8.12.2015

Vacina para câncer limita crescimento de tumores


Circula desde meados de 2010  pela Internet que divulga dados sobre uma vacina para câncer de pele e rins, prometendo eficácia no combate à doença tanto no estágio inicial como em fase mais avançada. A notícia assegura a produção da vacina em apenas 30 dias e cita como responsável, o médico José Alexandre Barbuto, professor do Instituto de Ciências Biomédicas da USP (ICB).
De fato, a vacina existe e a pesquisa é desenvolvida por Barbuto. No entanto, o método que  ainda está em desenvolvimento poderá a vir curar essas modalidades de câncer.
A pesquisa começou em 2000 e ainda está em andamento. A vacina já obteve resultados consistentes com pacientes terminais de melanoma (o mais agressivo câncer de pele) e de câncer de rins. O tratamento não é capaz de curar, mas apresenta poucos efeitos colaterais e é capaz de limitar o crescimento dos tumores.
A vacina tem como conceito básico estimular o sistema imunológico do próprio paciente a identificar e combater as células cancerígenas. “São raros, porém existem casos em que o indivíduo tem câncer e, sem tratamento, o tumor desaparece. Isso acontece porque seu próprio sistema imune agiu”, diz Barbuto.

Células Híbridas
O corpo humano possui células específicas do sistema imunológico, denominadas dendríticas, responsáveis por indicar e combater o que não está saudável no organismo. No entanto, os tumores quase sempre são capazes de enganar estas células que não os identificam como um intruso e, por isso, não os combatem.
A estratégia usada pela pesquisa é produzir células dendríticas que sejam capazes de identificar o tumor como algo a ser combatido. Para isso, o laboratório de Barbuto desenvolveu células híbridas, um tipo de vacina, que consiste em células dendríticas de um indivíduo saudável fundidas ao material genético de células tumorais do paciente. Dessa forma, é possível estimular o sistema imune do paciente a combater as células híbridas e as células tumorais, já que ambas possuem o mesmo material genético.
Uma vez prontas, as células são introduzidas em locais distantes do tumor, para que não sejam enganadas. O sistema imune é avisado sobre os tipos de células tumorais que devem ser combatidas, não só no local onde as dendríticas estão. Isso porque o sistema imune patrulha todo o corpo.

Resultados e atuais pesquisas
Para testar a eficiência do método, foram escolhidos 70 pacientes em estágio avançado de dois tipos de cânceres: melanoma e rins. Os resultados foram animadores. Quase não houve efeitos colaterais e em 80% dos casos o tumor parou de crescer por ao menos três meses. “Parece pouco, mas para uma pessoa que tem uma expectativa de vida de 6 meses, é muito bom”, alerta Barbuto.
O laboratório continua envolvido no assunto. Está tentando entender melhor o funcionamento das células dendríticas e os mecanismos de ação da vacina, com o objetivo de torná-la tão eficiente a ponto de curar cânceres.
Além disso, está testando o mesmo protocolo em outros tipos de câncer: neuroblastoma (tumor infantil do sistema nervoso periférico), glioblastoma multiforme (câncer do sistema nervoso central) e ociocarcoma (tumor de osso). Algumas observações já surgiram. “As crianças vêm respondendo melhor à vacina. Isso leva a crer que o sistema imunológico delas seja mais plástico, se adaptando mais rápido a uma mudança de informação”. A pesquisa está sendo feita em parceria com três hospitais: Instituto de Tratamento do Câncer Infantil, GRAAC (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer) e Beneficência Portuguesa.
Atualmente, a vacina, denominada HybriCell, pode ser adquirida por encomenda com a Companhia de Biotecnologia Genoa.

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