta duas questões de grande importância no Brasil. Primeiro,
analisa o Financial Times, porque o Brasil vive um momento em que os
cidadãos estão realizando suas maiores manifestações de rua, o que
sugere que muitos cidadãos querem desesperadamente mudança, mas perderam
a fé no sistema para entregá-lo ao grupo que está no poder. Esse fato
deve-se principalmente pela quantidade de escândalos de corrupção, assim
como regras de financiamento de campanha de forma ilícita. Em
segundo lugar, prossegue o Financial Times, o voto é obrigatório,
fazendo com que o desinteressado e sem informação seja obrigado a
participar da decisão do futuro do país. A maioria dos analistas
concordam sobre os benefícios do voto opcional a longo prazo. Como diz o velho ditado: o Brasil não é para principiantes, finaliza o Financial Times. Leia também > > 'El País' destaca terceiro ato contra Temer nesta semana
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