Chá de figo: vilão do calor
Usada por jovens que buscam bronzeado, mistura caseira causa queimaduras graves e pode matar
POR PÂMELA OLIVEIRA, RIO DE JANEIRO
Rio - O tempo esquenta no Rio e o Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital do Andaraí inicia uma rotina dramática: o tratamento de vítima de queimaduras com chá de figo. Só esse ano, a unidade atendeu 85 pessoas com queimaduras graves provocadas pela mistura caseira. No fim de semana, foram dez, conforme mostrou o Informe do Dia.
“As pessoas chegam aqui com 40% ou 50% da superfície corporal queimada. A folha da fruta tem uma substância chamada psoraleno que, em contato com a luz solar, provoca o escurecimento da pele. Mas os efeitos são incontroláveis e podem matar”, afirma chefe do setor, Luiz Macieira.
No ano passado, 120 pessoas com queimaduras provocadas pelo chá foram atendidas no CTQ. Macieira faz um alerta: “Com a chegada do verão, é possível que o número de pessoas com esse tipo de queimaduras aumente. As vítimas mais frequentes são mulheres jovens que querem exibir o bronzeado”.
O médico explica que o tratamento é doloroso e que o produto caseiro age silenciosamente até causar dor e ardência insuportáveis.
“A pessoa passa o óleo e fica no sol. Quando olha, acha que não fez efeito, aplica mais e continua no sol. O problema é que a reação química ocorre entre 24 horas e 48 horas após a exposição ao sol. Muitas vezes, a pessoa vem para o hospital de madrugada desesperada. E não existe um produto, um remédio que faça a substância parar de agir”.
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