Lula nunca interferiu em projetos no BNDES', diz Luciano Coutinho
Presidente do banco negou que haja vínculo entre operações de crédito com o grupo JBS e doações a campanhas eleitorais
Reuters
Brasília - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nunca interferiu no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES) para favorecer projetos específicos, disse nesta quinta-feira o
presidente do banco, Luciano Coutinho, em depoimento à CPI do BNDES, na
Câmara dos Deputados. “Posso afirmar que o ex-presidente Lula jamais solicitou ou interferiu no BNDES a respeito
de qualquer projeto específico”, disse Coutinho, respondendo indagações
dos deputados sobre a atuação do ex-presidente junto ao banco. Coutinho também negou aos deputados que haja
qualquer vínculo entre operações de crédito do BNDES com o grupo JBS e
doações a campanhas eleitorais feitas pela empresa.
'Lula nunca interferiu em projetos no BNDES', diz Luciano Coutinho
Foto: Reuters
“Nos últimos dois anos não houve
nenhuma operação de crédito significativa para o JBS e não há essa
coincidência em 2014 entre desembolsos do banco e doações eleitorais
efetuadas pelo grupo”, disse Coutinho, em depoimento de quase sete horas
aos deputados da CPI.
“As decisões do banco são pautadas por um processo rigorosamente impessoal, sem motivação política”, garantiu. Coutinho disse que já se reuniu com representantes da UTC Engenharia
--cujo dono, Ricardo Pessoa, é um dos delatores da operação Lava
Jato--, mas disse que o encontro incluiu outros executivos do consórcio
do aeroporto de Viracopos e serviu para tratar do projeto do aeroporto. “Foi sobre o equacionamento do projeto e nada teve a ver com contribuições para campanha”, disse. Ainda sobre as empreiteiras envolvidas no
esquema investigado pela operação Lava Jato, Coutinho disse que o BNDES
não tem exposição a essas empresas, apenas a projetos em que elas possam
ser sócias. Coutinho afirmou que não há crédito do BNDES
direto para empreiteiras e que o banco tem que ter cautela no tratamento
dado a essas empresas, caso a caso, dentro da lei e de suas normas. O pedido de criação da CPI, apresentado pelo
deputado Rubens Bueno (PPS-PR), requer a investigação de empréstimos
considerados suspeitos pela operação Lava Jato, que investiga um esquema
de corrupção bilionário envolvendo estatais, órgão do governo,
empreiteiras, partidos e políticos. Segundo Coutinho, o BNDES cumpre com folga
todas as regras do regulador e tem a mais baixa inadimplência do sistema
financeiro nacional. O requerimento da CPI também pede que sejam
apurados empréstimos classificados como secretos concedidos a países
como Angola e Cuba e outros considerados questionáveis do ponto de vista
do interesse público. Ao destacar que as decisões do BNDES são
pautadas por um processo rigorosamente impessoal e sem motivação
política, Coutinho afirmou que não há dinheiro a fundo perdido para Cuba
e que empréstimos concedidos para a construção do porto cubano de
Mariel foram feitos a taxas internacionais.
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